Dirty Little Princess escrita por Loreline Potter, Milady Black


Capítulo 36
Bônus - Cinderela


Notas iniciais do capítulo

Foi mal pela demora, mas vocês vão amar o capítulo, ou assim espero!



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DIA - 1


Salão principal, alguma hora indeterminável de um dia que parece inacabável.


–Rosa e prata! -Gritou a garota de cabelos róseos que mesmo sendo mais baixa que a outra, a encarava com uma fúria que a tornava gigantesca. Me encolhi instintivamente mesmo que seu olhar mortífero não estivesse voltado para mim.


–Prata e dourado! - Rebateu a loira com uma calma capaz de tirar qualquer pessoa do sério. A sua frieza ao rebater a outra parecia ser a sua melhor arma. Meio exasperada esperei ouvir ao fundo uma torcida aclamando aquelas que pareciam lutadoras profissionais em um ringue.


A autora em questão tenta imaginar o que se passa pela cabeça de cada uma, já que conhece ambas, já faz mais dez minutos que as duas estão paradas no salão principal praticamente vazio e ainda não saíram do zero no quesito decoração.


Claro que me refiro à Heloíse Chase e Lana Prescott, e eu Lílian Potter, tento pela primeira vez transcrever minhas observações, então é isso, o grande livro que ganhei de natal não está mais em branco. Acabei sendo eleita como secretária da equipe, de modo que tenho que anotar tudo, é o que estou tentando fazer. Tenho certeza de que não foi isso que a Sara quis dizer quando me mandou começar a escrever minha história, porém isso é o que temos pra hoje.


–LÍLIAN! - As vozes estridentes de Heloíse e Lana são ouvidas por todo o salão principal em um estranho uníssono, o que fez com que todos os sétimoanistas presentes me olhassem com uma cara de pena. É eu também temia por minha integridade física, estar entre Lise e Lana seria uma tarefa complicada. Já nem quero falar nada sobre a minha integridade psicologica, depois de passar boa parte da tarde com essas duas posso esquecer da palavra "integridade" nesse quesito.


–Não? Sim? Talvez? -Falei em sequência para que talvez alguma das alternativas pudesse responder o quer que elas quisessem saber e acabar logo com isso.


–Viu ela disse que sim!! - Gritou Lana pulando e apontando pra Heloíse em um tom de comemoração. Isso só provava que não era eu a única com danos psicologicos. Hello, alguem deveria lembrar a sonserina ali de seu papel FRIO E CALCULISTA e não GRITANDO E PULANDO.


–MAS ELA DISSE QUE SIM PRA MIM! - Gritou Heloíse e então olhando pra mim fez biquinho ao perguntar. - Não foi Lily? Você disse sim pra minha ideia, não foi?


Como autora tenho que ser honesta, pensei sinceramente em dizer que "sim" para Lise, seria uma vingança particular contra Lana, mas uma ideia repentina de um salão todo em pink e prata cheio de borboletinhas e glitter me fez mudar de ideia. Desviei o olhar de Lise, suas caras de cachorrinho que caiu do caminhão, foi atropelado por hiprogrifos e passou por uma dieta de bolos do Hagrid poderiam ser realmente perigosas. Ainda bem que eu não sou o Hugo. Há, quem disse que viver perto de Sara Hale não tem suas vantagens. Observando a minha amiga durona notei sua estratégia para rechaçar as tentativas de persuasão de Lise. Na verdade é algo bem simples, quando ela começar a fazer o biquinho você desvia os olhos antes que ela faça seus enormer olhos cinzas de boneca brilharem cheios de lágrimas. E o mais importante, não volte a olhar para a mesma até que tenha a garantia de que ela mudou de expressão.


–Por que as duas não expõem suas ideias novamente? - Pedi do modo mais educado que pude, olhando sonhadora para a porta de saída. Acho que nem nos meus NOM’S de poções eu quis tanto sair de um lugar.


–Então, o que pensei foi...-Iniciou Lana gesticulando com as mãos.


–EU COMEÇO! - Interrompeu Lise.


–E por que isso? - Indagou a sonserina com as mãos na cintura fina.


–Porque Lílian é mais minha amiga do que sua! - Respondeu a pequena mostrando a língua para a outra e então começou a falar. Confesso que as coisas eram piores na minha imaginação.


–Imagine só Lílian, pense nas cores! Fitas rosadas envolvendo os buques de flores, balões prateados em cantos estratégicos, velas em todas as mesas, fitas de ambas as cores nas velas.


É a imagem até que não me parecia tão ruim, por outro lado vi os olhares de reprovação dos garotos, realmente estava tudo feminino e delicado de mais. Vi as futuras fotos e meus cabelos avermelhados parecendo fazer parte da decoração. Vi a Sara fazendo seu discurso e derrubando uma vela na mesa ateando fogo na mesma. Vi o Theodore Nott tentar apagar o fogo com a sua varinha, da qual saia um fino fiu de água. Vi Lana e Lise rolando por flores cor de rosa e brigando para ver de quem era a culpa.


Naham. Não precisava ser Trelawney para ver o resultado. Se estes fossem os sinais de minha ‘vião interior’ não haveria nada de rosa se dependesse de mim.


–Horrível, isso foi a decoração de minha festa de aniversário de onze anos! - Informou Lana cruzando os braços. E em tom de superioridade começou a falar sua ideia.


–Tudo em prata e dourado, nada de velas, a iluminação viria de estrelas enfeitiçadas, nas mesas apenas cristais, tudo sofisticado, nada de exageros com flores desnecessárias! Toalhas prateadas nas mesas, detalhes dourados! Não ficaria lindo? - Perguntou ela. Olhei para ambas tentando criar coragem pra explicar o motivo de nem uma e nem a outra ideia ser a ideal. Quer dizer tínhamos garotos ali, além disso estrelas iluminando? Ficaria parecendo um baile de formatura trouxa, tinha certeza já ter visto algo assim em um filme.


