Por Um Segundo escrita por Phallas


Capítulo 9
A primeira vez a gente nunca esquece


Notas iniciais do capítulo

Oi! Vocês não acham que eu estou uma autora muito responsável? Estou postando frequentemente pra vocês, espero que estejam gostando.
Obrigada por todos os reviews.
E por favor, leiam as NOTAS DA FINAL DO CAPÍTULO? É EXTREMAMENTE importante o que eu vou falar lá.
É isso aí por enquanto.
Boa leitura! s2'



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"Coisas menores podem tornar-se momentos de grande revelação quando as encontramos pela primeira vez."

Margor Fonteyn




Eu desço as escadas quando escuto a buzina da BMW de Griffin na rua. Ele me recebe com um sorriso animado quando chego e espera estarmos em movimento para me fazer a pergunta que eu sei que ele quer fazer há muito tempo.

– Como foi ontem?

– Eu não pensei que fosse falar isso, mas foi ótimo. - Respondo.

Ele ri.

– Você gosta da Viper agora?

– Espere aí. Eu nunca disse que não gostava dela.

Griffin revira os olhos.

– Aham, como quiser. Ela é ótima, não é?

– Ela é ótima sim. - Abro um sorriso.

Griffin se aproxima e me dá um beijo.

– Você não devia fazer isso dirigindo. - Alerto.

– A culpa é sua.

Abro a boca.

– Minha?

– É. Você me obriga. - Ele responde, e nós rimos.

– A sra. Mckingdom disse na sua sala que agora vamos ter que participar do jornal do colégio?- Griffin muda de assunto, fazendo meu coração disparar. Eu encaro o chão de imediato e escolho muito bem as palavras.

– Disse. Por quê? - Respondo, devagar.

Ele franze a testa.

– Não sei. É estranho ter que ler aquilo por um ano.

Que ótimo. Parece que meu próprio namorado não gosta do jornal.

– E tivemos que mandar uma carta para a coluna da Amy. Eu nem sabia que isso existia. - Ele dá um risinho.

Eu não tinha pensado nisso antes. Se todos os alunos têm que enviar uma carta, é claro que Griffin também tem. Qual será o segredo dele?

– Você mandou? - Pergunto.

Ele olha para a rua e dá de ombros.

– Foi obrigatório.

– E o que escreveu na carta? - Falo, antes que eu consiga me conter.

Griffin ri.

– Isso é entre mim e a Amy. - Ele dá um beijo na minha testa. - Você não vai me dizer o que escreveu na sua, vai?

Reviro os olhos.

– Eu não tenho segredos, e você sabe disso.

Ele ri de novo e toca o dedo na ponta do meu nariz.

– Eu sei.

– Mas isso tudo é ridículo, não é? - Digo, tentando fazer parecer que Amy e eu não temos nada a ver com a outra.

Ele dá de ombros de novo.

– Ridículo é nos obrigarem a ler o jornal. Já a coluna parece que ajuda as pessoas.

– Tomara. - Mordo o lábio, olhando para o chão.

Griffin olha para mim estranho enquanto faz uma curva. Dá um risadinha descrente e me olha.

– Mas você não precisa de ajuda.

– É, eu sei que não... - Pense, pense. - Mas tem gente que precisa, a gente nunca sabe...

Graças a Deus, Griffin desvia o olhar de mim para parar o carro. Os alunos encaram a BMW como sempre fazem e comentam. Ele abre a porta para mim e nós entramos na escola.

Como temos a primeira aula juntos, nos separamos por um momento, eu vou falar com Tensy e as meninas do time de vôlei, e Griffin vai falar com os amigos, os capitães de praticamente todos os times do colégio.

Não troco nem cinco palavras com o grupo quando escuto um barulho de motor. Me viro e lá está uma Range Rover. Os alunos encaram o carro novo no estacionamento, e encaram mais ainda quando Viper desce, os cabelos negros na cintura refletindo a luz do sol.

Ela para no grupinho de Griffin para lhe dar um abraço e joga para os capitães um tchauzinho de longe. Seu sorriso se abre quando seus olhos violetas encontram a mim e Tensy. Viper nos abraça e cumprimenta todos na rodinha. Nós três nos distanciamos um pouco para conversar.

– Qual é a sua primeira aula? - Pergunta Tensy, animada. Ela gostou de Viper depois que saímos ontem. Poucas pessoas conseguiriam não gostar dela, mas mesmo assim.

Viper dá uma breve olhadinha no papel em suas mãos.

– Filosofia. - Responde.

