Coli todos os lírios brancos que eu conseguia carregar e fui até o túmulo dela. Fazia 12 anos que Rin havia morrido, mas lembro-me como se fosse ontem, aquele figura murcha, de pele muito clara e cabelos tão brancos quanto os meus, sorrindo, pedindo-me para descascar-lhe um pessêgo; como também lembro dela tossindo muito antes de dormir ao meu lado e nunca mais abrir os olhos. A idade nunca mudara sua beleza ou apaga seu sorriso, eu ainda admirava muito isso nela. Fiz um tapete de flores em volta de sua lápide e, ajoelhado no chão, comecei a rezar para que ela estivesse bem.

- No fim, a perfeição foi domesticada, hein? - Kagura aparecera, como todos os anos, para me fazer companhia.
- Não diga isso, me sinto um cachorro.

            A youkai passou a mão na minha cabeça, como se eu fosse um animalzinho, mas não reagi de forma rude, apenas me levantei e perguntei a onde iríamos hoje. Kagura não mudara nem um fio de cabelo e, mesmo depois de tudo o que passou, ainda era carinhosa comigo.

- Que tal darmos uma volta?
- Eu topo.

            Começamos a andar, rumo ao local onde eu encontrei a pequena Rin pela primeira vez, mas não antes de passar pelo túmulo de Jaken, lhe deixar um único lírio.

- Sentimental - A youkai suspirou - Nunca imaginei você assim.
- O tempo muda as pessoas - Ainda mantinha minha expressão vazia, a única pessoa que viu um sorriso ou uma lágrima minha foi a Rin, e eu vou manter assim.
- Me diga, Sesshy... Por que voltou a andar comigo?
- Como é curiosa - Pisquei, indiferente - É segredo.
- AAAAHN!? Como assiiiiim?

            Kagura passou a ser fofa no meu ponto de vista, como uma irmã ou algo assim, mas eu nunca poderei lhe contar o verdadeiro motivo de eu te ido atrás dela.
"Hei, Sesshoumaru? Quando eu morrer, quero que procure aquela youkai... Kagura. Ela te ama muito e não vai deixa-lo sozinho. Ah! Mas não fale isso para ela! Não quero que ela acabe se ofendendo com isso" - Foi o que ela me disse um dia, a muito tempo atrás, com aquele sorriso meigo no rosto.
            Kagura estava me olhando, perguntando no que eu estava pensando. Respondi de forma simples - nada - e voltei a andar, com a feiticeira dos ventos atrás de mim, sorrindo.

            Ah! Como eu te amo, Rin.