–Acredito que as duas decorações ficariam bonitas, mas será que é o ideal para o baile? Rosa não é uma cor muito, como dizer, feminina? Estrelas, Lana? Você só pode estar de brincadeira, Morgana deve ter usado estrelas no primeiro baile bruxo da história! -Falei tentando não soar tão dura, preciso dizer que não adiantou nada e que Heloíse fazia biquinho e Lana cruzou os braços com um ar aristocrático.


–Então o que você sugere já que é tão entendida de decoração? - Perguntou a loira ainda de braços cruzados.


–Não, sei bem. Mas pensem que ambas encontraram algo em comum, a cor prata. Por que não partem desse ponto e vão desenvolvendo juntas as ideias? - Perguntei encarando ambas e sabendo que não seria confortável para nenhuma trabalhar em conjunto.


–Juntas? - Pediu Lana erguendo uma sobrancelha. Pela sua expressão parecia que ela preferiria lavar o chão do banheiro masculino de quadribol com as próprias mãos a trabalhar com Lise.


–Sim Prescott, assim como ficou definida a votação da turma. - Falou Sara finalmente, aposto que ela só resolveu interferir porque percebeu que ninguém morreria naquela noite. Não sei se ficava brava por ela ter me ajudado APENAS no fim da discussão ou se ficava feliz, pois ela FINALMENTE tinha parado de falar sobre o que planejava escrever em seu discurso.


Droga estão me chamando do outro lado do salão, querem que eu faça alguma transfiguração em velhas toalhas de mesa. Mas já é tarde, provavelmente só vamos planejar como será. De qualquer modo assim se encerra o primeiro dia de preparação para o baile. O que significa um dia a menos de preparação e possivelmente sem dia a menos de vida para mim. Porque parece que o stress ou vai me matar ou vai me fazer acabar matando alguém. Vamos torcer para que seja o último.


DIA 2


Novamente salão principal, numa hora que deveria ser considerado errado pessoas normais já estarem acordadas, do segundo dia do que pessoalmente denomino de "MLPL: Missão levar Lily Potter a loucura."


Não preciso nem dizer quem são as magníficas pessoas que vão realizar esta tarefa, não é mesmo?!


Argh, lembrar de nunca mais deixar a Sara me arrancar tão cedo da cama. Meu humor fica parecido com o do Alvo em seus dias de velhice rabugenta e precoce. E não, você não ouviu errado. Sara Hale me tirou da cama. E sim, eu também acho de que isso é um sinal de que o mundo vai acabar.


Felizmente Lana e Heloíse finalmente decidiram que cores vão usar na coiseira toda. Sim, COISEIRA, com "C" maiúsculo, é apenas o segundo dia e todos da turma já estão insanos. Sara parece ter esquecido temporariamente os NIEM's e resolveu fazer do tal discurso a prioridade de sua vida.


–Lílian! Me escuta, vê se melhorou!


–Tá bom. - Respondi tentando não revirar os olhos e não deixar minha melhor amiga ainda mais estressada.


–BLABLABLABLEBLEBLABLALABLABLABLABLABLEBLIBLIBLOBLABLABLA....- Incrível, Sara tinha a mesma habilidade da diretora McGonagall de falar pra caramba sem respirar, e os olhos dela reviravam de empolgação em cada palavra. Ah Merlin, Lise e Hugo estão se agarrando em um canto, é bom que parem assim que a oxigenada der o ar de sua DESGRAÇA por aqui. Cacetada! Será que aquelas mãos são dele ou dela?? AH certo são da Lise as unhas estão pintadas... apesar que depois que ela pintou as unhas do Berlioz eu meio que fiquei com medo do próximo gato a aparecer enfeitado ser o Hugo... e eu realmente precisava de mais horas de sono. Lembre-se Lílian, pensamentos coerentes!... Ah, ótimo, agora estou me referindo a mim mesma na terceira pessoa era o que faltava para comprovar...


–E então? - Perguntou Sara sorrindo de modo satisfeito.


–Hum? - Foi tudo que pude verbalizar.


–LÍLIAN VOCÊ NÃO ESCUTOU UMA PALAVRA DO QUE EU DISSE ESCUTOU? - Pediu ela me fazendo recuar alguns passos pra trás, eu não estava correndo muito bem ainda, seria justo que eu tivesse uma vantagem. Além do que convenhamos ela tem essas pernas compridas que não parecem acabar nunca. Antes do acidente era certo que eu conseguiria bater Sara Hale em qualquer corrida. Agora acho que a minha falta de coordenação motora rivalizava com o seu condicionamento físico de uma velhinha tísica de 60 anos.


–Hum, Sara não é que eu não tenha escutado... – falei tentando ganhar tempo.


–COMO POSSO ESCREVER UM DISCURSO SE NEM MINHA MELHOR AMIGA QUER ME OUVIR? -Perguntou ela, Sara já era bem mais alta que eu, mas naquele momento eu me senti uma anãzinha perto dela.


–HALE! O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO? - Certo tá todo mundo louco, alguém para a nave que eu quero voltar pra boa e velha normalidade. Desde quando o esquisito e introspectivo Theodore Nott gritava pelo salão. Honestamente a autora aqui quase se beliscou para verificar o quanto daquilo tudo era real. O esquisito do monitor chefe tinha falado, ou melhor gritado, com a monitora chefe sempre certinha. Eu acho que tinha começado a delirar de sono.


–É, eu só estava..eu só estava.... - Minha amiga começou com um sorriso amarelo enquanto tentava esconder o pergaminho do discurso nas vestes. Só pra deixar claro uma coisa, a minha querida cunhadinha e discrição não são duas coisas que se misturam bem. De fato completamente imiscíveis. Enquanto ela tentava esconder rapidamente o pergaminho em suas vestes e não achava os bolsos eu suspirei exasperada. Eu sabia que tinha um motivo para não querer levantar hoje de manhã.


