Throw Away escrita por Amis


Capítulo 23
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Bem, mais um capítulo para vocês, fofas.
Não se esqueçam dos reviews.



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-Sabia que eu me lembro da primeira vez que a Tia Gabrielle nos trouxe aqui? – Vick me disse sorridente, enquanto bebericava sua xicara de café.

Olhei para ela curiosa. Eu não me lembrava da primeira vez que vim visitar a Champs Elysee, provavelmente era pequena demais.

-Sério? Como foi? – perguntei.

Vick olhou para o outro lado da rua e apontou para a loja principal da Louis Vitton que tinha naquela avenida.

-Está vendo aquela loja? – ela me perguntou e sem esperar minha resposta, sorriu. – Eu tinha oito anos, e você ainda tinha dois. Você estava no carrinho de bebê, enquanto Tia Gabrielle me contava as maravilhas de Beauxbatons, tentando me convencer de estudar lá. – seus olhos azuis brilharam e eu sorri, vendo ela se perder naquela cena de sua própria memoria. – Todo mundo parava para olhar você no carrinho, eu me lembro que a mamãe tinha comprado um vestido maravilhoso rosa para você e um azul para mim. Parecia aquelas cenas de filmes, sabe? Tia e duas irmãs extremamente comportadas e bonitas.

“Então a Tia Gabrielle me parou na frente dessa loja e se ajoelhou na nossa frente. Ela me disse que mamãe e ela tinham uma tradição, e que desde sempre elas cumpriam ela. Todos os anos, na véspera do Natal, as duas passavam o dia aqui e escolhiam os presentes que iam dar uma para outra. E ela me disse que agora estava passando essa tradição para nós duas, que erámos irmãs e por isso tínhamos que ter um elo.

Victorie sorriu em minha direção e suspirou.

-Ela me deu 40 euros e disse que era para escolher alguma coisa para nós duas. Foi o primeiro presente que eu te dei, sabia? Comprei tantos doces que a mamãe quase matou a Gabrielle.

Eu ri, imaginando a cena da minha mãe berrando palavrões em francês e minha tia revirando os olhos e dizendo o quão dramática ela era.

-Acho que foi a primeira coisa que nos uniu de verdade, algo em comum. Não teve nenhum natal depois deste que não fizemos isso.

-Virou tradição. – disse baixinho, encarando os olhos brilhantes dela.

Vick assentiu e tocou em minha mão.

-Olha, Domi, você sempre foi minha irmãzinha. A minha boneca de porcelana que parecia um anjo, toda delicada e boazinha. Eu não gosto de te comparar com nossos primos e nem com o Louis, mas de longe, você é minha predileta. Você foi a única que não me olhou feio quando vim para o natal do meu primeiro ano, só porque eu tinha ingressado na Sonserina...

Assenti, pois disso eu me lembrava. Eu tinha cinco anos quando Victorie entrou em Hogwarts e como a primeira dos netos a ingressar, todos tinham uma grande expectativa em relação á ela. Quando minha mãe leu a carta dela, dizendo que tinha entrado na Sonserina, o pandemônio foi geral.

E quando ela veio para o Natal, por mais que meus tios não quisessem demonstrar, eles estavam um pouco frustrados. Minha mãe não ligava, ela já imaginava isso, mas era a primeira Weasley á entrar na Sonserina e Vick deve ter percebido que tinha ferido a tradição da família.

Eu me lembro dela ter se afastado um pouco da mesa para fugir das perguntas sobre sua casa e os dormitórios da Sonserina, e como sempre a admirei demais, corri atrás dela.

Acho que foi uma das únicas vezes que eu vi minha irmã chorar.

E eu, pequena, não entendi porque ela estava assim. Na verdade, mal imaginava que seis anos depois estaria passando pela mesma coisa, chorando por ter ingressado na Lufa-Lufa. Eu apenas a abracei e dividi minha boneca com ela, sem entender o motivo de suas lágrimas.

E aquele momento tinha ficado apenas entre nós. Mamãe não ficou sabendo disso, muito menos meu pai. E como se era de esperar, Vick superou tudo isso e se tornou uma menina elegante, forte e respeitada.

-Você me abraçou de verdade, sem saber o que estava acontecendo direito. Domi, você tinha um coração bom desde pequena e eu sempre te admirei por isso. É uma coisa que eu nunca consegui fazer, não sem pensar duas vezes e raciocinar antes. Não consigo ser boa que nem você é. – ela disse sorrindo.

Senti que meus olhos estavam queimando por causa das lágrimas que ameaçavam cair, mas mesmo assim sorri, tentando disfarçar a vontade de chorar.

-Vick, eu...

