Love Come Down escrita por Lustin


Capítulo 14
Enough for now


Notas iniciais do capítulo

Oi, coisas minhas! Mais um capítulo... Perdão pela demora. Espero que gostem!



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Capítulo anterior...


‘’ – Eu estou aqui agora - sussurrou novamente, fazendo uma pressão em minha cintura, aproximando ainda mais nossos corpos. Meu corpo de lado contra o dele.

Eu estava salva.’’


Direcionei meu olhar até a pequena cômoda que se encontrava ao meu lado da cama. Movi meus braços lentamente, passando-os pela frente de meu peito, pousando-os brutalmente em cima do travesseiro macio que tinha me confortado a noite em claro, afundando-o, proporcionando um apoio.

‘’Hotel em Porto Alegre, as 10:50 a.m. Ao lado de Justin! (não propriamente).

Quantidade de dinheiro: 377 reais (23 gastos com o táxi). Horas longe de casa: não faço ideia.’’

Escrevi na pequena caderneta que levava juntamente a mim a cada jornada que surgia. E não eram muitas, mas sempre deveria ter minha pequena e discreta agenda por perto, para evitar confusões dentro de minha mente, já naturalmente bagunçada. Permaneci fitando minha letra recém posta no papel com linhas em um tom escuro, atribuindo um certo destaque. Suas folhas eram normais, sem enfeites ou coisas do tipo. Sempre fui um tanto quanto simples demais e coisas assim não me agradavam. Minha letra não era redondinha e perfeita, como a maioria das letras de outras garotas. A minha era mais perto de um garrancho ajeitado. Estava longe de ser uma caligrafia agradável de se ver, mas dava para entender e isso já era o bastante para mim. Deixava a caneta deslizar por meus dedos, simplesmente.

Fechei cuidadosamente a pequena caderneta apoiada sobre o travesseiro macio e cheiroso, ainda desconhecido por mim. Fitei brevemente a capa do objeto entre minhas mãos. Uma imitação quase perfeita de couro marrom, um pouco macio e com a espessura um pouco viscosa quando deixava meus dedos correrem lentamente sobre a superfície plana. Existiam numerosas saliências que formavam pequenas linhas fundas no tecido, formando linhas em zigue zague como um pequeno enfeite, pequenos detalhes. Movi meus braços de forma cautelosa, esticando meu corpo para devolver a agenda para cima da cômoda que estava um pouco distante. O lençol farfalhou e eu me culpei por estar fazendo barulho, o mais inaudível que fosse.

Estava acordada, pelos meus cálculos, a uma hora. Justin não se moveu desde que abri os olhos e novamente, não perdi a valiosa oportunidade de vê-lo absorto em seu sono. Ele parecia um garoto pequeno. Uma criança, mas seus traços evidentes de homem o entregavam. Sua expressão não alterava, era suave. Eu não ousava mover um músculo, com medo de despertá-lo e sei que quando ele abrisse os olhos, todas aquelas sensações totalmente novas e evasivas voltariam sem pudor. Confesso que detestava aquelas sensações. Jamais apreciei adrenalina em minha corrente sanguínea. E desgostava mais ainda daquele nervosismo e daquelas borboletas infelizes que poderiam se igualar a grandes águias voando por toda a extensão de meu corpo.

Outro ponto era que eu realmente não me importava – nem um pouco – em ficar observando-o sem ter aquele olhar profundo cravado em mim, vigiando cada ato meu e me deixando completamente sem jeito. Não faço ideia de quando me acostumaria com sua presença, com seu jeito e com aqueles grandiosos olhos que poderiam parecer de vidro de tão puros, ávidos e cristalinos que as vezes poderiam ser. E eu sei talvez, jamais me acostumaria em tê-lo tão próximo a mim. Mas isso era tudo o que eu sempre quis, não era? Algum dia deveria de me acostumar.

Justin estava adormecido no piso ao lado da grandiosa cama em que me encontrava, que no caso, deveria ser dele. Segundo ele, não tinha outros quartos para serem ocupados. Insistiu que ficasse com a cama e eu sempre ficava na defensiva dizendo que não, que eu não queria. E eu continuo não querendo e me sentindo desconfortável ocupando o lugar de outra pessoa. Descobri que Justin pode ser além da palavra ‘’insistente’’, sempre ganhando tudo o que quer. Cedi e ele improvisou um colchão ao lado da cama e ali ficou. E eu não consegui pegar no sono um minuto sequer.

