Highway To Hell escrita por Syrinx, HévilaChavez


Capítulo 7
Capítulo 5: São Francisco (Parte 2)


Notas iniciais do capítulo

Bom, mais um capítulo fresquinho! :)
Deu mt trabalho escrever esse, e me custou uma quantidade de pesquisa maior. Sim, eu pesquiso para escrever a fic.
Eu espero que gostem, foi o que saiu depois de uma crise de bloqueio criativo.
P.S.(1): Meu muitíssimo obrigado à Sweet Seddie e ao Dellavechia pelas recomendações, vcs não sabem como me deixou feliz *-*
P.S.(2): Bom, a partir do próximo capítulo teremos duas co-autoras que vão me ajudar a escrever a reta final da fic, então quero que as recebam mt bem, ok?
Enfim, to enrolando demais...
ENJOY! :)



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FREDDIE

Trilha: http://www.youtube.com/watch?v=1G4isv_Fylg&ob=av3e

São Francisco era realmente uma cidade linda. Depois de dias na estrada, e uma parada rápida em Sacramento, finalmente estávamos lá. Era o amanhecer do dia quando chegamos, então a vista perfeitamente dourada e cintilante da ponte Golden Gate, da baía de São Francisco cortando as montanhas e da névoa fria sobre a ponte me tirou o fôlego. Enquanto atravessávamos a Golden Gate, cutuco Sam uma vez e ela, ainda sonolenta mas curiosa, tira o torso todo para fora do carro, admirando a paisagem com um sorriso deslumbrado no rosto e os cabelos vermelhos por causa da luz do Sol sendo jogados com força para trás.

Ela senta de volta no banco do passageiro com um movimento rápido e pede que paremos para admirar mais a paisagem lá do alto. Estaciono o carro no lugar mais próximo possível, e descemos a avenida, rumo à passarela de pedestres da ponte.

Sam parecia uma criança. Puxou-me pelo braço e nos encostamos no parapeito da ponte, olhando a água da baía dourada de Sol passando com velocidade abaixo de nós. E dali, bem mais de perto, a vista era bem mais deslumbrante. Apontei a névoa laranja acima da ponte, que rodopiava livremente no ar. As barcas carregadas de mercadorias logo abaixo, o verde das montanhas. Era um daqueles raros momentos simplesmente mágicos e que nada poderia estragar. Nada. Nem mesmo o fato dos carros estarem passando e fazendo barulho ao nosso lado.

Somente após alguns segundos absorvendo a paisagem, é que percebo que a loira, ainda está de braço dado comigo, está quieta demais. Viro-me para encará-la. Após um ou dois segundos permitindo-se ser observada, ela finalmente retribui o meu olhar, sorrindo docemente. Era a primeira vez que eu a via sorrir assim para mim, e sabe, de todos os sorrisos dela, o malicioso, o zombeteiro, o desafiador, esse era o meu preferido, o doce e terno:

–É lindo, Benson. Obrigada. - e inclinou-se uma vez, depositando um beijo delicado no meu rosto. Era tão singelo que eu quase não podia acreditar que ela era capaz daquilo.

Então, seu sorriso mudou para um de diversão. Ela abriu a jaqueta camuflada, e sacou uma câmera lá de dentro:

–O que são as melhores férias sem nenhuma foto para registrá-las?

Estreitei os olhos:

–Onde conseguiu isso?

Seu rosto fechou-se numa expressão ofendida:

–Eu não roubei, se é isso que está pensando. A mamãe aqui tem dinheiro, nerd, não preciso disso. E já que deixou a sua em Seattle, comprei uma em Sacramento, se isso te faz feliz. - explicou.

Senti meu rosto corar. Pus as mãos nos bolsos e olhei para o chão, envergonhado:

–Desculpa.

Os cantos de seus lábios curvaram-se para cima, num sorriso mínimo:

–Tudo bem, eu te perdoo, Benson, mas só por causa dessa vista, se não fosse por isso, você era um homem morto. - declarou.

