Tormenta De Máquinas escrita por davifmayer


Capítulo 10
Capítulo 10 O trono de máquina 2° parte




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“Nenhuma decisão sensata pode ser tomada sem que se leve em conta o mundo não apenas como ele é, mas como ele virá a ser.” Isaac Asimov

2° Parte

            - Senhor deus-ex?

            Um par de olhos cinza e frios se abriu.

            - Hmmm...?

            - O radar Ghort foi destruído há três horas, quarenta e cinco minutos e treze segundos.

            - E por que não fui informado?

            - Estava em repouso na câmara criogênica. De acordo com novos exames retirados de seu corpo há trezentos e trinta dias, demonstrou que precisa recuperar alguns nutrientes e deixar em perfeito funcionamento seu metabolismo.

            - Está bem. Existe alguma imagem da destruição?

            - Não. Averigüei todas as possíveis fontes de vídeo e não foi possível captar imagens que satisfaçam a cobertura conveniente do radar.

            - Isso significa que meus arautos da morte...?

            - Estão a esmo, desativados ou destruídos.

            - Interessante. O único capaz de ter descoberto essa minha fraqueza seria o homem que dizia ser meu pai...

            - Pelos registros, o Doutor em física e engenharia mecânica e elétrica Eddard Stark foi morto aqui mesmo nesse aposento há dezoito anos, nove meses e vinte e um dias.

            - Foi uma pena. Ele poderia ter me servido. Qual o protocolo, Ômega?

            - Ativar os Bioshock´s e me religar a eles para uma maior efetividade e conter a ameaça vinculada à destruição de Ghort. Bem como acionar os nânos-robôs de construção e construir uma nova base de radar.

             - Providencie.... Quais as chances que esse ataque alcance a mim?

            - Dois por centos.

            - Os humanos estão ficando fortes... Caso mude alguma coisa irei vestir meu traje.

            - Sim, deus-ex. Seu uniforme já está pronto para ser usado.

            - Ótimo. Vou dormir um pouco. Me acorde quando a linha de defesa dos Biochock´s estiver pronta. Quero vê-los em ação.

            - Afirmativo deus-ex.

            ***

            O fogo cobria dois quilômetros de extensão e línguas imensas de chamas se avolumavam em derredor de uma estação de radar. A carcaça de uma grande antena parabólica estava caída, sendo consumida pelo fogo.

            Em derredor do deserto em que situava o radar de Ghort, vespas mecânicas caídas e em chamas tornava-se um cemitério de robôs.

            O único ser vivo ali presente deu alguns passos e olhou para o horizonte do Novo México, vendo as cadeias de montanhas ao longe e arbustos típicos de uma região árida.

            - Tudo destruído.

            - Certo Tony. – respondeu Jabez pelo rádio. – já posso ver as vespas mecânicas caindo como moscas a nossa frente. O caminho está livre. Junte-se a nós o mais breve possível.

            - Estou a caminho.

            O homem de ferro girou em torno de si. Nenhuma alma viva, apenas colunas de fumaça e fogo a subir para o céu azul. Parecia estar sem outras ameaças. A primeira parte do ataque tinha se concretizado, agora era ir para Washington.

            Ligou seus propulsores e decolou numa velocidade assombrosa, encaminhando-se para o norte.

           

***

            Um grupo de vinte Bioshock`s alçara voo. Eram grandes robôs, a mão direita retrátil e a outra era uma broca longa e afiada. Brilhavam com a luz do sol refletindo o metal negro e polido, enquanto das costas rastros de fumaça os impulsionavam para cima a atravessar os céus como albatrozes gigantes.

            ***

            Melissandra e Jabez viram a primeira ameaça a cinqüenta quilômetros de distancia, a voar em direção a eles.

            - Acho que são os guarda costas. Estamos a menos de quinhentos quilômetros da possível base do Usurpador. – disse Jabez pelo rádio. – prepare-se para eles cabelo de alga.

            - Pode deixar. – respondeu Melissandra, escondendo o medo. Agora que estava sem Tony ao seu lado, sentia-se completamente incapaz de suportar o peso da responsabilidade. Respirou fundo e tentou manter-se calma e concentrada. Viu dois monstros metálicos avançando.

            Dois Bioshock`s se aproximavam de suas vitimas. Um som ensurdecedor causado pelos jatos nas suas costas chegou aos dois pilotos das Ghost Hunter`s. Os soldados do Usurpador dispararam dez mísseis das ombreiras e estes serpentearam pelo ar a expelir uma coluna de fumaça cinza escura.

            - Vamos nos separar, Caçadora.

            Dito isto, Jabez deu uma guinada com sua nave, cortando os céus pela lateral esquerda. Melissandra levou sua nave para a direita. Os mísseis se dividiram com sons trovejantes, a perseguirem seus alvos. Os Bioshock`s analisaram por um momento a situação e se separaram um para cada alvo.

            No encalço de Mel, seis mísseis a trovejar. De suas têmporas escorriam suor. Estava sentindo muito calor e em sua mente uma apreensão terrível. Estava disposta a morrer, mas diante da morte... Sua força e coragem se esvaíram. Ativou os rastros... Pequenas cápsulas explosivas saíram de um compartimento traseiro da Ghost Hunter. Bolas vermelhas com pequenos pára-quedas embutidos, a criar uma linha de defesa aparentemente frágil. A garota olhou sobre os ombros e viu os mísseis se aproximarem das capsulas... E assim ela apertou um botão vermelho.

