PDV - Bella

Em 99,9% dos filmes de romance a mensagem é quase sempre a mesma “o amor supera tudo” “o amor tem o poder de nos mudar”. O contexto se altera, mas o significado por trás não. Mas enfim o que quero dizer é que por amar tanto Edward sou capaz de largar tudo e recomeçar do zero a vida que foi arrancada sem dó nem piedade. Por amá-lo sem reservas estou provando que as tais “mensagens” são sim verídicas.

E agora estou eu aqui terminando de arrumar as poucas coisas que levarei. Jacob nem desconfia de nada e espero que continue assim. Emma também nem imagina o que se passa e pretendo deixá-la por fora disso tudo até que as coisas se ajeitem.   

- Mamãe, mamãe! – Emma gritou entrando feito um furacão no quarto. Por sorte consegui fechar a tempo a mala e escondê-la embaixo da cama.

- O que aconteceu agora minha princesa? – A ergui sentando-a em meu colo.

- Como os bebês são fetos? – Perguntou com a maior inocência, mas arregalei os olhos ao perceber o contexto da questão.

- Ah minha princesa... – Respirei bem profundamente para ganhar tempo. – Porque quer saber? – Passei a mão por meu cabelo o puxando.

- É que queo uma irmãzinha – Admitiu com um sorriso lindo.

- Ah é? E pra que quer uma irmãzinha?

- Pra bincar de boneca comigo.

- E decidiu isso agora?

- O papai também quer.

- Ele quer? – Estava confusa com essa história. – Quando ele disse isso?

- Ontem.

- Hummm, então diga a ele que por enquanto a mamãe não quer um bebê.

- Porque não mamãe? – Fez cara feia.

- Você não está satisfeita em ter o meu carinho, amor e atenção todinhos pra você?

Ela parou pra pensar e quando voltou a me encarar, em seu rostinho reinava um belo sorriso. – Posso dividir com a irmãzinha. Sou gande o suficiente pra não ser egoita.

- Eu sei disso meu amor, é que a mamãe tá bem assim.

- Mas eu queo uma irmãzinha!!

- Emma Emanuelle Swan Black, pode parar! – A repreendi antes que a birra se tornasse maior.

- Ah mamãe. – Fechou a cara e se jogou na cama, me impedindo de ver seu rostinho.

- Emma, amor – Deitei ao seu lado. – A mamãe promete que um dia vai te dar uma irmãzinha, ok? – E será em breve, mas por enquanto terei que omitir esse fato, não quero que Jacob descubra de jeito algum. Seria o fim de minha fuga.

- Pomete mesmo? – Ergueu sua cabeça me analisando.

- É claro minha boneca! A mamãe jamais mentiria para você. – Puxei-a para mim, beijando-lhe a bochecha rosada.

- Te amo, mamãe – Declarou enquanto me abraçava. Seu gesto doce me fez derramar uma lágrima.

- Também a amo muito! – Me ajeitei na cama. – Agora vá lá pra baixo brincar um pouco.

- Ok. – Saiu correndo me deixando com vários pensamentos.

(...)

- Ellie você está ai? – A voz de Jacob surgiu do andar de baixo.

- Estou no quarto, Jacob. – Respondi antes que ele começasse a surtar.

- Até que enfim te achei em casa! – Exclamou ao adentrar o quarto.

- Você falando assim até parece que sempre estou ausente. – Disse com ar de ofendida.

- Ultimamente parece que sim. Anda tão ocupada que até parece ser uma pessoa importante.

- Muito obrigada por dizer que não valho nada.

- Não foi isso o que eu quis dizer.

- Ah, foi exatamente isso! – Elevei a voz. - Você sempre diz o que quer e na maioria das vezes acaba me ofendendo.

- Ellie, não...

- Jacob eu estou exausta do jeito que me trata. Eu não sou uma inválida só porque não tenho 100% da minha memória. – Peguei fôlego. – E detesto ficar em casa sem fazer nada. É por isso que saiu sempre. Você sabe muito bem disso, mas faz questão de jogar na minha cara o quanto eu sou uma péssima mãe e esposa. – Desabafei. Foi ótimo soltar tudo o que estava preso em minha garganta.

