O Cara Da Porta Ao Lado escrita por EstherBSS


Capítulo 4
Capítulo 4 - Sasuke




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Capítulo 4


Sasuke



    A primeira coisa que fiz ao chegar ao trabalho foi procurar pelo Shikamaru. Não me esqueci da piscada para a assistente e segui direto para a sala do Nara. Encontrei o conversando com Shino e Kiba.

    - Shikamaru, - eu disse parando na porta – preciso que troque um número de celular para mim e o proteja contra rastreamento.

    - Bom dia para você também, Sasuke. – Shikamaru falou.

Os outros dois também me cumprimentaram.

    - Por que você não me ligou, Teme! – eles ouviram uma voz no corredor e sorriram antes mesmo de o ver.

    - Não sabia que você iria voltar tão cedo. – falei sorrindo ao companheiro – Eles te expulsaram da narcóticos?

Sorri para o meu melhor amigo, Naruto. Ele tinha sido transferido para a divisão de narcóticos e pelo que eu ouvira, não tinha gostado muito.

    - Seu irmão é um pé no saco, teme. – Naruto falou comigo sorrindo.

    - Eu bem que te avisei. – eu disse e o abracei rindo – Que bom que voltou.

    - É. – Naruto falou rindo também – Disseram que você está em um caso que não consegue resolver. Por isso eu vim te ajudar.

    - Você? – eu ri e soquei o seu ombro – Você vai me ajudar?

    - Pois é. – Naruto concordou com a cabeça.

Shikamaru digitava freneticamente no computador e se virou para mim.

    - O número. Fala aí.

    - 294-555-311. E quero que ele tenha uma segurança de nível quatro.

Esse nível de segurança seria impossível de rastrear a não ser que fosse por algum chefe grandão do FBI ou da CIA ou talvez por um membro da máfia.

    - Tudo isso? – Shikamaru perguntou surpreso.

    - O que está acontecendo? – Naruto perguntou aos outros dois.

    - Sasuke quer que o Shikamaru troque um número de telefone e coloque em nível de segurança nível quatro. – Kiba respondeu.

    - Quem é Haruno Sakura? – Shikamaru perguntou olhando o nome no computador.

    - Mais uma garota? – Naruto perguntou cruzando os braços sobre o peito.

    - Ele não faria tudo isso por qualquer uma. – Shino falou e eu não pude olhar seus olhos por causa dos óculos escuros.

Pensei se deveria dizer a verdade ou a mentira. Eu me sentia responsável pelo Jake babaca porque tinha sido eu a apresentá-lo para ela. Mesmo eu não sabendo que ele era perturbado, a culpa tinha sido minha. Deveria ter procurado melhor.

Olhei para os meus amigos. Shikamaru era um gênio. Duas palavras minhas e ele entenderia tudo. Também tinha certeza de que ele não falaria nada. Shino também não falaria nada. Ele tinha aquele jeito meio psicótico que o tornava um dos melhores policiais ali. Eu tinha certeza de que ninguém nunca tinha visto os seus olhos porque ele sempre usava óculos escuros. E ele gostava de usar capuz e às vezes parecia mais o bandido do que o mocinho. Mas ele era confiável. Isso eu sabia.

Só não podia dizer o mesmo de Kiba e Naruto. Não que os dois não fossem confiáveis, mas eles eram bem capazes de transformar a minha história em uma piada. Fui salvo de decidir quando meu pai subitamente apareceu no corredor acompanhado do meu chefe, Hatake Kakashi.

Nós nos levantamos assim que eles entraram. Meu chefe explicou o que estávamos fazendo e Shikamaru teve que lhe contar sobre o número. Ele fez então a mesma pergunta que o Nara.

    - Quem é Haruno Sakura?

Meu pai olhou para mim com o cenho franzido.

    - Algum problema com ela, Sasuke?

    - Não. – comecei me explicando tentando manter uma expressão de indiferença – Um cara tem enviado mensagens estranhas para ela e disse que podia rastrear o endereço dela com o número. Ela ficou preocupada e me pediu ajuda.

    - Entendo.  Fez bem meu filho. – Meu pai assentiu e eu fiquei feliz em ver que ele estava orgulhoso.

    - Mas quem é a moça? – Kakashi perguntou.

    - É a noiva dele. – meu pai respondeu e aí eu sabia que era esperar pela confusão.

    - Noiva? – Shikamaru perguntou.

    - Dele? – Naruto emendou.

    - Sua noiva? – Kiba se virou para mim.

    - Sim, minha noiva. – eu disse me sentindo um pouco mal por mentir.

