Corações Perdidos escrita por Kuchiki


Capítulo 3
III - Estresse


Notas iniciais do capítulo

Me diverti um pouco escrevendo esse. Mas não acho que ficou tão bom quanto os dois primeiros. Talvez vale a pena ler. Talvez não... Só lendo para saber, não é?
Bom, aqui descobrimos que um primo pode sentir mais coisas por uma prima. Não necessariamente "amor de primo".
Aproveitem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/199327/chapter/3

Terceiro capítulo.


SENTEI-ME novamente no fundo. Não queria que ninguém atormentando meus nervos agora.


Toni entrou na sala com passos lentos e fortes, tirando seus óculos escuros e sua jaqueta preta, despertando o desejo das garotas. A camisa era colada em seu corpo, o que o deixava ainda mais encantador.


– Amor! - Exclamou a loura correndo para seus braços. O que me deixou um pouco abalada com a sensação esquisita que me causava. Deu um doce beijo em seu rosto e os dois, de mãos dadas foram para as duas mesas reservadas na frente.


Com a cabeça abaixada, peguei o material na minha mochila.


– Está tudo bem? - Alguém perguntou.


– Preocupado comigo? - Era Cebola, sorri.


– Não gosto de te ve triste. - Falou.


– Eu... Não estou triste. - Contrariei.


– Você não mente bem. - Respondeu calmamente. Fiquei corada.


– Er... Você não tinha parado de falar comigo? - Tentei mudar de assunto.


– Não, Mônica. É que as vezes eu gosto de ficar quieto, sem ninguém. Mas é um tempo curto. Eu não ia conseguir ficar sem falar com você nunca. Senti muito sua falta quando estava longe. - Segurou minha mão e sorriu. Corei ainda mais.


– Se sentiu tanto a minha falta, por que não me ligou? Podia mandar um email... Também senti sua falta, Cebolinha. Só não fiz nada, por causa daquilo, eu fiquei desanimada com tudo. Não tinha vontade de fazer nada. - Segurei também sua mão.


– Eu poderia ter ajudado se você respondesse minhas chamadas e emails. - Falou. Me lembrei que não mexia no computador - Bom, apenas para alguns deveres, já que sempre preferi ler - nem no celular - que pouco usava, apenas quando era muito séria a situação ou para ouvir músicas, afinal, elas eram minha companhia quando a solidão chegava.


– Não, nada podia me ajudar naquela época. - Contrariei. - Eu fiquei muito, muito deprimida.


– Se curou da dor? - Perguntou.


– Cebola, acho que nunca vou estar completamente curada. Uma marca ficou aqui no peito e ela é crônica. Mas ela cicatriza, o que eu não posso é arrancar essa ferida de novo. - Fiz uma metáfora.- Acho que nunca vou voltar a ser o que era antes do acidente mas estou fazendo o possível para relaxar. Espernear não vai trazer quem eu amo de volta. Enquanto eu tenho amigos, a dor me deixa um pouco. Sinto às vezes enquanto estou sozinha, meu coração se perder. Se eles foram embora, qual é o meu destino nesse mundo?


– Eu não sei, mas quero que saiba que eu estarei sempre ao seu lado. - Falou.


– Ok, Cê. Obrigada. Você é um amor. - Logo depois o sinal bateu e ele deu uma piscadela e retornou a olhar para frente. - Sorri sem saber o porquê. Do Contra chegou atrasado, para variar também não é?


______________________


O sinal do intervalo bateu.


E é nesses momentos que reparamos que as coisas sempre podem piorar.


DC - Como eu o chamo agora - me chamou para ficar com ele em uma mesa com ele. O que eu não tinha reparado, é que era a mesa dos populares. Daqueles mais bonitos. A mesa que Toni se sentava. Logo depois, percebo que a mesma loura de cabelos encaracolados do dia passado vinha correndo até mim. Sozinha, o lindo rapaz conversava com seus amigos na sala.


– Ontem era na mesa da sala, hoje é aqui, sua plebeia? - Perguntou com raiva, ignorando completamente meu amigo.


– O que? Do que está falando? - Cocei a cabeça.


– Não se faça de desintendida! Odeio pessoas assim. - Falou com as mãos na cintura. Perdi minha paciência. Como ela ousa falar nesse tom comigo?


– Ah, então você deve se odiar mesmo. - Sorri e disse em um tom de deboche.


– Sai da minha mesa. Agora! Não me force a... - Se calou e bufou de raiva.


– O que? Vai chamar seus cachorros de estimação? Que meda! - Cruzei os braços e ela me deu um tapa na cara, mesmo sendo fraco, me descontrolei ainda mais.


– AGORA PEGOU PESADO! QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA FALAR ASSIM COMIGO? VAI A M*RDA SUA VAGA... - Todos olharam para nós e eu fui interrompida pelo seu grito agudo e irritante. Puxava seu cabelo. Quase a levantava com minhas mãos.


– Inspetor! Essa louca está puxando o meu cabelo e falando coisas horríveis para mim só porque eu queria me sentar em sua mesa! Faça alguma coisa. Socorro! - Soltei seus cabelos de imediato. Ele me encarou e fez um gesto com a mão. Queria que eu o acompanhasse. Do Contra continuava parado no mesmo lugar. Parado.


