Ela não voltou.
1 mês e meio após a ligação, decido que, definitivamente, nada daquilo existiu de verdade. O jeito de falar meu nome, a emoção em sua voz... Eu nem tenho mais certeza se cheguei a ouvir o meu nome saindo dela!
E nem adianta perguntar se não tentei ligar de novo. Não vou me iludir novamente. Nunca mais. Tudo se tornou muito mais obscuro pra mim, e meu péssimo humor voltou com força total. Passei a descontar toda a minha raiva e desilusão na lua, no vento, no único jeito que eu tenho de falar com ela nos últimos meses.
“Isabella Swan, como você deve estar se sentindo depois de ter me feito acreditar novamente que você estaria voltando pra mim? Será que você esta rindo nesse exato momento? Ou será que o culpado fui eu, por ter escolhido me iludir? Porque pra mim estava muito claro, antes de ouvir a sua perturbadora voz, que você muito provavelmente não voltaria nunca mais pra mim. Mas ai então, ouço você e essa maldita mania de falar cantando, de falar o “alô” mais lindo do mundo, de atender o telefone sempre, mesmo sem saber quem é, como se fosse a pessoa mais educada do mundo e conhecesse a pessoa do outro lado da linha ha anos.
Bom, talvez você seja a pessoa mais educada, mais amorosa, mais carinhosa do universo, mas porque não consegue ser assim comigo? Porque você é tão fria comigo, Isabella? Não percebe que está me matando? Não percebe que a cada dia que passa essa situação só piora? Não consigo visualizar você sendo tão fria assim antes. Ainda me pergunto todos os dias quando acordo, se fiz algo de errado, se te chateei com alguma coisa séria, se você sentiu ciúmes de minha secretária (como demonstrara algumas vezes) e não quis me contar por achar que eu considerava bobagem, e então resolveu partir com seu ódio de mim crescendo cada vez mais, te fazendo ficar longe desse jeito.
Já revirei minha memória milhões de vezes e não consigo encontrar uma única vez em que fiz algo que te chateou que eu não tenha pedido desculpas logo em seguida, não me recordo de termos brigado semanas antes da sua partida, muito pelo contrário! Lembro-me perfeitamente de termos feito amor todas as noites, da guerra de travesseiros que começamos e acabamos quebrando o abajur (que continua quebrado, porque não tenho motivo de mandar concertar o seu abajur, aquele que fica do seu lado da cama, já que você não está aqui para acendê-lo durante a noite), lembro também de termos nos esquecido de ir ao supermercado e acabamos comendo biscoito no jantar, e ainda assim, fizemos piada de nós mesmos. Dois estúpidos, idiotas, burros, que por um erro do destino se esbarraram num momento difícil da vida e nunca mais conseguiram se afastar...
Mas lembro também, Bella, de na sua última noite aqui, termos feito amor devagar, sossegados, e uma lágrima ter escorrido dos seus olhos.
- Estou te machucando, baby? – Foi a pergunta que te fiz, e você sorriu, como se nada tivesse acontecendo e falou que me amava mais que tudo na vida. Como pôde?
Você me enganou, Isabella Swan. Declarava seu amor por mim todos os dias, mesmo depois de brigas, chateações e confusões. Mesmo irritada comigo, se eu tentasse te beijar você não escapulia de meus braços. Você sempre me disse que seria minha. Só minha. E agora? Você simplesmente foi embora há quase um ano e nunca mais deu sinal de vida. Eu só sei que estás viva porque te liguei, porque quis ouvir sua voz uma vez mais, e esperei, como um tonto, que fosse recíproco. Mas se fosse, você já teria feito o mesmo, não teria? Porque você não me procurou como disse que faria? O seu tempo é muito longo, não acha?
E você quer saber? Eu não te amo mais. Não posso amar alguém que só está me fazendo sofrer. Isso que eu sinto por você, é, definitivamente, loucura. Todos os meus vizinhos estão certos, afinal. Eu estou louco, Isabella. Você vê que estou, agora mesmo, conversando com a lua como se estivesse conversando com você pessoalmente, odiando a lua como eu odeio você agora? Se isso não for loucura, do que mais posso chamar? Amor? Amor não faz isso conosco. O amor é um bom sentimento, que nos faz querer ficar perto de outra pessoa, nos faz querer protege-la até mais do que a nós mesmos, faz com que sejamos incapazes de fazer mal a outra pessoa por querer. E se é assim, eu não te amo mais porque eu não ter você mais, eu não quero te proteger do sentimento, e sinceramente eu queria muito que você pudesse, de verdade, ouvir tudo isso, porque é o que você merece.”
Desço da janela e a fecho com toda a força que possuo. O barulho do vidro batendo foi alto e eu consigo escutar pessoas me xingando no andar de baixo. Como se eu fosse me importar. Naquela altura do campeonato, o jogo estava perdido, e se eu fui capaz de deixar de amar Isabella, a minha razão de existir, eu poderia mandar qualquer um para o inferno em questão de segundos. Eu acho bom que ninguém tente me parar para conversar.
Jogo o meu corpo cansado no colchão macio, coloco o travesseiro dela embaixo da cama e prometo a mim mesmo nunca mais tirá-lo dali, a não ser que seja para jogá-lo no lixo mais próximo. E então é impossível não me lembrar de uma de nossas brigas, anos atrás, quando ela me proibiu de entrar no nosso quarto. Como se eu fosse obedecer. Mas agora, sou eu quem a expulso da minha cama.