Accidentally In Love escrita por Liza Bieber


Capítulo 2
Capítulo 2 - 21 Guns


Notas iniciais do capítulo

olá!!!
Muuuuuito obrigada pelos reviews do capítulo anterior! Vocês são uns amores, não foram muitos mas já foram especiais.
Música do capítulo é 21 guns do Green Day, espero que gostem.
HAVE FUN (:



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“When you're at the end of the road, and you lost all sense of control, and your thoughts have taken their toll. When your mind breaks the spirit of your soul, your faith walks on broken glass, and the hangover doesn't pass. Nothing's ever built to last… You're in ruins.

O tempo começava a mudar em Nova York. As folhas verdes se espalhavam por todo lugar junto às flores coloridas. Pessoas se exercitando, crianças brincando, jovens passeando com cachorros e adultos apressados passavam de segundo em segundo pela grande cidade. O forte calor surgiu de repente com o sol quente que iluminava a manhã. A correria do dia a dia agora era mais intensa. O grande movimento estava me deixando atordoada. O barulho dos carros, as buzinas, as portas abrindo e fechando, as conversas, as risadas, a felicidade... Tudo me deixava enjoada. Eu estava assustada e com medo. A grande camada de poluição de Nova York em cima de mim me afetava mais do que nunca. Eu estava suada demais para poder continuar a correr, era como se algo muito pesado tivesse caído por cima de mim. Meus pulmões estavam cansados e sem ar. Eu estava ofegante. Minhas pernas estavam bambas.

Aos poucos a cidade foi se calando e tudo foi desaparecendo. Enxergava vultos à minha volta... Antes de tudo ficar preto.

XXX

Acordei com o barulho de algumas risadas desconhecidas vindo de longe... Mas que diabos de lugar era aquele?

Senti pontadas de dor em minha cabeça e meu corpo mole. Abri os olhos lentamente, fazendo com que o branco das paredes confundisse um pouco minha visão. Passei a mão nos cabelos desfazendo pequenos nós entre os fios. Logo ouvi o barulho das gotas de soro caírem e acompanhei todo o trajeto das mesmas entre o tubo até meu braço. Fiquei as observando por algum tempo enquanto pensava no que havia acontecido com...

Peter.

Sacudi a cabeça espantando aqueles pensamentos. Só me interessava saber o que eu estava fazendo naquele maldito hospital.

– Justin, nós deveríamos estar jogando basquete à uma hora dessas, lembra? Eles nos liberaram a melhor quadra! Mas justo hoje você resolveu trazer uma garota que nunca viu na vida para um hospital. – disse uma voz masculina, por trás da porta ao lado de fora do quarto. A fresta da mesma me permitia escutar parte da conversa.

–Ryan, eu só quero saber se ela está bem! Foda-se esse jogo idiota, eu não estou nem aí para isso no momento. – respondeu outra voz, um pouco mais baixa por causa da distância maior.

–Nossa! Essa foi a maior bobagem que eu já ouvi você dizer, Justin! – disse gargalhando – Conta outra seu mané, você adora jogar basquete e tem a menina que quer a hora que quer. Por que se importaria com uma que só está dando trabalho?

–Cala a boca idiota. – respondeu sério pelo tom de voz. Me ajeitei na cama para poder escutar melhor.

–Tanto faz. Será que ela não vai acordar? Faz tempo que essa moreninha está dormindo. Acho que a gente pode entrar lá e tentar fazer ela abrir os olhos. – ele disse entrando no quarto. Deu um passo para trás, um pouco assustando, quando percebeu que eu os encarava atentamente. Ele tinha uma aparência diferente. Não muito alto, mas também não muito baixo. Usava uma regata branca que definia bem seus músculos e uma calça preta.

–Jesus Cristo – o outro garoto disse ao fixar seus olhos em mim. Ele parecia surpreso.

Aquele garoto, por sua vez, era um pouco mais alto, magro, e tinha a pele clara. Seu cabelo castanho claro aparentava maciez e estava espetado em um pequeno topete. Usava uma camiseta branca e uma calça de moletom de cor cinza, com a sigla “YMCMB” estampada em vermelho. Sem querer parecer atrevida, mas ele era lindo. Ele era incrivelmente lindo.

–Quem são vocês? – perguntei quebrando a tensão. Eles se entreolharam um pouco constrangidos ao perceberem que eu havia acordado.