Estava debruçada sobre uma parte do colchão, olhando-o atentamente. Justin estava deitado de bruços, suas costas estavam nuas e apenas a camada fina do lençol branco esvoaçante cobria sua cintura. Ele mantinha os braços abaixo do travesseiro, fazendo com que seus músculos se contraíssem ligeiramente, formando saliências pela extensão larga de suas costas. Seu rosto virado para a esquerda, desse modo, podia vê-lo perfeitamente. Seu sono era pesado, suas pálpebras estavam delicadamente fechadas e serenas. Seus lábios estavam secos, mas mesmo assim, jamais perdiam seu tom único. Sua boca estava levemente entreaberta. Suas sobrancelhas estavam em perfeita sincronia acima de seus olhos, sua expressão relaxada. O seu cabelo de tom castanhos claríssimos estavam totalmente bagunçados e em algum pontos, grudavam em sua testa. Suas pernas longas estavam esparramadas livremente pelo pequeno espaço. A luz do sol que entrava pela espaçosa janela refletia no lençol totalmente limpo, fazendo com que o rosto de Justin se iluminasse igualmente.

Deixei um suspiro fundo e alto escapar de meus pulmões. Foquei meu olhar atento em seu rosto. Jamais cansaria de olhá-lo. Seu nariz era perfeitamente enfileirado e sincronizado com a silhueta de seu rosto magro e fino. Pude quase contar todas as inúmeras, pequenas e discretas pintinhas que possuía pelo rosto, mas eu sempre gostei da pequenina que ele tem perto dos lábios, ao lado esquerdo. A linha de seu maxilar perfeitamente desenhada, moldando seu rosto. Seus cílios eram negros e curtos, as sobrancelhas grossas e bem desenhadas, um pouco mais escuras que o tom predominante de seus cabelos. Sua pele transparecia maciez, seu tom branco com resquícios bronzeados. Seu tom de pele era puxado pra um dourado único.

Estava em perfeito transe quando ouço um rangido rítmico ecoando pelo chão. O som era quase inaudível, mas o silêncio predominava. Passos, minha mente avisou. São passos lentos.

Me movi instantaneamente, como um instinto, ações quase inconscientes. Estava com medo de que me flagrassem vislumbrando o rosto de Justin, seria uma situação um tanto quanto estranha. Estranha demais.

Em uma fração de segundos me movimentei para o lado mesmo lado em que Justin estava adormecido, trazendo junto com minha mãos o lençol, cobrindo-me até a orelha. Fechei meus olhos com força, fingindo estar adormecida. Não sabia – literalmente- o que fazer. Ouvi o barulho da porta se abrindo e os passos adentrando. Não ousei mexer nem um dedo.

– Justin – um sussurro ecoou. Uma voz masculina.

Silêncio.

– Justin – novamente, mas dessa vez não era um sussurro, a voz estava mais alta e ríspida. Um tanto irritada.

Concentrava toda a minha atenção nos ruídos e palavras, a fim de tentar me acalmar. Logo após poucos segundos ouvi resmungos baixos, quase inaudíveis. Ouvi um farfalhar de panos e uma energia brotar.

– Vamos, acorde. Você tem dois minutos – reconheci a voz grossa e com traços um pouco rudes. Scooter.

– Que saco – uma voz rouca e grave. Rouca demais. Justin.

– Aproveite e acorde sua amiga – seu tom foi divertido mas com uma pitada incomum.

Sua fala foi seguida por mais alguns resmungos de Justin. Mais passos e depois ouvi a porta sendo fechada.

Silêncio.

Meu coração – como já era de se esperar – estava ecoando tão alto que minhas bochechas coraram com o breve pensamento de que Justin poderia ouvi-los descompassadamente. As borboletas já eram constantes em meu estômago, então não fazia mais questão de lhes proporcionar a devida descrição.

Entre as batidas de meu coração ecoando em meus ouvidos, ouvi o farfalhar dos lençóis novamente. Depois de alguns segundos ouvi passos leves e macios caindo sobre o chão e eles se aproximavam trazendo uma energia sem igual. Uma onda de calor correu por minhas terminações nervosas, fazendo com que minha espinha gelasse. Senti uma leve pressão no colchão ao meu lado oposto, fazendo com que meu corpo pendesse ligeiramente para o lado.

Senti dedos vagarosos traçando linhas em meu braço direito. Um jorro de adrenalina foi descarregado em minha corrente sanguínea, fazendo com que todo meu corpo entrasse em estado de alerta.

Não me movi. Meus músculos estavam doloridos e travados. Meu pescoço doía por conta da tensão que eu estava liberando.

– Marine... – a voz de Justin chamando meu nome pôde se igualar como um estrondoso trovão. Decididamente, ainda não havia me acostumado.

– Hm... – emiti qualquer som que permitisse sair de minha garganta. Não me movi.

– Acorda, já está um pouco tarde – disse de um modo diferente, alegre. Ele estava sorrindo.

Levei minhas mãos até meu rosto, tentando esconder cada extremidade. Estava acanhada para aparecer desse... jeito para Justin. Com o rosto amassado, o cabelo totalmente bagunçado. Sempre fui simplória demais, mas... Quem não ficaria?!

