Querida Addie Boo,

Eu te amo. Muito. Eu juro que amo você mais que tudo nessa vida! Mas, sério! Será que você não consegue acordar um pouquinho mais tarde? Não, estou falando sério! Depois que o relógio está marcando 5 horas da manhã, é impossível dormir nesta casa. Você deve ter algum tipo de despertador interno que quando estou no sono mais profundo, ele toca: "YAY! PAPAI JÁ ESTÁ DORMINDO QUE NEM UM ANJINHO! HORA DE ACORDAR! PEEEN! HORA DE ACORDAR! PEEEEEEEEEN! 

A coisa é que, eu não me importaria se você simplesmente se juntasse a nós na cama, na verdade, eu adoro isso! O problema é que: nós chegamos em casa muito cansados e também temos... nossas necessidades e até conseguirmos pegar no sono, já é bem tarde e ainda por cima, você, minha lindinha, tem métodos um tanto quanto particulares para nos acordar. É mais ou menos assim:

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DIA(AKA madrugada) 1: Já estava algumas quadras após a inconsciência sonhando com algo que nunca mais lembrarei, feliz e relaxado quando de repente, nós ouvimos. Era um som agudo e terrível. Você estava gritando, mas não era um grito qualquer que parava após alguns segundos. Era um som contínuo, quase demoníaco que não parou até que eu e sua mãe acordamos totalmente alarmados e sentamos procurando a fonte do barulho só para achar você com um sorrisinho no rosto (sim, aquele meu clássico sorriso que você herdou) soltando um "Até de em fim!“, subindo na cama com o controle da TV em mãos e fazendo seu caminho entre nós dois enquanto eu e sua mãe trocamos um olhar ainda com um "O" estampado em nossas bocas. E daí me veio a luz. Lembrei que no dia anterior (quando o despertador interno foi implantado em você) nós te falamos que se não quisesse ficar sozinha acordada na casa enquanto todos dormiam, você poderia nos acordar. E que algum tipo de barulho nos acordaria facilmente. Você realmente levou aos extremos. Kristen pareceu lembrar da mesma coisa que eu e nós tivemos outra conversa dizendo que você não precisava gritar ou chorar, só um barulho que apenas nós pudéssemos ouvir seria o bastante. 

Infeliz escolha de palavras...

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DIA(AKA madrugada) 2: Eu estava em um sono totalmente sem sonhos, vagando pela inconsciência, provavelmente devido ao cansaço. E aí, mais um vez, acordei assustado com um som estranho indo diretamente no meu ouvido e quando eu tentei levantar algo fez força para o lado contrário, me puxando de volta. Pela orelha. E quase conseguiu arrebentá-la. Simplesmente, um fone de ouvido estava na orelha de Kristen e o outro, depois do meu movimento brusco, balançava em meu ombro tocando On My Way do filme Irmão Urso (vai entender sua fixação com ursos) no volume máximo enquanto você subia na cama com o controle e o aparelinho de músicas minúsculo, puxando ainda mais o fone consequentemente quase arrancando a orelha de sua mãe e dizendo "BOM DIA!". 

"Algo que só nós podíamos ouvir"! Por Deus! Eu nem tenho idéia de como você ligou o IPod! Nós, dessa vez, tentamos falar para você fazer algo mais suave, tipo nos balançar um pouco que funcionaria também. Há...

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DIA (AKA madrugada) 3: Estava sonhando que estava no supermercado, comprando tomates verdes (vai entender...) e daí uma bomba caiu e depois um terremoto começou e eu entrei em pânico. Acordei assustado (novidade) e vi que a bomba e o terremoto eram uma coisa só, estava na minha cama e chamava-se Addie Stewart Pattison que arrastava um Bear sonolento e um Yoshi irritado. Sim, você pulou em nós e ficou rolando no meio da cama com os animais (aparentemente, contra a vontade deles) até acordarmos. Quando você percebeu que nós te encarávamos incrédulos, você sorriu, deu seu "bom dia", ligou a TV e se enfiou em baixo das cobertas. Mas ainda não é o fim. Nós falamos que não era necessário fazer tanta coisa, que era pra você tentar chamar nosso nome, bem baixinho...