    - Desde quando está noivo? – Kakashi perguntou.

    - Há pouco tempo. – eu disse sendo propositalmente evasivo.

Não sei se eles perceberam minha postura defensiva só que eles pararam de perguntar. Shikamaru voltou a sua atenção para o computador e minutos depois me deu o novo número de telefone. Ele também disse que mudaria os registros do número em todos os lugares importante para que Sakura não tivesse trabalho.

Depois disso voltamos para o nosso caso impossível. Lutamos algumas horas com um caso sem provas até que resolvemos parar para almoçar. Alguém trouxe nosso almoço em marmitas e eu aproveitei a distração para ir ao meu escritório. Ela atendeu no primeiro toque.

    - Oi. – ela disse e eu sorri divertido. Tinha me esquecido que ela não tinha o meu número. Provavelmente, estava pensando que era o Jake babaca.

    - Oi, Sakura gostosa. – falei me controlando para não rir. Ela emudeceu do outro lado da linha – Estou tomando banho e pensando em você enquanto me...

    - Ah, desculpa acho que foi engano. – ela disse rápida e eu não agüentei mais. Gargalhei muito e a ouvi perguntar incerta – Sasuke?

Ri ainda mais como não fazia há muito tempo. Ela ficou escutando e eu quase pude ter certeza de que ela também ria um pouco.

    - Meu amigo já mudou o seu telefone. Pode ficar tranqüila agora.

    - Ah, que bom. Eu quase achei que era o Jake maluco. E como você descobriu meu celular?

    - Jake maluco? Prefiro Jake babaca. – eu disse sufocando mais uma risada quando ela bufou – E eu sempre consigo o que eu quero.

    - Eu adoraria acabar com essa sua certeza. – ela disse e eu até imaginei seus olhos apertados com raiva.

    - E como você pretende fazer isso? – perguntei curioso.

    - Vou pensar em algo que você queira muito e não vou deixar que consiga. – ela respondeu rápida e eu percebi que ela talvez já tivesse pensado sobre o assunto.

    - Talvez eu possa te dar uma dica do que eu quero. – eu disse provocante. Era tão divertido irritá-la.

    - Não acredito que você vá me ajudar. Vai se entregar de bandeja? – ela perguntou.

    - Até mordo uma maçã se você quiser. – eu disse e ouvi ela rir. Sentei em minha cadeira e coloquei os pés sobre a mesa.

    - Você é engraçado, Sasuke. Ah, já sei. Não vou deixar você ter o meu corpo nu. – ela disse e riu. Passei a língua nos lábios. Ela tinha começado uma brincadeira perigosa. Não que eu tivesse interesse nela já que eu tinha estabelecido um limite profissional entre nós dois. Mas agora, que a proposta tinha sido feita, deixei que minha mente viajasse pela lembrança do corpo dela.

    - Tem certeza? Eu sempre consigo o que eu quero. – disse e saboreei uma imagem dela na minha cama. Não era tão ruim.

    - Dessa vez não vai. Eu devo isso a todas as mulheres que você já enganou.

    - Eu não enganei ninguém. Elas que se atiravam nos meus braços. – eu disse apreciando o nosso joguinho.

    - Atiravam? No passado? Está perdendo o dom, Sr Perfeito?

    - Sr. Perfeito? Essa é nova. Desde quando você me chama assim?

    - Desde que eu percebi a imagem de galã que você tentava passar para as suas fãs. – eu percebi que ela não tinha vergonha de falar nada por telefone. Talvez a minha presença mexesse mesmo com ela.

    - Eu agora só tento encantar uma pessoa. – eu disse.

    - Já arrumou uma nova? Diga me: morena, ruiva ou loira? – ela perguntou.

    - Hum...ruiva. Um ruivo diferente que lembra mais o rosa do que o vermelho. E com lindos olhos verdes que me lembram do mar. E com uma pele macia que me dá vontade de apertá-la contra os lençóis. Sabe quem é?

    - Uma ruiva estranha de olhos verdes? Conheço não. Eu deveria conhecer? – ela perguntou, mas eu senti uma alteração em seu tom. Sorri de canto.

    - Ela também não sabe desenhar. Não tem o menor talento. Não consegue fazer nem um simples coração. – ela ficou em silencio um pouco e então deu uma risada.

    - Engraçadinho. Entendi o recado. – ela riu e eu também sorri.

    - Fazendo o que? – perguntei curioso.
   
    - Agora sim você está parecendo um noivo de verdade. – ela disse – Daqui a pouco vai perguntar onde eu fui e com quem estive.