–Nós tínhamos combinados de escrever o discurso juntos, como é que vamos fazer isso se você já escreveu? - Perguntou ele parecendo verdadeiramente chateado. Ele e a Sara trabalhavam juntos desde que ela começou a ser monitora no quinto ano. Espantada fiquei parada olhando enquanto eles interagiam. Na verdade eu estava muito chocada para me mexer. O esquisito do futuro inominável tinha mostrado ter emoções. Enquanto ficava abrindo e fechando a boca como um peixinho fora da água olhei para o sonserino e tive de lutar contra a súbita vontade de lhe por no meu colo e lhe consolar. Meu Merlin essa loucura toda de baile não estava me fazendo bem. Eu não acredito que acabei de pensar que quando Nott não estava sendo um esquisitão cubo de gelo ele parecia até mesmo FOFO.


–Ah...é só um esboço! Mas acho que ficou horrível, vamos escrever um agora o que acha disso? - Tentou ela com um sorriso ainda mais amarelo, contive o riso ao ver a cara de bravo de Theo, porém logo os dois foram juntos para a mesa tentar trabalhar no discurso, enquanto ele a ameaçava de que se ela tentasse novamente fazer sozinha algo que eles tinham combinado de fazer juntos ele iria fazê-la ler e revisar sozinha os relatórios dos monitores da corvinal. Aparentemente essa era uma tarefa muito chata se considerarmos a cara que a minha amiga fez e a sua rapidez em jurar de pé juntos que ela iria esperar por ele para fazer o que tinham combinado juntos.


Essa frase soou estranhamente errônea em minha mente. Um arrepio percorreu minha espinha ao imaginar um peculiar triângulo amoroso. Sara, James e Nott. NOJENTO!!! Imagem mental muito ruim. Mas começando a ficar boa ao imaginar o James dando um golpe de ninja com um candelabro no futuro inominável com uma cara mais do que apavorante. Até nos meus delírios James era extremamente possessivo sobre o seu Girassol.


Sacudi a cabeça tentando espantar tais pensamentos absurdos e prometendo que se alguém amanhã me arrancasse da cama tão cedo seria EU a ir para cima da pessoa com um golpe ninja de candelabro.


Respirei fundo para então começar mais uma rodada de gritaria.


–O que vocês pensam que estão fazendo? Eu falei que queria uma cascata! Com essa quantidade de flores não faremos nem uma goteira! - Esbravejou Lana Prescott segurando uma prancheta na mão. Ela segurava a prancheta como se esta fosse uma arma mortal, mas pelos seus gritos não duvidei nem por um momento de que se preciso ela a usaria como uma a qualquer momento.


–CASCATA? Nós não tínhamos combinado que o efeito seria como se chovessem orquídeas? -Indagou Heloíse deixando cair uma taça de cristal no chão.


–Não Chase, acho que nós duas concordamos que cascatas em apenas alguns locais seria muito mais adequado! E OLHA SÓ O QUE VOCÊ FEZ! Não é como se tivéssemos taças sobrando. - Criticou a loira apontando para o chão.


–ARGHS! Você é uma bruxa ou o que Prescott? - Perguntou minha amigas de cabelos róseos apontando a varinha para o chão e consertando a taça.


–POTTER!!! - Certo, hora de descontar na pobre Lily.


–Não, sim, talvez. - Falei sorrindo e tentando não voar no pescoço de nenhuma das duas garotas histéricas enquanto proferia a frase que se tornou a minha marca registrada no último dia. Infelizmente para mim elas não pegaram a minha insinuação e escolheram uma das respostas sem discutir. Porque é claro, isso seria esperar demais da minha sorte. Procure karma no dicionário e minha foto vai estar lá.


–Sem gracinhas Lily. -Reprovou Heloíse, certo agora era definitivo eu estava em uma nave vivendo em um universo paralelo.


–Você ainda não transfigurou as toalhas. - Me censurou a sonserina.


–Vocês não decidiram nem a cor e nem o formato delas. - Respondi na lata.


O que foi uma resposta bem idiota visto que elas começaram uma nova discussão, agora sobre toalhas.


Ah as maravilhas de um baile na escola.


E assim foi o segundo dia.


DIA 3


Não estamos no salão principal hoje, tivemos a tarde de folga e estamos em Hogsmeade fazendo compras, ou estávamos já que no momento estamos todos no Três Vassouras, bar que agora é da esposa do professor Longbottom. É a redondinha e amável Hanna Longbottom a quem interessar. Está muito quente e ela serviu cervejas amanteigadas bem geladas pra todo mundo de graça, disse que é para compensar nosso trabalho no baile.


Enquanto escaneava a área me abanava com o menu de bebidas tentando em vão diminuir meu calor após correr a tarde inteira de um lado para o outro. Ao olhar para a porta meu calor só aumentou me fazendo resmungar sobre Merlin e seu visível ódio por essa ruiva.


Ah Merlin, David está entrando agora mesmo no bar, ele está de shorts de corrida e regata cinza. Ah Merlin ele corre...Momento de imagem mental...Lílian Potter correndo ao lado dele, Lílian Potter usando as camisetas dele pra correr invés de usar as do irmão mais velho. Lílian Potter limpando o suor da testa e recebendo um beijo de David, Lílian e David correndo segurando a coleira de um grande labrador amarelo que nem propaganda de tv trouxa.


–Oi Lílian. -AH DROGA!!!Lílian Potter derramando cerveja pra fora da boca! NÃO ISSO NÃO FOI UMA IMAGEM MENTAL.


–Opa. - Falei soltando um risinho estranho e quase me engasgando.


–Você está bem? - Pediu ele me encarando com aqueles olhos azuis perfeitos e penetrantes.


–Ah sim estou...ahm você estava correndo? - Pedi tentando desviar o foco.


–Estava, ajuda a refrescar a mente às vezes. - Me respondeu com um sorriso. - Não tanto quando uma bebida gelada claro. - Completou ele, e para minha total surpresa ele passou o dedo em meu queixo onde ainda havia um pouco de cerveja e levou o dedo a boca. - Delicioso! - Terminou ele dando uma piscada nada inocente e me deixando da cor de um tomate.


