Walk In The Sun escrita por Carolina


Capítulo 29
Capítulo 29


Notas iniciais do capítulo

Olá de novo meninas! Fiquei MUITO feliz com os reviews de vocês que são umas fofas, lindas que me mantem escrevendo mesmo depois de crises de inspiração pesadas! Obrigada por tudo ♥
Então, como prometido, não demorei a escrever o capítulo 29 e espero que vocês gostem!
Boa leitura!



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[/N.A: A música do capítilo é The Picture - Editors , dêem play quando eu avisar.]

Lilyan's POV

- Indo embora? - fui forçada a me virar. - Como assim indo embora? - Jullyan me olhava com um sorriso irônico no rosto.

- Embora. Isso mesmo. Veja com seus próprios olhos, eu que recebi isso essa manhã. - ela fez sinal para que eu me aproximasse até a sua mesa, onde no meio de tantos portas canetas havia um envelope grande e amarelo mostarda. De lá ela tirou uma folha de papel, com algo escrito em uma caligrafia amassada. Bianca.

- Caso você fique chocada demais para ler, permita-me. - puxou a folha que eu nem havia lido e começou a fazer isso, antes que eu pudesse dizer alguma coisa.

- Nisso aqui - balançou-o na minha frente. - diz que a sua "amizade verdadeira" irá cumprir somente parte do estágio, indo embora antes de completar os três meses, ficando só mais três semanas na nossa cidade amada. Resumindo, ela vai embora e não contou pra você. - tomei o papel das mãos dela novamente para ler o que realmente tinha escrito. Bia me contaria se ela fosse embora, não contaria?

"Rebecca, espero que entenda o que eu vou lhe falar aqui. Em quase dois meses eu aproveitei muito o que o jornal pode oferecer e aprendi muito com isso e com certeza seguirei a carreira de jornalista. Adoraria passar os três meses estagiando aqui, mas por motivos pessoais, peço que me deixe ser dispensada quando o mês acabar, daqui a duas semanas. Não pude ir hoje pois estava resolvendo algumas coisas com a minha família, mas amanhã estarei indo para combinarmos tudo isso e se for o caso, rever o prazo.

Att, Bianca Fajardo."

Essa é a hora que alguém pularia de algum lugar e gritaria: "Pegadinha!"

Mas ninguém apareceu.

Em um dia ela toma uma decisão dessas e resolve não me contar nada. Em um dia ela some. Senti uma vontade enorme de gritar, ou de sair pelo corredor puxando o cabelo de Jullyan, até perceber que ela não tinha culpa. Algo me fez sentir com o coração apertado e fui tomada por um vontade horrível de chorar.

- Pela sua cara, você acreditou agora. Eu avisei. - ela piscou pra mim e puxou o papel novamente, colocando-o de volta no envelope amarelo e terminando de fazer o que quer que fosse no seu computador.

Sai com punhos fechados de raiva por ela nem se quer ter me contado e ter me deixado de fora. Tinha esse defeitos com a maioria das minhas amigas: Eu sempre me sentia altamente substituível, o que me fazia acreditar que simplesmente havia achado alguém melhor para conversar, o que pra mim, era motivo de tirar boas satisfações.

Enquanto bebia a água gelada do bebedouro, sentia que ela descia queimando mais do que se estive tomando whisky. Era a raiva e alguém ia receber uma visita não muito agradável hoje a noite, apesar da minha vontade de pegar o telefone e começar a xinga-la ali mesmo.

Bianca apenas tinha que me esclarecer certas coisas e me dar bons motivos, que me fizessem acreditar que depois disso, ela não era uma completa vadia.

xx

Sai mais tarde do que eu esperava do jornal, havia estado ocupada com algumas coisas, talvez para distrair a cabeça, ou simplesmente colocar as coisas em dia. Jullyan passara o dia olhando para mim com a mesma cara de nojo e dando risadinhas quando eu passava. Mais um motivo para eu nunca mais ter que olhar na cara dela.

O táxi me deixou em frente ao hotel e o vento que batia no meu rosto estava frio demais. Agradeci por estar em frente de casa e não passar muito tempo do lado de fora. O ambiente dentro do hotel estava acolhedor demais e cheio de pessoas conversando, indo em direção ao restaurante ou sentadas em alguns bancos espalhados pelo saguão. Passei direto por todos em direção a área dos elevadores, segurando o meu casaco de couro em um dos braços e apertando o botão do andar de Bianca, número 20. Antes das portas se fecharem, uma senhora gritou.

