A Preferida 2 - O Ano Da Formatura escrita por Roli Cruz


Capítulo 30
Estamos Indo De Volta Pra Casa


Notas iniciais do capítulo

Devagar e sempre chegamos lá.
Obrigada às pessoas que ainda não desistiram de mim e da história. Obrigada por todas aquelas que ainda lerão e sorrirão com nossa Jenny. E, o mais importante, obrigada à você que tirou um tempinho de seu precioso tempo para ver os últimos capítulos dessa história.



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Muitas pessoas dizem que o verdadeiro amor é aquele que te faz ser uma pessoa amor. Que você tem a certeza que encontrou, quando os dias ficam mais claros, as noites mais brilhantes e os silêncios nunca são constrangedores.

Eu, particularmente, não acredito em nada disso. Não mesmo.

Já passei por muitos e muitos e muitos relacionamentos. Em alguns, me apeguei mais do que outros.

Por algum motivo que ninguém sabe ao certo, sempre me vi atraída por idiotas. Até hoje. Sim, eu acho o Nicholas um idiota. Mas é o meu idiota.

 Não acho que ele me faz uma pessoa melhor.

Se estou assim hoje, é porque sempre fui. Apenas nunca tinha exercitado essa parte de mim mesma antes.

Se os dias ficam mais claros ou as noites mais brilhantes, não sei dizer. Meus dias estão diferentes, com certeza. Agora tenho alguém que me entende ao meu lado. Alguém que realmente me quer e gosta de mim pelo que sou de verdade. Não pelo que as pessoas dizem de mim, como muitos outros.

 Quanto às noites brilhantes, não posso lhe dizer nada. Não vejo as estrelas faz um tempo. O teto do quarto dele não me deixa vê-las. Se é que me entende.

Mas, o mais importante de tudo. O silêncio não incomodar.

De longe, acho que essa é a firmação que mais chega perto de minha ideologia.

 Embora a ache vaga, devo dizer que não nos comunicamos com meras palavras, mas sim com olhares, toques e sorrisos.

 Se me arrependi de alguma coisa na vida, talvez tenha sido do quanto fútil estive sendo nesses últimos anos. Sempre atrás de professores, sempre atrás dos mais velhos, mais sábios por assim dizer. Sempre atrás daqueles que as pessoas costumavam considerar como um “sonho distante”. Quis tudo isso sem saber que, na verdade, o que eu mais precisava era justo daquela pessoa que estava ao meu lado o tempo todo e eu nunca vira ou prestara atenção.

 Errei muito. Isso me fez crescer. E, hoje, talvez o que mais me tenha deixado atordoada, foi o pensamento “Como não o vi antes?”.

*

 - Pegaram tudo, certo? – Andrew perguntou, jogando a própria mochila no porta malas.

 - Sim, senhor. – Respondi.

Vi todos entrarem no carro, menos Nicholas.

 - Não vai no carro com eles? – Ele perguntou, encostando na moto.

 - Não sei. – Respondi. – A moto ta cheia?

Ele riu.

- No carro você vai mais confortável. Dá pra comer, ouvir música, conversar...

 - E na moto, eu vou abraçada contigo, sentindo o vento no corpo. – Mostrei a língua.

 - Não tem medo de ir comigo?

 - Claro que não. – Ri. – Porque teria?

Ele sorriu e me beijou.

- Os dois pombinhos aí, já se decidiram? – Piper chamou nossa atenção. Virei e encarei os olhos negros dela.

 - Eu vou na moto com ele. – Respondi, abraçando meu namorado.

 - Ok. – Ela disse, e entrou no carro.

 - Hey, Jenny. – Ele me chamou, assim que o Phillip entrou no automóvel e Andrew deu partida.

 - Oi? – Virei para ele.

 - Não ficaremos estranhos. Certo? – Ele estreitou os olhos.

 - Como assim?

 - Você sabe... Todo esse negócio de DNA, de Peter ser meu filho e etc.

 - Hey, psiu. – Passei a mão em sua bochecha e sorri levemente. – Para, ok? Já te falei que nada disso vai nos afetar.

 - Certo. – Ele sorriu, me dando um selinho.

 Colocamos os capacetes e subimos na moto.

 - Como você acha que será, quando chegarmos em Nova Iorque? – Ele gritou, para que eu escutasse, dando partida na moto.

 - Como assim? – Gritei de volta, segurando em sua cintura.

 - Você sabe, te raptamos sem dar satisfação nenhuma para seus pais, ou essas coisas. Aqui não tem sinal, então eles devem ter ligado para seu celular e nem sabemos. Talvez NY inteira já tenha sido bombardeada com fotos suas nos postes.

 - Credo. Que horror. – Fiz uma careta.

 - Concordo, mas pode ter acontecido. – Ele responde.

Aperto mais meus braços em sua cintura e olho para a estrada, perdida em pensamentos.

 Aquilo que ele falou me fez parar para pensar. Não tinha refletido sobre isso ainda.

Cara, eu estava tão ferrada, então...

 A viagem foi silenciosa e tranquila. Eu prefiro muito mais viajar de moto do que de carro. É muito mais reconfortante sentir o vento nos cabelos que ficar trancada em uma caixa de latão.

Não pareceu demorar muito para chegarmos em Nova York. Chegamos no fim da tarde. O pôr do sol estava absolutamente lindo.

 Fomos parando de casa em casa e deixando as pessoas. Menos Amani, que fez questão de ser deixado no Dunkin’ Donuts. Assim que deixamos Piper em casa, dei tchau para Andrew e Phillip.

 - Juízo. – O mais velho sorriu, me abraçando.

 Dei um beijo em Andrew e voltei para a moto.

Nicholas deu partida e então nos encaminhamos para meu fim.

 - Está preocupada? – Ele perguntou, já sem capacete.

 - Claro que sim. – Franzi o cenho.

 - Por quê?

 - Porque, talvez, em alguma hipótese, meu pai tenha um infarto?! – Perguntei, levantando as sobrancelhas.

 Nicholas riu.

 - Ok, ok. Mas isso não vai me impedir de continuar te vendo. – Ele falou com tranquilidade, enquanto passávamos com dificuldade pelo monte de gente na Times Square.

 - Ele vai me proibir de alguma coisa, estou certa disso. – Falei, apoiando a bochecha em seu ombro.

 - E desde quando um castigo impediu Jennifer Connor? – Ele riu, enquanto saíamos da multidão em direção à minha casa.

 - Não sei. – Suspirei. – Quando foi que eu decepcionei meu pai tão gravemente?

 Nick não respondeu.

Continuamos indo em direção à minha casa, agora em silêncio.

 Assim que ele estacionou na frente do meu conhecido prédio vermelho, olhei para o céu. Os raios solares e a brisa leve pareciam caçoar de mim.

 - Vai ficar tudo bem. – Ele sorriu, passando a mão por meus cabelos.

 - Claro que vai. – Sorri também, mas com menos convicção.

 - Tchau. – Ele me deu um beijo, o qual eu correspondi com intensidade. Acariciei seus cabelos negros e senti suas mãos em minha cintura.

 - Preciso ir. – Falei, com expressão triste.

 - Claro, vai lá. – Ele sorriu, mas não chegou em seus olhos.

 Mandei-lhe um último olhar e então corri para dentro do prédio. Apertei o botão de meu andar e, assim que cheguei, abri a porta de casa.

 Meu pai dormia no sofá.


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