Duas horas depois, tempo que todos nós ao mesmo tempo assistíamos ao filme Os Mercenários, chegamos ao Brasil. Era tão bom voltar pra casa.

Assim que desembarcamos e passamos pelo free-shop, onde Jake recompôs todo meu estoque de maquiagem, e eu nem pedi, fomos para fora do aeroporto com todas aquelas malas imensas e descabelados, e com um monte de roupas estranhas e óculos escuros para que ninguém reconhecesse os meninos.

Vi meus dois irmão me esperando lá longe. Eles não me reconheceram graças ao meu cabelo recém escurecido. E as roupas estranhas. Mas assim que me aproximei e tirei os óculos escuros os dois só faltaram arrancar meu pulmão, porque não entrava ar de qualquer jeito.

– Cambada, aqui ó.

Todos chegaram perto da Caminhonete S10. Sim nós pegaríamos estrada, msis ou menos umas 4 horas, dentro de duas Caminhonetes. Filha de fazendeiro é assim, fio. Tem carro chique não, mano. Mentira, só pra me gabar, meu pai tem uma Hilux.

Enfim, enfiamos todas as malas na caçamba e nos acomodamos. Eu fui com meu irmão mais velho, Marcelo, na frente na caminhonete vermelha, com Jake, Sammi e Sandra no banco de trás.

Meu irmão e Jake simpatizaram logo de cara. Sorte que meus irmão não eram nem um pouco ciúmentos. Eu era a mais mala quando morava aqui.

O Marcelo começou a contar então quando briguei com uma ex namorada dele.

– A menina, Amanda me traiu, aí a Manoela foi brigar com ela. Só que a Amanda era toda patricinha sabe. Resultado, a menina saiu com o nariz quebrado. E a Manu quebrou um dedo enquanto deformava o rosto da garota. Só não deu merda porque o papai era prefeito da cidade na época e resolveu tudo. Fala aí Manu, sua fase de defensora já passou?

– Já sim, agora sou fofa, meiga, delicada, legal, e tudo de bom. Até to namorando.

Jake ficou branco. Tadinho.

– Ah é? Manuzinha namorando? Quem é o pobre coitado?

– O Jake aí do seu lado.

Marcelo olhou pra ele e Jake fez um aceno de mão acompanhado por um sorriso sem graça. Coitado, achou que ia ser estuprado. Mal sabe que meu irmão fica mais amigo dos meus namorados do que eu.

Pov Ashley

Até que o Murilo, irmão do meio da Manu era bem legal. A família dela não era tudo aquilo que ela falou. Um bando de racistas preconceituosos que iriam olhar feio pra gente e xingar a gente de emo, e não deixar entrar em casa e tals.

Mas o menino era legalzinho. Era mais novo que a gente, devia ter uns 19 anos, por aí. Eu fui no banco de trás, mas fomos todos conversando animadamente, com CC sentado no banco da frente, falando as besteiras de sempre pro Murilo, que não parava de rir. Eu estava No meio de Andy e Jinxx que estavam com as pernas tão folgadamente abertas, que eu tava quase pulando do carro.

Finalmente, depois de quatro horas e alguns minutos de viagem, chegamos em uma cidadezinha pequena, mas bem legalzinha. Logo na esntrada, vi uma boate, pequena e simples, mas legal.

Subimos aquele morro imenso e logo paramos em frente de uma casa branca. Tinha cara de casa de fazenda, mas era nova. Ao contrário de praticamente todas as outras casas da cidade, que pareciam mais antigas que a avó da minha avó.

Pov Manu

Finalmente em casa, minha velha, linda e espaçosa casa. Já falei que ter seu pai como prefeito da cidade por muitos anos tem suas vantagens? Meu pai era muito querido por todos na cidade, então quando não estava como prefeito, trabalhava na prefeitura de qualquer maneira. Além disso era ótimo com os negócios, o que o fez crescer, e comprar várias fazendas. Mas o que ele menos esperava, era que sua filha aparecesse em casa com 7 rockeiros com cara de loucos, tatuados e de cabelo comprido, que só queriam farra.

Assim que entrei em casa percebi que meus pais não tinham chegado do trabalho. Minha mão era a dentista da cidade, por isso trabalhava bastante.

Instalei cada um em seu quarto. Jinxx e Sammi em um quarto, eu e Jake no meu próprio, Andy e Ash no outro e CC com Sandra no que sobrou. Não sei como eles revezariam o banheiro, que dessem um jeito.

Fui então com todos para a cozinha, para que conhecessem a Sandra. Ela praticamente me criou, já que trabalhoava em casa desde antes de eu nascer, e faz a melhor comida do mundo. Pedimos alguma coisa pra comer, mas ela nos deu uma bronca e mandou que saíssemos da cozinha porque ela estava preparando o almoço. Ainda bem que o povo não entende português, muito menos o quanto ela xingou todos eles por estarem atrapalhando na cozinha. Ela mandava lá, nem minha mãe, a patroa, tinha domínio sobre o território da Sandra.

Ficamos na sala conversando enquanto esperávamos que meus pais chegassem.

Minha mãe chegou e assim que abriu a porta e deu de cara comigo abriu um sorrisão, seguido de algumas lágrimas de emoção e olhou para todos com uma cara estranha. Como a pessoa educada que era, cumprimentou todos com dificuldade, já que ela não falava inglês.

Percebi que ela não gostou dos meus amigos e falei em português pra ela que por favor tratasse eles bem. Já bastava meu pai, que com certeza trataria todos super mal.

Minha mãe até já estava se acostumando com quele monte de estranhos malucos e vestidos de preto em sua sala e percebi os olhares malicioso de Ash pra cima dela.

– Ashley Purdy, para com isso ou eu te castro. – Rugi em inglês para ele, que entendeu o recado. Aliás, todos entenderam, menos a minha mãe que ficou morgando enquanto todos riam do jeito sem graça de Ash.

Algum tempo depois, meu pai chegou em casa. Me cumprimentou mais animado do que nunca. Eu e ele éramos muito parecidos, até eu resolver mudar meu jeito de ver a vida, com meus novos olhos rockeiros.

E logo em seguida fechou a cara olhando para todo o resto da sala com desprezo infinito nos olhos.