- Segura o elevador, por favor! - pediu. Estiquei uma das mãos, impedindo-o de fechar. - Obrigada! - respondeu. Era uma mulher que aparentava ter 60 anos, cabelos loiros e bem curtos, usava um blazer rosa pink com uma calça jeans, várias pulseiras douradas no braço enrugado assim como seu rosto. Ela me olhava com seus olhos azuis e um sorriso no rosto. - Você é a garotinha que namora com o rapaz da banda, não é mesmo?

- É. - eu sorri envergonhada. - Acho que sim...

- Eu ainda lembro da outra antes de você, a morena, bem baixinha. Faziam um belo casal, claro... Não que vocês não façam. - me senti desconfortável ao ouvir a voz agradável da senhora fazendo uma comparação estranha entre mim e Nareesha. Não sabia o que responder, afinal de contas, nunca soube.

- Obrigada... Eu acho... - mexi no casaco sobre meu braço, olhando para o chão. Senti o solavanco do elevador ao parar do vigésimo andar, onde eu ficaria. - Bom, eu fico por aqui! - sorri e olhei para a senhora.

- Eu moro nesse andar, a propósito. - sorriu. - Pensava que você morasse no vigésimo quinto.

- Eu vou passar no apartamento de uma amiga minha... - engoli um seco ao lembrar o motivo de estar naquele andar, cinco abaixo do meu.

- Ah, que adorável! - aquela mulher era tão simpática que chegava a ser estranho. - Eu vou por esse lado. - disse, indo na direção contrária do apartamento de Bianca. - Ora, nem me apresentei! Meu nome Margareth Lokwood, mas pode me chamar de Sra. Lokwood. Moro no 415, do outro lado. - apontou para a direita. - Qualquer coisa pode me procurar, querida.

- Lilyan Carter, prazer. Moro no 501.

- Eu sei! Sei de tudo que acontece por aqui. - apertou minha mão e a balançou com força. - Adoraria ficar conversando com a Senhorita, mas tenho que voltar para casa, longo dia! Até outra oportunidade! - gritou já tomando a direção oposta. Senhora esquisita aquela. Parecia as que viviam de observar a vida alheia nas calçadas em torno de minha casa no Brasil.

[Dêem play na música aqui e deixem repetindo!]

Tomei a direção da esquerda, procurando o apartamento de Bianca. 405. Comecei a sentir frio na barriga ao pensar no que poderia ouvir. Era sensível em relação a amizades e por causa disso eu estava ali, para entender o que estava acontecendo de errado. Nunca aguentei a possibilidade de uma ser substituída, já que eu me apegava demais com a maioria dos meus amigos. Droga. Tudo aquilo poderia ser evitado se não fosse assim.

Toquei a campainha uma vez e esperei em frente á porta. Ninguém apareceu. Vai ver ela estava no banho, era melhor tocar de novo. Ninguém. Coloquei minhas coisas em uma das cadeiras no corredor e voltei á porta, tentando espiar alguma coisa do lado de dentro pelo olho mágico, mas lembrei que ele só funciona quando alguém olha de dentro para fora. Esperei alguns minutos, cantarolando qualquer melodia que viesse a minha cabeça. A ideia genial de bater na porta me veio a cabeça nesse momento.

- Bianca? - bati. Nenhum sinal ou barulho. Eu sabia que ela estava lá, mas tinha me visto e não iria abrir a porta. Eu ia faze-la abrir. - Eu sei que você ta aí e eu não vou sair daqui até a gente conversar. - me afastei. Fui até o elevador duas ou três vez, só pelo fato de que esperar era chato e desesperador, por causa disso, alguma raiva bateu em mim e eu corri até sua porta, tropeçando em qualquer coisa e quase dando de cara com o chão.

- Olha, eu sei que você não é vaca o suficiente pra me deixar aqui esperando. - falei baixo. - Abre a porta, Bianca! - Silêncio. Peguei meu celular e liguei para a garota, se eu conseguisse ouvir alguma coisa, era porque ela estava em casa e eu iria faze-la abrir a porta.