AAAAAAHHHHHHHH!!! Maldito seja ele e seu poder de me hipnotizar, e também maldita seja a McGonagall que o contratou pra ser meu professor! VIDA INGRATA E INJUSTA É SÓ O QUE TENHO A DECLARAR!


Minha primeira preocupação foi olhar pro lado e ver se alguém tinha notado aquilo, pelo visto não, os garotos bebiam felizes em uma mesa, as meninas discutiam sobre a escolha de seus vestidos. Sim, é pra isso que tínhamos sido liberados, escolher vestidos e terminar de comprar as coisas para a decoração. Antes que pudesse bolar um plano diabólico de provocação para David ele havia sumido.


Tá não sumido, só não estava mais sentado no banco do balcão do bar ao meu lado, agora estava parado no meio do pub.


–Atenção pessoal! A diretora me mandou vir buscar vocês! Então chega de folga hoje, todos de volta para Hogwarts agora!


E assim, vermelha e cheia de sacolas terminei o terceiro dia. Resmungando avidamente para quer quisesse e não quisesse ouvir que não houve nenhuma mísera folga em meu dia. Gostaria de ver ELE lidar com um monte de garotas histéricas procurando um vestido para o evento que esperavam desde que entraram em Hogwarts.


Se eu achava que a minha vida de secretária da coiseira não era fácil é porque eu ainda não tinha ido à compra de vestidos com a Lise. Só para constar essa é uma experiência que eu realmente não quero repetir.


DIA 4


Certo hoje é o dia crucial, isso segundo Lana e Heloíse que não param de correr pra um lado e pro outro dando ordens.


"Enrole essas fitas direito!" "Não, eu disse seis dúzias por camada!" "As toalhas Potter!" "Você chama isso de transfigurar algo em branco! Se não fizer direito vai ter que pintar a mão do jeito trouxa!"


"NÃO SARA EU NÃO QUERO OUVIR O DISCURSO!" ou então do jeito ainda mais sensível de Lana "MAS QUE PORRA HALE, EU JÁ DISSE QUE NÃO QUERO ESCUTAR O MALDITO FALATÓRIO! UMA VEZ SERÁ MAIS QUE SUFICIENTE!."


Hugo e Lise pareciam um casal recém casado decorando a casa.


–Não amor, coloca mais um pouquinho pra direita! Não, não! Pra OUTRA direita! Agora inclina mais um pouquinho pro centro do salão!NÃO! Eu disse um pouquinho, volta ele. NÃO! Só mais um pouco! ISSO FICOU PERFEITO! - Comemorava ela após alguns minutos e pulava animada no pescoço do meu primo que suava a camisa pra deixar a namorada satisfeita. Literalmente... e nem era do modo pervertido. Ai ai, quando Lise vai aprender que paredes servem pra muito mais do que pendurar flores e luminárias.


FOCO POTTER! MANTENHA O FOCO!


Gritava minha consciência.


–Lílian pode por favor vir aqui um instante? - Pediu Lana que estava para do outro lado do salão encarando uma pilha de talheres. A DISTÂNCIA É A MESMA! Gritou meu lado rebelde que tendia a aflorar quando me mandavam fazer muita coisa. Porém a Lílian Potter educada que a mamãe mimou com todo amor e carinho caminhou até a sonserina. Resmungando mentalmente durante todo o caminho, mas isso é apenas um detalhe irrelevante.


–O que foi? - Pedi olhando para aquilo tudo.


–Conhece algum encanto para que brilhem feito prata nova? McGonagall colocou um limite bem claro no orçamento. - Me explicou ela olhando para a pilha de prataria gasta e riscada.


–Vai levar um tempo, mas sim, tem como transfigurar isso tudo. Claro que deve ter uma poção eficiente pra mergulhar coisas e deixá-las brilhando como novas. - Sugeri.


–NÃO! Não quero que David se intrometa nisso, não quero ver ele. Pode fazer isso por favor? - Sem opção, tendo em vista que ela era a chefe ali murmurei um sim e comecei a trabalhar.


APENAS 3 DIAS PARA O BAILE, ESTAMOS SURTANDO AQUI!!


DIA 5


Parece que alguém comentou com a McGonagall que eu precisaria de aulas de dança para abrir o baile decentemente. Sara disse que não foi ela, mas eu tenho quase certeza de que foi ela quem disse, aposto como ficou preocupada e resolveu sair em minha defesa sem eu nem mesmo ter pedido por ajuda. ODEIO ISSO.


Então é isso, como secretária oficial da coiseira toda devo dizer que meu quinto dia de preparação foi bem mais estranho do que eu imaginei. Então logo depois da última aula tive de ir até uma sala desocupada no primeiro andar receber instruções para não fazer feio no baile.


Certo,conhecendo minha sorte eu deveria saber quem seria meu professor.


Não, não era Katherine, quem me dera fosse ela,ou qualquer outra pessoa que não fosse David Prescott, meu adorado professor de poções. Até Filch estava valendo, para você ter noção do desespero.


–Você? - Perguntei assim que entrei na sala, torcendo pra aquilo ser um enorme engano. David usava shorts de corrida e uma camiseta puída, suponho que se ele estivesse em um traje de gala seria muito, muito pior.


–A senhorita pode não saber, mas sou um exímio dançarino, McGonagall sabia disso. - Explicou ele com um sorriso de matar. - Trouxe os sapatos? - Pediu ele me encarando com intensidade, e apesar de eu estar de uniforme me senti quase nua diante daquilo.


–Claro. - Respondi me sentando em uma cadeira no canto e trocando meus sapatos pretos do uniforme por uma alta e mortal sandália preta que eu usaria na noite do baile. Assim que tentei me levantar, agradeci mentalmente por estar perto da parede, Merlin como eu dançaria usando aqueles saltos?


–Opa! Calma. - Falou David rindo e vindo em minha direção, ele já estendia uma mão, quando fui tomada por reações totalmente exageradas e inapropriadas.