E correu para um turista asiático ali perto, pedindo que tirasse fotos nossas. Sam aproximou-se e, abraçando-me delicadamente pelo pescoço, pediu que ele tirasse uma foto. Depois de algumas fotos juntos e algumas poses malucas nossas e algumas da paisagem, finalmente desisti. Meu lugar era atrás das câmeras, e eu logo fiquei intimidado pelas lentes. Então, o turista me devolveu a câmera e eu, mais confortável com essa posição, comecei atirar fotos da Puckett. Ela tinha um sorriso fácil nos lábios e estava completamente à vontade em ter uma câmera por perto. A cada foto, ela parecia mais e mais maravilhosa, um halo laranja em volta dos seus cabelos perfeitamente loiros.

Mas logo ela também se cansou das fotos. Reclamou que estava com fome e, avistando um carrinho de cachorro quente que passava ali perto, correu até lá, trazendo três, um para mim e dois para ela, claro. Comemos encostados no parapeito, conversando. Depois de comermos, corri até o lixeiro mais próximo, depositando nosso lixo, e, quando corri de volta até ela, o demoniozinho dentro dela agiu novamente. Olhou-me pelo canto do olho, sorrindo desafiadoramente:

–Que tal um campeonato de cuspe à distância, Benson? - sugeriu, as sobrancelhas erguidas.

Virei-me para ela, indignado:

–Eca, que nojo, Sam! Claro que não. - meu nariz se franziu.

Ela revirou os olhos:

–Estava demorando para o seu lado nerd te dominar. Parece que as paranoias da sua mãe finalmente passaram para você. - ela provocou.

–Não, loira, é só uma questão de higiene. - tentei argumentar.

–Ah, qual é, Freddie? Que homem recusa um campeonato de cuspe? Vira homem! - ordenou, e deu um tapa no meu braço com força.

–Au! - então suspirei, desistindo - Ok, mas eu tenho que te avisar que você vai perder. Afinal de contas, você ainda é uma garota.

Ela me lançou um olhar assassino pelo comentário:

–Não vou nem dizer o que eu acho desse seu comentário. Vamos resolver isso no cuspe. - falou, tomando impulso com os braços.

Fiz o mesmo que ela, contando até três, e nos lançamos para frente, vendo em expectativa o cuspe cair na água.

Não deu outra, o meu foi mais longe:

–Há, perdeu, Puckett, eu avisei! - joguei na cara dela, rindo de sua expressão de garotinha mimada.

–Melhor de três. - ela rosnou, irritada.

Balancei a cabeça:

–Não, vou sair enquanto ainda estou ganhando. Sabe, loira, um sábio sempre sabe quando recuar.

–Mas também, você tinha que ganhar em alguma coisa de mim, não é, cabeção? - ela deu um tapa na parte de trás da minha cabeça, dando as costas.

Balancei a cabeça rindo uma vez. Ela ficava tão linda esquentadinha. Sem mais demora a segui.


SAM

Depois de quase uma hora rodando por São Francisco, tentando achar um hotel legal, uma senhora nos indicou um. Hotel Fusion era o nome. Se parecia bastante com o que ficamos em Salém, então resolvemos ficar.

A suíte era linda, em tons de amarelo e laranja e eu, de repente exausta, joguei-me sobre os lençóis perfeitamente brancos, surrupiando duas ou três horas de sono. Acordei com a respiração leve e quente de Freddie batendo compassadamente no meu rosto. Abri os olhos e o vi deitado ao meu lado, o rosto perto demais do meu. Apoiei-me sobre os cotovelos para ver melhor. Coitado, também devia estar exausto, e assim como eu, aproveitou para dormir um pouco. Deitado de bruços, ainda de moletom, ele tinha movido-se para bem perto de mim enquanto dormia, o braço direito de modo quase possessivo envolvendo minha cintura.

Aquilo era tão adorável que deixei um riso mínimo escapar por minha respiração. Passei minha mão esquerda pelo seu cabelo, acordando-o:

–Terra para nerd, hora de acordar. - chamei.

Ele piscou os olhos duas vezes, e virou-se desconfortável, esfregando os olhos. Respirou fundo uma vez, antes de resmungar:

–Está cedo ainda, Sam.

–Não, muito pelo contrário, está ficando tarde. E eu ainda quero conhecer São Francisco hoje, ok? Não estou te pagando para ser preguiçoso. Agora anda, mexa-se! - disse empurrando-o para fora da cama.

