POV Annabeth

Era inacreditavelmente estranho como as pessoas olhavam pra gente. Como se fôssemos apenas um casal como qualquer outro, andando de mãos dadas pelo shopping enquanto, supostamente, deveríamos estar na escola. É claro, as pessoas não sabiam que nós não éramos, especificamente, um casal. Mas isso é outra história.

E, sinceramente, nem eu sabíamos mais o que éramos. Eu só sabia que, quando acordara hoje mais cedo, e vira Nico dormindo ao meu lado, com aqueles cílios longos e negros pousados sob os olhos e o peitoral musculoso subindo com a respiração tranquila e compassada, senti alguma coisa especial, bem dentro de mim, bater com força. Como se meu coração fosse uma criancinha pulando corda. Confiante, sem medo de cair.

É claro que toda a maldita confiança escorreu pelo ralo quando Nico revelou seus planos para o dia. Eu já esperava que não fôssemos à escola. Poderíamos estar fazendo um monte de coisas. Mas ele me deu apenas duas opções: voltar para casa ou seguir com seu plano adiante.

Não que a segunda fosse algo extremamente atraente para mim. Mas que escolha eu tinha? Sei que não poderia morar no apartamento de Nico, que estava tapando o sol com a peneira, adiando o inevitável ou seja lá o que fosse. Mas seguir adiante, da maneira que ele me propusera, parecia estranhamente assustador.

Talvez não tão estranhamente assim. O negócio é que mudanças sempre me assustavam. E a proposta dele era uma mudança completa de imagem. Segundo o próprio, eu não podia mais “ficar andando como um garotinho por aí”.

_ Você é uma mulher, Annabeth. E uma mulher linda, por sinal. Só tem que mostrar isso para o mundo. Que deu a volta por cima. Que é forte. Forte, linda e confiante. Eu já sei disso, mas aqueles filhos da puta fracassados daquela escola não. Eu só quero que você mostre pra eles quem realmente é Annabeth Chase.  _ dissera hoje mais cedo.

E nem rir da cara dele e dizer o quanto ele soava gay falando sobre cabelos e maquiagem funcionara. Nico estava mais determinado do que nunca a seguir com o plano. O que me levava a pensar que a noite de ontem não significara nada para ele.

Não era como se estivesse caindo de amores por Nico Di Ângelo. Mas, poxa, nós dormíramos juntos, e, de um jeito louco e inconsequente, soara especial para mim. Seria carência? Seria o medo de nunca mais achar alguém que estaria ao meu lado?

Quando interroguei ele sobre, apenas sorriu, dizendo que, se não significasse nada para ele, não estaria fazendo isso tudo por mim. E voltou a prestar atenção na vitrine que olhava.

Só hoje, já experimentara milhares de roupas, conversara desanimadamente com milhares de vendedoras falsas e sorridentes e perdera a conta de em quantos provadores já havia entrado. Estava exausta e começava a achar que enfrentar meu pai teria sido a melhor alternativa. Nico ligara para Katie e Silena, sendo as duas o mais próximo que tinha de amigas naquela escola.

Neste momento, acabáramos de sentar-nos numa das mesas da praça de alimentação para esperá-las. Nico pousou as trocentas sacolas de diversas grifes diferentes no chão e pôs-se ao meu lado, passando o braço ao redor dos meus ombros. Se estava cansado, preferiu não dizer nada, embora parecesse.

Considerava injusto que ele saísse gastando seu dinheiro tão irresponsavelmente, ainda mais comigo. Mas o danado dizia que era “por uma causa justa” e “que valeria à pena”. Não havia acreditado muito em tais palavras.

_ Quando as meninas chegarem, vão te levar ao cabeleireiro. Provavelmente à manicure também, mas acho difícil alguém conseguir dar um jeito nisso _ disse ele, erguendo minhas mãos. Puxei-as de volta para mim quase que de imediato, cruzando os braços.

_ Ei, qual o problema, Annie?

Annie. O apelido fez a criancinha que pulava corda dentro do meu peito levar um tropeção. Quase que de imediato, um cheiro de maresia invadiu minhas narinas e um sentimento de culpa me tomou por completo. Como pude me esquecer dele?

_ Annabeth?

_ Oi? Ah desculpa, Nico, eu...

