Parei na porta 213 e respirei fundo antes de bater. Na primeira batida ele abriu a porta. Era como se ele estivesse me esperando ali o tempo todo. E eu acredito que ele estava.

Ficamos nos fitando por algum tempo, até ele cair na real.

— Desculpe... Ah... Entre. — Ele abriu mais a porta para eu passar.

Assim que entrei ele a fechou.

Olhei para todos os cantos do quarto e vi  a mala dele em cima da cama já arrumada.

— Você não quer se sentar? — Perguntou e eu neguei com a cabeça.

Me virei para ele e sem olhar em seus olhos, eu disse:

— Precisamos conversar.

— É. — Concordou ele.

Estávamos diferentes. Eu já não conseguia mais falar com o Justin naturalmente agora e parecia que ele também não.

— Quando aconteceu... Ah... Você sabe. Quando aconteceu isso? — Perguntei tentando não falar “ quando você trepou com a Selena?”.

— Foi durante a turnê. Eu estava bêbado e não estava muito consciente.

— Claro. — Concordei. Sempre tem desculpas para tudo.

— Você acha que estou mentindo? — Perguntou erguendo a sobrancelha.

— Eu não disse isso. — Falei rapidamente.

— Mas pensou. — Ele deu a volta pelo quarto e olhou para mim. — Você quer conversar, mas não acredita no que eu falo. Então pra quê veio?

Fiquei parada fitando-o e procurando as palavras certas para dizer naquele momento.

— Eu preciso pelo menos saber que eu tentei.

— Tentou o quê?

— Que eu tentei fazer você voltar.

Ele olhou para mim e depois desviou seu olhar para o chão.

— Você vai mesmo para Atlanta? — Perguntei.

— Eu não posso abandoná-la. — Ele omitiu o nome da Selena, mas isso só me fez sentir mais raiva.

— E pode me abandonar? —  Perguntei indignada.

— Ela está esperando um filho. Um filho meu. E não quero que ele cresça sem um pai.

— Você não precisa ficar com ela só porque ela está grávida. — Disse me aproximando.

— Eu preciso! — Disse ele quase gritando e eu me afastei subitamente.

O encarei incrédula, sem saber se chorava ou se atacava algo nele.

— Isso quer dizer que você não me ama. Quer dizer que você prefere ela. — Disse ríspida.

— Não. — Ele olhou para mim e percebi que assim como eu, ele chorava. — Eu te amo Melanie, mais do que tudo.

— Então porque está me abandonando?

— Por que é um bebê que está em jogo, ele não tem culpa. E eu não quero que ele passe pela mesma vida que eu passei. Eu agradeço minha mãe por tudo, mas só Deus sabe o quanto eu queria que meu pai estivesse ao lado dela. Eu queria desejar um feliz dia dos pais para ele, queria aprender futebol com ele, falar sobre garotas com ele, mas eu não pude. E não quero privar meu filho disso.

— Você não me ama. — Repeti recuando para trás até me encostar na porta.

Eu não conseguia acreditar que ele tivesse acabado de dizer tudo aquilo...

— Depois de tudo que nós passamos. — Disse.

— Foi maravilhoso e eu nunca...

— Cala a boca! — Falei alterada.

— Então você acha que eu devo ignorar esse filho?

— Eu não disse isso. Só disse que não era necessário você ficar com ela. Talvez ela até tenha engravidado só para ter você de volta.

— Ela não fez isso!

— É CLARO QUE FEZ!

Assim que gritei ele ficou em silencio e eu também. Onde eu estava com a cabeça que eu ia consegui-lo de volta? Terminar com ele, foi a melhor coisa que eu fiz.

— Vamos fazer o seguinte. — Disse. — Você esquece que algum dia me conheceu, e eu esqueço que algum dia te conheci.

— Espera, isso é impossível.

— Não, não é... Você segue sua vida com a Selena e eu sigo a minha.

— Melanie, eu não quero que termine assim. — Ele se aproximou e eu o empurrei o fazendo recuar.

