Rondamos a montanha algumas vezes - droga, ela não poderia estar longe, humanos são lentos - até que resolvemos descer. Kagura estava irritada, mas era paciente comigo e realizava todos os meus caprichos. Passamos a noite em claro, a procura da minha doce Rin, mas foi inútil, meu faro não sentiu nem ela, nem aquele humano maldito.

 - O que pretende fazer quando a encontrar? - A feiticeira dos ventos estava cansava, ou entediada, de tanto procurar, sequer fez questão de esconder isso.

- Vou pegá-la de volta - Ignorei seu mau-humor - Cometi um erro.

- Então seremos nós três?

- Não - Dei uma pausa, pensativo - Apenas nós dois.

- Então por que encontrá-la?

Por um minuto achei que a youkai estava se fazendo de boba, mas percebi que falava sério. Suspirei, pensando com sinceridade em ser solidário antes de dar um corte final, então fui até ela e, aproximando lentamente meu rosto do dela, roubei-lhe um beijo, longo e intenso. A soltei quando percebi que ela estava sem ar, aproveitando o momento para falar em seu ouvido.

- Quis dizer eu e a Rin - Sussurrei - E não eu e você.

 Kagura estava com as pernas bambas, caindo no chão assim que a soltei, pasma e com olhos de filhote de youkai-cachorro (leia-se "cãozinho") perdido. Pensei em me desculpar, mas essa não seria uma atitude minha.

Deixei Kagura no chão e voltei a procurar minha pequena e indefesa Rin, mas fui impedido por um vento cortante, literalmente, que derrubou uma árvore - desviei com facilidade, mas sabia que não seria o único golpe.

- Quem você pensa que é? - Seus olhos estavam ardendo, raivosos. Eu apenas estalei a mão, pronto para a volta - Seu idiota! O que eu tenho que fazer para você gostar de mim?

Minha indiferença e posição de defesa caíram quando a youkai começou a chorar. Pensei em como seria se fosse com a Rin, então, desviando da árvore caída no chão, a abracei em silêncio. Nesse momento meu olfato sentiu a flagrância maravilhosamente suave que Rin emitia e, quando olhei para frente, lá estava ela, com lágrimas nascendo nos cantos dos olhos e a delicada mão, machucada, na frente da boca.

 Não tive tempo de dizer nada, Kagura me abraçou mais forte e a humana saiu correndo - senti o cheiro de Youta próximo. Fiquei parado, pensando no que dizer, exatamente, para Rin, como matar Kagura - se fosse preciso - e Youta. Espero que minha doce humana não me odeie.