– Não vai falar nada? - Perguntei para ele.


– Falar o que? - Deu de ombros.


– "Ela que começou, Do Contra, diga a ele." - Sussurrei. Como fui tão idiota? Brigar por causa de um lugar na mesa? Aquela loura me tira do sério e eu nem sei seu nome. Também não quero saber e tenho raiva de quem sabe. Eu era assim quando criança, me aborrecia com qualquer coisa. Tudo do jeito que eu quero, não aceito ser contrariada.


– Para que? Ninguém ia acreditar mesmo. Vai com fé Mô. A diretora parece má mas não é. - Tive medo dele estar me contrariando e com raiva por não me ajudar.


– Obrigada pela ajuda, viu? Você é um amigão! - Usei ironia e minha cara ficou amarrada.


– De nada. - Se levantou e foi embora. Me deu muita raiva dele.


– Senhorita, pode me acompanhar agora por favor? - Cruzou os braços e eu, de cabeça abaixada o segui, sem olhar para trás. Pude ainda ouvir o riso perverso dela de longe... Por que tudo acontece comigo?


______________________


Depois de uma conversa demorada com a dona Laura - Minha diretora - ela me liberou. E eu não parava de pensar em como fui infantil e idiota. Mas a raiva falou mais alto, aquela garota sempre resolve tudo no barraco pelo que percebi.

Me sinto no jardim de infância. Parecia dança das cadeiras. Tanto faz o lugar que a gente senta. Aquela garota é patética. Ela me disse tudo o que eu já sabia, para eu me estressar ainda mais.


Saí de lá com dor de cabeça. Ela me deu uma suspensão.


Ai, que azar.


Fui pegar minhas coisas na sala, quase todos riam, faziam palhaçadas, me ofendiam pelas costas. O professor apenas me fitou. Eu também o olhei e fui embora sem dizer uma única palavra. Ela também ria a essa altura. Um dia eu me vingo dela, tudo que vai volta.

________________________


Não tinha vontade de fazer nada. Contei para os meus tios que me deram uma bela bronca. O que mais me irritava é que eles diziam a mesma coisa que minha diretora, a mesma coisa que eu já sabia e não parava de martelar em minha cabeça. Só queria saber de dormir quando me liberaram. Nem almocei. Magali, quando chegou, ficou conversou comigo durante horas depois que acordei - Claro, acompanhada de sua melancia - Falávamos sobre o incidente.


– Eu sou muito idiota... - Repeti chorando. No que eu me meti. Eu não consigo crescer, deixar de me comportar como uma criança mimada.


– Não, não é. A Carmem provoca todo mundo amiga, não é especial com você, todos que são novos na escola passam por isso, exceto os meninos, que viram capachos dela. Eles é que são idiotas. Você não é, ok? Só precisa aprender a se controlar em situações em que não existe motivo para estresse. Era apenas sair e manter a calma. Por isso, tente ficar longe dela. - Acariciou meu rosto e sorriu.


– É, são os hormônios, o que posso fazer? Eu já sou nervosa de nascença, com isso, a situação piora. - Ela deu uma risada e voltou a se deliciar com fruta.


– Se não for incômodo, poderia me dar um pedaço? Estou com sede. E um pouco com fome. - Apontei, ela estendeu para mim. Dei uma mordida pequena, apenas para matar minha sede, o líquido era delicioso, doce. - Obrigada.


– Soube que você conversou com o Cebola antes de começar a aula. Vocês não estavam "de mal"? - Perguntou fazendo uma careta.


– Nada demais. Engano meu, ele foi super carinhoso comigo. Você estava certa, isso ia passar. E... Quem te contou? - Mordi o lábio inferior.


– Eu "tô ligada nas paradas"! As notícias correm, meu bem! - Começamos a rir. - A Denise, fofoqueira da classe me contou no intervalo. Na hora em que o barraco "rolou".


– Ah, parece que todos já me conhecem na classe não é? E... Nem vem com gírias, que isso não é contigo! - Ri novamente.- Deixando de falar de mim, eu também "tô ligada nas paradas!" - Ela começou a rir novamente da minha palhaçada, dizendo "Para Mô, chega, já perdeu a graça!". - Sei que a senhorita também anda de conversinhas com um garoto de cabelos encaracolados e caracas na bochecha.


– Ele é meu melhor amigo. Só isso. Sou muito fiel ao Quim, nem vem com essa conversinha! - Fez não com o dedo e eu voltei a rir.


– Bom, vou pegar outra melancia na geladeira, você quer uma? - Perguntou fugindo do assunto. Se levantou, restava apenas a casca da fruta e a saliva agora expelia de sua boc, realmente estava deliciosa.


– Não, obrigada. Limpe a boca. - Agradeci e passei a mão em minha própria boca para mostrá-la onde a saliva já tinha escorrido antes de sair.

Sorriu e foi embora, com as mãos na boca.


Fiquei deitada em minha cama, ouvindo o canto dos pássaros, sem percebi, adormeci novamente.