Ele revirou os olhos, mas obedeceu:

–Isso, bom menino, do jeito que a mamãe gosta. - provoquei, piscando o olho, quando ele se virou para me encarar.


Minutos depois, já de roupa trocada e chave do Mustang na mão, saímos para explorar São Francisco. Passamos dois dias nesse ritmo, passando pelo Pirâmide Transamérica, parque Golden Gate, andamos de bonde, por shoppings, lagos e jardins - os quais Freddie fez questão de tirar fotos minhas - pelo Aquário Steinhart - para onde eu fui deliberadamente arrastada pelo nerd, e o custou longas horas de convencimento. Quando passamos pelo aquário de peixes e avistamos um baiacu, soltei: "Olha lá, Freddie, é você!". Pela ilha de Alcatraz, que o custou um soco pela piadinha "E aí, Sam, vamos te esconder antes que os tiras te vejam e resolvam te manter aqui mesmo."

Já era noite do segundo dia quando paramos em Chinatown para jantar. Terminamos o yakisoba e caminhamos lentamente até o final da rua, onde Freddie tinha deixado o carro. Um negro de vinte e poucos anos vinha subindo a rua na direção contrária, falando animadamente no celular. Parou no carro em frente ao nosso, então não tive como não ouvir parte da conversa.

Falava sobre um racha que ia ter algumas horas mais tarde. Uma lâmpada se acendeu em minha cabeça e eu automaticamente sorri. Freddie ia contornar o carro indo para o banco do motorista quando eu o parei. Olhou para mim inquisidoramente. Farejei o ar, dramaticamente:

–Está sentindo esse cheiro, nub?

Ele nada disse, apenas franziu o cenho, confuso:

–Cheira a diversão. - expliquei.

Ele ainda continuava confuso, mas perguntou, desconfiado:

–O que quer dizer, loira?

Indiquei com o queixo o cara negro. Seus ombros caíram:

–Sam, não. - ele gemeu, aparentemente tinha escutado sobre o racha também - Vai nos meter em confusão de novo.

–Freddie, não me espanta você não ter vida social e outros amigos além de mim, da Carly e do Gibby. - retruquei - Você é tão careta.

–Não sou não. - ele rebateu com raiva - É uma questão de bom senso, demônia. - cuspiu a última palavra.

–Tudo bem, pode deixar de ir, se quiser, mas ainda vou precisar do seu carro. - estendi a mão, pedindo as chaves.

Ele deu um passo atrás, abrindo os braços protetoramente sobre o carro:

–Não, você não vai chegar perto do meu bebê. Nada feito, Sam.

Avancei sobre ele, pegando-o pela gola da camisa xadrez engomadinha:

–Escuta, você vai fazer o que eu quero, ou vai estar em maiores problemas do que ir a um simples racha. - usei de toda a intimidação violenta que tinha sobre ele, mas que havia tempo não usava.

Ele sustentou meu olhar raivoso, mas algo em seus olhos revelava seu medo:

–Não vejo como. - ele ousou dizer.

Encostei-o rudemente na lateral do Mustang, o rosto ameaçador a centímetros do dele:

–Não me provoca, Benson, você já sabe do que eu sou capaz. - avisei com um rosnado - Quer realmente provar do velho gostinho da ira da mamãe aqui? Ou vai obedecer caladinho?

Ele engoliu em seco e algo em seus olhos me deu um sinal de rendição. Soltando-o com um movimento brusco, ele caminhou lentamente até o banco do motorista, enquanto o rapaz do outro carro nos observava perplexo. Caminhei até ele e, forçando um sorriso, perguntei onde seria o racha. Ele nos disse o local e também para dizermos que estávamos com o Lupe, o nome dele.

FREDDIE


Sam ia nos meter em confusão de novo. Mas que faro ela tinha para nos meter em problemas! Era quase como se ela fizesse de propósito, nos levar para roubadas o tempo todo. E eu ainda não conseguia descobrir um jeito de domá-la e demovê-la das decisões que ela tomava de nos meter em problemas.

Então, eu estava aqui, arrumado que nem um marginal (ideia da Sam para me fazer passar por 'descolado') e a esperando sair do banheiro (onde ela já estava fazia uma hora). Andava de um lado para o outro, tentando descobrir um jeito de escapar dessa e salvar meu precioso carro. Mas a loira era dura na queda. Mesmo depois de anos que passei na academia, ela ainda conseguia me dobrar à sua vontade como um garotinho com um simples olhar assassino.