O som do toque irritante e chato invadiu os meus ouvidos, me fazendo quase quebrar a porta para faze-lo parar. Achei mais prático finalizar a ligação. - Eu sabia que ela estava lá dentro! - disse pra mim mesma. Coloquei o celular em um dos bolsos de trás do short e comecei o que seria uma tentativa desesperadora de fazer a garota sair de dentro do apartamento. Esmurrei a porta com força uma vez, ficando impressionada com o barulho que ecoou no corredor que continuava vazio. Lembrei da conversa com Jullyan mais cedo, o que me fez sentir irritada e abandonada de novo. - Bianca! - esmurrei. - Eu sei que você está aí dentro! Não tenta me ignorar! - gritava. Pensei ter ouvido o barulho de pés na sala e parei, pensando que eu finalmente havia conseguido. Não sei quantos minutos tinha esperado em frente a porta após a última tentativa. Tomada pela raiva, acabei esmurrando a porta repetidas vezes. Meu único medo era que a porta caísse, pois depois de bater tantas vezes, o som que eu escutava era oco e seco. - Bi-an-ca sua vadia! Abre essa porta! Qual o seu problema! - meus punhos estavam doloridos e vermelhos e resolvi partir para tapas na porta de madeira branca. - Eu sei que você está aí dentro, caramba! Sei que está! Ouvi o celular tocar! - a essa altura eu já estava gritando de desespero por ser tão ignorada. - BIANCA ABRE A PORTA, AGORA! VOU SAIR ESPALHANDO PARA TODO MUNDO O QUANTO VOCÊ É UMA VADIA IMBECIL! ABRE! - o som do elevador se abrindo a poucos metros me fez parar e encarar a figura de cabelos pretos e longos que segurava uma sacola de papel marrom. Bianca. Acho agora eu tinha um problema.

- SERÁ QUE EU NÃO ABRI PORQUE NÃO ESTAVA EM CASA? QUAL O SEU PROBLEMA? VOCÊ FICOU LOUCA, LILYAN? - ela gritava indo até mim, puxando a chave de dentro do bolso e abrindo a porta.

Entrou e encostou a sacola em uma das cadeiras que ficava ao lado, quando voltou, se apoiou na entrada da porta, em minha frente e perguntou : O que você quer?

- Conversar.

- E é tão urgente que não podia esperar até amanhã? - antes de responder ela fez um sinal, fazendo isso por mim. - Ah claro, pelo seu escândalo é bem urgente. - disse cuspindo as palavras. - Entra.

No apartamento ainda tudo estava bem arrumado, mas olhando para cima, puder ver alguns pares da sua coleção de All Star espalhados pelo chão. Sentei em uma das cadeiras da mesa enquanto ela se jogou em um canto do sofá.

- O que você queria me falar?

- Fiquei sabendo de umas coisas hoje de manhã...

- E daí? - retrucou.

- E daí que você vai embora!

- Ah, isso... - disse como não se importasse. Olhou suas unhas e respondeu sem me olhar. - Vou, vou. Daqui há umas duas ou três semanas, tenho que ver com Rebecca alguns detalhes ainda.

- E você não me contou? Por que você vai embora?

- Não contei mesmo e nem pretendia fazer isso e não é da sua conta, querida. - sorriu ironicamente pra mim.

- Vem cá, o que foi que aconteceu? Eu te fiz alguma coisa ou...

- Você quer mesmo saber o que é, Lilyan?

- Quero! - ela se levantou no sofá e ficou calada até chegar onde eu estava.

- O problema é você, sua meiguice, seu jeito! Você é idiota, garota! Acorda pra vida! A única besteira que eu fiz nessa cidade foi ficar sua amiga!

- Por que você está fazendo isso? - meus olhos se encheram de lágrimas e eu me segurava para que nenhuma descesse em algum momento inesperado. Meu estômago parecia despencar com cada palavra que ela tinha dito.

- Porque eu não te aguento mais, caramba! É tão difícil entender isso? Estou te suportando há semanas mas você é INSUPORTÁVEL! - gritou. Não aguentaria ouvir mais nada a partir dali, me levantei e fui em direção a porta de cabeça baixa. Bianca me puxou pelo braço quando eu alcancei a maçaneta.

- Você não queria escutar, Lilyan?! Não queria!? Então escuta até o fim! Eu não quero mais falar com você, ouviu? Nem olha mais na minha cara, se você tiver coragem! Faz alguma coisa que presta e faz esse favor pra mim! Some da minha vida. - jogou meu braço para um lado e eu a encarei. Sentia meu rosto molhado por causa das lágrimas que já haviam caído a um tempo desde que começara a falar.

Respirei e andei até a saída, antes de bater a porta e sair dali, sem me virar somente disse: Adeus, Bia.

