Foram muitos minutos assim. Jasper e Alice muito próximos, seus corpos a poucos centímetros um do outro: ele olhando para baixo; Alice na ponta dos pés, com a testa encostada na dele. Eles não pronunciaram nenhuma palavra. Ela esperando ansiosamente que ele entendesse tudo o que ela havia disse, compreendesse-a e concordasse com ela...
Ela não estava realmente contando os minutos. Jasper vestia nada, exceto pelos sapatos, uma calça e seu cinto, e ela começou a se perder na beleza dele... Os números já fora de ordem na mente dela. Enquanto Jasper se perdia numa grande confusão de pensamentos e sentimentos. Ele demorou bastante, mas finalmente sussurrou as palavras:
- Eu não deveria ficar com você. Eu sou perigoso, Alice!
Ela sabia que já tinha vencido. Ela havia sido muito discreta, mas viu que o futuro deles já mudado e ia ser o que deveria ser.
- Acho isso uma grande bobagem sua. – Ela zombou dele no mesmo tom de voz reduzido – Eu sou uma vampira, de pele dura, fria e indestrutível. Eu sou imortal e nem você poderia me matar...
- Ah, mas você poderia morrer sim... Todos os vampiros podem. Se alguém lhe desmembrasse e queimasse os pedaços você estaria morta.
Ela inconscientemente tremeu com a resposta dele. Isso era mais uma coisa que ela não sabia ser possível.
- Bom, então isso é mais uma razão para você ficar. Eu preciso de proteção, afinal. Achei que era imortal... – Ela brincou olhando pro lado e fingindo uma preocupação. Uma mão dela parou no seu queixo e ela voltou a olhar para ele, o rosto brincando de séria, como se tivesse descoberto um grande problema. – Detesto lhe comprometer, nobre cavalheiro, mas eu sou a donzela em perigo aqui e parece que o senhor terá de me proteger...
Ela pegou as mãos dele nas delas e as colocou na sua cintura. Alice segurou a respiração assim que o fez com medo que ele as tirasse dali. Mas, mesmo depois que ela soltou as mãos dele, Jasper não as recolheu.
Alice então sorriu pra ele e passou os braços pelos ombros dele até as mãos dela se encontrarem na nuca dele. Ela podia sentir de leve a suavidade dos cabelos loiros dele. Ela estava louca para passar as mãos bem devagar por eles, mas se controlou.
- E quem vai salvar essa donzela em perigo de mim? – ele disse baixinho, ainda não olhando para ela, o olhar perdido em algum ponto sobre a sua cabeça.
- Ah, então o senhor tem planejado me esquartejar e queimar os pedaços? Isso é uma confissão, Jasper Whitlock?
Jasper primeiro revirou os olhos, irritado com o que ela disse, mas logo se uniu a ela numa gargalhada leve. Eles riram felizes, um eco fraco do que tinha acontecido mais cedo... Mas ele ainda não estava muito relaxado, e sim imóvel, mesmo sobre o toque dela.
- Jasper, eu posso ver o futuro! Por favor, como posso convencê-lo disso? Eu sei que você não vai me machucar! Eu sei que, muito pelo contrário, você é a pessoa que mais vai me amar no mundo inteiro. – Alice se aproximou muito mais dele. Agora suas testas não mais se tocavam, mas seus lábios estavam a centímetros de distância. Ela decidiu ainda não beijá-lo. Ela ia esperar ali até que ele estivesse confortável o suficiente para fazer isso por si mesmo.
- Então você seria capaz de me avisar se você estivesse correndo algum perigo? Você jura que me avisaria se estivesse sofrendo qualquer risco? – ele finalmente a encarou e a profundidade dos olhos deles pegaram ela de surpresa.
- Mas claro, querido, eu lhe avisarei. Pode confiar em mim. – ela estava hipnotizada pela boca dele, o hálito dele a deixava tonta.
- E se algo acontecer você promete salvar a si mesma antes de qualquer coisa?
- Claro. – ela disse, bem mecanicamente. Lógico que ela, na verdade, iria tentar se salvar – ou a ambos – antes de qualquer coisa, mas naquele momento tudo parecia ser a mesma coisa. Ela, ele, ambos... Para Alice, naquele momento, eles eram o mesmo ser.
- E se eu não conseguir te amar de volta? Eu sei que você já viu o futuro, – Jasper disse depressa porque Alice revirou os olhos para ele – e você já viu que eu vou amar você... Mas não é tão simples, Alice. Você nem imagina como é o seu sentimento. A senhorita tem o maior sentimento que eu já experimentei na vida! O mais forte e mais incrível sentimento... – ele hesitou um momento procurando palavras que pudessem descrever de modo certo do que ele recebia dela. – É puro amor! Eu nunca encontrei nada parecido com isso antes.
Mas Alice estava em outro lugar naquele momento, sua mente feliz porque ela seria de Jasper para sempre agora. Ela apenas sorriu para as palavras dele, despreocupada. Alice adivinhou corretamente que ele estava finalmente sendo honesto com ela, e confessando as suas reais preocupações.