Ouvi a porta do banheiro destrancar-se com um clique e virei-me de modo a olhá-la, irritado:

–Até que em... - a frase ficou presa na minha garganta, mas consegui forçar o final - ...fim.

Ela estava, bem, incrível. Uma blusa longuete de mangas compridas listrada em preto e branco, um short preto curto, e uma bota preta de couro de cano curto. O cabelo loiro estava bem liso, a franja caindo sobre os olhos perfeitamente destacados com uma maquiagem forte.

Ficamos nos encarando por um segundo constrangedor. Ela foi a primeira a quebrar o gelo:

–Bem... - ela começou, mas acho que não sabia muito o que dizer.

Sorri de lado, finalmente sendo capaz de articular uma frase:

–Você está maravilhosa. - ofereci, gentil.

Ela sorriu, relaxando:

–Você também não está nada mal.

Revirei os olhos:

–Deveria achar mesmo, foi você que me vestiu assim. - rebati.

Ela jogou as chaves do carro em minha direção:

–Hora de ir, nub. - e saiu animadamente pela porta.

Respirei fundo e disse para mim:

–Já que não tem jeito mesmo...


Era mais afastado da cidade, bem no subúrbio, então eles não tiveram nenhum problema em fechar a avenida. Uma caminhonete bem no meio da pista e cones de sinalização indicava que havíamos chegado. Um rapaz loiro, alto, tatuado saiu da caminhonete, e nos perguntou quem tinha nos convidado. Sam falou do tal garoto negro que tínhamos encontrados mais cedo em Chinatown, Lupe. Com um aceno de reconhecimento, ele nos deixou passar.

O lugar era um um completo pandemônio. Pessoas se amontavam no meio da rua, rodas de lutas de break dance, e de vale tudo, carros tunados com o volume no máximo tocando rap, hip hop e black music.

Trilha (só pra sentir o clima): http://www.youtube.com/watch?v=Eu_fCIGgf0A

Era difícil até dirigir, sempre sendo cuidadoso para não atropelar ninguém e não arranjar confusão, consegui estacionar perto de uma calçada com algumas árvores. Saímos do carro, e logo o garoto negro, Lupe, veio nos cumprimentar:

–Hey, Sam, está gata! - ele cumprimentou a loira amigavelmente, como se a conhecesse há muito tempo.

–Hey, Lupe! - ela o cumprimentou, num toque de mãos - O lugar está bem cheio. Vamos ter muitas corridas hoje, não é?

–E muitas apostas, com certeza, loirinha. - ele piscou.

Pigarreei, mostrando que eu estava vivo para os dois. Sam colocou as mãos nos bolsos e deu um passo atrás:

–Lupe, esse é o Freddie, um amigo.

–E aí. - ele acentiu, avaliando-me e claramente não gostando do que via - Bom, venham, vou mostrar a vocês o lugar das principais corridas. - saiu caminhando na frente, cumprimentando outras pessoas.

Puxei Sam para perto de mim, parte para marcar território, já que muitos caras a lançavam olhares aonde passávamos; parte para esclarecer as coisas:

–Ok, que conversa era aquelaa sobre corridas e apostas? E desde quando você é tão íntima do Lupe? - repeti o nome dele com desprezo.

–Sabe, Freddie, às vezes pode parecer meio difícil para você entender, mas quando se chega em um lugar novo, você tem que se enturmar. E quanto à sua primeira pergunta, bem, digamos apenas que não estou aqui só para ver o show. Vou apostar, sabe. Para se ganhar dinheiro, de vez em quando temos que correr alguns riscos. - ela explicou com um sorriso inteligente, como se aquele fosse um plano brilhante.

–Você está louca, vamos embora antes que seja tarde. - implorei.

–Nem pensar, Benson, já estamos aqui. Além do mais, você precisa relaxar e seguir a onda. - ela avisou com um olhar severo.