–PARA! Sério! Não se aproxime mais! - Gritei fazendo com que ele travasse e me encarasse confuso, fiquei instantaneamente vermelha ao perceber meu exagero, mas qual é! Ele vinha me provocando desde que pusera os pés na escola, não é como se eu não tivesse motivos pra desconfiar. Ele podia se fazer de santo mas eu via claramente pelo modo que ele se posicionava sempre com uma parede como plano de fundo ou com as suas malditas vestes.


–Lílian? Eu realmente acho que vamos precisar nos aproximar pra dançar. - Comentou ele ainda sem deixar de me encarar, tirou a varinha do bolso e eu em mais uma reação exagerada peguei a minha e a segurei pronta para o ataque. Sem nunca desviar nossos olhares ele acenou sua varinha para um velho aparelho que começou a emitir uma música suave e envolvente. Ergueu uma sobrancelha em uma clara provocação e tornou a guardar a varinha no bolso do shorts.


Respirei profundamente, guardei minha varinha e me aproximei dele, meio cambaleando mas tentei manter a pose.


–Pronta?- Perguntou ele ao mesmo tempo em que uma de suas mão encontrava as minhas e a outra envolvia minha cintura me aproximando ainda mais dele.


–Me prometa que só vamos ensaiar, ok? - Pedi tremendo só de sentir aquele contato.


–Nem me passou pela cabeça outra coisa Lily. - Respondeu ele começando a me guiar pela sala.


ARGHS.


Se antes do acidente eu já não era uma excelente dançarina, agora eu era deplorável. Tropeçava em meus próprios pés, pisava no pé dele, embolava uma perna na outra, não foi uma experiência nada divertida.


–Apenas siga os meus movimentos. - Pediu ele após um tempo de tortura, e como se possível me levou para ainda mais próximo de seu corpo de músculos não bem definidos, porém longos e aos meus olhos muito atraentes.


Ele me guiava suavemente, mas com confiança como se tivesse total certeza sobre o que estava fazendo. Por um momento divaguei sobre as habilidades de dança do meu pai. Se dançar estava realmente em saber guiar o parceiro eu previa um grande desastre.


Pouco a pouco meu corpo se uniu ao dele, uma sincronia que eu tinha quase certeza não aconteceria com meu pai, soube que estava sorrindo, de certo modo era como voar novamente. Meu corpo não parecia mais tão desajeitado, e conforme a música ia tocando eu me sentia mais e mais leve, eu poderia flutuar naquele momento, eu poderia gargalhar, fechar os olhos e me deixar ser conduzida até onde David quisesse.


–Você não torna as coisas fáceis pra mim Lílian Potter. - Comentou ele em meu ouvido causando um leve e delicioso formigamento onde seus lábios encontraram minha orelha.


–Ha... bem eu mesmo que estou dificultando as coisas. É você que não parou de me perturbar desde que chegou aqui. - Respondi tentando não mover meu olhar para sua boca tão bem desenhada.


–Culpado. Mas como eu poderia imaginar que a garota mais bela, surpreendente e interessante daquela festa viria a ser minha aluna? - Questionou ele me fazendo virar um pimentão na hora, ele tinha esse dom de me deixar vermelha com poucas palavras. Droga, como eu podia fugir dele, como eu podia agir corretamente quando David procurava incessantemente me fazer errar?


Eu era uma verdadeira heroína por ainda não ter sucumbido aquilo. Se eu gostava? Eu não sabia, dizer. Mas eu amava o modo como ele me encarava, o modo como seus olhos famintos percorriam meu corpo e faziam com que eu me sentisse a garota, não a garota não! Eu me sentia a mulher mais linda e desejada do mundo. Eu amava como seu sorriso era verdadeiro, nada de sorriso de canto, quando David sorria ele o fazia verdadeiramente, como se para atestar a veracidade do gesto.


A voz aveludada que não cansava de me provocar e causar arrepios apenas com palavras, ele nem precisaria me tocar para que eu sentisse algo, bastava falar. Eu amava tudo isso, e contra ele? Apenas duas coisas.


1- Ele era meu professor.


2- Ele abandonara Lana e a família por algum motivo.


Mas naquele momento, o modo como me encarava, eu já estava totalmente submersa na imensidão azul. David cumpriu a promessa afinal, não foi ele quem me beijou. Pelo contrário, não me segurei e quando dei por mim já estava em seus braços no meio de um beijo quase tão afoito e sensual quanto o primeiro.


Mas esse era ainda melhor, o medo de ser pega por alguém deixava tudo ainda mais excitante, suas mãos marcavam minha pele como fogo, seus lábios ao encontrarem meu pescoço me fizeram suspirar.


EU ESTAVA PERDIDA.


Ou não, talvez eu finalmente tivesse me encontrado.


O barulho de coisas se quebrando no corredor nos separou, estávamos ambos vermelhos e ofegantes, David encarava a porta com medo ao passo que fiz o melhor para ajeitar minha camisa. Logo os sons cessaram e antes que ele pudesse me deter já estava com minha mochila na mão.


–Obrigada pela aula professor! - Gritei escapando da sala e correndo para me misturar aos alunos que se dirigiam para o salão jantar.


DIA 6


Já fazia mais de uma hora que estava fazendo laços, honestamente devia ter alguma lei contra aquele tipo de trabalho. Na noite do baile eu mataria o primeiro que ousasse encostar nessa decoração depois de todo o trabalho que está nos dando.


Por outro lado, é bom trabalhar, evita que meus pensamentos voem para a noite de ontem, droga! Por que eu pensei nisso? Agora é obvio que eu vou ficar lembrando, lembrando e lembrando.


Eu passara o dia evitando o mundo inteiro, andei pelos corredores tomando todo o cuidado necessário para não cruzar com ele pelo caminho, evitei minhas amigas que me perguntavam o motivo de minha estranheza.


O pior de tudo é que eu precisava falar com ele, na minha ânsia de sair correndo na noite passada esqueci minhas sandálias naquela sala, e sim eu já fora lá procurá-las e não estavam lá. David as tinha pego, e eu tinha a desculpa perfeita para vê-lo de novo.