    - Só preciso de meia hora para descobrir tudo o que eu quiser da sua vida. Estou perguntando gentilmente para você o que está fazendo. Sem más intenções.

    - Sei. – ela riu e eu percebi que gostava desse som – Estou desenhando um esquema do sistema endócrino. Está ficando melhor do que o coração.

    - Traduzindo, está alguma coisa que não pode ser reconhecida. – provoquei mais um pouco.

    - Não acredito que você está desfazendo do meu talento. Eu sou uma artista do sistema endócrino. Devia criar quadros e expor isso tudo.

    - Mas por que está fazendo isso agora? Já almoçou? – perguntei e achei que ela demorou mais do que devia para responder que sim. Lembrei-me da noite anterior. Depois que ela entrou no quarto, eu abri a geladeira e vi o que ela tinha tentado esconder. Sakura estava com problemas financeiros. Mesmo assim, nem eu entendi minha proposta seguinte – Que pena, porque eu ia convidar você para almoçar comigo.

    - Você não está trabalhando? – ela perguntou e eu notei que procurava uma desculpa.

    - As pessoas normais param para comer. Além disso, eu tenho mais alguém a vista. – usei isso de isca.

    - Tão rápido! – ela se surpreendeu.

    - Sou competente. Em tudo, como você já deve imaginar. – ouvi algo como um soluço do outro lado da linha.

Combinamos o restaurante e eu disse que a pegaria na faculdade. Assim que coloquei o fone no gancho e olhei para a porta, senti que iria matar alguém. O departamento inteiro devia estar ali espiando eu conversar com Sakura. Alguns tinham a boca aberta e todos pareciam surpresos.

    - Não acredito no que eu acabei de ouvir. – Naruto falou – Ruiva de olhos verdes? Parece bom para mim.

    - Cala a boca, dobe. Podem ficar com o meu almoço. – eu disse enquanto saía da sala. Ignorei as risadinhas e as piadas indiretas e saí do Departamento. Sakura estava me esperando na esquina da rua da faculdade e eu imaginei que ela talvez não quisesse que os outros soubessem do “noivo”. Eu a vi primeiro e aproveitei essa vantagem para analisá-la. Ela usava uma calça jeans e uma blusa rosa claro com pequenas cerejinhas estampadas.

Parei ao seu lado e ela entrou no carro rápido como uma fugitiva. Tentei não me sentir magoado com aquilo. Nós fomos a um restaurante brasileiro. Ela disse que era o favorito dela. Sakura pediu um prato de feijão tropeiro com arroz e churrasco para acompanhar. Ao olhar para o prato dela, sorri pensando que ela era muito diferente das mulheres que eu costumava sair. Sakura jamais ficaria comendo só folhinhas de alface. Pensei em pedir feijoada, mas Sakura me perguntou se eu tinha o estômago forte.

    - Não me subestime, mulher. – eu disse antes de pedir a feijoada. Conversamos coisas sem importância até o garçom trazer o nosso almoço. Estreitei os olhos para o refrigerante dela.

    - Que foi? – ela perguntou erguendo uma sobrancelha – Eu não bebo bebida alcoólica.

    - Cerveja só tem 4% de álcool. Nem devia ser considerada bebida alcoólica. – eu disse provando a tal feijoada. Parei e olhei para o meu prato.

    - Álcool é álcool em qualquer quantidade. O que foi? Está ruim? – ela perguntou vendo a minha reação.

    - Céus! – eu disse depois de engolir – Isso é muito bom!

Ela sorriu e o rosto dela se iluminou todo. Eu apostava que ela não sabia do efeito que seu sorriso provocava. Se tivesse, o usaria mais vezes.

    - Eu disse. Comida brasileira é a melhor. – reparei que ela comia com vontade. Minha mãe sempre dizia que para quem cozinha, o melhor é ver a pessoa comer com vontade. Eu sorri ao ver que ela realmente gostava daquele lugar e daquela comida. Era uma sensação estranha. Como se eu fosse o responsável por ela – E o tal cara? – ela perguntou interrompendo meus pensamentos.

    - Ah. O que você acha sobre lutadores de judô? – eu perguntei. Na verdade, não tinha ninguém em mente, mas tinha precisado usar isso para convencê-la a vir almoçar comigo. Ela recusou como eu esperava.

    - Será que podemos deixar os esportistas de lado? – ela perguntou com uma cara de pânico que me deu vontade de rir – Talvez um professor ou um bibliotecário quietinho.

    - Quer mesmo alguém quietinho? – eu perguntei me inclinando sobre a mesa.