Lupe nos conduziu até uma área da avenida onde havia várias pessoas dispersas em volta de dois carros que aceleravam. Levantei as sobrancelhas quando vi o naipe dos carros ali: um Camaro SS 70 vermelho e um Audi R7 roxo. Uma morena segurando um lenço vermelho foi para o meio dos carros, enquanto um um asiático com cara de malandro alto e magro segurava sua cintura. Ela levantou o lenço e murmurou algo para o asiático atrás dela. Ela deu a contagem regressiva e baixou o lenço com um movimento rápido. Os carros cantaram pneu e saíram numa velocidade impressionante, seguido de um surto de aprovação geral da plateia.

–Hey, Tristan!

Um garoto um pouco mais velho que nós, que conversava com um grupo encostado em um Mustang GT branco e listrado de preto nas laterais, talvez de dezoito ou dezenove anos, virou-se quando Lupe o chamou e nos cumprimentou, demorando-se mais em Sam, que parecia avessa às olhadelas dele. Ou talvez ela não se importasse.

Era moreno e alto, os cabelos pretos repicados, os olhos azuis checando a Puckett de cima a baixo. Fechei a cara. Já não gostava desse tal de Tristan, e algo me dizia que ele era a fonte da confusão, que devíamos ficar longe dele. Conversamos durante alguns minutos e vemos algumas corridas, Sam sempre apostando, claro. Ganhou mais que perdeu nesse meio tempo, o que era bom para mim, então me mantive relativamente calmo. Nos ofereceram vodca, o que eu prontamente recusei, se ia ter confusão, era melhor ficar alerta. Sam tomou uma ou duas doses, mas mais para não contrariá-los.

Num certo ponto da noite e algumas corridas depois, Lupe perguntou se Sam queria dar a largada. Ela, animada, respondeu que sim imediatamente, e Maggie, a garota morena que dava oficialmente as largadas e tinha virado relativamente amiga da loira, ofereceu o lenço para ela. Eu fiquei alerta, geralmente quando Sam entrava em ação, as coisas iam mal. Ela caminhou até o meio da pista, entre os carros, um Supra verde neon e um BMW M3 azul e branco, e esperou os corredores acelerarem. Tristan, contudo, surgiu do nada, e abraçou a Puckett por trás, como o garoto asiático tinha feito com a morena na primeira corrida.

Sam se retesou e fechou a cara. Empurrou Tristan com o ombro uma vez, já que ele tentava, descaradamente beijar o pescoço dela. Parecia bêbado demais. Fiz menção de ir até lá defendê-la, mas Lupe pôs o braço na minha frente, impedindo-me:

–Vamos ver como ela se vira. - ele disse simplesmente.

Então uma luta interna começou dentro de mim. Ou seguia a onda e deixava Sam se virar, ou ia até lá quebrar a cara daquele imbecil e tirá-la daquele lugar à força. Mais uma vez o bom senso falou mais alto. Eu só esperava que ela conseguisse se livrar dele sozinha. Conhecia a loira, se ele tentasse algo mais, ela o jogaria na frente dos carros, estourando os miolos dele.

Não deu outra. Ouvi Sam reclamar, quando ele voltou a incomodá-la:

–Tira as patas. - ela rosnou, seca.

Ele sorriu e olhou para ela:

–Gata, qual o problema? Eu sei que você não está com aquele imbecil. - ele sorriu zombeteiro.

Pude ver um fogo assassino acender-se em seus olhos. Ela o jogou com força no capô do Supra, ouvindo um protesto do motorista. Tristan, meio desorientado, protestou também, mas parecia um boneco de pano nas mãos de Sam. Pegou-o pelos lados da jaqueta, e olhou-o de modo mortal. Então era assim que ela parecia quando me ameaçava:

–Ninguém chama o Freddie de imbecil além de mim, entendeu? E eu acho que disse para tirar as patas.

Um sorriso espalhou-se pelo rosto de Tristan:

–Marrentinha, hein? Gosto assim.

Ela o olhou com nojo, soltando-o. Levantou o lenço e os carros começaram a acelerar. Sam olhou Tristan com um prazer assassino:

–Se fosse você, tirava seu traseiro sujo daí. - aconselhou.

Contou até três, enquanto ele cambaleava para a calçada. Abaixou o lenço e os carros saíram cantando pneu. Voltou até mim e jogou o lenço para Maggie. Lupe sorriu para ela e acentiu.