–Faz quanto tempo que está acordada? – o garoto de calça preta perguntou.

–Alguns minutos. Por que eu estou aqui? – disse esperando uma resposta, porém a única coisa que consegui foi o silêncio – Quem são vocês? Por favor...

–Conta pra ela! – ele sussurrou para o de cinza.

–Eu? Mas o que eu vou dizer? – ele perguntou inseguro.

–Cara, isso não é da minha conta! Você arranjou o problema, agora trate de resolver por si mesmo. – respondeu dando uma batidinha nas costas do amigo. Em seguida deixou o local segurando o riso.

–Ryan, Ryan! Você não pode me deixar aqui sozinho! – reclamou tentando segurar o amigo... Opa, tarde demais.

Ficamos nos encarando por um bom tempo. Ele parecia estar envergonhado e não tirava seus olhos dos meus. Seu corpo estava estátua e suas mãos estavam tensas.

–E então... – sua voz angelical invadiu o quarto pela primeira vez depois de longos minutos – Como você está se sentindo?

–Eu não sei. – respondi passando minha mão sobre a testa. Ele deu alguns passos, aproximando-se cada vez mais de mim. Recuou algumas vezes com um pouco de receio, mas em um piscar de olhos ele já estava parado ao meu lado - Olha, você vai responder alguma de minhas perguntas anteriores ou eu vou ter que descobrir sozinha? – perguntei tentando não ser rude. O que não havia funcionado muito bem, pois ele se sentiu um pouco ofendido.

–Não... É... Ah... Eu não... Uh... Meu nome é Justin. – ele disse passando a mão por seus cabelos dourados. Percebia-se que ele não estava muito a vontade com a situação, pois suas bochechas foram de rosa-algodão-doce para vermelho-pimenta – E você?

Pela primeira vez olhei bem para seus olhos castanhos caramelados. Eram totalmente exóticos, como se fossem amostra grátis do paraíso.

–Jessie. Pode me chamar de Jessie. – respondi.

–Hm...Você desmaiou no meio da rua e eu te trouxe para cá. Na verdade sua cabeça sangrou, então eu acho que você está em observação. – o tal Justin explicou.

–Mas que droga. – resmunguei para mim mesma, colocando a mão no lugar ferido.

–Olha, eu acho que nós deveríamos avisar seus pais, ou algum parente próximo que você está aqui... – Justin não conseguiu terminar pois eu o interrompi de imediato.

–Não precisa! Quero dizer... Eu ligo para alguém daqui a pouco.

–Tudo bem... – concordou um pouco desconfiado – Vou chamar o médico.

Esperei ele sair do quarto para checar meu celular, que por sinal tinha várias chamadas perdidas. Resolvi ligar para a Emily, já que ela era a única pessoa com quem eu poderia contar naquele momento. Disquei o número e ela atendeu de primeira.

–Alô, Jessie? – ela perguntou apreensiva – Jessie onde você está?

–Oi Emily – disse suspirando –Só liguei para avisar que não precisa ficar preocupada. Eu estou ótima! – menti.

Jessie... Aquilo que aconteceu com o Peter hoje de manhã... Você está envolvida naquilo? – ela perguntou por um fio de voz. Eu sei que por dentro queria que não fosse verdade, mas já sabia a resposta. Emily é tipo uma mãe, ela sabe quando você faz alguma besteira. Acredite, se eu pudesse voltar no tempo faria tudo diferente.

Mordi o lábio, fechei os olhos com força, desejando que tudo aquilo não passasse de um pesadelo onde eu iria acordar com a minha vida feliz outra fez. Mas quem sou eu para desejar alguma coisa?

–Eu... Eu... – tentei falar, mas nada saia na hora. Comecei a ficar nervosa com os flashes do ocorrido na minha cabeça.

“Não importa, não aconteceu nada mesmo. Você não presta para nada.”

–Eu não acredito nisso. – fez uma pausa – Jéssica Anne Thompson, eu estou falando sério. Onde você está? – ela perguntou já sem paciência.

–Emily, eu só preciso de um tempo sozinha. – respondi triste.

Pedir um tempo sozinha não vai apagar o passado, Jessie. – falou séria.

E as palavras acertaram meu peito em cheio. Me fazendo lembrar do passado e de todas as coisas ruins da minha vida. Se é que eu posso chamar de vida.

–E você acha que... Ah, eu te ligo depois. – disse ao ver duas pessoas se aproximando.

