Tormenta De Máquinas escrita por davifmayer
“Nenhuma decisão sensata pode ser tomada sem que se leve em conta o mundo não apenas como ele é, mas como ele virá a ser.” Isaac Asimov
2° Parte
- Senhor deus-ex?
Um par de olhos cinza e frios se abriu.
- Hmmm...?
- O radar Ghort foi destruído há três horas, quarenta e cinco minutos e treze segundos.
- E por que não fui informado?
- Estava em repouso na câmara criogênica. De acordo com novos exames retirados de seu corpo há trezentos e trinta dias, demonstrou que precisa recuperar alguns nutrientes e deixar em perfeito funcionamento seu metabolismo.
- Está bem. Existe alguma imagem da destruição?
- Não. Averigüei todas as possíveis fontes de vídeo e não foi possível captar imagens que satisfaçam a cobertura conveniente do radar.
- Isso significa que meus arautos da morte...?
- Estão a esmo, desativados ou destruídos.
- Interessante. O único capaz de ter descoberto essa minha fraqueza seria o homem que dizia ser meu pai...
- Pelos registros, o Doutor em física e engenharia mecânica e elétrica Eddard Stark foi morto aqui mesmo nesse aposento há dezoito anos, nove meses e vinte e um dias.
- Foi uma pena. Ele poderia ter me servido. Qual o protocolo, Ômega?
- Ativar os Bioshock´s e me religar a eles para uma maior efetividade e conter a ameaça vinculada à destruição de Ghort. Bem como acionar os nânos-robôs de construção e construir uma nova base de radar.
- Providencie.... Quais as chances que esse ataque alcance a mim?
- Dois por centos.
- Os humanos estão ficando fortes... Caso mude alguma coisa irei vestir meu traje.
- Sim, deus-ex. Seu uniforme já está pronto para ser usado.
- Ótimo. Vou dormir um pouco. Me acorde quando a linha de defesa dos Biochock´s estiver pronta. Quero vê-los em ação.
- Afirmativo deus-ex.
***
O fogo cobria dois quilômetros de extensão e línguas imensas de chamas se avolumavam em derredor de uma estação de radar. A carcaça de uma grande antena parabólica estava caída, sendo consumida pelo fogo.
Em derredor do deserto em que situava o radar de Ghort, vespas mecânicas caídas e em chamas tornava-se um cemitério de robôs.
O único ser vivo ali presente deu alguns passos e olhou para o horizonte do Novo México, vendo as cadeias de montanhas ao longe e arbustos típicos de uma região árida.
- Tudo destruído.
- Certo Tony. – respondeu Jabez pelo rádio. – já posso ver as vespas mecânicas caindo como moscas a nossa frente. O caminho está livre. Junte-se a nós o mais breve possível.
- Estou a caminho.
O homem de ferro girou em torno de si. Nenhuma alma viva, apenas colunas de fumaça e fogo a subir para o céu azul. Parecia estar sem outras ameaças. A primeira parte do ataque tinha se concretizado, agora era ir para Washington.
Ligou seus propulsores e decolou numa velocidade assombrosa, encaminhando-se para o norte.
***
Um grupo de vinte Bioshock`s alçara voo. Eram grandes robôs, a mão direita retrátil e a outra era uma broca longa e afiada. Brilhavam com a luz do sol refletindo o metal negro e polido, enquanto das costas rastros de fumaça os impulsionavam para cima a atravessar os céus como albatrozes gigantes.
***
Melissandra e Jabez viram a primeira ameaça a cinqüenta quilômetros de distancia, a voar em direção a eles.
- Acho que são os guarda costas. Estamos a menos de quinhentos quilômetros da possível base do Usurpador. – disse Jabez pelo rádio. – prepare-se para eles cabelo de alga.
- Pode deixar. – respondeu Melissandra, escondendo o medo. Agora que estava sem Tony ao seu lado, sentia-se completamente incapaz de suportar o peso da responsabilidade. Respirou fundo e tentou manter-se calma e concentrada. Viu dois monstros metálicos avançando.
Dois Bioshock`s se aproximavam de suas vitimas. Um som ensurdecedor causado pelos jatos nas suas costas chegou aos dois pilotos das Ghost Hunter`s. Os soldados do Usurpador dispararam dez mísseis das ombreiras e estes serpentearam pelo ar a expelir uma coluna de fumaça cinza escura.
- Vamos nos separar, Caçadora.
Dito isto, Jabez deu uma guinada com sua nave, cortando os céus pela lateral esquerda. Melissandra levou sua nave para a direita. Os mísseis se dividiram com sons trovejantes, a perseguirem seus alvos. Os Bioshock`s analisaram por um momento a situação e se separaram um para cada alvo.
No encalço de Mel, seis mísseis a trovejar. De suas têmporas escorriam suor. Estava sentindo muito calor e em sua mente uma apreensão terrível. Estava disposta a morrer, mas diante da morte... Sua força e coragem se esvaíram. Ativou os rastros... Pequenas cápsulas explosivas saíram de um compartimento traseiro da Ghost Hunter. Bolas vermelhas com pequenos pára-quedas embutidos, a criar uma linha de defesa aparentemente frágil. A garota olhou sobre os ombros e viu os mísseis se aproximarem das capsulas... E assim ela apertou um botão vermelho.