Tristan voltou olhando com desprezo para mim:

–Pode ficar com essa vadia aí. Não faço questão, aposto que já deve ter ficado com todo mundo mesmo. - e sorriu com desdém - Menos você, claro.

Já chega.

O sangue ferveu e meus músculos se retesaram. Ele não sabia de nada. Então, antes que o bom senso me dominasse novamente, avancei sobre ele, socando-o com força no rosto. Ele deu dois passos para trás, pondo as mãos sobre o olho direito. Recuperou-se um segundo depois, vindo em minha direção. Tentou me socar uma vez, mas com os reflexos debilitados por causa da vocda, foi fácil dar-lhe uma rasteira e fechá-lo numa gravata:

–Já estou cheio de ser legal. - rosnei, vendo-o ficar vermelho, mas tive outra ideia - Se quer brigar, tudo bem, mas não vamos resolver isso no punho. - soltei-o, e ele começou a tossir, deitado no chão.

Olhei para cima e vi as pessoas me encarando boquiabertas. Lupe me avaliava:

–Lupe, que tal uma corrida de última hora? - ele acentiu, entendendo.

Olhei para Sam, que me encarava numa satisfação muda. Na verdade, parecia meio orgulhosa:

–Sam, você queria apostar, não é? Agora vou te dar uma aposta à altura. - ela franziu o cenho, confusa.

Virei-me para Tristan, que me fuzilava com o olhar e respirava com dificuldade. Um filete de sangue escorria do nariz:

–Você e eu numa corrida. - sugeri.

Ele riu da minha cara:

–E o que eu ganho com isso?

–Meu carro. - respondi prontamente - Aposto meu carro.

Pelo canto do olho, vi Sam arregalar os olhos e correr em minha direção:

–Ficou louco, Freddie? - ela sussurrou horrorizada em meu ouvido - Quer apostar o Mustang?

–Você queria riscos, não é? É o que eu estou te dando. - olhei-a duramente - Finalmente conseguiu me tirar do sério. Parabéns, Puckett. - declarei.

Tristan sorriu, caminhando até nós:

–Um Mustang, é? Fechado. Aposto o meu também. - ele levantou as sobrancelhas, desafiando-me.


Minutos depois, o meu velho Mustang Cobra e o Mustang GT de Tristan estavam alinhados na pista de corrida. Lupe se pôs no meio dos carros, ditando as regras:

–Ok, eu quero uma corrida justa. Como o carro do Freddie não tem nitro, por exemplo, Tristan está proibido de usar o dele. - decretou.

Ouvi Tristan bater no volante uma vez e praguejar alto. Lupe continuou, olhando para mim:

–Está vendo aqueles tonéis de metal no final da avenida? - ele apontou para alguns objetos prateados a uns seiscentos metros de distância - Quero que vão até lá, contornem os tonéis e voltem. É simples. - caminhou para a calçada.

Sam encostou-se na janela do passageiro, olhando-me apreensiva:

–Tem certeza do que está fazendo, Freddie? Você nunca fez nada como isso antes, e ele já fez isso milhares de vezes.

Trinquei os dentes e respondi, sem olhá-la, a expressão dura:

–Não tem volta, Sam, já me decidi.

Então, Tristan disse, provocando:

–Você devia escutar essa loira e desistir, geekzinho, essas ruas são minhas.

Ignorei-o. O bom senso finalmente voltando, mas não o suficiente para me fazer mudar de ideia. Ouvi Sam bufar e abrir a porta do passageiro, sentando-se ao meu lado. Pôs as mãos dos dois lados do meu rosto, obrigando-me a olhar para ela:

–Você pode fazer isso, Freddie, eu sei que pode. - ela sorriu, confiante, e fechou a porta do passageiro, acomodando-se no banco.

Maggie foi para o meio da pista e levantou o lenço. O barulho de aceleração era ensurdecedor.

–Se segura, Puckett.

Trilha: http://www.youtube.com/watch?v=wKK-oGAH0eM

O lenço desceu no ar e os pneus cantaram sob meus pés e Sam e eu fomos jogados para trás. A sensação de velocidade e liberdade era algo indescritível e eu cheguei a entender o porque de tanta fascinação por rachas. O rugido de aprovação das pessoas era apenas um zumbido nos ouvidos, tudo passando como um borrão pelas janelas. Dei uma olhada no velocímetro: 100 km/h. Bom, mas não o bastante. Sorrindo, acelerei mais. A adrenalina correndo por minhas veias era quase inebriante, dando-me reflexos e força extra. Sam, olhou para os lados e gritou:

–Mais rápido, Freddie, ele está na frente!