–Mas eu não termin... – tarde demais Emily Lynch.

O garoto entrou com o médio ao seu lado. Ele tinha uma aparência jovem e era muito bonito. Fazia algumas anotações em sua prancheta, usava óculos e vestia um jaleco branco com um crachá sobre peito onde se lia Dr. Stewart.

(...)

–Volte aqui! – Justin gritou ao sair do prédio – Você não pode fazer isso! Vai se machucar novamente!

–Não me interessa! – respondi berrando.

–JESSIE! DEIXA DE SER TEIMOSA, VOLTE AQUI AGORA!!!

Olhei para trás e depois olhei para frente novamente sem responder nada. Encarei a correria das pessoas entre a chuva que desabou sobre Nova York. Os pingos caíam fortes em meu corpo, molhando-o por completo. O cheiro de terra molhada entrava por minhas narinas, assim como o som da chuva caindo invadia meus ouvidos como uma linda melodia. Soltei alguns palavrões, mas logo recomecei a correr. O mais rápido que pude.

Depois de fugir por três quarteirões e quase ser atropelada, resbalei na calçada e o garoto finalmente conseguiu me alcançar.

–Me solta! – berrei ao sentir seus braços ao redor de meu corpo, levantando-me do chão gelado.

–Não até você me dizer o que está acontecendo! Ou você acha que eu sou tão bobo ao ponto de perceber que você não está escondendo nada? – ele disse me segurando forte.

–Por que você se importa? Isso não é da sua conta! – disse raivosa fazendo força para me soltar – Você nem me conhece garoto! E daí que você quase salvou minha vida? Isso não vai fazer diferença para mim!

–Quer dizer que você preferia ter morrido! - ele disse irônico.

–Eu acho que seria o melhor mesmo. – respondi com frieza olhando para baixo.

–Você é completamente pirada. – disse espremendo os olhos - Onde está sua família? Seus amigos? Por que eles não te procuraram? – Justin fez uma pergunta atrás da outra... E infelizmente eu não tinha a resposta para nenhuma delas. Droga! Maldita hora para a vontade de chorar começar a voltar! As lágrimas rolaram soltas por meu rosto. Eu via o corpo de Peter no lugar do garoto à minha frente... Estou ficando pirada mesmo.

–Não grita comigo! – berrei. Foi a única coisa que eu consegui dizer naquele momento.

–Quem está gritando aqui é você! – ele respondeu. A chuva o atrapalhava na hora de falar e o deixava mais atraente ainda. -Se aconteceu algo antes de você desmaiar... Pode me contar, talvez eu te ajude com alguma coisa. – Justin disse segurando meus ombros, os sacudindo de leve.

–Eu não preciso da sua ajuda. – disse encarando-o sem expressão alguma.

–Tudo bem. Essa porra foi uma perda de tempo mesmo. Você foi uma perda de tempo. – ele disse praticamente cuspindo minha inutilidade sobre meus próprios ombros – Sabe, não sei de onde tirei a ideia de que você iria confiar em mim. Afinal, eu nem te conheço mesmo.

Ele olhou em meus olhos pela última vez e me deu as costas. Sem falar mais nada.

“Ninguém gosta de você. Ninguém suporta você. Você é fraca e mesquinha.”

–Espera! – berrei espantando aquilo de minha mente.

–O que foi agora? – ele perguntou bravo virando-se para mim.

– Por favor, não me deixa aqui sozinha. Me... Me da uma chance de ser legal. - disse o abraçando repentinamente com toda minha força – Eu só... Não posso te contar. É doloroso demais.

Ele arregalou os olhos e ficou parado como uma estátua. As lágrimas insistiam em cair e cheguei ao ponto de abrir passagem para elas passearem por meu rosto à vontade. E vieram. Vieram como uma enchente de desespero, culpa, insegurança e medo.

–Ei, ei... Está tudo bem. Não chore, por favor. – Ele disse tentando me acalmar, limpando minhas lágrimas com seus dedos macios. O que fora praticamente inútil, pois os pingos continuavam a cair molhando-o novamente – Seja lá o que for, você não me deve explicações, eu sou um idiota.

Sua pele estava molhada e grudenta por causa da chuva, mas continuava calorosa. Uma onda de choque percorreu meu corpo arrepiando cada mísero pelo. Seus braços eram reconfortantes e sua voz rouca de baixo da chuva era totalmente sexy. Principalmente depois de sussurrar em meu ouvido.