Senti como se alguma coisa apertasse meu coração. Peguei minhas coisas que ainda estavam intactas nas cadeiras do corredor e fui até o elevador que levaria até o meu andar. Não conseguia sentir as lágrimas descendo dos meus olhos, mas meu reflexo no espelho me mostrava que elas ainda continuavam caindo, manchando minhas bochechas com um pouco de rímel. Com a parada brusca quando chegamos ao meu andar, me senti enjoada. Procurei com uma das mãos a chave, com a outra tentava limpar os estragos que as lágrimas estavam fazendo. Quando puxei o chaveiro felpudo me senti feliz, não aguentava ficar mais em pé e os meus planos seriam deitar no sofá e dormir até a hora que o meu despertador nada amigável me permitisse. Joguei tudo que estava em minhas mãos no chão, em qualquer lugar. Tirei minha sandália e a joguei para o lugar mas longe que consegui, atingindo, infelizmente, um porta retrato de uma das mesas de centro. Tinha em mente que ir até lá e juntar todos os cacos de vidro espalhados pelo carpete me faria ficar bem e distraída, mas ao ver que foto era, cai de joelhos, chorando no chão, passando perto de me cortar com um pedaço pequeno de vidro. Lá estava eu e Bianca no dia em que fomos para a festa juntas, no dia que eu poderia dizer que nossa amizade tinha começado e era extremamente irônico que aquela foto agora estivesse caída no chão.

Soluçava muito quando levantei. Ao lembrar de tudo, eu chorava cada vez mais. Acabar uma amizade daquela forma era tão ruim ou igual a acabar um namoro. Depois de um tempo mais calma devido a quantidade de água com açúcar que tinha tomado, fui para o meu quarto e me joguei na cama, sem me preocupar com banhos demorados ou vento frio entrando pela janela quase aberta. Apenas deixei o sono vir, demorado, mas quando veio, caiu em mim tão leve quanto uma pluma, tendo o poder de me acalmar e me fazer esquecer, pelo menos por um momento, de tudo que era ruim e me poupando do que estava por vir.

Naquele momento eu não sabia, mas aquele era o início de uma época em que eu me sentiria mais sozinha do que nunca.

Bia's POV

Quando Lilyan bateu a porta ao sair, me senti mal por cada palavra que havia falado. Nada daquilo era verdade, odiei ter feito tudo aquilo, ela não merecia. Era uma das melhores pessoas que eu já havia conhecido, que me ajudou em tudo naquela cidade e eu estava estragando tudo. Mas era preciso. Aquilo era preciso. Não precisava de nada que me prendesse a Londres, queria sair dali o mais rápido possível. Lembrei de Nathan, da nossa conversa e da noite que antes tinha sido perfeita. Hoje eram lembranças a serem esquecidas e lágrimas a serem secadas, lágrimas aquelas que eu não conseguia fazerem parar de cair desde que vi os olhos verdes de Lily cheios de decepção. Ela nunca me perdoaria depois de tudo e nem eu mesma conseguiria fazer isso. Um dia quem sabe eu poderia simplesmente olhar para trás, voltar e pedir desculpas, dizer o quanto isso era um engano, mas não é pra trás que se olha. Para frente. Sempre.

Deitada no sofá, olhando o lado de fora, não conseguia parar de chorar, principalmente porque a partir de agora, eu teria que decidir o resto da minha vida e imaginando isso sem Lily para me ajudar era tão difícil, mas eu não poderia leva-la comigo. Estava me odiando e o sono também parecia ter brigado comigo, mas tem horas que, de tanto chorar, a cabeça pesa e os olhos se fecham automaticamente, mesmo em um sofá no meio da sala.

Acordei sem sono e o som ainda estava começando a aparecer. Subi até o meu quarto, que estava uma bagunça por sinal, e me direcionei ao banheiro. Meu rosto não podia estar pior. Inchado, vermelho, amassado. Desisti de olhar aquela imagem depressiva no espelho e fui para debaixo do chuveiro, onde a água morna estava me parecendo acolhedora o suficiente para ficar lá o tempo que for preciso. Tempo suficiente para pensar nas negociações mais tarde.

Senti o vento batendo contra o meu corpo molhado quando sai do banho, mesmo sem querer. O sol já havia aparecido e os primeiros sinais de movimento já apareciam nas ruas. Peguei as primeiras roupas que apareciam pela frente, sem o maior cuidado de combina-las. Fiz o máximo que pude para dar um ar de vida ao meu rosto com olheiras roxas em volta dos olhos, em seguida ajeitando o cabelo de qualquer jeito, sem um resultado muito bom.

Não tinha mais nenhuma paciência para ficar em casa, então desci para comer qualquer coisa, me contentando com ovos e um copo de chá. Voltei para pegar a bolsa e dou de cara com a senhora do 415 no elevador.