— Não? E que tal assim: VOCÊ VOLTA PARA A MÃE DO SEU FILHO E EU VOLTO PARA A MINHA VIDA MONÓTONA! Só não se atreva nunca mais vir atrás de mim.

— Não...

— Eu vou embora. E quando eu passar por aquela porta. — Disse apontando. — Você será apenas o Justin Bieber para mim. E espero que eu vire uma desconhecida para você.

Me virei em direção a porta, mas eu senti sua mão apertar o meu braço e antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ele me puxou para perto de si e rapidamente selou nossos lábios. Naquele beijo tinha tudo. Todas as emoções que estávamos sentindo nesse exato momento. Raiva, tristeza e saudades. Eu retribui no começo, mas então parti rapidamente e dei outro tapa em sua cara.

Puxei meu braço de sua mão e sai do quarto rapidamente. Corri até o elevador e pude ver ele sair de seu quarto e vir em minha direção. Mas a porta do elevador já tinha se fechando.

Não aguentei, e chorei desesperadamente. Quando cheguei na recepção, algumas pessoas me olharam, mas eu as ignorei. Tudo que queria agora era chegar na casa da minha vó.

E eu teria a difícil missão de esquecer uma parte da minha vida, a parte em que o Justin estava envolvido.

Agora, eu não conhecia mais o Justin Drew Bieber. Eu apenas conhecia o Justin Bieber, o cantor.

-

Quando cheguei na casa da minha avó. Todos estavam na sala, até os meus tios e minhas tias, Marie, Angel e Erik. Todos mesmo. E ao me verem naquele estado horrível, todos se calaram e o assunto tão engraçado que há poucos segundos fez todos rir, já não tinha mais graça.

— Mel... — Minha mãe se levantou e eu a interrompi.

— Eu estou bem. — Disse. — Só preciso de um banho e de um tempo sozinha. — Falei subindo as escadas.

No corredor eu podia escutar os cochichos. Apenas ignorei e entrei no quarto correndo.

Não sei quanto tempo fiquei chorando. Só sei que eu não conseguia esquecer. Por mais que eu quisesse eu não conseguia e isso era o que mais me matava.

No começo vai ser difícil, mas depois você vai ver como o Justin não passará de meras lembranças em sua vida. Você vai se casar, ter filhos e depois rir do seu caso romântico com um cantor famoso. Vai ser uma bela história de amor para contar para as suas filhas. – Dizia uma voz na minha cabeça.

Só que seria uma história sem final feliz.

Justin’s P.O.V.

Melanie se foi. E dessa vez se foi para talvez nunca mais voltar.

Ela não foi atrás de mim no aeroporto. E eu agradeci por isso. Assim nossa briga não seria em publico.

Só que eu não conseguia esquecer o fato de quanto eu fui burro e idiota. Eu queria ficar com ela. Ah, como queria. Só que eu não podia deixar o meu filho. Ela devia entender como é viver sem um pai, porque o dela morreu. Só que ela ignora isso. E foi o seu egoísmo que me fez afirmar minha escolha.

Me sentei na cama com os cotovelos apoiados em minhas pernas e comecei a chorar.

Nunca pensei que sofreria tanto por amor. Eu sabia que esse era um sentimento forte, só que não sabia que era o mais forte de todos. E que a dor piorava cada vez mais quando eu pensava em tudo que passamos.

Depois de tudo que nós passamos.

Na ilha. Em Baltimore. Em Nova York. Em Atlanta. Aqui.

Eu me lembro de cada momento, como se fosse ontem. E tudo isso acabou tão rápido.

Você esquece que algum dia me conheceu, e eu esqueço que algum dia te conheci.

Como se fosse fácil.

Só que essa era minha única saída. Eu iria viver com a Selena e Melanie ficaria para trás. Eu ficarei para trás na vida dela. Na verdade eu não serei mais nada para ela... Mas para mim ela será tudo. Sempre.