Ironias do Amor escrita por Tortuguita


Capítulo 6
Desafiando o inimigo




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Melanie Bass

– Resolveram fazer um bando também?

– Não começa Ricardo. – Julia revirou os olhos enquanto descia as escadas.

– De onde é a garota? – Jean se meteu.

– Conhecemos enquanto vocês estavam em Madri.

– Não gosto dela. – Ricardo resmungou se jogando no sofá ao lado de Jean e pegou o outro controle da Playstation.

– Ela é legal! – Eu disse meio desconcertada.

– Por que ela te chamou de porco espinho? – Julia falou no fundo da sala – Não fique ressentido irmãozinho existem outras além dela que não se arrastam por você. – Aquilo com certeza era mentira, eu ri internamente, mas tentei parecer séria.

– É o primeiro dia Julia – Ela se calou por um momento refletindo na frase. Todos naquela sala sabíamos que havia certa razão ali, não era difícil se apaixonar por ele.

– Estou torcendo para você se ferrar. – Ela sentou-se no sofá ao meu lado.

– Ninguém resiste a minha beleza – Ele se aproveitou do tempo em que a nova fase de God of War carregava e acertou com a almofada bem na cara dela. Eu ri da cena junto com Jean, mas Julia pareceu irritada. Não devolveu a almofadada de qualquer forma. – Ainda bem que eu sou mais velho. Imagina se você tivesse nascido primeiro e roubado a beleza toda como eu fiz com você? O que seria de mim? – Dessa vez Julia não resistiu e devolveu a almofada com toda a força que tinha. Com sua pontaria magnífica a almofada nem passou perto dele.

– Não estou falando de beleza Ricardo. Uma pessoa te achar bonito pode não significar nada.

– Você não me conhece mesmo não é irmãzinha?

– Você já tentou ser menos idiota? Só quero ver o dia que se apaixonar e a garota não quiser saber de você.

– Eu não vou me apaixonar – Ele disse rindo dando mais atenção ao jogo do que a conversa. Como assim não vai se apaixonar? E a nossa vida juntos? Oh, que decepção!

O silêncio se instalou na sala por longos minutos até que o imbecil do Jean começou a reclamar e tirou a televisão do mudo. O som insuportável do jogo que os mantinha entretidos irritava Julia numa intensidade paranormal, eu nunca entendi o problema que ela desenvolveu com aquele barulho.

– A Emily vem que horas? – Perguntei.

– Ela disse que só ia a casa colocar as coisas. Não sei por que está demorando tanto tempo.

– Vamos escolher o filme enquanto isso. – Era agradável respirar o mesmo ar que Ricardo, mas a gente demorava um ano para escolher o maldito filme. Julia assentiu e subimos as escadas. Antes de seguir para o quarto a morena se inclinou no corrimão.

– Quando Emily chegar abre a porta e diz para ela subir – Ela falou alto o suficiente para Ricardo ouvir – E seja educado idiota!

– Vou mandar ela voltar para casa.

– Ricardo, é sério! – Aquilo foi quase um rugido.

– Eu vou tratar ela bem, não se preocupe. – Seu tom era divertido.

Emily Sanders

Depois de correr como uma louca eu finalmente cheguei ao portão da casa branca e bonita, atravessei por ele e caminhei até a porta. Com as costas dos meus dedos finos fiz uma batida ritmada sobre a madeira. Meu corpo gelou quando Ricardo abriu-a e eu acabei ficando meio desconcertada. O insulto de mais cedo era um ótimo motivo para não me deixar entrar. Sinceramente, ele podia ter ficado em Madri para sempre, me pouparia de momentos como esse.

O garoto ficou me encarando com seus olhos azuis perfeitos. Tão tentadores. Porém não o suficiente para me fazer mudar de ideia sobre ele. Eu definitivamente não gosto dele e muito menos de seu ego gigantesco.

– Pode chamar sua irmã fazendo favor? – Eu disse educada.

