Lembro-me bem da sensação de fazê-la chorar. Era como se meu coração fosse arrancado de mim pedacinho por pedacinho por minhas próprias unhas. Os olhos azuis-céu brilharam com o reflexo da luz, evidenciando ainda mais as lágrimas que estavam prestes a cair. A boca permanecia entreaberta em surpresa e decepção. E tristeza.

Ela levou o braço ao rosto, cobrindo os olhos. Vergonha, seria? Ela tinha medo de chorar.

E correu porta a fora.

Os passos ouvidos por Gryffindor não puderam ser impedidos, tampouco os meus.

E, deitada atrás de uma das secas árvores ao redor do Lago Negro, lá estava ela. O rosto enterrado no braço, os soluços perceptíveis mesmo na distância em que estava.

Com passos silenciosos, mas firmes, me aproximei, agaixando-me ao seu lado. Toquei levemente seu ombro e ela pulou com o susto.

- Helena eu... – comecei, mas parei quando meus olhos encontraram os seus. Vermelhos, margeados de lilás, repletos de lágrimas. Estremeci ao ver o que causara. Porém, alguns segundos depois, recuperando-me, afastei uma das mechas de seu cabelo que invadia seu rosto. – Me desculpa... – finalmente tive coragem de dizer, após um suspiro. Ela limpou as lágrimas com as costas das mãos.

- Está tudo bem. – mentiu. Eu sabia que ela estava mentindo. Ela nunca me diria que se machucou.

Porém era uma escolha de minha Helena. Sim, minha. Minha Helena. Permanecemos ali por mais alguns minutos.

- Posso te contar um segredo? – perguntei e ela assentiu. – Eu... Acho que estou apaixonado...

Na mesma hora ela se endireitou ao meu lado.

- Sério? Por quem? – perguntou, curiosa.

- É uma corvina... – respondi. – Uma garotinha adorável que eu conheço desde que nasci...

- Serio? – indagou. – Quem?

- Ela está do meu lado agora...