Se era velocidade que ela queria, então era o que daria a ela. Exigindo do motor o máximo, senti-nos chegando cada vez mais perto de Tristan. Quando emparelhei, olhei para ele em desafio e Sam gritou em êxtase. Irritado, ele jogou num movimento brusco a lateral direita do Mustang GT sobre nós, arrancando o espelho lateral esquerdo do Mustang Cobra. O carro derrapou para o lado, ameaçando sair da estrada. Tristan gargalhava alto de aprovação. Demorou um ou dois segundos para que eu estabilizasse o carro e acelerasse novamente.

Os tonéis chegavam cada vez mais perto e, no instante certo, freei e girei a direção toda, dando um cavalo de pau, contornado o tonel.

Tristan não teve tanta sorte, quase batendo em um letreiro que havia no final da avenida. Com um urro de raiva, ele guiou o carro de volta à estrada, enquanto eu abria alguns metros de diferença.

Ele acelerou, o motor um pouco mais potente que o meu. Emparelhou novamente, e tentou jogar o carro de novo sobre nós. Mas eu já estava treinado. A vantagem se ser nerd é que se aprende rápido as coisas. Esquivei e acelerei, mas a experiência dele o fez melhor novamente: ele jogou o carro para a direita, bateu em um hidrante da calçada, que jogou água para todo lado, diminuindo o atrito com o solo e a visibilidade. Praguejei alto e liguei os limpadores e quando, finalmente, pude ver através de toda a água, ele tinha uma vantagem considerável sobre mim.

Ouvi Sam xingar ao meu lado, batendo no painel, nervosa:

–Vai, Freddie, mais rápido!

–Estou tentando! - reclamei.

Pus o motor no máximo novamente, forçando demais. Felizmente, apesar da diferença entre os carros, ele tinha sofrido danos no parabrisas, o que o impedia de ver claramente, então ele reduziu um pouco, tentando ter o controle suficiente para não bater em nada. Reduziu achando que a corrida já estava ganha para ele.

Aproveitando-me dessa vantagem, manobrei até alcançá-lo novamente, mas distante e alerta o suficiente para evitar outra surpresa. Sentindo o final da pista chegando, apenas me concentrei em dirigir, não olhando para os lados.

Vi o lenço vermelho descer no ar e Sam gritar em aprovação:

–Ganhamos, Freddie! - ela comemorou, batucando o painel.

Pôs a cabeça para fora do carro, gritando, enquanto eu sentia o alívio me lavar e a adrenalina me deixar tão rápido quanto veio. Pisei no freio, parando o carro.

Girei a chave e fiquei ali parado, respirando fundo, sentindo dor nas articulações das mãos e o suor descer minha testa. Fechei os olhos e agradeci mentalmente. Senti as mãos de Sam tirando as minhas do volante. Abri os olhos e ela sorria triunfante para mim:

–Eu disse que podia fazer isso, Benson.

As pessoas correram até nós, circundando o carro. Saí do carro e as pessoas me cumprimentaram, parabenizando. Lupe apareceu no meio da multidão, dirigindo o Mustang GT. Saiu do carro e jogou a chave para mim:

–Bom trabalho. Você tem jeito para corrida. - ele comentou - Se quiser voltar algum dia, será bem vindo.

–Onde está Tristan? - Sam perguntou, procurando-o no meio da multidão.

–Foi dar uma volta. - ele explicou - Mas não se preocupe, se ele voltar a importunar vocês, tenho certeza de que pode dar um jeito nele. - e piscou para ela, que sorriu em retribuição.

Joguei a chave do Mustang GT para Sam, que a pegou confusa:

–É seu. - expliquei - Eu sei que quer um carro, de qualquer forma. Pode ficar.

Ela sorriu agradecida, mas negou com a cabeça:

–Obrigada, Freddie, mas não quero ficar com nada dele. Ele me enoja. Além do mais, não quero ter o trabalho de consertar. Mas... - e virou-se para Lupe - ... eu ficaria feliz em negociá-lo.


