Tale As Old As Time. escrita por Jajabarnes


Capítulo 28
Illusions.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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Abri os olhos. Ainda estava sentada à escrivaninha, com aquelas cartas em mãos, mas a chama da vela oscilou novamente e eu achei melhor ascender outra. Com passos arrastados eu consegui chegar até a cômoda, sabia que havia deixado uma vela de reserva ali, em uma daquelas gavetas.

Abri a primeira gaveta e vasculhei as roupas sem dar muita atenção ao que tinha ali. Encontrei as velas novas e as acendi sobe a cômoda. Só então parei e baixei os olhos para a gaveta aberta em que eu me apoiava e as roupas que eu bagunçara. Minha respiração travou levemente, como toda vez que eu abria aquela gaveta.

Com cuidado, eu levei as peças de roupa até a cama onde as organizei do lado direito da cama, como se alguém a vestisse e esse alguém e esse alguém estivesse deitado ali. A calça... O paletó...

Sentei a beira da cama, ao lado da roupa e olhei para minhas mãos onde estava a ultima peça. Toquei o tecido aveludado e preto antes de colocá-lo, com cuidado, sobre o travesseiro, a máscara que ele usara...

Não resisti e levei a camisa até meu rosto, afagando-o com o tecido macio, fechando os olhos e sentindo o cheiro. Provavelmente, depois de tanto tempo, não havia mais cheiro nenhum; mas minha mente ainda despertava o perfume dele na memória...

Arrumei de novo a camisa sobre a cama e meus dedos percorreram o tecido amarelado pelo tempo. Meus olhos percorreram a cama como um todo e pude julgar que ele realmente estava ali, deitado ao lado da cama que costumava dormir, ressonando.

Meus olhos cansados piscaram e onde antes ele estava restara apenas as roupas vazias. Sorri levemente. Era assim que ele costumava dormir, com as costas deitadas sobre a cama, deitado ao lado direito...


 


 

A melodia anunciava a chegada da noiva, todos se puseram de pé. Nós, padrinhos e madrinhas, estávamos os lados do altar, os pais de Corin estavam na primeira fila junto com a mãe de Lillian. Corin estava de pé, aguardando sua noiva.

Jill vinha a frente. Ela era pequena e delicada, facilmente passava por mais jovem; usava um vestido rodado, com uma pequena cauda, branco com detalhes em rosa e dourado. Mais atrás, maravilhosa dentro de seu vestido branco, com uma cauda grande e exuberante, vinha Lilliandil. O véu fino e delicado cobrindo seu rosto não era suficiente para esconder o sorriso largo que ela ostentava, Lillian olhava diretamente para Corin, a cada passo que dava ao lado do pai mais eu via o quanto ela estava feliz. Não pude deixar de sorrir com isso. Sentia-me feliz por vê-la feliz e vê-la feliz e vê-la assim era gratificante. Não sei explicar como, mas era.

Lillian e o pai chegaram a frente do altar. O Sr. Ramandu passou a mão da filha para as mãos de Corin e foi para o lado da esposa, Lillian entregou seu buquê a mim e se posicionou de frente para o altar trocando um olhar e um sorriso com Corin.

A cerimônia transcorreu tranquila. Lillian e Corin estavam tão felizes que essa felicidade resplandecia em seus rostos, nos inúmeros olhares e sorrisos recheados de um sentimento sincero, que trocaram durante toda a cerimônia, e essa felicidade era contagiante.

Eu estava muito contente por Lillian, por Corin, por fazer parte da história tão bonita que os unia. Olhando para eles agora, ali no altar, eu lembrava de quando se viram pela primeira vez. Sim, eu estava lá, foi alguns anos antes. Luna, pai de Corin, deu uma festa para comemorar ser aniversário e convidou tanto a minha família quanto a de Lillian para a grande comemoração. Eles trocaram olhares a festa inteira e Lillian resistia em se aproximar dele, até que Jill e eu a empurramos para perto de Corin, literalmente. Eles começaram a conversar e, bem, cá estamos nós.

Sorri. O que nascera entre eles era puro e sincero, algo lindo! Lembro de de observá-los e, internamente, desejar que, um dia, eu sentisse por alguém o que Lillian sentia por Corin e que alguém sentisse por mim o que ele sentia por ela.

Com um impacto forte, a verdade foi atirada contra minha face. Eu sentia isso por alguém. Meu sonho de um dia amar alguém havia se realizado. Eu amava com todas as minhas forças...

Mas do que adiantava?

Ele foi incapaz de me amar da mesma forma, e a pessoa que me ama sou incapaz de corresponder.

Isso não daria certo. Dash mexe comigo, mas apenas com meu físico, não conseguia alcançar meu coração. Eu não poderia ser tão cruel ao ponto de fazê-lo aguardar no altar alguém cujo coração e pensamento pertenciam a outro, seria cruel demais, eu devia tomar uma atitude, deveria ser sincera com ele, iria pôr tudo em pratos limpos, não poderia continuar iludindo-o. Eu estava decidida e faria isso logo.