- Bom dia, querida. - sorriu.

- É. Dia. - respondi, tentando cortar o máximo de assunto possível. A fama daquela mulher corria solta pelas pessoas que moravam no hotel. Velha sinceridade, literalmente.

Sai praticamente correndo, fugindo do perfume de rosas da Sra. Lockwood. O táxi habitual já estava parado na frente do hotel.

- Bom dia! - ele disse. Forcei o melhor sorriso e sinalizei para ir em frente. Não houve conversar, nem risos, nem nada. Só uma eu, isolada no banco de trás com um par de fones de ouvido enormes.

Não percebi quando chegamos ao prédio do jornal, sendo tirada do transe pelo motorista. Me despedi com um aceno e estava decidida a ir em frente. Direto á sala de Rebecca.

- Ééér, bom dia. - disse para a mulher corpulenta na mesa que antecedia a sala de Rebecca.

- Srta. Fajardo, bom dia. Vejo que a Srta. resolveu dar as caras, não foi? Que coisa boa. - falava sem tirar os olhos do computador com adesivos de gatos. - Pode entrar, a Sra. Foster está esperando por você. - Me dirigi a sala e abri a porta devagar. O cheiro abafado do papel estava em toda parte.

- Bom dia, Bianca! - disse Rebecca, colocando seus cabelos loiros para trás e apertando a minha mão. - Sente-se!

- Obrigada! - respondi com um entusiasmo anormal.

- Então... - fez sinal para que eu prosseguisse no assunto.

- Eu vim para tratar do assunto que eu já mencionei no bilhete que mandei ontem de manhã, espero que ele tenha chegado em boas mãos.

- Sim, chegou. Mas uma cosia que eu não entendo, Bianca, é como uma garota com tanto futuro nesse ramo, pede para sair de um estágio que milhares de pessoas tentam conseguir a cada ano.

- São problemas, Srta. Foster, problemas que fugiram e fogem do meu alcance. São... Familiares... - nunca poderia dizer qual era o motivo de realmente estar partindo, acho que eu mesmo não sabia, mas cortar vínculos e sair o mais rápido possível, parecia a coisa certa a fazer. Mas eu era relativamente burra e teimosa.

- Entendo...

- Peço que a Srta. entenda que eu sou realmente grata por todas as oportunidades que eu tive, que eu nunca vou me esquecer das coisas que eu aprendi aqui, vão ser extremamente uteis se eu for para esse ramo.

- E eu ficarei feliz de lhe dar uma boa recomendação, você tem um ótimo futuro pela frente.

- Ficarei feliz em voltar aqui de novo para isso. - tentei sorrir.

Passamos quase uma hora dentro de sua sala discutindo coisas como algumas documentações, referências e o término do estágio, que ficou com duração de somente mais duas semanas, tempo suficiente para me programar. Nesse tempo, teria a sorte de não mais ver os olhos verdes de Nathan, o que significava que não haveria como voltar a trás da atitude que eu tomei anteriormente com o garoto. Sua presença, seu olhar, poderia me fazer voltar a trás, poderia, mas eu fugiria disso. Pensava em Lilyan também, fugir dela seria mais difícil e deixa-la sem uma despedida descente e sincera seria torturante, como estava sendo agora, ao pensar nisso.

Demos as mãos em um comprimento formal, seguidos por sorrisos forçados saídos de nossos lábios. Ao alcançar a maçaneta, escutei sua voz rouca me fazendo uma última pergunta.

- É isso mesmo que você quer? - não havia felicidade em sua voz, mas uma seriedade incomum. Realmente pensei em voltar, queimar todos aqueles papeis que havia assinado, pedir desculpas, recomeçar, ficar. Mas não o fiz. Balancei minha cabeça em sinal negativo e recoloquei os óculos no rosto antes de responder.

- Sim, é isso. Partir.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Continuem comentando, sempre aceito as sugestões de vocês! Saibam que suas opiniões são e sempre serão muito importantes!
Como eu prometi, os capítulos não vão demorar muito a sair, não como das outras vezes. Tenho ENEM, trabalhos, simulados e provas finais que vão atrapalhar um pouco, claro, mas nada de mais, ainda continuarei entrando, com um frequência menor, mas deixar de escrever, nunca.
Pra quem não mandou o twitter ainda, mandem! Expliquei os motivos no capítulo anterior! Ou me sigam e avisem que leem a fic que eu sigo de volta. Meu twitter é @CarollNovaiis
Até breve ♥
xx