            Seqüências de explosões ribombaram os céus... As cápsulas haviam explodido sobre os mísseis, criando uma parede de fogo e fumaça. Logo, seis explosões mais fortes chegaram aos seus tímpanos, fazendo seu coração bater mais acelerado. Deu um sorriso e sussurrou para si...

            - Minha primeira vitoria.

            Puxou o controle para cima e seu caça ficou em posição vertical. Olhou para cima e viu a aproximação acelerada de um Bioshock. Diminuiu a aceleração da aeronave até quase parar, fazendo-a despencar no ar.

            Mel fechou os olhos e religou a força propulsora. Agora, a máquina de guerra do Usurpador estava bem em cima dela. Destravou dois mísseis das asas e disparou.

            Os mísseis cortaram o ar, expelindo uma densa fumaça e acertaram em cheio no peitoral do robô negro. Este cambaleou e seu vôo falhou por um momento.

            A boca de Melissandra ficou seca de surpresa. O Bioshock pareceu ter suportado a maior quantidade do impacto. Ele disparou mais dois mísseis do compartimento dos ombros. Estava perto demais.

            Mel disparou mais três mísseis e eles se encontraram com os outros dois, causando uma estrondosa explosão. Guinou sua aeronave para o lado e acelerou, ganhando facilmente trezentos quilômetros por hora.

            Sua cabeça queimava. Entrou numa densa nuvem branca. Apavorada, virava o rosto para todas as direções, procurando o inimigo. Ela fechou os olhos... Pense, pense...

            Sentiu um estrondo ao seu lado. Baixou a aeronave saindo das nuvens e viu o Bioschock a alguns metros a sua frente. Viu os propulsores expelirem fumaça negra das costas do monstro de metal. Ela fez os mísseis mirarem naquele ponto e disparou.

            Acertaram em cheio as costas do robô, que rodopiou no ar e caiu pesadamente como uma pedra.

            - Atinja as costas, Jabez. Atinja as costas dessa lata velha! – gritou Mel no radio.

            Ela viu no solo uma imensa cidade destruída, dentre tantas que já vira na viagem até Washington. Prédios destruídos, estradas destruídas, carros e ônibus revirados, um viaduto desabado. Destruição sobre destruição. Ao longe, viu mais um Bioshock atravessando o ar em sua direção.

            - Esses desgraçados. – ela murmurou.

            Mas viu um objeto caindo em cima do robô do Usurpador e o jogando contra a cidade destruída. Um estrondo e uma coluna de poeira se levantou onde caíram. Escutou disparos. Pareciam ser de metralhadoras.

            E eis que viu o homem de ferro emergir das ruínas e alçar vôo sobre a cidade e planar sobre ela.

            - Amor! – Mel gritou entusiasmada. Porém, uma sombra sobre ela cobriu o sol. Ela olhou para cima e só deu tempo de gritar.

            Um Bioshock negro como carvão arremessava um soco com a broca perfurante. Um som de destruição chegou aos seus ouvidos quando viu a asa direita da Ghost Hunter quebrada e entrando em combustão. Viu o fogo passar pelo vidro da cabine em que pilotava se espalhar feito água. O vidro começou a rachar, ressoando sons trincados das partes quebradas a se multiplicar como teias de aranha.

            - Tonyyyy... – ela gritou.

            Mel escutou como que dois ferros se chocarem em grande impacto. E sentiu sua aeronave perder altitude rapidamente. O coração parecia querer sair pela boca. Os pés leves, os cabelos subirem...

            Escutou um barulho de vidro quebrando e um punho de ferro sobre a fumaça que expelia de onde deveria estar à asa da Ghost Hunter. Da fumaça cinza, um rosto de metal apareceu e estendeu a mão para ela.

            - Tony... – ela segurou as lágrimas. Destrancou os cintos que a prendiam no assento da aeronave.

            Um turbilhão de vento agitou furiosamente seus cabelos castanhos. O homem de ferro a colocou nos braços e voou dali.

            A Ghost Hunter se chocou nos destroços da cidade provocando uma explosão, formando um pequeno cogumelo de fogo e fumaça.  Mel viu a fumaça subir, enquanto sentia os braços quentes revestidos de metal do homem de ferro que a segurava.

            - Está bem? – perguntou Tony, preocupado.

            Mel fez que sim com a cabeça... Não queria desmaiar, mas seu corpo não lhe respondia.

            O homem de ferro a levou para uma casa que estava afastada da destruição da cidade. Estava aparentemente intacta. Possuía um jardim e brinquedos velhos e estragados de criança espalhados pelo mato grande em derredor.

            Ao pousar, a máscara se retraiu com sons metálicos e Mel pôde ver o rosto do seu amado.

            - Pensei que fosse te perder... – ele sussurrou e depois experimentou os lábios quentes e trêmulos da amada.

            - Ahh... Tony. Que loucura é essa?

            - Isso é a guerra. E ainda está longe de terminar.

            Ela fez que sim com a cabeça, contornando os lábios dele com seus dedos.

            - Prometa que vai voltar.

            - E prometa que vai ficar bem. – ele respondeu, retraindo novamente a máscara de ferro. – preciso ir. Jabez pode estar em perigo. Não saia daqui por nada nesse mundo.

            - Está certo.

            Ele decolou e ganhou o céu.


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