DIA (AKA madrugada) 4: Como você pode imaginar, eu estava dormindo. Até bem otimista, pensando que talvez daria certo e eu poderia dormir até um horário razoável. Puro sonho. No meio da madrugada eu ouvi Kristen gritando e quase saltando da cama. Eu, ainda meio sonâmbulo, puxei-a para mim, desbloqueando a visão para a causa do susto: a silhueta da cabeça de um bicho ou sei lá o que flutuava pela beirada da cama e eu podia jurar que ele estava sussurrando: “mamãe, mamanhêê”. Eu segurei sua mãe com meu braço direito enquanto o esquerdo tentava alcançar aquela coisa, tentando atravessá-la. Err, só pra saber se não era uma alma penada ou algo do tipo, sabe? Mas em vez disso, eu só ouvi um “Aaaaaai, papai!”. Aí eu acordei pra valer. Acendi o abajur do meu lado da cama e lá estava você ajoelhada perto da beirada da cama, esfregando o lado direito da sua cabeça (provavelmente onde minha mão acertou) com cara de dor. Eu e sua mãe olhamos um para o outro e simplesmente gargalhamos até sair lágrimas de nossos olhos enquanto você olhava para nós, incrédula e irritada.

Nós combinamos de tentar mais uma vez. A última. Dizemos que para acordarmos bem e de verdade, tinha que ser feito devagar, abrir os olhos lentamente, deixar alguma luz entrar no quarto, espreguiçar... Sério, por que ainda tentamos?

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DIA (AKA madrugada) 5: De algum modo eu sabia que meu raro sono não duraria muito. Dito e feito. Enquanto estava aproveitado a escuridão o máximo possível, meus olhos foram abertos de repente por duas coisinhas pequenas e quentes, cheias de dedinhos gordos que quase perfuraram minha córnea e como se não fosse bastante, um luz extremamente forte vinda do além invadiu meu campo de visão e me deixou cego por 5 segundos. Eu lutei com você para conseguir fechar os olhos e quando consegui você foi até a outra extremidade da cama e puxou minha perna direita e depois a esquerda, caindo de bunda no chão. Você fingiu limpar um suor inexistente da testa e pulou correndo na cama puxando meu braço direito e como Kristen tinha acabado de sentar-se na cama, você tropeçou no troco dela que estava ereto no momento. Mas nada poderia te atingir, você levantou novamente e quando tentou atravessar por cima do meu corpo para puxar meu braço esquerdo, eu te agarrei, te derrubei na cama, e desisti. 

Não adianta te dizer como fazer nada, porque você SEMPRE terá seu próprio jeito de entender e fazer qualquer coisa. Então eu só te agarrei e te enchi de cócegas e depois de um olhar de cumplicidade entre nós dois, fomos atacar sua mãe (que ainda estava meio zonza de sono, sem entender o que estava acontecendo) e ela quase morreu de tanto gargalhar.Depois eu peguei o controle do chão que, a propósito, estava ao lado de uma lanterna e ficamos assistindo Tom & Jerry até que o estômago de alguém começou a roncar. Nesse momento, eu já estava totalmente acordado, e uma vez acordado é quase impossível dormir de novo. Então, eu e Kristen fomos para cozinha preparar algo de café da manhã. Depois que estava tudo pronto gritei seu nome 1, 2, 3 vezes e nada de você aparecer. Fui ao nosso quarto, e lá, deitada entre as cobertas e travesseiros que estavam espalhados por todos os cantos da cama, estava você dormindo de boca aberta e bochechas espremidas no colchão. Kristen veio correndo, provavelmente pensando que algo aconteceu, e quando viu a cena diante de nós soltou uma risada abafada e recostou a cabeça no meu ombro. 


O que nós fazemos com você, pequena Boo? 

Com amor, 
Papai Sulley

http://www.youtube.com/watch?v=U3kGjB1yeMM