-Não, Domi, deixa eu terminar. Eu só queria te dizer que sempre que você precisar, sempre mesmo, toda a nossa família pode te abandonar, mas eu vou ficar ao seu lado até o fim. Mesmo que você esteja errada ou do lado oposto ao meu. – ela completou e tirou de dentro da sua bolsa um caderno de couro azul, com o brasão da família Delacour na frente, me entregando logo depois.

Peguei o caderno com cuidado e o abri, encontrando milhares de páginas escritas com diversas letras, desenhos e formulas. Curiosa, olhei com um olhar questionador para Vick e ela sorriu.

-É o livro mais antigo da família. A mamãe me deu quando eu fiz dezesseis anos, mas eu acho que você vai fazer mais uso dele que eu. Ai tem a historia da nossa família, umas poções bem antigas e raras, feitiços para garotas veelas, etiqueta, culinária, fatos históricos, taxonomia de plantas com propriedades magicas, regras da tradição francesa... Tudo escrito pelas mulheres primogênitas da família Delacour.

Olhei admirada para aquilo e sorri.

-Mas por que você deu para mim? Você é a mais velha. – disse folheando o livro com cuidado.

Ela suspirou e bebericou seu café novamente.

-Alguém tem que seguir a tradição da família Delacour, Dominique, e tenho certeza que você tem mais capacidade de transmitir nosso sangue veela e nossas tradições para seus filhos do que se eu fosse fazer isso. Você é boa e vai passar a tradição da nossa família com os princípios certos para a futura geração. Eu queria que a nossa família estivesse, não nas mãos da irmã mais velha e mais fria, mas nas mãos da irmã que sorri para qualquer um e que vai ensinar esse lado bom para seus filhos.

Sequei algumas lágrimas que insistiam em cair e tirei da minha bolsa um colar de prata com a letra V delicadamente pendurada na corrente.

-Comprei em Hogsmead. Não é tão legal quanto o livro, mas eu o enfeiticei para saber onde você está quando estiver precisando de mim... – informei, entregando o presente para ela.

Victorie sorriu maravilhada e colocou o pingente, me enchendo de beijinhos na maça do rosto logo depois.

-Mon chouchou (N/a: forma francesa de chamar carinhosamente alguém), falta o seu para eu saber quando você estiver precisando de mim. – me disse sorrindo. – Você sabe, não é? Quando estiver precisando de mim, basta me dizer, Domi. – ela completou com a expressão mais séria.

Assenti e olhei no fundo dos olhos dela. Logo, as palavras do meu ultimo bilhete dançaram pela minha mente e eu suspirei.

Talvez, se eu contasse só para a Vick, a pessoa do bilhete pararia de me importunar. Eu poderia até contar para ela sobre a pessoa do bilhete, ela era advogada, poderia dar um jeito nisso.

Eu poderia dizer para ela que estava vomitando sangue, com dores de estomago fortíssimas e tonturas regulares.

Ela era minha irmã mais velha...

-Vick, eu na verdade queria te contar uma coisa. – eu disse baixo, tentando tomar coragem para falar. Eu não precisava de ajuda, mas o sangue e as dores me assustavam e quem sabe ela não poderia me indicar um poção para minimizar os sintomas?

Minha irmã me olhou profundamente e por alguns segundos, eu vi toda nossa convivência passando por eles. Quando nós brincávamos juntas, o dia em que ela foi sozinha para Hogwarts, quando eu a vi chorar... O dia em que ela brigou comigo, o dia da sua formatura, os natais que passamos juntas, os feriados que passávamos em claro, contando historias de terror. Eu vi pela sua íris, ela se casando, o dia em que me contou que estava gravida... Eu vi a mulher que eu sempre admirei e tentei ser.

Vi também que não queria frustrar ela. Não queria ver em seu olhar preocupação, seu natal estragado, seu brilho sumindo rapidamente. Afinal, eu poderia lidar com isso sozinha, ela era minha irmã, não minha babá.

-... Eu te amo muito, Vick. Nunca vamos quebrar essa nossa tradição, não é? – completei sentindo novamente a vontade de chorar.

Ela assentiu e me abraçou calorosamente.

Vick era minha irmã, e faria por mim tudo que fosse necessário. Mas eu não estava doente, eu só precisava me sentir bem. E faltava poucos quilos para isso.

Sequei uma lágrima solitária e olhei para loja onde nossa tradição começou.

Nenhuma véspera de Natal poderia superar as minhas com ela.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que só apareceu a Vick e a Dominique, mas eu queria explorar esse lado delas sendo irmãs, sabe? Explicar como foi mais ou menos a convivencia delas, as diferenças e tals. E mesmo porque próximo capítulo promete muito e queria um capítulo mais fofinho para compensar.
Hum, proximo capítulo terá James, Erik, Scorpius e Dominique. Hum, isso nao vai ser bom.
RSRS
XOXO