The Body Or The Soul? escrita por ViicSalvatore


Capítulo 4
Capítulo 4




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– Que foi? – indagou Damon, com ar de quem não entendia nada.
– Você se lembra do que acabou de dizer?
– Eu disse que humanos não tem Poderes.
– Depois disso.
– Você disse que queria mostrar alguma coisa.
– Um pouco depois.
Damon especulou se levava ou não a sério a pergunta dela.
– Foi só isso - ele disse devagar, como quem fala com uma criança pequena - O que você quer mostrar, afinal?
Elena franziu a testa. Depois pegou o lenço que havia jogado na cama e tornou a amarrá-lo no pescoço.
– Eu não sei se consigo fazer de novo – disse ela, andando a passos largos na direção da porta – Mas vou tentar.
Elena abriu a porta e enfiou a cabeça para fora.
– JEREMY! – gritou ela.
– QUE FOI? – ouviu-se o grito de resposta do garoto. Pelo volume da voz, Damon calculou que ele estava na cozinha.
– VEM AQUI EM CIMA, PRECISO FALAR COM VOCÊ. É URGENTE. RÁPIDO!
Damon ouviu o tinido de talheres caindo em um prato e uma cadeira sendo arrastada. Um resmungo e passos apressados. Elena se virou para ele.
– Damon, entra no meu armário.
Quê?
– Anda, entra logo.
Ele olhou para Elena como se ela estivesse maluca.
– O que está esperando? – ela tentou empurrá-lo, mas ele sequer se moveu.
– Um bom motivo pra eu entrar no seu armário. Ou pra você ter começado a achar que pode me dar ordens.
– Ah, por favor, Damon! Você já vai ver. Eu não estou te dando ordens, estou só pedindo. Anda logo. O Jeremy vai entrar a qualquer momento e eu não tenho como explicar o motivo do irmão do meu namorado estar sozinho comigo no meu quarto.
– Tenho uma ou duas sugestões – o vampiro a olhou de cima a baixo, malicioso, e abriu seu típico sorriso de lado.
– Por favor?
Ele deu de ombros.
– Vou fazer o que está me pedindo – de repente Damon estava parado atrás dela, a boca sensual a milímetros de sua orelha - Mas só porque estou muito curioso. Espero que valha à pena, princesa, seria muito interessante ver você tentando se explicar ao Jared.
Um arrepio percorreu o corpo de Elena e desconcertou-a a ponto dela se esquecer de corrigi-lo.
– Vai – a morena o empurrou de novo, impaciente, ao mesmo tempo em que Jeremy irrompia pela porta.
Depois o vampiro não estava mais lá.
– Que foi? Tudo bem aí?
– Mais ou menos. – Elena se aproximou do irmão e o segurou pelo rosto como havia feito com Damon – Jer, preciso que me faça um favor.
A expressão intrigada de Jeremy logo ficou vazia. Elena sentiu a eletricidade percorrer seu corpo novamente, dessa vez junto com uma onda de cansaço. Seus músculos começaram a doer, somando-se àquele latejar infernal em seu pescoço. Ela sentiu que não agüentaria muito tempo daquela vez, mesmo que quisesse. Quando seus olhos arderam, os de Jeremy ficaram vermelhos.
– Pode sair Damon – disse ela, sem quebrar o contato visual com o irmão – Acredita em mim agora? Ou vai dizer que conhece algum outro humano que faça isso?
Por sua visão periférica, Elena viu Damon sentado em sua cama, como se tivesse estado ali o tempo todo.
– Está meio difícil manter ele assim – a voz dela falhou.
– Como... como... – fazia muito tempo que Elena não ouvia Damon lutar com as palavras daquele modo - Como?!
– É. – ela assentiu tristemente – E essa nem é a parte mais bizarra. Ele fará qualquer coisa que eu disser agora.
– Você só pode estar brincando.
– Ah, é? – a morena se esforçou para pensar em algo que Jeremy nunca faria, nem mesmo para salvar a própria vida – Jer, quero que você tente beijar o Damon.
– Qualé, Elena! Manda ele se jogar da janela! – Damon saltou da cama da garota.
Jeremy avançou na direção de Damon, obediente.
– Claro que não. Eu nunca diria ao meu irmão para se jogar da janela, Damon!
– Mas não problemas em mandá-lo tentar me beijar? Perfeitamente lógico hein, quais são as chances de eu ficar irritado e matá-lo? – ácido e zombeteiro, Damon empurrou Jeremy para o lado, mas o garoto não desistiu. Ele tentava abraçar Damon a qualquer custo – Sai pra lá, cara! Eu vou quebrar o pescoço do seu irmão se ele não me deixar em paz agora!
– Eu queria testar até onde vai esse negócio de compulsão. Desculpe, foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça que o Jeremy não faria nem sob tortura.
– Tá, acredito em você. – Damon fez uma careta e deu um soco em Jeremy que fez o garoto dobrar-se de dor – Ei, não me olha assim. Dessa vez foi só um soco. Se ele vier de novo vai ser o coração.
– Jer, esqueça o que acabou de acontecer e volte para o que estava fazendo antes que eu o chamasse.
Elena sentiu o estômago se revirar e uma pressão estranha em sua cabeça causar punhaladas agudas em seus ouvidos. Ela viu o irmão, que caíra no chão e tentava recuperar o fôlego, levantar-se e encarar a parede por alguns segundos, o vermelho em seus olhos vacilando. Ele chegou a começar a franzir a testa, mas logo o vazio voltou a seu rosto e ele saiu do quarto como um robô cumprindo ordens. Elena sentiu a cabeça girar. Seu corpo inteiro estava dolorido agora. Cambaleando um pouco, a garota se sentou na cama e apoiou a cabeça nas mãos.
– Essa foi uma das coisas mais esquisitas que eu já vi – disse Damon – E olha que já vi muita coisa estranha.
