Forgetting - The End escrita por Helle, Flôr de Lis no Peito


Capítulo 2
Motivações


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas! Cap fresquinho pra vocês! Espero que esse cap esclareça muita coisa, eu acho que fiz vocês esperarem um bocado por esse dia =P Cap dedicado a "elisaestefani" que foi a primeira a dar review! *-* Bjs, e aproveitem!



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–Bom dia! –Disse Hermione ignorando a pergunta, em primeira estância. Era uma tentativa de acalmar os nervos do rapaz que parecia prestes a cometer um homicídio.

–Bom dia. Agora responda mon petit: Que houve ontem? –Sentenciou Draco aparentemente tentando se acalmar. -Porque, pelo que sei, eu não estava com sono ontem e, misteriosamente, só me lembro de acordar aqui. Lembro também do olhar sarcástico da minha mãe, então não me diga que não há dedo dela nessa história. –Concluiu o loiro um pouco alterado.

Hermione se encolheu no lugar. Aquela versão de Draco era algo ao qual ela não estava acostumada e a fúria contida nos olhos acinzentados do rapaz não ajudava no quesito “Motivação”.

O rapaz passou a mão pelo rosto em irritação. Estava sendo rude com Hermione, e provavelmente ela não tinha culpa de nada na história. Depois de inspirar profundamente, para oxigenar um pouco a mente, Draco fez um gesto com uma mão chamando a garota. Com a outra mão ele deu palmadinhas na cama, indicando que ela devia sentar-se ao seu lado.

A garota obedeceu. Sentando-se rigidamente na cama.

–Relaxe... Eu só... Eu fui grosso. Desculpe. –Disse o bruxo atropelando as palavras, obviamente não era acostumado a se desculpar.

A moça assentiu ficando um pouco mais a vontade na cama.

–Vamos lá... Pode me explicar o que aconteceu ontem?

Hermione ia falar quando o rapaz a interrompeu.

–Que hora é?

A castanha deu de ombros arregalando um pouco os olhos. Ela observou o rapaz pegar um relógio de pulso dourado no criado mudo que ficava em uma das laterais do quarto, perto da cama.

–É cedo. Porque não conversamos enquanto tomamos café?

Hermione agradeceu internamente a Merlin e assentiu positivamente abrindo um pequeno sorriso.

Draco sentiu-se um pouco melhor ao ver que havia conseguido desfazer a expressão de pânico da castanha. Era quase automático tentar deixá-la melhor e ele se detestava por reconhecer isso. Hermione sempre seria sua fraqueza.


–Você está terminando suas panquecas e ainda não falou nada. –Disse Draco observando a garota comer quieta.

O comentário do rapaz foi repentino e Hermione tossiu um pouco para evitar que se engasgasse com a comida.

O loiro riu um pouco ao ver a reação nervosa de Hermione.

–Bem... Bem...

–Ok. Termine seu café. A gente conversa lá nos jardins. Fica melhor assim?

A garota assentiu calada, mas logo em seguida discordou com a cabeça. Precisava falar logo. A cada momento que se passava sua coragem evaporava mais e mais...

–Eu vou falar logo. –Disse Hermione largando o garfo no prato.

O rapaz arqueou uma sobrancelha em sinal de descrença, mas fez um gesto para que a bruxa começasse.

–Bem... Sua mãe queria conversar em particular comigo, por isso colocou uma poção do sono na sua bebida e...

–Minha mãe colocou uma poção na minha bebida?

Hermione ia dizer “Na realidade foi o Sr. Petrus” Mas se refreou. Draco podia descontar sua raiva, e era evidente que ele estava com raiva, no pobre elfo.

–Sim. Sua mãe. –Respondeu Hermione de forma trêmula. –Posso continuar?

Draco assentiu.

–Então... Ela queria conversar comigo. Foi isso.

–Conversar sobre o quê? –Quis saber o loiro estreitando os olhos.

“Ele não pode saber de nada, querida.”

–Sobre mim.

Draco congelou no lugar. Seus temores só aumentavam a cada palavra dita por Hermione. Engolindo um bocado de saliva, que mais lhe pareceu um cubo de gelo, o rapaz perguntou:

–Pode me dizer exatamente sobre o quê a seu respeito?

Foi a vez da bruxa engolir um cubo de gelo.

–Sobre meu passado.

“Não estou mentindo, não estou mentindo” –Ecoava o pensamento da garota.

Percebendo o nervosismo de Hermione, o loiro inspirou profundamente antes de dar a volta na mesa onde estavam e guiar a garota até o sofá da sala de estar.

Já alojado no sofá, com a castanha aninhada em seus braços, o rapaz perguntou:

–Ela te ofendeu ou algo do tipo...?

–Oh, não! Não... –Se precipitou Mione.

–Não foi nada disso... Ela só... Esclareceu algumas coisas que... Bem, não tinham como ser explicadas por você e tudo o mais...