Joguei minhas pernas para um lado da cama, levando todo o meu tronco juntamente, permanecendo com o olhar para cima.

– Bom dia! – seu tom foi animado, já podia sentir seu olhar cravado em mim.

– Bom dia – permaneci sorrindo. Me surpreendi com o tom de minha voz. Estava mais grossa.

Limpei minha garganta.

– Você não vai tirar as mãos do rosto não? – Justin indagou com certo divertimento na voz. Ele levou seus dedos um pouco acima de meu cotovelo, fazendo uma leve pressão para que retirasse minhas mãos.

– Pra ser sincera, eu estou morrendo de vergonha – admiti rindo, abrindo os olhos por entre meus dedos entreabertos. Pude, finalmente, vê-lo.

Ele estava sentado delicadamente nas beiradas da cama, estava muito a vontade. Seu corpo estava relaxado, ele mantinha uma perna dobrada abaixo de seu tronco enquanto a outra estava esticada normalmente fora da cama. Justin estava sem camisa, seu tom levemente bronze, seu peito e seus poucos músculos estavam a amostra. Vestia uma calça de moletom azul marinha da Adidas, com alguns detalhes em azul claro.

Fui subindo meu olhar lentamente. As veias de seu pescoço estavam visíveis. As maçãs de seu rosto estavam levemente levantadas por conta de um sorriso labial que ele mantinha estampado no rosto, suas maçãs estavam rosadas. Seu olhar assumiu um tom mais escuro, grave. O cabelo, do mesmo jeito, mas talvez até um pouco mais bagunçado do que o esperado. Ele me direcionava um olhar atento, curioso.

– Vergonha do que? – indagou novamente, divertindo-se.

– Do meu rosto, do meu estado – fui breve, clara e objetiva.

– Mas que besteira! –seu tom era de puro divertimento – vamos, levanta daí, temos que nos apressar.

Soltei um suspiro derrotado e encontrei forças para reerguer-me daquela cama. Minhas bochechas queimavam em brasas furiosas, minhas pernas estavam bambas e para ajudar mais um pouco Justin tinha mania de me olhar. Sentia seu olhar desencadeando chamas em minha pele.

Quando me encontrei em pé, tentei ajeitar meus cabelos com os dedos a fim de amenizar minha aparência que deveria estar nada agradável. Tentava ao máximo ignorar os olhares atentos e curiosos de Justin. Segui escaneando o quarto, a fim de encontrar minha mochila em algum canto discreto. O quarto estava um pouco mais bagunçado.

Encontrei minha mochila chamativa em cima de uma poltrona, no canto. Dei passos apressados até ela, ainda sendo observada com fervor. Joguei-a no ombro e direcionei meu olhar até ele, que deu um sorriso amarelo quando encontrou-me fitando-o.

– Onde fica o banheiro? – perguntei nervosa.

– Naquela porta ali –disse apontando para a porta de madeira escura que ainda estava fechada.

– Obrigado – assenti com a cabeça, dirigindo-me com pressa até lá.

Puxei a grande maçaneta e adentrei o banheiro. Era incrivelmente espaçoso. Tinha uma grande e luxuosa banheira, repleta de mimos em volta. Possuía uma grandiosa pia com vários pertences pessoais espalhados. Os detalhes eram todos em verde, as pastilhas decorando as paredes eram delicadas e sofisticadas.

Após fazer uma breve constatação do ambiente, estiquei minhas costas totalmente doloridas, fazendo com que meus ossos estralassem em alívio. Meu corpo amoleceu. Abri minha mochila e tentei encontrar uma roupa. Acabei vestindo o mesmo shorts rasgado, uma blusa qualquer e meu Vans predileto, um vermelho. Penteei os cabelos e escovei os dentes. Joguei uma água no rosto a fim de me acalmar.

Quando tomei coragem de sair do banheiro, joguei minhas coisas nas costas firmemente e abri a porta um tanto quanto rápido demais. Dei de cara com Justin. Ele estava vestido com uma roupa básica. Uma blusa preta, uma bermuda creme, uma toca cinza que ficava mais ou menos no meio de sua cabeça e um Vans azul.

– Epa, vai fugir? – riu sarcástico.

– Desculpa – dei um passo para trás.

– Então... Pronta? Vamos? – seu tom era sugestivo.

– Para onde? – juntei as sobrancelhas.

– Já você verá – disse tirando minha mochila de meus ombros e jogando em cima da cama ainda desarrumada – mas não é nenhum lugar em especial... Apenas o meu mundo – finalizou pegando minha mão e saindo porta a fora.



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Notas finais do capítulo

Então... Ficou bom? O que acharam? Mereço review, hein? ): Espero que tenham gostado. Até mais pequenas! ♥