Eu não sabia se era sonho ou realidade, mas, enquanto dormia, podia sentir alguém acariciando meus cabelos.


__x_x__


(Autora)


Ele sabia que ela tinha ido ao seu quarto na tarde passada, queria provocá-la, deixá-la encantada com seu lindo corpo. Sabia que queria resolver as coisas com ele e que aquele plano nunca poderia dar certo, mas deu. Eles não tinham brigado, porém o clima estava estranho entre os dois desde os olhares com Toni. Sabia também que não devia sentir o que sente por ela.


"Ninguém manda no próprio coração... A culpa não é minha, foi você que roubou meu coração " Pensou enquanto acariciava seus cabelos, curtos e negros. Era errado por causa daquele maldito parentesco. Tinha medo dela não corresponder ao que sentia. Estava disposto a ficar contra todos apenas para tê-la para ele. Largaria qualquer coisa que estaria fazendo, qualquer obrigação por mais importante que fosse para se perder em seus lindos olhos, e naquela sua doce voz. Tinham que ser primos?


"É mesmo muita falta de sorte..." Pensou mais uma vez o garoto dos cabelos espetados. Queria tanto que ela fosse dele, era seu sonho mais impossível. Que parecia tão real às vezes, quando estava perto dela, era real.


– O que eu preciso fazer para você me amar, minha princesa? - Continuava acariciando seus cabelos. - Estou disposto a fazer tudo por você. Eu quero você, não importa o que os outros pensam sobre isso, se acham errado ou não. Nada vai mudar o que sinto. A única coisa que pode me machucar agora é você. - Beijou sua testa. - Durma bem. Te amo.


Saiu do quarto com passos lentos. Se pudesse, ficava com ela pelo resto de sua vida. Apenas estar próximo não satisfazia seu desejo.


__x_x__


(Mônica-PDV)


A tarde passou tranquila, Marina me convidou para ir ao Shopping. Magali praticamente me obrigou a ir, não podia porque tinha um encontro com seu namorado.


– Por que me chamou para sair? - Perguntei com as mãos nos bolsos da calça.


– Para você esfriar a cabeça. O que aconteceu hoje foi... Deixa para lá. Só sei que sua reputação ou parte dela está detonada. Você é motivo de risos e zoações. - Falou.


– Não ligo para o que os outros pensam. Tenho coisa melhor para me preocupar. Minha reputação que se dane, não estou nem aí. Sei que posso contar com os meus verdadeiros amigos. - Disse. Ela ficou assustada.


– Nossa... - Ficou sem palavras.


– O que foi? - Perguntei.


– Toda adolescente se preocupa em ser popular, você não. - Olhei para ela.


– Máh, existem coisas melhores que isso. Para que eu vou querer ser popular? Não quero ganhar o respeito das pessoas amendrontando-as. Não sou qualquer uma que você ver por aí. - Ela concordou com a cabeça é sussurrou:


– "Certo. Tudo bem..."


Era um pequeno Shopping, já que o bairro era bem rural mesmo. Tínhamos que andar um pouco. Mas era ajeitadinho, bonito, a ornamentação era magnífica.


– Vai comprar algo? - Perguntei.


– É claro, para você. Essas roupas você pode jogar fora. - Falou me puxando até uma loja qualquer. As roupas eram caras, e estavam na última moda.


– Para que comprar isso agora? Daqui há duas semanas eu já vou estar brega... Gosto de comprar roupas com que posso me sentir confortável, ao contrário desses salto agulha em que você não fica com o pé enfiado nem cinco minutos e já sente dor. - Cruzei os braços e olhei para um sapato com um salto bem alto.


– Ah, Mô! Fala sério. Mulheres se vestem assim. Eu trouxe uma pessoa que vai te ajudar a se sentir confortável, estando na moda, é claro! DENISE! - Eu conhecia aquela garota de algum lugar... Essa é a fofoqueira da classe.


– Muito prazer, flor. Sou Denise, a linda, maravilhosa, performática, perfumada, magnífica, espetacular, multimídia... - Deu uma pausa. - Bom, sou tudo aquilo e mais um pouco para simplificar. Pode me chamar de Dê.


– N-Nossa... - Fiquei assustada com aquela garota. - Muito prazer, sou Mônica.- Apertei sua mão.


– Um passarinho me contou que você anda precisando de umas dicas de moda. Não é? - Piscou um olho.Olhei para Marina e falei:


– Nem imagino quem foi... - Ela sorriu amarelo. - Eu tenho outra saída sem ser essa? - Perguntei quase me ajoelhando na frente dela.


– Não! Já vi que será difícil, mas com Denise nada é impossível! Mãos à obra! - Me assustei com o final, ela me empurrou para a área feminina. - Lá vamos nós! Vou transformar essa coisa em uma criatura de aura brilhante. A LOUCA! - Deus me ajude com essa aí...


Bom, eu não tenho porquê reclamar agora, já que me sinto melhor por causa delas. Por causa das minhas verdadeiras amigas.


Continua...







Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ficaria muito feliz em receber o comentário de quem leu.
Obrigada desde já.
Beijos! XoXo



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Corações Perdidos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.