–Vem comigo shawty.

XXX

POV Justin

Lá estava ela. Parada na porta da minha cozinha. Suas olheiras de quem não havia dormido bem durante a noite estavam salientes em seu rosto, mas seus olhos azul piscina iluminavam a sala inteira. Com certeza ela tinha os olhos azuis mais lindos que eu já vira em toda minha vida. Seus lábios eram totalmente rosados e quase impossíveis de resistir. Seu corpo escultural se escondia em uma toalha branca. Seus cabelos longos e escuros estavam totalmente molhados. Sua pele bronzeada brilhava. Seu perfume se espalhara por toda a casa. Quem é essa garota?

–Justin, Justin! Eu estou falando com você. – ela disse estalando os dedos me tirando de meus devaneios.

–Hum, sim?

–Minha roupa já secou? – perguntou.

–Ah, sim. Vou buscar! – saí correndo até a lavanderia para pegar seu vestido cor vinho de festa. - Esta aqui. – disse lhe entregando a peça quando voltei para a cozinha.

–Obrigado, vou lá me trocar então. – disse indo em direção ao quarto.

–Quando voltar, uma deliciosa xícara de chocolate quente especial estará te esperando. – disse divertido a fazendo soltar uma risada gostosa.

–Hm, delícia! - gritou rindo.

E o mesmo pensamento intrigante e totalmente idiota de antes voltou a me atormentar. De onde eu a conheço?


POV Jessie

Voltei para o quarto e me arrumei rapidamente. Não pude deixar de notar que seu quarto tinha a bandeira do Canadá e alguns pôsteres de bandas. Ele tinha uma coleção de latinhas da coca-cola e uma guitarra autografada - por alguém que eu não havia reconhecido - pendurada na parede. Mas o que mais me chamou atenção foi um porta retrato, onde haviam duas pessoas de idade segurando um cachorrinho muito fofo em uma foto. Estranho que mesmo não sabendo de onde, aquelas feições me traziam lembranças do passado... O problema era saber de qual parte dele.

Jessie, está tudo bem? – Justin perguntou da cozinha me fazendo voltar à vida real.

–Sim! – respondi – Já estou indo. – deixei suas coisas ali e fui até a cozinha ver o que ele estava fazendo.

–Sirva-se! – Justin disse fazendo um gesto para que eu sentasse quando entrei no aposento.

Fizemos um lanche e nos divertimos, ele era engraçado e muito bobo. Me contou como foi difícil ficar mais de uma hora com seu amigo Ryan resmungando sobre o jogo de basquete que estavam perdendo e como fez para que o médico não notasse meu estado deplorável. Descobri que seus pais eram separados, mas ele não tocou muito no assunto. Ele vivia com a mãe, que estava trabalhando no momento e sua empregada estava de licença médica. Por alguns minutos, eu consegui esquecer todo aquele dia maluco.

–E você? De onde veio? – perguntou tomando um gole do chocolate quente.

–Bom, eu vim do outro lado da cidade. – disse divertida dando uma mordida em meu cookie. Justin riu pelo nariz.

–Engraçado, eu tenho a impressão de que já te vi em algum lugar. – falou analisando meu rosto com uma expressão esquisita.

–Claro, talvez você tenha me visto saindo da Oscar de la Renta na avenida Medison semana passada, ou depois de um musical da Broadway após um belo espetáculo, ou até mesmo na Julliard após uma aula cansativa. – disse brincando enquanto fazia gestos e caretas de madame. Justin começou a rir e eu comecei a rir junto com ele.

–Tudo bem, acho que não foi em nenhuma das alternativas. – disse levantando-se e levando sua xícara para a pia – Não sei, é uma sensação de como se eu já te conhecesse de muito tempo atrás.

–Acho que você está me confundindo com outra pessoa. – respondi pensativa enquanto fazia o mesmo que ele levando a xícara até a pia. Aquele papo estava um pouco esquisito então decidi mudar de assunto – Sabe, eu nem te agradeci de verdade por ter me ajudado hoje... Muito obrigado mesmo. Foi até legal de sua parte, os jovens não costumam fazer esse tipo de coisa.

–Você pensa isso mesmo? – Justin disse fazendo uma careta confusa.

–Como assim?