Seqüências de explosões ribombaram os céus... As cápsulas haviam explodido sobre os mísseis, criando uma parede de fogo e fumaça. Logo, seis explosões mais fortes chegaram aos seus tímpanos, fazendo seu coração bater mais acelerado. Deu um sorriso e sussurrou para si...
- Minha primeira vitoria.
Puxou o controle para cima e seu caça ficou em posição vertical. Olhou para cima e viu a aproximação acelerada de um Bioshock. Diminuiu a aceleração da aeronave até quase parar, fazendo-a despencar no ar.
Mel fechou os olhos e religou a força propulsora. Agora, a máquina de guerra do Usurpador estava bem em cima dela. Destravou dois mísseis das asas e disparou.
Os mísseis cortaram o ar, expelindo uma densa fumaça e acertaram em cheio no peitoral do robô negro. Este cambaleou e seu vôo falhou por um momento.
A boca de Melissandra ficou seca de surpresa. O Bioshock pareceu ter suportado a maior quantidade do impacto. Ele disparou mais dois mísseis do compartimento dos ombros. Estava perto demais.
Mel disparou mais três mísseis e eles se encontraram com os outros dois, causando uma estrondosa explosão. Guinou sua aeronave para o lado e acelerou, ganhando facilmente trezentos quilômetros por hora.
Sua cabeça queimava. Entrou numa densa nuvem branca. Apavorada, virava o rosto para todas as direções, procurando o inimigo. Ela fechou os olhos... Pense, pense...
Sentiu um estrondo ao seu lado. Baixou a aeronave saindo das nuvens e viu o Bioschock a alguns metros a sua frente. Viu os propulsores expelirem fumaça negra das costas do monstro de metal. Ela fez os mísseis mirarem naquele ponto e disparou.
Acertaram em cheio as costas do robô, que rodopiou no ar e caiu pesadamente como uma pedra.
- Atinja as costas, Jabez. Atinja as costas dessa lata velha! – gritou Mel no radio.
Ela viu no solo uma imensa cidade destruída, dentre tantas que já vira na viagem até Washington. Prédios destruídos, estradas destruídas, carros e ônibus revirados, um viaduto desabado. Destruição sobre destruição. Ao longe, viu mais um Bioshock atravessando o ar em sua direção.
- Esses desgraçados. – ela murmurou.
Mas viu um objeto caindo em cima do robô do Usurpador e o jogando contra a cidade destruída. Um estrondo e uma coluna de poeira se levantou onde caíram. Escutou disparos. Pareciam ser de metralhadoras.
E eis que viu o homem de ferro emergir das ruínas e alçar vôo sobre a cidade e planar sobre ela.
- Amor! – Mel gritou entusiasmada. Porém, uma sombra sobre ela cobriu o sol. Ela olhou para cima e só deu tempo de gritar.
Um Bioshock negro como carvão arremessava um soco com a broca perfurante. Um som de destruição chegou aos seus ouvidos quando viu a asa direita da Ghost Hunter quebrada e entrando em combustão. Viu o fogo passar pelo vidro da cabine em que pilotava se espalhar feito água. O vidro começou a rachar, ressoando sons trincados das partes quebradas a se multiplicar como teias de aranha.
- Tonyyyy... – ela gritou.
Mel escutou como que dois ferros se chocarem em grande impacto. E sentiu sua aeronave perder altitude rapidamente. O coração parecia querer sair pela boca. Os pés leves, os cabelos subirem...
Escutou um barulho de vidro quebrando e um punho de ferro sobre a fumaça que expelia de onde deveria estar à asa da Ghost Hunter. Da fumaça cinza, um rosto de metal apareceu e estendeu a mão para ela.
- Tony... – ela segurou as lágrimas. Destrancou os cintos que a prendiam no assento da aeronave.
Um turbilhão de vento agitou furiosamente seus cabelos castanhos. O homem de ferro a colocou nos braços e voou dali.
A Ghost Hunter se chocou nos destroços da cidade provocando uma explosão, formando um pequeno cogumelo de fogo e fumaça. Mel viu a fumaça subir, enquanto sentia os braços quentes revestidos de metal do homem de ferro que a segurava.
- Está bem? – perguntou Tony, preocupado.
Mel fez que sim com a cabeça... Não queria desmaiar, mas seu corpo não lhe respondia.
O homem de ferro a levou para uma casa que estava afastada da destruição da cidade. Estava aparentemente intacta. Possuía um jardim e brinquedos velhos e estragados de criança espalhados pelo mato grande em derredor.
Ao pousar, a máscara se retraiu com sons metálicos e Mel pôde ver o rosto do seu amado.
- Pensei que fosse te perder... – ele sussurrou e depois experimentou os lábios quentes e trêmulos da amada.
- Ahh... Tony. Que loucura é essa?
- Isso é a guerra. E ainda está longe de terminar.
Ela fez que sim com a cabeça, contornando os lábios dele com seus dedos.
- Prometa que vai voltar.
- E prometa que vai ficar bem. – ele respondeu, retraindo novamente a máscara de ferro. – preciso ir. Jabez pode estar em perigo. Não saia daqui por nada nesse mundo.
- Está certo.
Ele decolou e ganhou o céu.
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