Após mas um dia desgastante se preparando para os N.I.E.M.s, que começariam em um mês, Remus Lupin tentava relaxar um pouco no Salão Comunal da Grifinória. Podia sentir a lua pálida, quase cheia, o encarando do lado de fora da janela, iluminando o castelo com seu brilho prateado. A próxima semana seria de lua cheia e ele e seus três melhores amigos viveriam mais uma "aventura" na Casa dos Gritos, quem sabe até sairiam para perambular pela Floresta Negra fazendo as marotagens de sempre.

Seus melhores amigos; eram apenas três, mas eram verdadeiros. James, Sirius, Peter, também conhecidos como Prongs, Padfoot e Wormtail. Inseparáveis. Mas, por falar neles, onde estavam?

O garoto olhou para os lados e viu Peter em uma poltrona próxima, adormecido. Algumas pessoas ainda conversavam antes de irem dormir e um elfo domestico limpava a lareira, como fazia todas as noites. E James e Sirius? Disseram para ir na frente com Wormtail que logo estariam no Salão Comunal, mas isso já fazia mais de meia hora. Antes que pudesse levantar hipóteses, a passagem da Mulher Gorda foi irrompida por gritos, já muito conhecidos por Lupin.

Lily Evans adentrava o local furiosa, o vermelho de seu rosto quase atingindo a tonalidade de seus cabelos ruivos. Logo atrás corriam James e Sirius, tentando acalmar a garota. Pettigrew havia acordado, assustado com o barulho repentino.

– Mas Lily, foi só uma brincadeirinha, ele nem se machucou! – exclamava Sirius.

– Verdade, e além disso ainda não tínhamos nos vingado adequadamente do Snivellus por aquele incidente no quinto ano.

A ruiva parou e virou-se ficando de frente para os garotos.

– Escuta aqui Potter, eu nunca pedi vingança, você e Black são dois intrometidos!

Nesse momento, os poucos que restavam no Salão Comunal pararam o que estavam fazendo para prestar atenção na briga entre Lily e os garotos.

– O que foi, mesmo depois de ele ter te chamado de Sangue-Ruim na frente de todo mundo, ainda vai defender o seboso? – perguntou Black indignado.

– Tendo ou não me chamado de Sangue-Ruim, o Snape nunca fez nada pra vocês, que sempre vivem atrás de confusão! – disse a ruiva, irritada, já subindo para seu dormitório.

– Isso significa que eu não tenho nenhuma chance de desfrutar de sua ilustre companhia amanhã, na bela vila de Hogsmead? – James falou alto.

Lily parou onde estava. Virou-se e foi mais uma vez ao encontro dos garotos.

– Não, querido. – disse com uma voz doce extremamente falsa. – Significa que eu não vou sair com você nem amanhã, nem semana que vem, nem ano que vem, nem NUNCA! Entendeu, o ou quer que eu repita mais devagar?

O garoto, insistente, perguntou:

– Mas por que você nunca aceita os meus convites?

– Você ainda tem coragem de perguntar? – exclamou Lily. – Ok Potter, vou falar pra ver se isso entra na sua cabecinha oca de uma vez por todas. Não saio e nem NUNCA vou sair com você porque você é um ridículo, amostrado, metido, arrogante, egocêntrico jogador de Quadribol que se acha no direito de fazer o que bem entende por pensar que é melhor do que os outros!

– Isso não é verdade... – defendeu-se James, chateado. A sala estava totalmente em silêncio.

– É sim, é claro que é verdade. Olha só o que você e Black fizeram com o Severus, ele foi até parar na Ala Hospitalar! – disse a ruiva angustiada.

Logo Sirius se intrometeu.

– Pera aí Evans, para de defender o Snivellus, ele é um frouxo, tava só fazendo drama.

– Tá vendo! É por isso que é tão valente Potter, porque sempre tem seus amiguinhos te acobertando em tudo que você faz de errado. – falou Lily. – Quer saber, se eu pudesse, desejaria que os Marauders nunca tivessem se formado!

Ao dizer isso, a ruiva saiu correndo, chorando, direto para o dormitório feminino. Marlene Mckinnon, sua melhor amiga, foi logo atrás consolá-la. Remus foi ao encontro dos amigos.

– Muito bem, o que foi que aconteceu dessa vez? – perguntou.

– Prongs e eu encontramos o Snivellus no corredor e resolvemos prendê-lo no armário de vassouras pra nos divertir um pouco. – explicou Sirius. – Só que a Evans apareceu no meio da operação e nos deu uma baita bronca enquanto o Snape se recuperava do feitiço. Num ato de desespero que ele saísse, o James o estuporou com um pouquinho mais de força e ele se estatelou lá dentro, sangrou um pouco e tal. Aí você já viu, a garota virou uma fera!

– E com razão! – exclamou Lupin decepcionado. – Não tinham prometido que deixariam o Snape em paz?

– Vocês ouviram o que ela disse? – perguntou Pettigrew. – Ela desejou que os Marauders nunca tivessem acontecido!

– Ela falou da boca pra fora, Wormtail. – disse Lupin, cansado.

– Não falou não. – sussurrou James estranhamente sério. – Ela estava completamente consciente do que me disse. Querem saber, eu vou dormir.

– Não! – gritou Sirius. –Mas Prongs, você nunca dorme cedo, e são só nove e meia! Além disso, como fica nossa partida de Snap Explosivo das dez?

James não respondeu, apenas subiu, sem ao menos se despedir dos amigos. Sirius fez menção de acompanhá-lo, mas a mão de Remus o impediu.

– Não, ele precisa ficar um pouco sozinho.

Sozinho, no dormitório, James pensava em tudo que Lily havia dito. Talvez ela estivesse certa, talvez ele fosse tudo aquilo mesmo. Mas pensar na possibilidade de não existirem Marauders lhe dava náuseas. O que faria sem eles, o que seria sem eles? Não tinha respostas para esse tipo de pergunta. Cansado, adormeceu, totalmente inconsciente de que o desejo de Lily pudesse, realmente, se realizar...