Terminei mais um laço e respirei fundo, Lana e Lise estavam do outro lado do salão, para variar discutiam por alguma questão da decoração, as duas não chegavam a um consenso quanto a localização das flores.


Respirei fundo e me aproximei de ambas, eu teria que pedir se eu poderia sair, o que era o cumulo, se querem saber!


–Lílian que bom que está aqui, terminou os laços? - Pediu Heloíse desviando o foco.


–Sim, claro.- Respondi pensando no quanto gostaria de ter ficado enrolando mais em laços. É, eu realmente não aguentava mais eles, mas eu tinha estranha suspeita de que elas iriam querer que eu fizesse oura coisa assim que eu ficasse livre. Estava em condições de trabalho pior do que a dos elfos domésticos!


–Ótimo, então comece a ajudar com a decoração das mesas. - Ordenou Lana, me fazendo revirar os olhos ao ouvir seu tom mandão. Droga, eu era a capitã do time, portanto eu gostava de mandar e não de seguir ordens.


–Na verdade, eu preciso falar com o professor Prescott. - Pedi tentando fazer a melhor carinha de pobre coitada, como se eu quisesse mesmo ajudar a arrumar as mesas. AH TÁ!


–O que você quer com meu irmão? - Pediu a loira colocando a mão na cintura e estreitando os olhos de modo ameaçador em minha direção.


–Se liga, ele é nosso professor de poções Prescott. - Me defendeu Lise ao ver a reação totalmente exagerada de Lana, certo exagerada pra elas que não sabiam que ela tinha mesmo um motivo pra me acusar.


–Certo, Merlin sabe que toda a ajuda de poções pra você será bem vinda. - Murmurou Lana voltando a se concentrar no pergaminho que continha o mapa do salão, riscou algo em um canto e assim que Lise viu isso tornou a gritar.


–AH NÃO!Vai ficar fora de angulo aí, no outro canto é melhor. - Obviamente eu tratei de sair dali o mais rápido que consegui.


Ao chegar à sala de David me surpreendi ao constatar que ele não estava sozinho:


–Você não pode evitá-los pra sempre, sabe disso. - Falou Katherine secamente.


–Tenho feito isso muito bem nos últimos anos Kath. - Rebateu ele fazendo com que eu sentisse um arrepio ao perceber o quão íntimos eles deveriam ser.


–Quando você fugiu, seus pais vieram me procurar, estavam realmente preocupados. - Tentou novamente a mestre de feitiços.


–Eles estavam preocupados é com a repercussão, não queriam que o mundo soubesse que o filho perfeito estava deixando Hogwarts. - Respondeu David rapidamente.


–Lana também sofreu, droga você não podia tê-la abandonado. - Acusou Katherine.


–Eu sei. - Uma pequena pausa, ouvi passos dentro da sala e me afastei da porta com medo que a professora saísse e me pegasse ouvindo a conversa.


–Então por que continua longe dela? - A voz da professora Sullivan se sobressaiu novamente.


–Lana não me quer por perto, se sente traída. Mas eu a vinguei ele nunca mais vai encostar em um fio de cabelo dela. - Disse o professor com tanta frieza que senti medo dele, senti medo por Lana também. Alguém tinha feito muito mal a ela e agora eu tinha certeza disso.


Mais passos, distingui os saltos da professora batendo no chão de pedra, me afastei o suficiente para parecer que chegava agora até a sala do professor no exato momento em que a porta foi aberta.


–Potter, não devia estar no salão?


–Eu estava lá, mas precisava pegar algo com o prof. Lewis. - Respondi inocentemente.


–Algo? - Pediu ela arqueando a sobrancelha.


–Sim Katherine, tem um trabalho da senhorita Potter aqui e quero explicar alguns detalhes pra ela. - Suspirei aliviada em perceber que David veio em minha defesa, ele pareceu bastante convincente, mesmo assim Sullivan me deu mais uma encarada antes de seguir pelo corredor. - Entre Potter. - Convidou ele sorrindo ao pronunciar meu sobrenome, com cautela adentrei sua sala e logo me apaixonei por ela.


Eu já tinha visitado a séria e elegante sala de Katherine Sullivan e a fofa e descontraída sala de Lucy Prado, mas sem dúvida a de David era a que eu mais gostava.


Os móveis eram diferentes, mas de certo modo faziam uma harmonia perfeita, em um canto uma poltrona estava rodeada por almofadas no chão e imaginei como seria ler deitada ali. Uma lareira, prateleiras com livros, na mesa de trabalho uma genuína bagunça, recortes de jornais, trabalhos de alunos, tintas, penas e livros. Uma grande coruja branca descansava próxima da lareira, onde também haviam algumas plantas um tanto quanto estranhas. Apesar de ser tradicionalmente de uma família nobre, sua sala lembrava de mais a casa de meus avós, simples e aconchegante. Me lembrei que ele abdicara da fortuna dos pais, o que explicava de certo modo a simplicidade.


Um mural na parede me chamou atenção, eram foto de vários lugares diferentes, em cada foto uma pessoa diferente, era intrigante e ao mesmo tempo estranho.


–São os lugares em que estive desde que sai de casa. - Explicou ele ao notar que não desviava o olhar.


–Uau e essas pessoas, quem são? - Perguntei com curiosidade.


–Estive fazendo algumas pesquisas para minhas poções, esses nas fotos são bruxos e bruxas que me ajudaram em cada país. Japão, Malásia, Brasil, Rússia, Índia, China, Indonésia, Islândia, Butão, Nigéria, Peru e muitos outros. - Informou David.


–Deve ter sido legal. - Comentei sorrindo pra ele que estava escorado em sua mesa de professor e desafrouxava a gravata de um modo muito atraente.


–Uma boa experiência.- Concordou sorrindo também. - Então suponho que queira seus sapatos.


–Sim, mas além disso. Acho que a gente precisa conversar.


–A culpa é toda sua. - Disse sorrindo e apontando pra mim.