Tensy dá um gritinho e eu sorrio.

– Você é da nossa sala! - Grita ela, dando um abraço em nós duas.

O sinal toca e nós nos encaminhos para a sala. A professora de filosofia é a mesma do ano passado, Sabrinna Fintter, uma mulher de 24 anos muito bonita que morre de amores pelo treinador de vôlei. Ela recebe Viper com um sorriso.

– Então temos uma aluna nova. - Observa.

– Viper Carmichael. - Diz ela, apertando a mão esticada de Sabrinna. Elas parecem duas deusas juntas.

Tensy senta na minha frente, Griffin atrás de mim e Viper à minha direita. Curiosamente, todos os meninos resolveram se sentar à direita da sala também.

Sabrinna pula todo o ritual de apresentação da aluna nova, uma vez que não estamos na terceira série. Ela começa a explicar um assunto e de acordo com o avanço da fala dela, minha mente vai se distanciando. Prestar atenção não é mesmo o meu forte. Só volto a mim quando a ouço perguntar:

– Alguém poderia me dizer o significado da palavra "utopia"?

Algumas mãos se levantam.

– Você, Griffin. - Ela aponta. - O que é utopia?

Meu namorado abaixa a mão levantada e a sala se enche com o som melodioso da voz dele:

– Utopia é a ideia de civilização perfeita.

– Muito bem. - Sabrinna abre um sorriso grande na direção dele. Grande demais, na minha opinião. - E alguém poderia me dizer qual o nome de um escrito cujo um dos livros leva exatamente esse nome?

Poucas mãos se levantam, entre elas, a de Griffin de novo. E, quando olho para a direita, vejo que Viper também tem a mão levantada.

– Vamos deixar a aluna nova responder essa. - Define Sabrinna. - Quem escreveu "Utopia", Viper?

– O escritor inglês Thomas More. - Responde ela.

– Isso mesmo. - Avalia Sabrinna, de bom humor.

Viper e Griffin trocam um sorriso.

E é isso aí, família Carmichael.

Sabrinna começa a discursar sobre a ideia da perfeição descrita na Utopia que para mim poderia ser representada com muito mais precisão e realismo pela pessoa sentada atrás de mim.

Dois dedos delicados batem na porta. É sra. Mckingdom.

– Com licença, srta Fintter. - Diz ela. - Bellie, posso falar com você?

Os alunos fazem sons estranhos.

– Segunda vez em nem uma semana de aula, hein, Harper? - Grita Vinni Prettery.

– Se comporte se não quiser um tour personalizado à minha sala, sr. Prettery. - Adverte a diretora, fazendo a turma rir.


– Se a senhora continuar me tirando de sala na frente de todo mundo, vai começar a ficar suspeito. - Comento.

– Desculpe, Bellie, vou tomar cuidado na próxima. - Diz sra. Mckingdom, em uma voz que sugere que ela não está nem aí para o que acabei de dizer.

Quando chegamos na sala dela, eu quase desmaio. Minhas mãos começam a tremer quando ela se senta e puxa a cadeira como se nada estivesse acontecendo.

– O-o que é isso? - Pergunto

Sra. Mckingdom dá uma olhada teatral em volta, como se só estivesse percebendo isso agora.

– São cartas, acredito.

Ignoro a graçinha e continuo apavorada.

– Isso tudo são problemas que eu tenho que resolver?

– Aham. - Ela responde, sem parecer que está me levando a sério.

– Vou ter que levar isso para casa? - Pergunto, a voz ficando aguda.

– Acho que você pode passar aqui depois que todos já tiverem saído, o que acha? Assim que ninguém vê.

– Todas essas cartas vão ficar comigo? - Digo, engasgando.

– Vão. - Sra. Mckingdom me olha. - É melhor do que deixá-las aqui onde qualquer um pode alcançá-las.

Sabe, é uma coisa triste de dizer, mas elas não vão ficar muito mais seguras comigo.

– Vou colocá-las em saco para você. - Diz ela. - Volte aqui quando for liberada, ok?

– Ok. - Respondo, enquanto vou embora tremendo.

Onde eu vou guardar aquela montanha de cartas? Praticamente todos os alunos da escola têm sua própria carta ali. Tentando não pensar nisso, entro na sala de aula com os olhos curiosos de todos sobre mim. Sento em minha cadeira e me viro para Griffin.

– Não vou voltar com você hoje, Griffin. - Informo.

– Por que não? - Ele diz.

