O Caso Da Boemia escrita por SophieAdler


Capítulo 15
Capítulo 15 - A Caminho de Londres: parte 2


Notas iniciais do capítulo

Oi e mais um novo capítulo, com um momento, creio eu, esperado por algumas de minhas leitoras. Acreditem ou não, eu chorei quando escrevi esse momento.
Ainda estou pensando em escrever uma segunda temporada, mas eu gostaria da opinião de vocês sobre essa ideia. Enquanto isso, aproveitem esse capítulo!
Desculpe qualquer erro ortográfico, caso tenha algum.



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Ao desembarcarem, eles não perderam tempo e foram logo comprar cinco passagens para o próximo trem com destino à Boulogne. Graças a Damian (que “batia” as carteiras de vários homens da alta sociedade), conseguiram passagens para o trem expresso, que viaja mais rápido. A viagem duraria 18 horas, assim prevista por Sophie.

A jovem estava tão pensativa e distraída que não percebeu o tempo passar e nem que Sherlock Holmes havia se sentado ao seu lado.

-Espero que não se incomode por eu me sentar ao seu lado.

A fala inesperada de Holmes a tirou de seu transe e olhou diretamente para ele.

-Não, pode ficar. Eu não vou me incomodar. – respondeu ela esfregando seus olhos. – Quanto tempo eu fiquei assim, parada e observando o nada?

-Você ficou assim por três horas. – a resposta a deixou surpresa, nunca ficará por mais de uma hora e quinze minutos. – Isso me surpreendeu e eu tenho certeza de que se eu ou qualquer outra pessoa não tivesse sentado ao seu lado e conversado, você, provavelmente, teria ficado a viagem inteira parada.

-Provavelmente.

Aquele não era o motivo de Sherlock Holmes estar ali ao lado de Sophie. Era a hora da conversa que ela estava esperando dele e não queria perder tempo falando sobre suas paralisações e o tempo que se acelerava quando pensava demais.

-Eu sei por que o senhor está aqui. É hora da conversa que queria ter comigo, certo?

-Sim e já vou direto ao assunto. – falou ele pegando a mão de Sophie e olhando fundo em seus olhos. – Eu não quero que você sofra novamente.

Ela decidiu fingir estar confusa.

-Sobre o quê?

-Você sabe muito bem o que é.

Realmente, não tinha como mentir para Sherlock Holmes.

-Minha mãe, certo? – ele assentiu – O senhor acha que ela pode me magoar novamente, e nenhum de vocês querem que eu sofra outra vez.

-Por isso eu quis conversar com ela antes de você e com você antes de ir conversar com ela. E pelo que eu percebi e pelo que ela me contou, Irene sentiu muito sua falta e nunca parou de pensar em você. Ela ficou presa em Barcelona por causa de Collin, irmão de Jeniffer, que salvou sua vida dando o antídoto do veneno que ela havia tomado.

-Então se Collin não tivesse dado antídoto, ela realmente estaria morta por causa do veneno. Ela não deveria ter ido fazer o tal serviço a Moriarty.

Holmes ficou surpreso, pois sempre pensará que Sophie nada sabia de Moriarty.

-Como conhece Moriarty?

-Mamãe trabalhava para ele e dá ultima vez que nós duas conversamos, antes dela ir para Áustria, ela me disse que o que ela faz ninguém faz melhor que ela. E eu sei que ela é uma criminosa procurada em vários países, mas ninguém consegue dizer como é sua aparência por causa dos elaborados disfarces e seu nome. Por isso Moriarty a contratou.

-Entendo. – disse levantando-se e oferecendo o braço. – Muito bem, eu acho que vocês duas não podem esperar mais. Venha comigo.

Sophie levantou-se e pegou o braço de Holmes.

-Vou poder falar com ela agora? E o senhor não vai impedir?

-Sim e não. Eu vou levá-la até o quarto de Irene, que está acompanhada de meu caro amigo Watson e do seu “quase” namorado Damian.

No quarto de Irene, Watson terminava de verificar os ferimentos dela e de Damian.

-Seus pulsos e tornozelos estão quase melhores Irene. Eu diria que em quatro ou cinco dias estarão curados.

-Obrigada Doutor.

Damian analisava seu ferimento e percebeu que as palavras de Irene soaram um pouco vazias e olhou para ela.

“É incrível a semelhança das duas. Ainda me surpreendo com esse fato.”, pensou o jovem.