– O que eu faço? – ela se deixou cair de costas na cama e encarou o teto, sua respiração tornando-se cada vez mais rápida e superficial.
Em pouco tempo, Elena estava ofegando. Seu pescoço parecia estar em chamas, espalhando minúsculos pedaços de vidro por todo o seu corpo. Seus músculos protestavam contra a mais leve sombra de movimento, fazendo-a gemer de dor ao tentar se curvar na cama. Ela mal sentiu o toque suave dos dedos de Damon em seus cabelos, ou notou o quão perto ele estava chegando.
– Por favor, Elena. – ela nunca o ouvira dizer por favor antes – Beba o meu sangue. Vai melhorar a dor, eu prometo. Acho que você vai precisar mesmo ir ao hospital.
Ela apalpou de leve o curativo em seu pescoço, por baixo do lenço, descobrindo que ainda estava seco. Stefan. Ela só bebia o sangue de Stefan. Não seria justo com ele se ela bebesse o sangue de outro. Mesmo com toda aquela dor. Se o curativo ainda estava contendo o sangramento, a situação não devia estar tão ruim assim. Como que vindo de longe, ela pôde ouvir o barulho de pano se rasgando e dentes perfurando pele. Então o pulso de Damon estava sendo pressionado contra seus lábios, seu sangue quente escorrendo para o queixo dela. Elena cerrou a boca em uma linha estreita. Enquanto pudesse suportar, ela não tomaria o sangue dele. Esforçou-se para empurrar o braço dele, em vão.
– Humana idiota, dá para deixar de ser teimosa por cinco segundos? – havia irritação na voz dele – O sangue vai fazer a dor passar. Tenho certeza de que Stefan vai entender. Só beba de uma vez.
Elena sacudiu a cabeça, obstinada.
– Cedo ou tarde vai acabar bebendo – ele deu de ombros – Vamos, acabe logo com isso, Elena. Não é nada demais, até parece que eu estou tentando te beijar – o canto da boca de Damon se ergueu em uma sugestão de sorriso zombeteiro.
Ela fechou os olhos e se concentrou em visualizar o rosto de Stefan por trás das pálpebras. Elena sabia muito bem que compartilharia a mente com Damon, temporariamente é claro, se bebesse seu sangue. Mesmo assim, parecia algo íntimo demais para ela, errado demais, tentador demais. Por que parte dela queria beber o sangue dele? Seria só por causa da dor? Ou ela queria ver a mente de Damon, tentar entendê-lo um pouco? Não, só podia ser por causa da dor, certo? Ela amava Stefan. Sabia muito bem disso. Queria que fosse ele naquela cama, encostando o pulso em seus lábios, puxando-a para mais perto.
A mente dele entrelaçada à dela.
Como seria ter a mente de Damon ligada à dela daquele jeito?
– Pode ser que você não acredite nisso, mas eu sei ser muito paciente – Damon suspirou, pressionando o pulso contra seus lábios com mais firmeza – Podemos ficar nesse joguinho até Stefan aparecer.
Stefan.
A dor cedeu um pouco, substituída por uma dormência incômoda.
Não abra a boca, Elena. Não abra a boca.
– Sua tia pode abrir a porta e nos ver assim. Já pensou em como vai explicar isso a ela? – Damon ergueu a mão livre como que para impedi-la de responder – Eu sei, eu sei. Provavelmente você vai me pedir para apagar a mente dela. Mas e se eu não quiser? Acho que seria mais divertido deixar ela chegar às próprias conclusões. O que você pensaria se entrasse no quarto da sua sobrinha e a visse chupando sangue do pulso do irmão do namorado dela?
Elena quis bater nele. Como Damon podia vir com gracinhas numa hora daquelas?
– Você não me escuta quando eu tento falar sério, Elena. – ele deu de ombros como se soubesse o que ela estava pensando – Então que opções me restam? Me lamentar? Comer um esquilo? Deixar você sofrer? O que você quer que eu faça agora?
Ela se esforçou para se livrar dele de novo. Damon afastou um pouco o braço para que ela pudesse falar.
– Quero que você encontre Stefan. – ela passou as costas de uma mão no queixo, limpando o sangue de Damon.
– Quer mesmo que eu a deixe sozinha agora?
Elena tentou se sentar, sem sucesso. Um grunhido de dor escapou por seus dentes. Mais do que nunca, a garota tinha consciência do quanto precisava de Stefan ao seu lado naquele momento. E que Damon realmente a deixaria, se ela o convencesse de que queria aquilo. Ela não sabia o que responder. Damon evidentemente não se lembrava do que havia dito sobre se importar com ela, o que não ajudava muito a situação. Elena não tinha certeza se ele se importava com ela como uma amiga, ou como mais do que isso. Ele podia estar se apaixonando por ela, ou simplesmente gostar dela como uma amiga ou irmã. E ela nem sequer podia perguntar a ele e tirar a dúvida de uma vez. Não sabia se pedir que ele procurasse Stefan o magoaria, ou o que ele faria caso magoasse. E se Damon se recusasse a atender seu pedido? Elena não se sentia forte o bastante para compeli-lo.
A morena fechou os olhos e tentou ficar o mais imóvel possível. A sonolência começava a vencer a dor. Estava exausta, mas por algum motivo que nem ela compreendia muito bem, seu cérebro dizia para não se deixar levar para a inconsciência. Elena abriu os olhos e encarou Damon. Ela podia ver preocupação nos olhos dele, e torceu para que atendesse a seu pedido implícito.
– Eu preciso do Stefan aqui. Por favor. Por favor, Damon.
De repente, o rosto dele estava sem expressão. O vampiro assentiu uma vez.
Então Elena estava sozinha no quarto