    - São os melhores, né? Os mais confiáveis. – ela disse e levou uma garfada a boca.

    - Sei lá. Acho que você tem cara daquelas que preferem correntes e chicotes. – eu disse e ri quando ela se engasgou com a comida. Ela me olhou vermelha e com os olhos brilhando e pensei que talvez tivesse passado perto. Não consegui evitar imaginá-la com uma roupa de couro e um chicote na mão.

    - Eu sou uma mulher decente. – ela disse ofendida.

    - Quem disse que não era? – recostei na cadeira aproveitando os efeitos da minha insinuação – Você pode fazer o que quiser com o seu marido.

Ela bebeu um gole do refrigerante e desviou os olhos. Sorri me divertindo com o embaraço dela.

    - Para isso você tem que me arrumar um marido antes. – ela respondeu e me olhou desafiadoramente.

    - Professor, você tinha dito? – ela confirmou com a cabeça – Vou ver o que posso fazer.

Terminamos de almoçar em paz, sem nenhum jogo de palavras. Estava chovendo do lado de fora. Um sereno fino, decorrente do calor intenso que tinha feito até agora. Protegi Sakura debaixo do meu casaco e a levei até o carro. Enquanto eu dirigia, ela me perguntou se eu estava trabalhando em algum caso difícil.

    - Como sabe? – eu perguntei sem tirar os olhos da rua.

    - Porque você é do FBI. Só fazem trabalhos difíceis do tipo missão-impossível, né. – eu tive que olhar para ela. Sakura tinha os olhos brilhando e parecia animada como uma criança. Balancei a cabeça sorrindo.

    - Algo assim. Meu quase-assassino foi morto e as evidencias apontam para a vítima. – falei e depois me surpreendi com o que tinha feito. Não devíamos contar sobre os nossos casos, mas eu tinha falado sem nem perceber – Não devia te contar isso.

    - Jamais direi uma palavra a ninguém. Nem que me torturem. – ela fez sinal de um zíper sobre a boca, trancou e fez que jogava a chave pela janela do carro. Depois se virou para mim e sorriu. Aquele sorriso lindo de novo – Mas eu aposto que foi a mulher da vítima ou um dos filhos.

    - Por que você acha isso? – perguntei divertido com a imaginação fértil dela. Chegamos à faculdade e ela soltou o cinto.

    - Acho que colocaram a culpa no tal “assassino”, mas não tinham como sustentar isso. Então jogaram a culpa para a vítima, pois poderia parecer vingança e seria mais fácil plantar as provas. Sempre temos que considerar heranças e seguros de vida. – ela disse e então olhou para a minha expressão. Eu era bom em montar uma expressão neutra, mas tinha quase certeza de que algo do meu choque tinha vazado. Ela deu de ombros e falou – Desculpe minha imaginação fértil. Vejo muito CSI.

Ela se despediu com um tapinha no meu ombro. Fiquei um tempo parado olhando o banco onde ela estivera há pouco. Aquilo fazia sentido. Fazia todo o sentido do mundo. Dirigi como um louco para o departamento. Assim que cheguei lá, senti os olhares curiosos sobre mim. Ignorei novamente as risadinhas maliciosas e parei perto da mesa da minha equipe.

    - Está atrasado. – Kakashi falou sem nem levantar os olhos do papel que lia. Ignorei o e perguntei.

    - Já procuraram se há algum registro de seguro para o Sr. Koen? Quero um levantamento sobre as posses dele também.

Todos pararam e me olharam surpresos. Os olhos de Shikamaru brilharam e ele deslizou com a cadeira para o computador. Parei atrás dele e pedisse que fizesse uma investigação da vida da Sra. Koen também.

    - Puta merda! – Shikamaru falou e eu dei um soco na mesa comemorando. Sakura merecia um presente. Um dos bons.

    - O que vocês acharam? – Naruto se aproximou assim como todos que estavam no caso.

    - A Sra. Koen estudou no mesmo colégio que a nossa suposta quase-assassina. E ainda na mesma sala. – falei enquanto via as informações na tela – Além disso, o Sr. Koen parecia ter muito dinheiro investido naquela padaria que passaria direto para a mulher já que eles não têm filhos.

    - Mas por que matar alguém que estudou com você? – Naruto perguntou.

    - Por que a mulher deu uns pegas no Sr. Koen quando ele era novo. – Shikamaru falou olhando as informações na internet – Irmão, facebook é uma benção na vida de toda policial.

Sorri convencido. Sakura merecia mesmo um presente.


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