–Quando eu te vi lá... Parecia que eu tinha a obrigação de te ajudar. Foi uma sensação estranha... Algo em mim fez com que eu me importasse com você. Só preciso descobrir de onde isso veio. – ele disse me encarando com os olhos brilhando, seus lábios estavam tão convidativos no momento e seu corpo estava perto demais do meu. Era completamente rdículo sentir vontade de beijá-lo, mas inevitável. Justin passou levemente a ponta dos dedos gelados por meu rosto quente e eu fechei os olhos no momento. Ele pressionou minha cintura e... Eu me afastei.

–Acho melhor eu ir embora. – disse segurando sua mão em minha bochecha antes que algo acontecesse.

–Ah não, fica mais um pouco! Podemos ligar para o Ryan e tirar um pouco com a cara dele, ele deve estar cuspindo fogo, vai ser hilário. - falou mudando de assunto quebrando o clima pesado.

–Ponha no viva voz então. – respondi. Ele pegou o celular e rapidamente iniciou uma chamada.

Justin, seu viado! Onde você está? – Ryan perguntou furioso ao atender.

–Estou em casa Buttler. – Justin disse calmamente enquanto me encarava, mas continuava a prestar atenção no celular.

Eu vou te matar cara! Estou tentando te ligar à horas! Você me paga. – escutamos um barulho forte no outro lado da linha e ele soltou alguns palavrões reclamando baixinho - Espero que aquela garota esteja satisfazendo todos os seus sonhos pervertidos. Afinal, não era por isso que você fez questão de cuidar dela? Vai se ferrar Bieber! – ele gritou e por fim desligou o telefone. Justin estava rindo feito um idiota, ele se contorcia todo e já estava ficando um pimentão. Eu não via tanta graça na situação.

–Sonhos pervertidos? Tudo isso que você fez foi por pura falta de sexo? Mas que droga, eu quase confiei em você. Que desculpa mais ridícula você arrumou! "Algo em mim fez com que eu me importasse com você." – disse sarcástica e furiosa, imitando-o.

–Você disse mesmo falta de sexo? – ele perguntou debochado como se não acreditasse no que eu acabara de dizer.

–Vai se ferrar! – disse. Já não bastava mentir, tinha que se fazer de idiota também.

–Espera, você vai acreditar mesmo naquela bobagem? Jessie, por favor. – ele disse calmamente, me encarando com aqueles olhos cor de mel enquanto me parava no meio do caminho – O Ryan só estava bravo. Tudo o que eu te falei é verdade! Não vamos fazer briga de criança agora, acho que já estamos bem grandinhos para esse tipo de coisa.

–Não me interessa. – disse rude – E você nem sabe quantos anos eu tenho.

–Você fica gata brava. – ele disse quando me abraçou por trás, senti seu nariz roçar por meus cabelos sem querer e ele logo me virou de frente – Viu só? Uma beleza!

–Para! – disse fazendo biquinho envergonhada – Eu preciso mesmo ir.

–Tudo bem, mas você vai me ligar? – perguntou com um sorriso de canto.

–Talvez. – disse bancando a difícil. Abri a porta e dei um beijo estalado em sua bochecha. Ele me encarou com um olhar de agradecimento.

–Agora sim eu ganhei meu dia. – disse divertido. Ri fraco e o fitei por alguns segundos, ele estava totalmente fofo.

–Tudo bem, eu te ligo com certeza. – respondi mordendo meu lábio inferior. Justin apenas largou o sorriso mais lindo de todos.

Agora quem ganhou o dia fui eu.

XXX

Peter, Peter, Peter.

Aquele nome não saía de minha cabeça. Quanto mais eu fazia questão de esquecer, mais eu relembrava. Desmaiar no meio da rua enquanto você está correndo feio uma fugitiva, ser levada para um hospital por um garoto chamado Justin que você nunca viu na vida, fugir na chuva da pessoa que tentou te salvar, acabar no apartamento dele, trocar telefones, prometer que vai ligar... Quando não pode. Quando não pode. Porque ele é bom demais para você. Ele é bom demais. "Tudo bem, eu te ligo com certeza!" fala sério! Tem ideia do quão ridículo isso soa? Você não merece nem metade do que aquele garoto tem para te oferecer.

Porque a única pessoa que era boa o suficiente para você... Era o cara que você praticamente matou.