Draco assentiu se acalmando. Algo no tom de Hermione o deixava desconfiado, mas ele estava disposto a acreditar que Hermione lhe dizia a verdade.

–Que tipo de coisas ela falou? – Perguntou o rapaz afagando os cachos caramelados da garota.

–Muita coisa... –Disse Hermione engolindo em seco.

–Hermione...

–Ok. Foram coisas sobre... sobre Hogwarts e sobre minha amizade com o Harry e o Weasley... E sobre Voldemort... Ela falou muitas coisas esclarecedoras. –Falou a bruxa sentindo os olhos arderem um pouco.

Não estava exatamente mentindo para Draco, mas não podia dizer a verdade. Ela havia jurado a Narcissa que não contaria nada a Draco. Já estava arriscando muita coisa ao se esclarecer daquela forma ao loiro. Aquilo a estava matando... Apenas a perspectiva de estar ocultando coisas para a única pessoa em que confiava a deixava com um nó na garganta.

“É para o bem dele. É para o bem dele...” Pensava a garota segurando algumas lágrimas.

Draco interpretou o silêncio de Hermione e apenas a confortou dizendo que já bastava por aquele dia. Nada mais de perguntas... Se aquilo a deixava desconfortável ele não insistiria.



–Eu volto logo, só preciso resolver umas coisinhas em um dos hotéis... Você vai ficar bem só?

Hermione assentiu sorrindo. Já havia se passado uma semana desde o acontecimento com sua “sogra”. Tudo estava indo bem até aquele momento.

–Tem certeza de que não quer que eu chame ninguém... –Draco se interrompeu ao ver a castanha estreitar os olhos em sinal de irritação. Ela detestava ser tratada como criança... Ele sabia disso.

–Ok. Estou indo. Cuide-se. –Disse Draco depositando um beijo rápido no topo da cabeça de Hermione e, logo em seguida, se dirigindo à lareira.

A bruxa observou Draco sumir entre as chamas verdes e após alguns segundos deixou um suspiro frustrado sair.

“Eu preciso falar com alguém... Vou explodir guardando isso!” –Pensava a garota.

As cenas daquela noite fatídica lhe assaltaram a memória.


–Preste atenção querida... Eu amo meu filho e quero que saiba que tudo o que vou lhe dizer agora não tem nada a ver com você, é puramente a respeito da felicidade do meu bebê.

A castanha assentiu séria.

–Draco passou muitos anos de sua vida dedicando-se a um ideal que nunca realmente o pertenceu. Eu conheço meu filho, sei que ele se odeia até hoje devido a tudo o que já fez em sua época de Hogwarts. Você sabe que ele era um comensal, não sabe?

Hermione assentiu pesadamente. Óbvio que sabia, a tatuagem no braço direito do rapaz a perturbava um pouco.

–Ele nunca foi mal... –Começou a mulher sorrindo ternamente ao se referir ao filho. - Draco sempre foi um garoto muito inteligente, muito leal, muito íntegro... Creio eu que se ele não tivesse tanta vontade de agradar o pai e entrar na Sonserina, ele teria ido para a Corvinal, sem sombra de dúvidas.

A bruxa mais nova apenas observava a mulher com seus cabelos meio loiros-meio pretos com atenção. Sentia que iria ser bombardeada a qualquer momento com algo horrível.

–O fato aqui querida, é que eu estava cansada de ver meu filho tentar a todo custo recuperar o curso de sua vida. Ele estava perdido. –A mulher riu.

–A ideia de se tornar Auror... Não foi exatamente uma surpresa para mim, eu sei que Draco sempre se preocupou com as pessoas a seu redor... Mas... -A mulher suspirou.

– Querida, você entenderia o que estou falando se pudesse ver como as pessoas olham para ele. Você mesma, até certo tempo era uma dessas pessoas...

–Que pessoas? –Interrompeu Hermione.

–Descrentes. –Respondeu Cissa pesadamente.

A garota arregalou os olhos.

–Não faça essa cara Granger, você era uma das que não acreditavam na mudança do meu filho. Quase ninguém acredita... Essa descrença é a fonte de todas as desgraças no mundo bruxo.

Hermione abriu a boca para contestar, mas Narcissa continuou.

–Vocês, que acreditam tão cegamente em vilões e heróis não conseguem enxergar quando algo muda. Pessoas mudam, querida. Draco na realidade nunca foi diferente para “mudar”. Ele apenas estava tentando ser quem ele era... A pessoa que ele nunca teve a oportunidade de ser. Ele não era um vilão, ele não estava tentando ser um herói... Ele só queria ser ele mesmo. Você acha justo negar isso a uma pessoa?

A garota negou com a cabeça enquanto torcia nervosamente a barra do vestido.

–Eu sempre soube que meu filho nutria algum sentimento em relação a você. Sempre. Desde Hogwarts, quando ele passava as férias te xingando e amaldiçoando os seus amiguinhos... Eu sabia que ele gostava de você antes mesmo dele perceber isso.

