Qual a sensação de ser um fantasma? Sinceramente, eu não sei. Acredito que isto que eu sinta seja uma leve esperança sufocada pela dor. Mas não é o bastante.

Não sei qual é o ser cruel que decide qual nosso destino após a morte. Mas sei sim que este é injusto. Que motivos teria de me trazer de volta? Nunca descansarei em paz.

Entretanto, sei que nada posso fazer. Apenas deixo a sala, a tesoura meramente largada no chão frio. Preciso de algum ar. Mas, rapidamente, preciso voltar. O Salão Comunal de Sonserina parece me dar algum conforto que lugar algum de Hogwarts mais pode dar. Não mais. Porém, me sobressalto ao deparar com o azul anil misturado ao bronze e o vermelho de sangue seco. Helena.

Seus olhos sobem das escrituras da parede e se voltam para mim.

- Seu POLTERGAINST está aterrorizando os alunos de minha torre. – diz, friamente. Porem, na última palavra, sinto sua voz falhar, e ela desvia o olhar.

- Diga que mandei-o embora. – respondo.

Depois de tanto tempo, tantos séculos de sua morte, é a primeira vez que nos falamos. Apesar de minhas X tentativas, mascadas diariamente na mesma parede em que toda a verdade foi escrita.

Ela assente, e vem em minha direção, apenas para continuar reto, para a porta. Mas, subitamente, para.

- Também tenho. – é tudo o que diz, mas sei à que ela se refere. À minhas últimas palavras escritas ali. “Ah, como tenho saudades do azul do céu refletido por seus olhos, do vento em seus cabelos e das palavras que diziam claramente que você era exclusivamente minha.”.

E, assim, Helena diz que confia em mim.