Aquele sim, mesmo que por dentro, era totalmente igual a você. Um completo insignificante. Que fazia de tudo pelos outros, mas nunca pensava em si mesmo. Até pensava as vezes... Mas quando pensava, só se ferrava. Aliás, se ferrava de qualquer jeito.

E sabe quem é o você desta história toda? Exatamente.

Jéssica Anne Thompson. A mesquinha incompreendível.

–Jessie! – Emily gritou ao abrir a porta de seu apartamento – Você quase me matou de preocupação! – disse me abraçando com toda sua força.

–Me desculpe Emy. – disse devolvendo o abraço. Incrível como um simples olhar de Emily já mudava tudo. - Ah meu Deus... Eu não sei nem por onde começar! – disse me afundando em seus braços.

–Ah Jessie, você não precisa me contar nada agora...

–Eu acho que o matei! – gritei começando a chorar novamente.

–Você não o matou... Eu tenho certeza...

–Eu dei a droga para dele, se eu não tivesse passado aquele maldito saquinho. – expliquei apertando meus punhos – Ele estaria vivo!

–Não é nada disso! Jéssica olha pra mim! – Emily inclinou meu rosto me fazendo encarar seus lindos olhos verdes – A culpa não foi sua! Ele é o culpado! Ele usou!

–Eu tenho medo de ser presa... Eu tenho medo de não poder terminar a escola e perder a confiança do tio Rob...

–A Angelina te mandou lá, não foi? – ela perguntou espremendo os olhos. Eu fiz que sim com a cabeça. – Vagabunda! – berrou.

–Eu não queria, eu juro que eu não queria ir para lá. Mas ela me embebedou e você já tinha ido embora da festa depois daquela pequena briga que tivemos e...

–Droga! – ela disse me puxando para sentar no sofá ao seu lado.

–Eu não me lembro de quase nada, depois da nossa briga eu entrei em um carro com eles e depois... Apaguei. – contei o que me lembrava.

Eu não queria meter Emily naquela história toda. Não queria causar problemas para o seu lado. Mas eu não tinha mais ninguém com quem contar. Ela era a única pessoa com quem eu poderia me abrir naquele momento, então contei tudo.

Emily era minha melhor amiga desde que nasci. Nós crescemos juntas. Ela me conhece muito bem, mais do que eu mesma, na verdade. Os dois anos de diferença na nossa idade não interferem em nada. Ela está em Nova York por causa da faculdade. Você sabe... Medicina. Ela ganhou uma bolsa na New York University, fazem seis meses que Emily saiu de Stratford, no Canadá, nossa cidade Natal.

(...)

–O que você acha que vai acontecer comigo agora? – perguntei encarando-a.

–Nada. Não vai acontecer nada porque você não foi responsável por nada. – disse suspirando - Eu te amo Jessie, estamos juntas nessa, lembra? – ela me abraçou. Suas lágrimas quentes caíram sobre meu ombro.

–Obrigado, eu também te amo Emily. – disse me aconchegando ao seu lado – Só espero que os problemas não aumentem.

– E não vão. Agora ligue para o seu tio e diga que está comigo. – ela disse me passando o telefone.

Suspirei. Tinha medo de falar com ele. Onde eu acharia coragem para mentir novamente? Depois de tudo que ele passou comigo, merecia ter algum orgulho. Disquei o número. (...)

–Como foi a conversa? – Emily perguntou quando entrei no quarto.

–Ele está bravo, mas entendeu que eu vou voltar amanhã bem cedo. – respondi indo para a cama.

–Você tem que contar para ele sobre isso Jessie, você sabe que seu tio vai te ajudar.

Ela está completamente pirada, né?

Seria loucura! Ele vai me por para fora de casa! – disse indignada.

–Pensa nisso Jessie. Ele é sua família. – Emily disse deitando-se - Boa noite, você precisa dormir.

–Vou tentar. – suspirei. Eu sabia que não iria ser uma boa noite. Iria ser uma péssima noite. Me aconcheguei na cama, fechei os olhos e deixei as últimas lágrimas rolarem por meu rosto antes de adormecer.

One, 21 guns. Lay down your arms, give up the fight. One, 21 guns. Throw up your arms into the sky… Y ou and I.


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Notas finais do capítulo

E então??? O que acharam??? Olha, esse capítulo ficou super big então acho que eu mereço uns reviews a mais né... hahaha
Espero que tenham gostado e lembrem, reviews inspiram o autor a escrever o próximo capítulo... hehehehe :p
Beeeijos :*



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