_ Não precisa falar nada _ interrompeu-me apressadamente _, eu sei que você não está extremamente satisfeita de estar aqui, mas, por favor, tenta confiar em mim. Mudar é sempre difícil, só que é necessário. Você não pode passar essa imagem de menina perturbada pro rest...

_ Ahh então é isso que eu pareço? _ dessa vez fui eu que o interrompi _ Uma “menina perturbada”?

_ Eu não disse isso...

_ Não, Nico, você disse. Você acabou de dizer...

_ Que você parece isso para os outros. Para mim você parece perfeita, Annabeth. O que eu quero dizer é que, para os outros, você parece sempre inconsequente, obscura e frágil. Eu quero que eles te vejam do jeito que eu te vejo.

_ Mas eu não sou tudo isso? Inconsequente, obscura e frágil?

Há essa altura meus olhos já haviam se enchido de lágrimas de novo, pela milésima vez na semana. E, também pela milésima vez, Nico abraçou-me e me consolou como ninguém se disponibiliza a fazer. E pela milésima vez eu senti, lá no fundo, que alguma coisa estava errada.

Talvez, aquela criancinha, não soubesse pular corda tão bem assim. Talvez seu ritmo estivesse descompassado ou não soubesse controlar a respiração muito bem. Talvez precisasse da pessoa certa para lhe ensinar e essa simplesmente não estivesse por perto.

Nico puxou-me pelo queixo e deu-me um beijo longo e demorado. Eu queria, que quando tivesse fechado os olhos, o mundo parasse de girar nem que fosse por um segundo. Um único segundinho, apenas para que eu pudesse colocar os pensamentos em ordem. Que os meus problemas se derretessem de maneira que não pudesse se solidificar novamente.

Mas não aconteceu. Em vez disso, materializaram-se a nossa frente uma Silena saltitante e uma Katie com cara de preocupada. Esta me abraçara de imediato enquanto a outra conversava com Nico sobre cabelos, roupas e maquiagem como melhores amigos. E mais uma temporada de tortura estava prestes a começar.

POV Percy

Quando toquei a campainha da casa de Rachel, não esperava ver o que vi por trás da porta entreaberta e o sorriso confiante da ruiva.

Toda casa parecia um caos completo. Decoradores, pessoas especializadas em Buffet de festas luxuosas e todo o tipo de gente esquisita da alta sociedade caminhavam e gritavam por todos os cantos. Rachel recebera-me com um sorriso de orelha a orelha, quase doentio. Não parecia uma menina que estava prestes a ser trancafiada num internato no exterior.

Puxou-me pela mão, quase me rebocando pela enorme escadaria localizada no centro do hall de entrada. Explicara rapidamente sobre seus planos. Uma festa enorme, algo que fosse ficar na memória de todos os alunos na Goode High School. Algo que fosse fazer que ninguém esquecesse quem era Rachel Elizabeth Dare.

Sentamo-nos na enorme king size rosa de seu quarto. Ela sorriu, antes de começar a me beijar loucamente e arrancar a própria blusa. Eu correspondia, embora meio atônito, ainda com o violão pesando nas costas. Apenas quando eu parei de lhe beijar para tirá-lo de lá, ela pareceu notá-lo, fazendo com que seu sorriso abrisse ainda mais, se é que era possível.

_ Você vai tocar pra mim? _ perguntou, ainda parecendo estranhamente animada.

_ Bem, eu pensei que pudesse te fazer sentisse melhor... Mas você parece já estar muito bem.

Em parte, até que era verdade. Eu me preocupava com o fato de Rachel não ter aparecido na escola hoje mais cedo e realmente queria saber se estava bem. E também me preocupava com o fato de Annabeth Chase não ter dado as caras.

Pelo visto, não aparecera nem na própria casa ontem. Fizera plantão até às três da manhã na janelinha do porão e só não ficara até mais tarde por minha mãe ter aparecido e dito que se não fosse dormir naquele exato momento quem iria para um colégio interno seria eu.

_ Mas, você deve ter vindo com alguma coisa em mente, certo?

_ Sim... _ respondi relutante.

_ Então, por que não toca pra mim?