– Porque... - Eu devia ter pensado em alguma coisa. - Porque... sra. Mckingdom quer que eu... veja se altura da rede nova do ginásio está boa.

Griffin levanta as sobrancelhas.

– Sério? Você vai ter que ficar depois do horário para ver uma rede?

Engulo em seco e encaro minha própria unha.

– É... sabe, para ver se está boa para os treinos...

Ele dá ombros.

– Eu posso ir com você.

– Não, não pode. - Respondo, rápido. Griffin me olha estranho. - Quer dizer, eu não quero te atrasar. E é melhor você ir para casa no mesmo horário que Viper.

– Tem certeza?

– Claro. - Pigarreio. - Obrigada.


Eu não sei mentir mesmo.



○ ○ ○



Como folhinhas de papel conseguem pesar tanto? Carreguei um saco cheio de cartas desde a sala da sra. Mckingdom até a entrada do colégio, e estou morta de cansaço. Depois de insistir para meu pai mandar alguém vir me buscar porque algum problema tinha acontecido, então minutos depois um funcionário dele chegou. Todos já tinham ido embora, só restava a idiota aqui. Agora estou no banco de trás da Maserati, pedindo silenciosamente que o saco com as cartas não caia de onde está, do outro lado do banco.

– Obrigada, Louis. - Digo ao motorista, e entro em casa correndo para ninguém me ver com o saco.

Adentro em meu quarto e procuro algum lugar propício para esconder as cartas. Depois de muito procurar, encontro uma mala verde-musgo completamente brega, mas que vai ser útil. Coloco todas as cartas ali dentro e elas cabem perfeitamente, porque apesar de serem pesadas e muitas, elas são finas.

Coloco a mala entre o pé de minha cama e a cômoda de mármore, o que considero um bom lugar para escondê-la. Heath e meu pai nunca entram no meu quarto e mesmo se entrarem, ela não está visível. Minha mãe só entra para mexer em ármarios, de modo que nunca verá uma mala escondida no canto da cama. Já a faxineira, acho que posso confiar nela.

Eu me sento com os pés balançando e encaro a mala. Bem ali, dentro daquela bolsa de tecido verde-musgo horroroso, estão todos os segredos da escola. Segredos de amigos, de inimigos, de colegas, de meu próprio namorado, e de pessoas que eu nem conheço. Todos os tipos de segredos. Absolutamente todos, e eles são meus.

Não sei quanto tempo fico encarando a mala. Estou tentando tomar coragem para ler uma das cartas, porque querendo ou não querendo, eu tenho uma coluna para escrever. Está tarde e eu prometo a mim mesma que vou responder a primeira carta que eu pegar, não importando o quão interessante ela é. Nada vai fazer essa coluna parecer legal.

Respiro fundo e coloco os pés descalços no chão. Abro a mala me contraindo com o barulho irritante do zíper enferrujado e pego uma das cartas. Pego uma caneta e me jogo em minha cama. Repiro fundo uma segunda vez e abro o envelope lacrado. Fecho os olhos por três segundos antes de ler.




Eu levanto as sobrancelhas. Linda Heart é uma menina pequena e bonitinha do primeiro ano. Quem a vê não consegue imaginar que, na verdade, sua vida em casa é um pesadelo. Coloco "L." no lugar da assinatura como sra. Mckingdom me instruiu, para manter o anonimato. Minha caneta raspa no papel de resposta que a diretora me deu e eu penso no que escrever. O que eu faria se eu fosse realmente uma boa conselheira? Minha caneta raspa no papel mais algumas vezes até que eu me abaixo e escrevo:



É. Acho que assim está bom.




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Notas finais do capítulo

POR FAVOR LEIAM:
Gente, as cartas estão em formato de imagem. Eu não sei se todas vocês vão conseguir ler, talvez por causa do navegador, da marca do computador, ou do signo de vocês. kkkkkk' vou falar sério.
Às vezes não dá pra ver as fotos, então se alguém não conseguiu visualizar, me avise. E quem conseguiu visualizar, me avise também. kkkkkk' e me falem os navegadores que vocês usam, por favor.
Eu uso o Google Chrome. As usuárias do Chrome estão conseguindo ver também?
Isso é um TESTE. Eu queria fazer a coisa das cartas mais bonitinha. Se não der certo, eu escrevo de novo, não tem problema.
Então, por favor, me avisem.
A pergunta, para quem pulou o texto lá de cima é:
VOCÊS CONSEGUIRAM VISUALIZAR AS CARTAS?
Bom, é isso.
Obrigada pela leitura!
Beijos e até a próxima!