Hermione não conseguiu conter um sorrisinho.

– Eu posso não ver o que ele viu em você, mas eu vou lhe dizer o que vejo agora: Eu vejo a mulher perfeita para Draco.

–Que quer dizer com “agora”? –Quis saber Hermione estreitando os olhos. A compreensão lhe voltava a aflorar os pensamentos.

–Você nunca seria quem é agora sem um “empurrãozinho” meu. É pra isso que estou aqui, afinal. Para lhe explicar minha participação na história de vocês dois. –Respondeu Narcissa.

A castanha assentiu lentamente enquanto processava as informações contidas nas entrelinhas da fala da mulher a sua frente.

–Você trabalhava no ministério. Meu filho também. Ele costumava lhe esperar em lugares específicos apenas para lhe irritar... Um típico comportamento estúpido masculino... Eu lembro de lhe seguir até a Floreios e Borrões uma vez, apenas para tentar entender a obsessão de Draco por você. Foi naquele dia que resolvi o que queria fazer.

–E o que exatamente a senhora queria fazer?

–Apagar sua memória.

A garota arfou com a resposta.

–Você detestava meu filho Granger. Não me olhe com essa cara... O passado de vocês a levou a nutrir esse tipo de sentimento. Eu não lhe culpo por isso, sei que Draco sabe ser detestável quando quer... –Disse a mulher sorrindo discretamente.

–Em todo o caso, eu precisei me livrar de suas lembranças para que meu filho tivesse alguma chance com você. De alguma forma que eu não entendo bem, vocês dois e completam. É como imãs com polaridades opostas que precisavam ser juntos. Entende querida?

A garota assentiu boquiaberta.

“Quer dizer que ela apagou minha memória só para que o filho ficasse comigo...”

– Entende agora o que eu quis dizer? Eu fiz o que tinha a meu alcance com o único intuito de ver meu filho feliz. Eu queria que ele vivesse, queria que ele parasse de tentar provar ao mundo que havia mudado... Como eu disse antes, ele nunca precisou disso.

–Mas... O que aconteceu naquela noite? –Perguntou Hermione sentindo-se um pouco trêmula.

–Com a ajuda do nosso querido elfo Petrus, eu consegui fazer uma magia rara.

–Que magia rara? –Perguntou Hermione piscando para amenizar a ardência nos olhos.

–Você já ouviu falar em Obliviate?

–O feitiço de memória? Sim. Eu li sobre isso...

A mulher assentiu.

–Eu combinei o Obliviate com a magia dos elfos. O que me permitiu não só retirar memórias específicas suas, como implantar falsas memórias e criar esse seu pequeno... Trauma.

Hermione encarou a bruxa a sua frente com uma expressão indecifrável.

–Está me dizendo que não aconteceu nada naquela... Noite? Todos os pesadelos... Todas as coisas que eu não consigo lembrar direito... Nada aconteceu?

–Não. Tudo o que aconteceu foi o fato de que eu tive que rasgar suas roupas, criar uns hematomas em você e lhe largar naquele beco escuro... Eu sabia que Draco iria aparecer ali. A cena precisava ser real... Draco é muito inteligente, como eu disse antes...

A castanha deixou que algumas lágrimas escapassem. Aquela mulher estava lhe confessando que havia arruinado sua vida inteira apenas para deixar o filho feliz. Era o cúmulo de um egoísmo bizarro e um amor doentio.

–O que pretende ao me contar tudo isso? –Quis saber a garota enxugando as lágrimas que escorreram.

–Querida, seu amiguinho ruivo e seu querido Potter estão investigando o que aconteceu naquela noite. Eles vão descobrir algo mais cedo ou mais tarde. Quero que você fique ciente de tudo, pois no final das contas a decisão é sua.

–Que decisão? –Perguntou Hermione assustada.

–Ficar com Draco, reaver sua memória, reaver sua vida... É sua escolha a partir de agora.

–Eu posso ter minha memória de volta?

–Claro que pode. Eu fiz a minha parte querida... Eu só queria que meu filho tivesse uma chance. Eu sinto muito por ter afetado toda sua vida, mas acho que você entendeu minhas motivações... Agora cabe, unicamente, a você a tarefa de decidir o destino do meu bebê. –Falou Narcissa com os olhos brilhando.

Alguns minutos passaram-se sem que nenhuma das bruxas abrisse a boca para falar.

–Posso pensar sobre isso? –Perguntou Hermione segurando novas lágrimas que queriam escapar de seus olhos castanhos.

–Pense querida. Pense bem a respeito disso... Me chame quando se decidir.

Hermione piscou e percebeu que estava chorando de novo. Ela havia pensado durante toda a semana... Já havia tomado sua decisão.

–Petrus!

–Sim senhora?

–Me traga Narcissa Black, por favor.

–Sim senhora.

Era hora de falar com Narcissa Black Malfoy.


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Notas finais do capítulo

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