–--x---

Stefan drenou completamente a pantera. Ele jogou a carcaça do animal para o lado, indiferente. Ainda tinha fome. Ao longe, ele podia ouvir humanos conversando. A distância que os separava era de cerca de quinze quilômetros agora, e o cheiro deles era muito melhor que o dos animais. Stefan não conseguia pensar em um bom motivo para não atacá-los. Assim como os animais, os humanos eram apenas presas frágeis comparados a ele. Seus corpos eram quebradiços, a pele se rompia com facilidade, seus movimentos eram quase angustiantemente lentos. O aroma do sangue... era uma mistura de doce e levemente ácido, regado pelo ruído delicioso do coração a bombeá-lo. Stefan quase podia visualizar o sangue correndo pelas veias deles. Fazia tanto tempo que ele não tomava sangue de humanos...
Mal conseguia se lembrar do gosto. Houve uma época em que o sangue humano o deliciava, mas por algum motivo ele deixou de tomá-lo. Por que foi mesmo? Nenhum tipo de sangue era tão saboroso e nutritivo como o humano, disso ele tinha certeza. Stefan ouvia suas presas ganharem distância dele. Aquela era uma caçada de verdade. O cheiro de medo era tão mais forte em humanos que em animais irracionais quando percebiam que estavam sendo caçados... Era muito mais divertido. A adrenalina e o pânico eram como uma espécie de tempero adicional, uma especiaria rara e infinitamente apreciada que só tornava o aroma e o gosto do sangue ainda mais irresistível.
Sem perceber o que estava fazendo, Stefan começou a correr. Que mal teria matar alguns humanos? Ele calculou que havia seis ou sete no grupo que caminhava pela floresta. Eles mesmos se colocaram naquela situação. E eram apenas seis. O mundo estava cheio de bilhões deles. Que falta aquele pequeno grupo podia fazer? Stefan acelerou o passo, deixando-se dominar pelo cheiro do sangue humano. Seus caninos latejavam enquanto a distância entre ele e os humanos se encurtava.
Então ele bateu contra algo muito sólido. O impacto o fez voar para trás e derrubar uma árvore no caminho.
Damon, que caíra no chão com o impacto, se levantou e limpou a terra que grudara na perna de seu jeans. Depois rosnou ameaçadoramente para ele.

– Chega de pequinique no bosque. É hora de voltar para a patroa, Zé Colméia - grunhiu o vampiro mais velho.

Stefan saltou do chão e agachou-se, rosnando, preparando-se para atacá-lo.


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Notas finais do capítulo

alguém quer mais?