–Minha? - Pedi sorrindo e achando graça naquela atitude infantil.


–Claro que sim. Você que fugiu da escola e foi em uma festa que não devia ir. - Acusou ele me encarando.


–Eu mereço mesmo. - Respondi balançando a cabeça e rindo.


–Sabe o ano letivo está chegando ao fim e logo você não será mais minha aluna. - Falou David deixando uma sugestão omissa no comentário.


–Eu sei, mas até lá acho que a gente tem que maneirar. - Disse sentindo que estava ficando vermelha.


–Maneirar é? - Perguntou erguendo uma sobrancelha, dei risada, não pude me conter.


–Você me entendeu. - Falei fazendo bico e fazendo com que ele risse, revirei os olhos e percebi que David se aproximou de mim.


–Quero que você entenda algo Lílian Potter. Desde aquela festa não penso em outra coisa a não ser você, fazia muito tempo que uma garota não mexia tanto comigo. Entende porque não estou maneirando? - Perguntou ele muito próximo de mim, estávamos muito perto um do outro, ele cheirava bem e isso seria minha perdição se eu não tivesse me afastado por segurança.


–Isso não vai dar certo. Não podemos, droga, você é o mais velho será que não dá pra ser o responsável também? - Perguntei ficando levemente zangada com sua insistência em me provocar.


–Eu sai de casa com 16 anos e rodei o mundo sem um galeão no bolso. Não sou responsável. - Respondeu David sorrindo daquele jeito que me fazia desmoronar.


–Mas eu sou, eu realmente preciso ficar na linha nesse final de semestre, tenho uma vaga em Paris pra mim e não posso perder isso também. - Expliquei olhando para a parede de pedra.


–Sinto muito pelo acidente. - Murmurou ele.


–Não sinta, odeio que sintam pena de mim, estou melhor de qualquer modo. - Falei dando ombros, virei de costas pra ele e para meu espanto senti seus braço me rodeando como há muito tempo ninguém fazia. Me senti acolhida e protegida por ele.


–Lana me contou tudo Lílian, sinto mais do que pode imaginar, por você e por minha irmã também, ela não costumava ser assim. - Comentou ele acariciando meus ombros.


–Não ela ficou assim depois que você foi embora. - Soltei sem pensar bem, assim que David me soltou percebi que ele sentia uma culpa tremenda por tudo.


–Seus sapatos Lílian. - Falou apontando a varinha fazendo com o que o par de saltos flutuasse até minhas mãos.


–David me desculpa por falar assim. - Pedi tentando corrigir meu erro.


–Eu fui covarde Potter e talvez ainda seja um. É melhor você sair agora.


Sai da sala de David Prescott pensando naquilo que ele falara, cada vez mais queria saber porque ele tinha partido, assim como também queria saber o que eu começava a sentir por ele.


DIA 7


David vinha em minha direção com um olhar predador. Seus olhos encaravam os meus, brilhantes e azuis me desafiando a desviar o olhar. Seu andar meio felino pela masmorra, em sua sala de poções me fez arrepiar. E com certeza não era por medo. Ele usava uma camisa cinza que parecia extremamente confortável junto com calças jeans surradas. Ele parecia todo macio e convidativo.


David parou bem a minha frente me fazendo prender a respiração enquanto ele tocava suavemente em meu queixo me fazendo encará-lo. Seus olhos brilhavam perigosamente quando num movimento súbito ele me virou e me encostou contra a parede. Ele se aproximou de mim e ficou a milímetros do meu corpo que estava encostado na parede, mas sem nunca pressionar seu corpo contra o meu como eu ansiava.


Ele afastou uma mecha de meu cabelo e sussurrou em meu ouvido de maneira rouca.


– Esqueceu algo em minha sala Potter?


Estremecendo respondi gaguejante.


– Sim... Eu... Professor


Ele passou suavemente seus lábios pelo meu pescoço me fazendo estremecer.


– Eu adoro quando você me chama de Professor.


Ele fechou a pouca distância que nos separava seu corpo prensando o meu contra a parede eu agarrei a frente de suas vestes e se possível e puxei ainda mais para mim. Quando seus lábios iam finalmente encostar nos meus...


BANG


– HUNF!


– Lily?- veio a voz de Lise do meio das suas cobertas roxas e rosas. Sua cabeça apareceu sobre as cobertas num emaranhado de cabelos róseos enquanto seus olhos escaneavam o quarto passando sonolentos pela minha cama e nem notando que eu não estava na mesma.


– Sara?- perguntou Lise sonolenta olhando para a cama da monitora, que por sinal tinha dormido em cima de seu discurso abraçando o seu cachorrinho e com uma mancha de tinta no rosto. Como resposta a castanha agarrou ainda mais seu bichinho de pelúcia.


– Hmmm Jaammess – gemeu a minha cunhadinha obviamente tendo um sonho... quente.


E isso realmente era o que eu NÃO PRECISAVA PARA COMEÇAR A MINHA MANHÃ!


Porque Merlin? Porque você me odeia? Só pode que eu colei chiclete em sua samba canção preferida em outra vida.


Não é justo! PORQUE OS OUTROS PODEM TER SONHOS QUENTES EM PAZ E EU NÃO???!!!


Nããããão, Lily Potter tem de cair no chão quando ela finalmente esta conseguindo expressar o real valor das paredes e por as mãos nas ROUPAS do seu gostoso professor de poções Davis Prescott!


– ISSO NÃO É JUSTO!- Berrei a todo o pulmão chutando as minhas cobertas tentando me levantar.


Lise sentou-se reta na cama como se tivesse tomado um choque enquanto que a Sara pulou em pé ainda agarrada ao seu cachorrinho de pelúcia também exclamando em plenos berros.


– NÓS SÓ ESTAVAMOS REVISTANDO O LADO DE DENTRO DO ARMÁRIO DE VASSOURAS!- reportou a castanha como se estivesse se explicando para um general.


