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Encostei minha cabeça no tronco e olhei para o céu. Estava tão azul e claro, que chegava a arder minha retina. Apertei os olhos e depois suspirei, olhando para a grama que era tão verde e tão linda, que era irresistível não sentar.

Sentei-me e me encostei mais uma vez no tronco. Olhei para o céu de novo. Era tão calmo aqui que chegava a ser relaxante e bom. Respirei aquela brisa e sorri, fechando os olhos e descansando.

Até mais, Azumi-chan.

Argh! Que ódio! Isso ficava na minha cabeça o tempo todo! Queria, pelo menos, saber o que Sesshoumaru quis dizer naquela hora.

Ele nunca chamou ninguém assim, além do pai dele... Nosso.

Suspirei e me levantei. Comecei a caminhar pela beira do rio que passava ali. Essa época é muito calma e eu me sinto livre assim. Queria que as coisas continuassem do jeito estavam, mas destruíram isso.

Minha cabeça começou a coçar. Coloquei a mão onde estava coçando e senti uma protuberância lá. Era meio peludo... Até sugava sangue... Bati com força e penteei os cabelos para ver se saia.

Olhei para o chão e vi aquela pequena pulga, tonta e esmagada.

– Myouga-jiji, quando vai aprender? – murmurei.

Ele se recuperou e pulou na minha mão.

– A cada dia seu sangue se iguala ao de Inuichi. E tem algo estranho em sua cabeça, porque tem duas protuberâncias onde deviam ficar orelhas de cachorro. – comentou.

– Tá me chamando de Inuichi, é? – perguntei com raiva.

– Aliás, percebi muita mudança em seu comportamento e em você. – disse com os olhinhos fechados e as mãozinhas para trás.

– Tipo?

– Seus olhos estão ficando mais claros, chegando quase a um amarelo. Seu cabelo tá perdendo a cor, quase chegando a um prateado. Está nascendo orelhas em sua cabeça e seus ouvidos já estão encolhendo. Suas unhas estão maiores. Você está mais rápida e forte. E seu humor mudou muito em questão de dias. – respondeu com a mão no queixo.

– O que isso quer dizer? – fiquei realmente assustada.

Ele hesitou em responder e abriu os olhos.

– Sinceramente, eu não sei.

Bati a outra mão na testa e apertei Myouga com a outra. Se ele disse aquilo, era por um motivo!

– Como assim você não sabe?! – gritei.

– Azumi-chan, não se irrite comigo, sou apenas uma pulga. – disse com uma voz fina.

– Uma pulga que foge em todas as ocasiões. – cortei.

– Ah, mas é pra me proteger! – reclamou.

Não perdi mais tempo, segurei-o e o joguei para o outro lado do rio.

Myouga era tão irritante.

Suspirei e continuei a andar. Pensei em tudo o que ele disse, mas como eu não notei. Peguei uma mecha de cabelo e olhei. Era verdade, meu cabelo passou de preto para um cinza-claro. Olhei minhas unhas e elas estavam enormes... Pareciam garras. Levei a mão até minha orelha e senti que ela estava se escondendo. Levei minha mão para onde ficariam as “novas orelhas”, tinha uma pontinha macia crescendo. Toquei minha língua nos meus caninos e eles estavam maiores.

O que isso significava? Não entendo isso. Eu estava virando a... Inuichi.

Parei de andar e arregalei os olhos. Balancei a cabeça para tirar aquele pensamento.

Não era possível. Ela saiu do meu corpo! Eu mesma a senti saindo e devolvendo minha alma, como Sesshoumaru pediu à Kikyou. Era impossível.

– Azumi-chan! – ouvi alguém gritar.

Forcei minha visão para ver. Era uma coisa pequena, verde e com um bastão.

– Jaken? – perguntei desconfiada.

Ele parou na minha frente, ofegante.

– Sesshoumaru-sama, deseja te ver. – disse ele ainda ofegando.

– Não vou vê-lo. Eu pedi uma vez para ele e recusou. Vou recusar dessa vez. – eu disse arrogante.

– Menina insolente. – disse alguém atrás de mim.

Virei-me e o olhei. Ele me olhava com aqueles olhos amarelos e com o rosto sério.

– Ah, agora eu que sou a insolente? – disse com o mesmo tom dele.

Ele pareceu falhar, mas voltou a me olhar.

– Desculpe-me por aquele dia, Azumi-chan. – disse delicadamente.

Eu e Jaken ficamos chocados com tal atitude de Sesshoumaru.

– Eu quero fazer você sofrer, por dizer tais coisas naquele dia. Nunca vou te perdoar. – minha voz passou de um tom rude para um ameaçador.

Ele chegou mais perto de mim, ainda me olhando nos olhos. Ele segurou meu queixo e levantou minha cabeça um pouco, para olhá-lo melhor.

– Por favor. – pediu.

Meu coração pareceu falhar, mas me recuperei, negando com a cabeça.

– Não, quando uma pessoa é rude comigo, eu fico como ela, só que mil vezes pior. – minha voz subiu uma oitava.

Ele aproximou mais o rosto. Corei e tirei sua mão de meu queixo, dando um passo para trás.

– Não, Sesshoumaru, nunca o perdoarei. – eu disse grosseiramente.

Ele fechou os olhos e assentiu.

– Entendi isso é carma. – disse.

Assenti e olhei para o rio.

– Mas, Azumi, entenda. Não queria que você ficasse com ódio de mim, já deveria saber que sou assim.

– Você deveria pelo menos ter dito palavras agradáveis, não rudes.

– Azumi, por favor, deixe-me...

– Não! – gritei. – Eu disse não! Não quero falar com você Sesshoumaru! Um dia quando você souber a tratar uma mulher delicadamente, aí eu vou falar com você. – eu disse indo embora.

Ele segurou meu pulso e eu olhei para ele.

– Não seja cabeça dura.

– Estou sendo, desculpa, Sesshoumaru, mas eu não quero falar com você. Você não é ninguém para mim. – vi que seus olhos perderam o brilho. Soltei meu punho de seu aperto e corri para a floresta.

Sesshoumaru, o que aconteceu com você?

Continua...