Irene retribuiu o olhar e ficou admirada com os olhos verdes de Damian.

“Os olhos dele são tão bonitos. Eu acho que foi por isso que ela se apaixonou por ele.”, pensou ela.

Ouve-se um barulho de alguém batendo na porta, que logo é aberta revelando um homem, com cabelos pretos e olhos azuis intensos, ao lado de uma jovem, com cabelos e olhos iguais ao do homem. Eram Sherlock e Sophie.

-Watson? Damian? Porque não vamos dar uma volta pelos vagões? E, aliás, eu preciso falar com você, rapaz. – falou Holmes, enquanto saia com Watson e Damian logo atrás.

Sophie fechou a porta e ficou olhando Irene e não conseguia acreditar que estava na frente da sua mãe, que supostamente, havia morrido há cinco meses. Aquilo não podia mais esperar nem mais um segundo. Era a hora, porém, em vez de correr e se jogar logo nos braços de sua mãe, como qualquer outra jovem da sua idade faria, Sophie andou calmamente até Irene e sentou-se ao seu lado.

A jovem sentiu seus olhos arderem e notou que os olhos castanhos de Irene estavam ficando vermelhos. Ambas iriam derramar as lágrimas de choro de vários sentimentos que estavam sentindo naquele momento a qualquer instante.

-Mãe? Eu senti sua falta. – Sophie estava com a voz embargada ao falar.

Irene pegou uma mecha do cabelo de Sophie e colocou atrás de sua orelha, um gesto que pensou que jamais faria novamente.

-Eu também senti muito sua falta, minha princesa. Eu jamais deixei de pensar em você e nunca deixarei. Eu te amo Princesa Sophie.

Sophie não conseguiu mais aguentar e se jogou nos braços de sua mãe, deixando suas lágrimas escapar. Irene retribuiu o abraço dado pela filha e também permitindo que suas lágrimas escorressem.

-Eu te amo mamãe. Por favor, nunca mais me deixe.

-Eu nunca vou te deixar novamente. É uma promessa.

Aquele momento não poderia ter sido melhor, nem para Sophie e nem para Irene que ficaram conversando por um tempo, inclusive sobre o caso e a convivência da jovem com o pai. Sophie explicava tudo detalhadamente, desde que começara a viver com Sherlock Holmes até o momento do resgate.

-É difícil conviver com ele?

-Na verdade não. É mais difícil para a Sra. Hudson que vive com nós dois, principalmente quando vamos jogar xadrez. – disse Sophie rindo, com Irene a acompanhando. – Ela fica muito brava com nós dois.

-Eu imagino meu bem. Mas diga-me: foi difícil no começo? Para vocês dois?

Sophie baixou os olhos, não gostava de se lembrar dos primeiros dias de convivência e das brigas que tivera com seu pai, mas decidiu contar para Irene:

-Nos primeiros cinco dias, nós brigávamos muito. No outro dia, havíamos brigado novamente e eu saí de casa e fui à Praça de St. James pensar um pouco, e depois Damian apareceu e me deu um sermão e eu percebi o quanto eu estava sendo injusta com meu pai e ele a mesma coisa. Para nos reconciliarmos, ele me levou à casa do Dr. Watson e da esposa dele, Mary. E não brigamos mais depois disso.

Irene assentiu.

-Teve algumas vezes que ele me levou para resolver alguns de seus casos com o Doutor. Até que recebi meu próprio caso, o do príncipe da Boemia.

-Sherlock me contou sobre o caso e como você está resolvendo ele.

-Ele está fazendo mais do que eu.

-Ele discorda, acha que você está indo muito bem para o primeiro caso e eu concordo plenamente com ele.

Sophie sorriu e olhou pela janela.

-Em poucas horas chegaremos à Boulogne. – disse ela, reprimindo um bocejo e piscando os olhos com força para espantar o sono.

Irene riu da expressão feita pela jovem ao reprimir o bocejo e percebeu que ela estava muito cansada.

-Porque não dorme um pouco? Damian me disse que você não dormiu quase nada nas duas últimas noites. E agora que estou percebendo, você está exausta.

-Eu não quero dormir agora. Além disso, tem a viagem de um dia de barco e eu posso dormir lá.

“Você ainda continua teimosa, mesmo depois de cinco meses longe de mim.”, pensou Irene.