Eu e a Lise nos olhamos e olhamos para a castanha que olhava o quarto a sua volta meio desorientada como se não soubesse direito o que estava fazendo ali. Foi impossível não rir. Sara usava uma antiga camisa do James de malha que parecia enorme nela parando no meio de suas cochas (eu tinha tentado surrupiar a bendita camisa dele, mas ele me disse que era sua camisa preferida e que "POTTER 23" era seu número no time de quadribol. Ele ganhou a camiseta em seu último ano quando era capitão e o time ganhou a taça com uma vitória de mais de 700 pontos da Grifinória sobre a Sonserina- e eu realmente não queria saber o que a Sara fez para conseguir tal camisa). Com os cabelos excepcionalmente armados ela finalmente pareceu perceber onde estava e corou muito. Mas muito mesmo.


Enquanto eu e Lise rolávamos de tanto rir ela resmungava alguma coisa sobre falta de consideração e sonhando muito bem.


– Sonhando muito bem é Hale?- Importunou Lise.


Sara resmungou coisas ininteligíveis provocando outro acesso de risos em mim.


Eu ria pra não chorar. NOVAMENTE POR QUE EU? Bem quando eu tava no bom da parede...


– Armário de vassouras hein Sara. Vou ter que admitir que eu não esperava essa de você!- provocou Lise fazendo a monitora lhe lançar um olhar penetrante e sair para um banheiro andando com toda a dignidade que ela conseguiu arrumar.


O que não era muita. Ela ainda tinha o cabelo como se tivesse acabado de presenciar um furacão e seu rosto ainda estava manchado de tinta.


Lise olhou para mim ainda no chão levantando as sombrancelhas.


– E o que você está fazendo aí?


– Pesadelo,- respondi prontamente.


– Deve ter sido horrível para você ter ido parar aí no chão !– Falou ela ainda me encarando estranhamente.


– É. Horrível.


Porque no fim tive de me conformar. Quem não tem parede se contenta com o chão.


***


Eu me servia vagarosamente de suco de abóbora pensando em meu dia.


Começou mal, mas não posso reclamar, ficou melhor.


Enquanto eu me arrastava pelo quarto resmungando igual a uma velha Lise me informou que já estava tudo organizado e que o dia de hoje seria livre, ou seja, era esperado que organizássemos o que nos faltava para o evento, mas o evento em si já estava pronto.


– E quando foi que isso aconteceu?- perguntei. Não que eu estivesse reclamado, mas se tivessem me falado que já estava tudo organizado ontem eu teria soltado a caixa de fogos de artifícios especiais que ganhei de tio George.


– Bom, Prescott e eu finalmente concordamos em uma coisa.


Olhei para ela espantada enquanto a Sara que saia do banheiro trupicava no tapete ao ouvir o que a Lise falou.


– O quê?- Pedimos em uníssono fazendo Lise revirar os olhos perante o nosso choque.


– Bom, como eu dizia concordamos que seria bom liberar o pessoal hoje já que muitas pessoas ainda não organizaram tudo que precisam para amanhã. Como sapatos, penteados e a confirmação da presença de seus convidados. Então conseguimos terminar tudo ontem e temos o dia de hoje de "folga".


Acho que nunca antes fiquei tão feliz com um dia de folga. Ficamos no quarto a manhã inteira terminando de discutir o que iríamos fazer com nossos cabelos e maquiagens. Sara até se animou e fez um calendário com o horário que cada uma de nós deveria usar o banheiro para não dar confusão. Saltitante a monitora pendurou o pergaminho na porta do banheiro e voltou a se esparramar em sua cama, seguindo o meu exemplo.


Lise era a mais animada, com o estojo de maquiagem levava quase que um monólogo discutindo cores de sombra e blush. Para que ela continuasse tranquila bastava que eu concordasse e exclamasse nas horas certas. Sara verificava pela milionésima vez a carta de James falando para si mesma a hora que ele ia chegar e repetindo que ele iria mesmo vir. Eu tive que rir da louca da minha amiga, James vinha em todas as festas que Hogwarts dava, uma porque ele era festeiro, mas principalmente só para vê-la. Se ele fazia isso antes porque agora que ele FINALMENTE iria poder acompanha-la como namorado ele não iria vir?


Quando descemos para o almoço eu fiz um grande esforço para não encarar o David. O sonho ainda estava muito claro em minha mente. Bom, como é que eu poderia esquecê-lo se eu ficava revivendo as cenas da minha própria imaginação de novo e de novo sem me cansar?!


A tarde passou de maneira monótona com a Heloíse verificando repetitivamente se nossos vestidos estavam ok e repassando a sua lista de tarefas mentalmente. Sara se desligou completamente lendo um de seus livros para o NIEM’S enquanto que eu realizava a fina arte de não fazer absolutamente nada.


Mais rápido do que eu esperava a noite chegou e com ela a euforia de que seria amanhã! Parecia vergonhoso mas lembrávamos muito crianças na véspera do natal. A única diferença é que nessa festa ao invés de possivelmente ganharmos o presente de nossas vidas estaríamos estabelecendo os contatos necessários ás nossas vidas.



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Notas finais do capítulo

NB/KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
Adorei esse cap! A Lily tava muito louca!
Coitada, secretaria da Lise e da Lana!
Muito fofa a parte em que a Lise e o Hugo parecem um casal decorando a casa!
Lily e seus sonhos 66666 (dá até um filme, o verdadeiro sentido da parede...)
Bom, espero que vcs tenham gostado, pq eu gostei! Mas eu ai, autora e beta merece ou não um monte de comentários?!
Bjs da beta,
Milady Black
NA/ Quem amou o capítulo bônus, sim porque ele não existia no planejamento, levanta a mão!!! Õ/
Bom o último dia foi escrito pela Beta, o que nota-se pelo sonho pervertido....NÃO MILADY NÃO BRIGA COMIGO! hahsuahsuashuashua
Espero que tenham gostado! Ansiosas para o baile assim como as garotas?
Próximo capítulo não vai demorar!
Beijos
Loreline Potter



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