Assim que ela derrubasse essas barreiras, não havia mais nada.
- Alice... – ele disse nervoso, mas ainda imóvel. – E se eu não conseguir amar você de volta? É uma responsabilidade tão grande... Você é uma jovem adorável, eu realmente não quero causá-la nenhum aborrecimento! Mas a afeição pela qual a senhorita me tem... É absurda de tão grande! Eu não posso corresponder. Eu já disse, é algo grande demais, simplesmente não conseguirei.
Ele desviou o olhar para o lado, mas - para a tranqüilidade de Alice - não se afastou. Suas mãos continuavam na sua cintura, seus corpos a poucos centímetros de distância. Ela estava calma, e falou com um tom que demonstrava exatamente isso.
- Jazz, por favor. Porque você duvida de mim? – ela o encarou mas ele ainda olhava para longe. Ela continuou mesmo assim: - Eu já cansei de lhe dizer: eu já vi! Eu serei sua, e seria muito feliz por isso. Mas se você não acredita em mim, apenas nos dê uma chance! - ela sorriu para ele, incapaz de evitar o enorme sorriso caloroso que lhe consumiu quando ela disse em voz alta que seria dele.
Jasper olhou para ela depressa e abriu a boca para responder mas Alice apenas esperava que ele a olhasse para continuar e foi mais rápida:
- Eu sou a sua segunda chance nessa vida, Jazz! Eu já lhe disse isso também... Tanto quanto você é a minha. Pare de lutar contra o nosso futuro e apenas deixe ele acontecer. Porque você não pode nem tentar?
Jasper torceu o pescoço de novo para a floresta ao redor deles e Alice bufou de leve. Ela não ia pressioná-lo, não quando ela já podia ver o futuro deles entrando cada vez mais em foco, cada vez mais claro. Ela então se conformou de esperar que, pouco a pouco, Jasper suavizasse a careta e fosse relaxando, e apenas se concentrou na presença dele na sua frente. O corpo dela relaxado porque se mantinha em contato direto com o dele enquanto esperava.
Por sua vez, Jasper estava decidido a apenas tomar uma atitude quando o seu receio e seu medo sumissem. Ele não achava que poderia tomar uma decisão correta sem antes analisar todas as coisas que aconteceram naquela noite. Ele então ficou muito quieto, observando a floresta ao redor dele e repassando tudo o que aconteceu desde que Alice apareceu para ele, reouvindo cada palavra dela na sua memória.
O tempo passou lentamente. Muito lentamente. Jasper só tomou uma decisão quando eles já estavam em silêncio por mais de 30 minutos. Alice não se importou, ela daria muito mais tempo para ele se fosse necessário. Ela podia dá-lo 30 dias se ele quisesse. Até 30 anos! Ela já o esperava a 28, o que seriam 30? Se ele ficasse com ela no fim, ela concordaria feliz. Mas ele enfim decidiu. Foi tão súbito que Alice teve tempo de ver apenas num átimo de segundo antes.
Jasper se convenceu da certeza de Alice conforme ia recordando todas as conversas deles até o momento. A doçura no olhar e o calor nos sorrisos dela desde o primeiro momento que ela apareceu na frente foram cativando o coração dele pouco a pouco. O que precipitou a sua mente de vez em tomar a decisão foi a lembrança das palavras dela: "Eu serei sua, e seria muito feliz por isso." O enorme sorriso quente dela foi o ponto final na certeza de que Alice seria mesmo feliz com ele, e uma grande vontade de vê-la feliz desse jeito de novo lhe implusionou.
Jasper se virou para ela, encarou seus olhos e disse, simplesmente:

- Está bem então. Acho que posso mesmo fazer isso, "tentar"! Não posso me convencer de mal algum que poderia ocorrer por isso... E além disso, eu preciso acrescentar, - ele parou e respirou fundo, antes de continuar: - você é uma senhorita muito linda, querida Alice...
Ela nem teve tempo de agradecer, nem nada. O beijo dos dois tirou-lhe completamente o fôlego.
Jasper já tinha certeza do que ele queria fazer, então abaixou a cabeça e inclinou seus lábios de leve para ela e tentou beijá-la com o máximo de doçura que era capaz. Na sua mente ainda era um beijo um pouco descoordenado e estranho para se dar numa pessoa tão pequena e frágil com Alice.
Já Alice teve certeza que aquela era a experiência mais maravilhosa que já teve. Os dedos dela finalmente subiram pela nuca dele e envolveram os cachos dourados de Jasper e ela consseguiu se pressionar para mais perto dele, como ela desejava, a muito tempo. O corpo dela encontrou o dele num movimento rápido e ela sentiu como se pegasse fogo por estar finalmente abraçada a ele. Mesmo sem saber do seu passado, ela sabia que se algum dia Jasper Whitlock a tivesse beijado ela ia se lembrar. Era impossível esquecer tal sensação... Pelo menos agora ela nunca mais ia ficar sem memória de novo. Depois dele ela ia ter sempre um porto seguro pra voltar.