Edward encarava os olhos de Isabella sem se mover. Eles haviam acabado de jantar, o rapaz parecia estar nervoso, encolheu-se na cadeira e respirou fundo. Ao perceber a tensão do lugar, a pequena menina aproximou sua boca do ouvido da tia e sussurrou algumas palavras baixas o que fez Isabella sorrir timidamente e corar.

- Alih, o que acha de ir brincar no meu quarto? – perguntou. – Lá em cima é cheio de bonecas. – O sorriso que brotou em seus lábios adquiriu um tom maternal.

- Posso papai? – perguntou dirigindo seu olhar ao rosto do pai, os olhos da pequena menina brilhavam.

Edward nunca teve dinheiro o suficiente para comprar bonecas ou qualquer tipo de brinquedo para a filha, o bom da menina era que ela entendia isso. Não insistia para que os pais comprasse as coisas. Edward suspirou pesadamente, mal tinha dinheiro para o aluguel da casa e comprar comida.

- É claro... – olhou para Isabella. – Só não bagunce o quarto, tudo bem? – ele puxou a menina para o colo beijando o rosto da pequena e depois a colocou novamente no chão.

A garotinha correu saltitante para o quarto, Isabella e Edward voltaram a se fitar novamente.

- Precisamos conversar. – Isabella disse em tom decidido, no mesmo instante o coração de Edward se acelerou.

- Sobre? – perguntou tentando parecer casual, pegou a taça de vinho que estava sobre a mesa e bebericou um pouco da bebida.

- Como sobre? – falou arrogantemente. – Eu preciso dizer para ela que é minha sobrinha. É um direito meu.

- Ah, claro. – revirou os olhos. – Vamos aparecer na frente dela e dizer: Hey Alice, essa é sua tia Isabella. A irmã da sua mãe, aliás, ela é a cópia de sua mãe. A Alih, só tem cinco anos, não conseguirá entender tudo isso.

- Edward... Eu sei que mal nos conhecemos, mas eu tenho o direito de participar da vida da minha sobrinha, você sabe disso. – respirou fundo. – Eu sei que era isso que a Alice gostaria que você fizesse.

- Para inicio de conversa, se a Alice quisesse mesmo que você fizesse parte da nossa vida me contaria da sua existência. – Ele se levantou da cama.

- Como já expliquei, nós havíamos brigado. – Isabella também se levantou cruzando os braços com força contra o peito.

- Não tente falar nada sobre isso com a Alih, se fizer isso irá se arrepender. – Edward murmurou se aproximando de Bella.

- Isso é uma ameaça? – ambos se encararam.

- Entenda isso como quiser.

- Eu irei lutar pelos meus direitos. – falou friamente.

- Lute. Mas lute bem longe de mim e de minha filha. – Edward se aproximou das escadas. – ALICE! – gritou.

Logo no topo da escada surgiu à figura da pequena menina correndo, ela se aproximou do pai e estendeu os braços para que ele a pegasse no colo.

- Vamos meu amor. – ele sussurrou ao pega-la no colo.

- Posso pelo menos me despedir da... dela? – perguntou e nesse momento Edward conseguiu se sentir um monstro por priva-la de conviver com a sobrinha.

Alice olhou para Isabella e estendeu as pequenas mãozinhas, Isabella a pegou prontamente nos braços beijando todo o seu rosto.

- A gente vai se ver em breve. – deu um meio sorriso. – Eu prometo.

- Não prometa nada que não poderá cumprir. – Edward tomou Alice novamente no colo. – Adeus Isabella. – pronunciou por fim saindo sem ao menos olhar para trás.

Isabella ficou encarando a porta sem reação alguma. Ela não pretendia jogar tudo aquilo logo no primeiro dia, de certa forma Edward estava certo, o problema foi que quando olhou nos olhos da garotinha e a pegou no colo pela primeira vez ela se sentiu inteira e talvez até feliz. Isabella não queria ficar distante da sua felicidade, temia que aquilo acontecesse.

A necessidade de vê-la todos os dias era grande. Cuidar dela, ser sua tia, ou até quem sabe ser sua “mãe” fez com que o seu coração se apertasse e a mesma agisse por impulso. Ela meteu, literalmente, os pés pelas mãos e agora havia perdido qualquer chance que tivera de viver ao lado de Alih.

- Mandy? – chamou.

- Senhora?

- Chame meu advogado, por favor. – falou sem pensar duas vezes.

- Sim senhora.

Por mais que fosse apenas tia de Alice, uma tia um pouco ausente, ela sabia exatamente de seus direitos. Ela tinha direito de viver ao lado dela, de participar de sua vida. Por bem ou por mal, ela viveria com Alice, e Edward teria que aceitar isso.