-Eu sei que você não quer dormir, mas tem que admitir que esteja precisando muito.

-Talvez. – respondeu enquanto observava as expressões da mulher à sua frente. - Eu acho que, talvez, possa descansar um pouco, mas não vou dormir.

Irene sorriu e permitiu que Sophie deitasse em seu colo. Ela acariciou os cabelos pretos de Sophie, mas esta não conseguia dormir, ou melhor, dizendo, tinha medo de dormir. A respiração dela ficou irregular e Irene percebeu.

-O que foi Sophie? Não está confortável?

-Não é isso. Eu estou com medo de dormir e depois acordar e você...

Sophie nem precisou completar a frase, pois Irene já havia entendido: Sophie tinha medo de Irene estar morta e de que tudo que passaram juntas naquele momento fosse apenas um dos seus melhores sonhos ou um dos seus piores pesadelos.

“Como fui capaz de causar tanto sofrimento a ela? Que tipo de mãe sou eu?”, pensou Irene entristecida.

-Mãe? Eu posso segurar sua mão? – a pergunta despertou a mulher.  – Eu sei que é coisa de criança, mas vou me sentir melhor assim, se você não se importar é claro.

-É claro que pode minha princesa.

Para Sophie, aquele seria um dos momentos mais felizes da sua vida, e pensando assim, dormiu até o fim da viagem.

***

Faltava apenas um dia e algumas horas para o encontro com Jeniffer no lugar mais seguro da Inglaterra e tanto Sophie como Sherlock conheciam apenas um lugar com essas características: A Torre de Londres.

Sophie, Damian, Sherlock, John e Irene foram juntos procurar um navegante com um barco, no qual pudesse levá-los diretamente à Londres, através do Estreito de Dover ao Rio Tâmisa. Enquanto caminhavam pelos portos, Damian e Sophie viram uma pessoa muito conhecida.

-Eu não posso acreditar que ele está aqui! – disse ela sorrindo.

-Eu também não! – Damian assoviou – EI JACK!

O homem, de cabelos brancos sujos e pele morena, olhou na direção do casal de jovens e gritou de volta:

-Srta. Adler! Sr. Wolfe! É sempre um prazer em revê-los! – falou Jack, abraçando os dois ao mesmo tempo. – Mas o que fazem aqui em Boulogne?

-Jack, meu amigo, é uma longuíssima história. Mas antes gostaríamos de saber se, por acaso, alguns desses barcos vão diretamente à Londres? Precisamos muito de uma carona. – perguntou Damian.

-E rápido. Temos que estar em Londres amanhã e sem falta.

Jack gargalhou e disse:

-Não precisam se preocupar, eu mesmo dou a carona para vocês. Eu tenho que passar em Londres e pegar algumas de minhas mercadorias, vocês sabem.

-Então, não vai ter problema? – Jack balançou a cabeça negativamente para Sophie – E nem com quem for com nós?

-São vocês e mais quantos?

-Três. Minha mãe, meu pai e um amigo do meu pai.

Jack olhou serio para os dois e depois disse:

-É claro que não tem problema. Podem chamá-los.

***

-Eu não imaginava que vocês dois conhecessem um navegante, ainda mais um que é mercador e que freqüenta Londres. – falou Watson.

Sophie e Damian entreolharam-se e disseram ao mesmo tempo:

-Nós não esperávamos encontrar um velho e conhecido amigo.

-E salvador, não se esqueçam disso. – disse Jack de repente. – Vocês três tem que escutar de como eu conheci esses dois, que se meteram com a polícia.

Sherlock e Irene perguntaram ao mesmo tempo:

-Que história Srta. Sophie? – ambos entreolharam-se.

A jovem estranhou aquilo.

-Por favor, não falem ao mesmo tempo. É esquisito. E por favor, Jack, não conta essa história.

Damian assentiu concordando.

-Mas eu tenho que contar alguma história.

-Por que não conta uma das suas? – perguntou Watson, salvando Sophie e Damian dá humilhação da história.

Jack pensou e respondeu:

-É uma ótima ideia seu Doutor. Eu me lembro de uma que quando eu era mais jovem, um dia...

Jack contava a sua história, enquanto levava o grupo de volta à de Londres, para o próximo e talvez o último desafio de nossa jovem detetive.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acharam? Como será esse desafio de Sophie? Não percam, só no proximo capítulo!
Mandem seus reviews!
Beijos!