-Sim. - Corin falou em alto e bom som, em seguida foi a vez de Lillian.

-Sim. - disse ela, confiante.

-Então eu vos declaro marido e mulher.

Corin abraçou Lillian pela cintura e a beijou enquanto os convidados aplaudiram. Entreguei o buquê à dona pouco antes de ela e o marido caminharem para fora da igreja.


 

[…]


 

O salão na casa dos, agora, Sr. e Sra. Anvar estava cheio. Corin queria uma festa diferente então todos os convidados usavam máscaras. Não era difícil identificar a maioria das damas por causa dos vestidos diferentes, mas quase todos os homens usavam o smokin preto, então era um pouco mais difícil distingui-los. A música estava animada e muitos se divertiam dançando.

-Acho que já pode me contar o que tem feito. - falei à Lúcia. Nós estávamos conversando em algum lugar do salão. Ela sorriu timidamente.

-Bem... Lembra-se de Rillian?

-Sim.

-Acho que estou apaixonada por ele, Su... - corou. Abri um sorriso largo.

-Isso é maravilhoso, Lúcia! Mas me diga, e Rillian?

-Na verdade foi ele quem veio falar comigo primeiro. Eu desconfiava que ele sentia algo por mim por causa dos olhares que ele me dirigia, mas não tinha certeza nem coragem para perguntar a ele, até que ele tomou a iniciativa de vir ao meu encontro. - disse ela. Sorri novamente.

-Lhe desejo toda felicidade do mundo, Lú!

-Obrigada, Su, eu tenho certeza que serei muito feliz com Rillian.

-Meninas! - chamou um dos dois rapazes que se aproximavam de nós, pela voz eu pude reconhecê-los. Eram Pedro e Dash. - Venham dançar! - chamou Pedro.

-Dançar? - questionei mais para mim mesma. Dançar em bailes não me trazia boas recordações.

-Por que não? - Lúcia sorriu. - Me acompanha, Pedro?

-Claro! - ele se curvou, fazendo uma exagerada reverência a ela. Tão familiar. - Por aqui, senhorita. - e ele foi com Lúcia para o meio da dança.

-Venha, Su. - chamou Dash, segurando minhas mãos.

-Eu prefiro ficar por aqui... - tentei.

-Mas eu prefiro que você dance comigo. - ele fez a carinha. Bufei, rolando os olhos. Não precisei responder, Dash me conhecia bem, ele apenas abriu um sorriso largo e me levou para a parte do salão, não muito longe dali, onde as pessoas dançavam.

As pessoas mascaradas dançavam juntas num ritmo contagiante e numa sincronia que parecia ter sido ensaiada. Logo nós dois estávamos dançando, facilmente sincronizados com os que já estavam dançando, todos dançavam alegremente e abaixo de cada máscara sempre se encontrava um sorriso.

Dash revelou ter uma sincronia incontestável comigo, havia uma harmonia entre nós impossível de disfarçar, era automático. Agora, todos que dançavam se organizaram em duas fileiras, mulheres de um lado e homens do outro, cada um de frente para seu par. Pulávamos levemente, batendo palmas ao ritmo da música alegre, as fileiras trocaram lugar, uma passando pela outra com um giro no meio do caminho dando uma mobilidade, trocando os pares.

De relance, vi Pedro sozinho, saindo da dança, e ao procurar um pouco mais vi Lúcia saindo da casa com Jill, provavelmente para tomar um ar, mas logo minha atenção voltou para a dança. Era um movimento contínuo e rápido. Dessa vez, os homens deviam passar entre as mulheres, nos girar e voltar para seus lugares para que fosse nossa vez. Como eu disse, eram movimentos rápidos entre todos os mascarados dançantes, então não dava para saber exatamente com quem dançávamos. Eu acabara de dar um giro quando a fileira dos homens veio em direção à das mulheres.

Num movimento carinhoso e rápido, o rapaz da vez pegou minha mão direita e girou, mas para mim, foi numa lentidão chocante. Durante o giro, quando passei de frente para ele, tive o vislumbre dos olhos negros por trás da máscara aveludada, a vibração no ar causada pelo movimente trouxe para minha face aquele perfume característico que eu jamais esqueceria.

Mas o movimento da dança foi inquebrável e logo eu fui incluída nele sendo levada na direção oposta a do rapaz. Aquilo foi um choque, tão rápido que cheguei a duvidar de que realmente havia acontecido. Perdi completamente o foco na dança e acabei me retirando dela, indo atrás de algo para beber, confusa, olhando disfarçadamente para ver se o via novamente, mas foi como se ele nunca tivesse estado ali. Tomei os primeiros goles da bebida sentindo minha mente dar um nó.

Será possível que cheguei ao ponto crítico de ter alucinações?

Mas foi tão... Real.


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Notas finais do capítulo

Então?! Quero reviews!

Beijokas!!



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