Ele continuou parado na minha frente inexpressivo, permaneceu sem nenhum movimento e sem dizer nada até que eu comecei a ficar inquieta e foi depois de vários tortuosos segundos que um sorriso se implantou em seus lábios vermelhos. Para o meu desespero ele não disse absolutamente nada, continuou ali parado, e foi nesse momento que eu notei e meu sangue esquentou: Aquele sorriso era de deboche e ele estava tirando onda com a minha cara.

A mudança no meu olhar foi visível já que a expressão dele se alterou levemente, mas eu não esperei por alguma reação.

– Sério, se você vai continuar babando me avisa para eu pegar um balde para você. – Eu disse com uma máscara de indiferença quase profissional. O moreno pareceu surpreso, mas seu sorriso aumentou poucos segundos depois da minha fala.

– Não se iluda, eu não gosto de loiras. – Levantei a sobrancelha e ele continuou. – Cérebro pequeno entende?

É um fato, aquele sorriso derreteria qualquer garota, mas eu? Bem, eu estava irritada de mais para isso. Respirei fundo, contei até três mentalmente para não socar a cara dele. Devolvi um dos meus melhores sorrisos cínicos e decidi que jogaria com as mesmas peças que ele.

Aproximei-me subindo para as pontas dos meus pés – É, foi mesmo necessário para tirar pelo menos um pouquinho do desnível no nosso olhar – fiz um esforço descomunal para manter meus olhos nos dele, ignorando toda a reviravolta no meu estomago.

Não foi preciso desviar da imensidão azul para notar seu sorriso maldoso, ele parecia gostar da situação. Usei o tom de voz mais audacioso que consegui e até eu me surpreendi com o poder.

– Eu vou deixar bem claro para você entender: não me tira do sério! – Proferi a ultima frase devagar deixando um espaço dramático entre as palavras – Você é grande, mas acredite, uma Emily com raiva é capaz de derrubar três de você.

– Que medo. – Ele zombou.

– Que bom que está. E quer um conselho? Se você pretende mesmo fazer com que acreditem que não gosta de loiras, deveria parar de ficar olhando para mim.

– E se eu resolver mudar minha opinião em relação às loiras? – Aquilo foi tão sugestivo que em outra situação ativaria meu lado inseguro e eu me perguntaria por que um garoto como ele está flertando comigo, eu nem sou tão bonita assim. Mas nesse caso eu tinha noção de que aquilo não passava de uma competição por poder, não me abalou.

– Eu te diria boa sorte. – Sorri confiante – Não é por que você é bonitinho que pode ter tudo o que quer. Entenda isso ou vai acabar quebrando a cara. – Ele ergueu novamente as sobrancelhas, mas dessa vez como se recebesse aquilo como um desafio, então eu o empurrei e entrei, nem fiz questão de olhar para trás ou de prestar atenção se ele responderia. Nem mesmo me importei com o fato de estar invadindo a casa dele. Fui direto para o quarto da Julia.

– Por que você demorou tanto? – A morena gritou assim que pus o rosto na porta.

– Tive que ir à academia levar uns papeis para a inscrição, mas eu vim correndo, juro. – Eu levantei minhas mãos perante os olhos falsamente furiosos.

– Como você foi capaz de se inscrever sem mim? – Julia Reclamou.

– Você que ficou enrolando. Você vem com a gente amanhã e se inscreve. – Sentei na cama dela.

– Tá – Ela suspirou – Melanie quer ver esse filme idiota… Diz a ela que você não quer, por favor? – A cara de cachorro abandonado teria me comovido se eu não estivesse louca para assistir aquele filme.

– O filme é legal – Com a minha fala Melanie começou a dançar de uma forma estranhamente desengonçada enquanto a morena sentou cruzando os braços emburrada.

– Tudo bem, vamos ver esse então – Julia desistiu.


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Notas finais do capítulo

Pergunta do capitulo: Querido leitor, qual é o seu ator/atriz favorito?