- Não ponha palavras na minha boca, Ellie.

- Não tenho do porque fazer isso. Só disse a mais pura verdade.

- Pois você está errada.

- Não estou não! E para de fingir que está tudo bem.

- Pra mim está tudo ótimo, mas pra você não. O que te aborrece tanto hein, Ellie?

Aborrece o fato de ter que te ver todo o santo dia.

 Foi o que me veio à mente, mas não iria arrumar encrenca por pouca coisa.

- Sabe o que de fato me deixa assim? – Rebati sem medo. – Não ser livre.

- Você está afirmando que eu lhe prendo?

- Estou dizendo que não me sinto liberta, e essa sensação me vem sufocando.

- Então você quer o que? – Me fitou seriamente. – Quer curtir sua vida? Ir a balada com suas amigas, beber até perder o juízo, viajar sem destino? – Respirou pausadamente. – Você quer se livrar da gente? Ter de volta a sua vida de solteira?

Seu pequeno discurso além de rimado, não tinha fundamento algum, o que demonstrava que esse homem não conhecia a verdadeira Isabella da qual venho sentindo orgulho por ser.

- Eu não quero nada disso! E nunca, jamais trocaria a minha Emma por qualquer coisa. – Afirmei convicta.

- Mas por mim você trocaria, não é?

A resposta a essa pergunta teria que ser bem pensada e omitida.

- Não diga bobagens, Jacob!

- Você me trocaria ou não? – Ele sabia ser bem insistente.

- Não! – Tentei ser o mais convincente possível. – E chega desse assunto. Minha cabeça está prestes a explodir. – Assim que me pus de pé senti uma forte tontura que fez tudo girar.

- Ellie! – Jacob me segurou a tempo de ir direto para o chão. – Você está bem, amor? – Me deitou na cama e se sentou ao meu lado parecendo realmente preocupado.

- Eu estou bem. – Disse sentindo a boca seca. – Pode me trazer um copo com água, por favor?

- É claro! – Se levantou rapidamente. – Volto já.

Não muito tempo depois Jacob já estava de volta e me analisando.

- O que foi isso?

- Só uma tontura boba.

- Vou marcar uma consulta para amanhã mesmo.

- Não Jacob! – Protestei. – Como já disse – foi só uma tontura boba.

- Tudo o que possa ser prejudicial a sua saúde não pode ser tratado como bobo.

- Mas também não precisa incomodar o médico.

- Para te ver bem eu incomodaria até o Papa.

- Eu só preciso descansar um pouco.

- Faça isso, mas se continuar a passar mal, te levarei a clinica na mesma hora.

- Eu já disse que não precisa! – Meu tom de voz saiu impaciente.

- Ok. Só não se estresse, talvez piore o seu estado.

- Jacob eu já disse que estou bem, agora saia daqui, por favor.

- Está bem, mas se precisar de qualquer coisa não hesite em gritar por mim. – Beijou minha bochecha. – Estarei no escritório.

- Pode ficar tranqüilo. – Sorri sem vontade enfiando meu rosto no travesseiro. Essa passou perto. Jacob não pode em hipótese alguma desconfiar que estou esperando um bebê.

Infelizmente a tendência é piorar, já que nos primeiros meses de gestação é comum que os enjôos apareçam. Só espero que pra mim não seja tão incomodo. Mas acho que não passei tão mal quando estive grávida de Thomas e Emma. Assim espero.

Meu coração apertou ao lembrar do meu filho - Thomas. Meu pequeno Thomy.

Mal vejo a hora de poder abraçá-lo e dizer o quanto o amo. Ele é meu garotão e quero saber tudo o que perdi. Nunca mais quero me separar dele. Nunca mais!

- A mamãe te ama muito, Thomy. – Sussurrei antes de pegar no sono e logo sonhar.

- Parabéns mamãe e papai! – A Doutora desejou animada. – É um menino. – Revelou olhando ainda para a pequena tela.