Sam acabou vendendo o carro. E o dinheiro foi para a poupança misteriosa dela. Voltamos para o hotel e, exaustos, fomos dormir. A loira, não entanto, revirava-se na cama de minuto em minuto. Até que, por fim, ela levantou-se silenciosamente, pensando que eu já havia adormecido, indo até nossa bagagem e tirando uma cartela de aspirinas de dentro.

Foi até o banheiro e tomou um comprimido. Abriu a torneira e jogou água no rosto. Quando saiu do banheiro, desligando a luz, viu-me sentado na beirada da cama, encarando-a preocupado:

–Dor de cabeça? - perguntei.

Ela encostou-se na parede, levando uma mão à testa:

–É, acho que foi todo aquele barulho e o pouco de vodca que eu tomei. Não costumo beber. - explicou - De qualquer forma, não quer ir embora. - ela suspirou fundo, apertando os olhos.

–Vem cá, eu sei como te fazer ficar melhor. - estendi a mão, sorrindo de lado.

Ela franziu o cenho, mas aproximou-se, pegando minha mão:

–Olha lá o que vai fazer, hein, nerd? - ela avisou sorrindo.

Trilha: http://www.youtube.com/watch?v=CB-h0CwVYAo

Com um pouco de custo, a fiz sentar-se de frente para mim. Ela me olhava desconfiada:

–Relaxa, não vou fazer nada. - eu ri, esfregando as mãos.

Comecei a massagear suas têmporas. Movimentos lentos e circulares. Ela sorriu aprovando e fechou os olhos. Meus dedos moveram-se suavemente para sua testa, esfregando suavemente. Ela suspirou uma vez:

–Isso é bom, Freddie. - ela soltou baixinho, e abriu os olhos, e o azul neles era doce como na manhã que chegamos a São Francisco - Você tem as mãos suaves mas firmes, ao mesmo tempo. Se não fosse sua fixação nerd para tecnologia, você daria um bom médico. - ela afirmou.

Eu ri e balancei a cabeça, ainda massageando:

–Eu admiro a profissão, Sam, mas acho que não daria certo para mim. É claro que eu aprendo uma coisa ou outra com minha mãe, mas realmente não é algo que eu chamaria de vocação. Vire-se. - pedi.

Ela levantou uma sobrancelha, inquisidoramente:

–Para eu massagear suas costas. - expliquei - Apenas vire-se. - ordenei.

Hesitante, ela virou-se de costas para mim, e puxou os cabelos para um dos ombros. Toquei seus ombros, sentindo os músculos tensos.

Será que ela estava tão nervosa quanto eu com o mínimo contato? Aparentemente sim.

Comecei a trabalhar em suas costas, sentindo-a relaxar sob o meu toque. A vi fechar os olhos novamente, aproveitando a sensação, gemendo de aprovação de vez em quando.

Sorri uma vez. Era em momentos como esse que eu tinha a sensação que finalmente a tinha domado. Mas segundos depois estávamos novamente brigando, atacando os pescoços um do outro. Acho que isso que me encanta nela. Ela é imprevisível. Nunca se pode prever o seu próximo passo. Se será extremamente gentil, divertida e adorável ou se será agressiva, dominadora e maravilhosamente mortal.

E foi ali, naquele momento que a ficha caiu. Estava perdidamente apaixonado pela Puckett. Meu sorriso aumentou. Um segundo depois, ela tirou minhas mãos das suas costas, beijou delicadamente uma e deitou-se sobre mim, escalando seu caminho até meu pescoço, sussurando:

–Você devia deixar de ser tão bom para mim, nerd, é quase um pecado. E eu não mereço. Mas obrigada mesmo assim. - senti-a sorrir na curva do meu pescoço.

–Vou estar aqui sempre que precisar, Princesa Puckett. - declarei, acariciando seus cabelos - Boa noite.

Ela não se deu o trabalho de responder, apenas levantou o rosto por um segundo, beijando-me de leve no pescoço e voltou a esconder o rosto.


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Notas finais do capítulo

Sim, gente, eu me inspirei em Need For Speed, o racha e as músicas, q, por sinal, eu sou mt viciada...
Tem alguém aí que gosta tbm?
Enfim, mereço reviews? >.