Puxei a paleta do bolso e tirei o violão da capa. Respirei fundo antes de começar a dedilhas as cordas, enquanto Rachel aguardava-me com expectativa. Quando comecei a cantar era como se nada mais existisse e o mundo todo se derretesse a minha frente. Eu só pensava em uma pessoa. E não era a ruiva sorridente a minha frente.

(link: http://www.youtube.com/watch?v=DmeUuoxyt_E  LEIAM A LETRA)

Eu estou cansado de ficar na fila
De clubes que eu nunca vou entrar
Parece que eu sou o pior dos piores.
E eu nunca vou vencer
A minha vida não se tornou
Nem um pouco como eu gostaria que fosse

(Diga-me o que você quer)

Eu quero uma casa nova em folha
Em um episódio de cribs
E um banheiro que eu possa jogar baseball dentro
E uma banheira grande o suficiente
Para eu e mais dez

(Então o que você precisa?)

Eu preciso de um cartão de crédito sem limites
E um jato preto com um quarto dentro
Vou me juntar ao clube dos milionários
A trinta e sete mil pés

(já estive lá, já fiz isso)

Eu quero um novo ônibus de turne cheio de guitarras clássicas
Minha própria estrela na calçada de hollywood
Algum lugar entre a Cher e o
James dean está bom pra mim!

(Mas como você vai fazer isso?)

Eu vou trocar essa vida por fama e fortuna
Até mesmo corto meu cabelo e mudo meu nome

(Refrão)
Porque todos nós queremos ser grandes estrelas do rock
Vivendo em casa nas colinas dirigindo quinze carros
As mulheres ficam fáceis e as drogas se tornam baratas
Todos nós vamos ficar magros porque nós não vamos comer
E nós vamos no bares mais badalados
Na área vip com as estrelas de cinema
Todos os caçadores de fama
Vão aparecer por lá
Todas as coelhinhas da playboy
Com seu cabelo loiro de farmácia

Hei, hei, eu quero ser um estrela do rock
Hei, hei, eu quero ser um estrela do rock

Eu quero ser famoso como elvis sem as costeletas
Contratar oito guarda-costas que adoram bater em idiotas
Dar alguns autográfos
Assim eu posso comer de graça
(vou ter a quesadilla, ah ha!!!)
Eu vou vestir minha bunda
Com a última moda
Ter a chave da porta da frente da mansão da playboy
Vou ter uma mulher "número um" que ama
Gastar meu dinheiro por mim
(mas como você vai fazer isso?)
Eu vou trocar essa vida por fama e fortuna
Até mesmo corto meu cabelo e mudo meu nome

(Refrão)
Porque todos nós queremos ser grandes estrelas do rock
Vivendo em casa nas colinas dirigindo quinze carros
As mulheres ficam fáceis e as drogas se tornam baratas
Todos nós vamos ficar magros porque nós não vamos comer
E nós vamos no bares mais badalados
Na área vip com as estrelas de cinema
Todos os caçadores de fama
Vão aparecer por lá
Todas as coelhinhas da playboy
Com seu cabelo loiro de farmácia

E nos escondemos em salas privativas
Com o último dicionário e a revista quem é quem de hoje.
Elas vão te dar qualquer coisa com aquele sorriso malvado.
Todo mundo tem um traficante na discagem rápida.

Hei, hei, eu quero ser um estrela do rock

Eu vou cantar aquelas musicas
Que ofendem os críticos.
Vou colocar minhas anfetaminas em tubinhos de bala.

Vou achar uns cantores esquecidos para compor minhas canções
E usar play-back toda noite para não errar.

(Refrão)
Porque todos nós queremos ser grandes estrelas do rock
Vivendo em casa nas colinas dirigindo quinze carros
As mulheres ficam fáceis e as drogas se tornam baratas
Todos nós vamos ficar magros porque nós não vamos comer
E nós vamos no bares mais badalados
Na área vip com as estrelas de cinema
Todos os caçadores de fama
Vão aparecer por lá
Todas as coelhinhas da playboy
Com seu cabelo loiro de farmácia

E nos escondemos em salas privativas
Com o último dicionário e a revista quem é quem de hoje.
Elas vão te dar qualquer coisa com aquele sorriso malvado.
Todo mundo tem um traficante na discagem rápida.

Hei, hei, eu quero ser uma estrela do rock
Hei, hei, eu quero ser uma estrela do rock