- É o que queríamos, não é amor? – A voz de Edward invadiu o ambiente e imediatamente olhei para o seu lindo rosto e pude reparar que seus olhos estavam marejados, o que me fez derramar algumas lágrimas.

- Para mim o que viesse estava ótimo, mas agora sei que ele vai puxar a você. Então adorei.

- Eu te amo. – Beijou minha mão que estava entrelaçada a sua e depois subiu para a minha boca. Entreguei-me ao beijo e ao momento mágico.

- Sinto interromper o lindo momento de vocês, mas gostaria de saber se vão querer uma copia do ultra-som? – A Doutora perguntou após nos recompormos.

- Com certeza! Apesar de não conseguir enxergar muita coisa nele.

- Edward! – O repreendi. – Dá sim para ver o nosso filho.

- Ok. Estou muito feliz para discutir sobre a imagem do ultra-som.

- Concordo.

- Agora que já sabem da grande novidade, vou deixá-los a sós. Já pode se trocar, Bella. – E saiu com um sorriso no rosto.

- Não acredito que vamos ter um garoto! – Disse Edward muito empolgado.

- Nem eu! Jurava que seria uma menina, mas vindo com saúde o resto não importa.

- E a questão do nome, agora já podemos começar a escolher.

- Podemos sim, mas já tenho um.

- Ah é? E qual seria?

- Thomas Liam.

- Esse era o nome do meu avô.

- Exatamente. Você sempre disse o quanto o amava e não pensei duas vezes em colocar o nome dele em nosso filho quando soube que estava grávida, e agora que sei o sexo é definitivo.

- Eu amo tanto você! – Puxou meu rosto e encheu-o de beijinhos molhados, me fazendo rir.

- Isso é o mínimo que eu posso fazer. Você me deu o Thomas. – Alisei minha barriga redonda ainda um pouco escorregadia por conta do gel.

- E você me deu mais uma razão para viver.

- Vamos parar? Se não vou chorar ainda mais. – Pedi ao terminar de me vestir.

- Tudo bem, também não quero parecer um chorão para o nosso filho.

- Você é o chorão mais lindo que eu já vi.

- Sou lindo mesmo, não é? – Passou o mão pelo cabelo fazendo uma pose sexy.

- Seu convencido. – Ri batendo de leve em seu braço.

- Bem que você adora esse convencido.

- Adoro totalmente. – O puxei pelo pescoço selando nossos lábios e quando a coisa ia ficando melhor o sonho foi se dissipando, o que me deixou triste, já que estava adorando cada minuto.

(...)

Após acordar me senti até mais leve e fui direto para o banho. Me demorei na banheira. Estava tudo ótimo, mas tinha que ir ao encontro de Edward para além de amá-lo poder resolver os últimos detalhes de nossa viagem.

Coloquei uma roupa confortável e desci a procura de Emma que estava quietinha vendo TV na companhia de D'Artagnan.

- Emma, amor a mamãe vai sair um pouquinho, tudo bem? – Me agachei ficando da sua altura.

- Vai onde, mamãe? – Desviou seus olhos do desenho e me encarou.

- Vou na casa da tia Leah. – Essa era a desculpa mais usada.

- Posso ir junto?

- Oh meu amor, não vai dar, mas a mamãe promete te levar no parque amanhã, ok? – Esperei sua reação que foi melhor do que eu esperava.

- Só não demoa, ok?

- É claro que não demorarei, meu amor. – A beijei e sai apressada. O transito estava tranqüilo o que me fez chegar rapidamente ao hotel. Passei facilmente pela recepção e subi pela escada mesmo. A ansiedade em ver Edward sempre era a mesma. E já estava com saudade de tudo relacionado a ele. Principalmente de seus beijos que cá entre nós são mais que perfeitos!

Bati de leve na porta como de costume e entrei, já que Edward a deixava aberta por conta de minhas visitas. Adentrei o quarto de fininho e logo o encontrei sentado no pequeno sofá.

- Edward, amor que saudade! – Pulei em seu colo, e quase cai para trás quando uma mulher baixinha apareceu só de toalha praticamente gritando.

- Bella? – Me encarou com espanto. – Bella é mesmo você?

E agora? O que eu faço?