Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 5
Capítulo quatro




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Adormeço, finalmente, depois de me contentar com as lembranças que me ocorreram naquela noite. Após descer da janela aos prantos, me jogo na cama com bastante cansaço, não o físico, mas sim o emocional. Nada demais, apenas a minha rotina.
Acordei exatamente às 08h53 e me levantei com uma tremenda dor de cabeça e com os olhos avermelhados. Tomei banho com a água jorrando em alta temperatura e me senti bem. Estava frio em Seattle, mais do que o normal, e eu não sabia se isso era algo da natureza ou do meu estado de espírito.
Chego à empresa e sou recebido por Tania, a minha secretária. Ao que parece, ela e John, o estagiário, estão tendo uma espécie de romance, ou affair, como dizem hoje em dia. Eles vivem juntos, e mesmo nesse horário (John só precisa comparecer à empresa depois das 12h), ele já está lá, com ela, rindo sobre algum assunto que não me interessa saber. Cumprimento os dois e me dirijo à minha sala, insuportavelmente sério como sempre.
Na minha mesa ainda está o nosso porta-retratos. Ele tem várias fotos nossas, tiraras em uma máquina de um parque de diversões. Cada foto custou 0,25 centavos, e eu as considero as mais lindas que temos, pois naquele dia, estávamos comemorando o nosso noivado. Eu havia acabado de lhe pedir a mão, ela aceitara tão sorridente... Comemoramos como duas crianças, brincando, tomando sorvete e fazendo poses engraçadas numa máquina estúpida de fotografias.

Eu não consigo tirar aquelas fotos dali, mesmo estando coladas de uma maneira bastante torta e... mesmo que ela não esteja mais aqui. Eu a amo demais para esquecer um dos dias mais perfeitos que já tivemos juntos, e como eu vivo dizendo, eu tenho esperanças, mesmo que mínimas, que um dia ela volte pra mim. Então somente em momentos de raiva eu abaixo aquele porta-retratos e juro esquecê-la definitivamente. Mas não dura nem cinco minutos! Chega a ser ridículo, eu sei, mas não consigo sentir raiva, apenas dor e tristeza.

O que eu faço agora com os planos que fizemos juntos? Eu sonhava em me casar com ela, em ter filhos, em vivermos felizes em nosso mundinho, só com nós dois e nossos filhos. Agora não sei mais se isso irá se realizar... Sei que sonhar não nos dá garantia de que conseguiremos realizar, apenas nos motiva. Eu estava motivado, mas o que fazer quando a mulher da sua vida não quer ficar perto de você? Eu sei, é complicado.
Tania abre a porta sem bater, mesmo sabendo que isso me irrita demais, e me tira dos meus devaneios.
- Já disse que não gosto que entre dessa maneira em minha sala. – A repreendo.
- Eu sei, me desculpe, é que precisamos urgentemente de sua assinatura para fechar com o novo cliente. – Ela diz envergonhada e me sinto culpado.
- Me desculpe Tania, eu só... Estava pensando no que deveria ter deixado em casa.
- Em Isabella? Quando ela volta? Pensei que vocês iam se casar ainda este ano.
Ela finge que não sabe que Bella me deixou, achando que eu acredito que ela apenas caiu na história de que minha noiva foi passar um tempo em Forks a trabalho, antes de casarmos.
- Acho que minha vida pessoal não é a pauta deste documento. – Eu digo sério, dando uma lida rápida nos papéis e assinando em seguida. Ela fica calada e sai em seguida, batendo a porta com calma, mas o seu olhar era de raiva. Não importa, de qualquer forma. Sou motivo de risada onde moro, não preciso disso em meu trabalho também.
Na hora do almoço, saio em direção ao restaurante do prédio onde trabalho, e vejo Tania e John novamente juntos, conversando, dessa vez sérios, e param de falar quando me vêm. Não os olho por mais de três segundos e sigo em direção à mesa. Pessoas falam comigo o tempo inteiro, colegas de trabalho, conhecidos, o cozinheiro... Mas é como se eu estivesse sozinho, todo o tempo.
Quando chego em casa horas mais tarde, minha mãe liga pra mim pedindo para eu ir visita-la. Não vou. Não porque não quero vê-la, mas sim porque não quero aturar a mesma conversa de sempre. Eu não aguento mais que falem que estou jogando a minha vida fora nem nada do tipo. E se meus irmãos descobrirem essa historia do “maluco da lua”, eu estou acabado. Eu diria até mesmo fodido, se me perdoam pela palavra. Eles seriam capazes de me internar num hospício, e infelizmente isso não é um exagero de minha parte.
Espero até que todos que estão no jardim entrem em seus apartamentos e sento-me na janela novamente. A lua desta noite está minguante, quase totalmente encoberta por nuvens... Odeio o inverno. Odeio as nuvens de chuva que insistem em cobrir o meu meio de comunicação.
“Oi meu amor. Hoje o dia foi totalmente insuportável. Eu não consigo tratar as pessoas normalmente e delicadamente, pois acredito que todas elas querem, apenas, rir de mim. Eu sei que não me importo, mas não posso deixar que riam de mim no meu trabalho, pois ali, as regras quem dá sou eu, e enquanto assim for, elas terão que me respeitar. Mas sei também que só fiquei assim depois que você foi embora.
“As vezes fico pensando em como seria se eu descobrisse que você está com outra pessoa. Acredito que seria pior do que já está sendo. Mesmo não acreditando plenamente quando você me disse que me amava e que estava fazendo aquilo por nós dois, algo dentro de mim, - que pode estar errado, eu sei – diz que esse amor ainda existe. Talvez esse tempo que você deu de mim te auxilie em alguma coisa, te faça perceber que me ama de verdade, ou que eu não valho a pena. Não sei qual dessas coisas seria melhor pra você, mas eu sei qual seria a melhor pra mim. Você sempre será a melhor coisa pra mim, minha Bella, e eu sei que pra sempre irei te amar.
“Tenho medo que você já tenha me esquecido, sofro só de pensar nas possibilidades, e sei que eu lutaria contra isso, se eu pudesse. Então eu chego à conclusão de que eu não quero saber. Se você já estiver com outro, peço para que nunca mais eu a veja. Prefiro sonhar contigo sendo minha a ter pesadelos com você tendo outro. E eu juro Bella, que nunca irei te esquecer. Nunca!”
Olho para meu reflexo na janela e percebo que estou ficando velho. O tempo está passando cada vez mais lento, mas meu corpo envelhece rapidamente, como se cada segundo fossem horas, e eu já não tivesse 25 anos, e sim, 47. Lembro-me dos meus 23 anos, o dia da minha formatura. Eu me formava em engenharia e Bella havia se formado dois meses antes em medicina veterinária. Assim que recebi o diploma, a primeira pessoa que enxerguei, além de meus pais e irmãos, foi ela, que me aplaudia e sorria tão abertamente, que parecia ser ela a receber o diploma novamente.
Desci daquele palco e a beijei com toda a minha força, e sem pensar duas vezes, tomei uma das iniciativas mais importante da minha vida: a convidei para morar comigo.
- Isabellla Swan, eu te amo. Te amo hoje e sei que te amarei ainda mais amanhã. Eu sou o homem mais sortudo desse mundo por ter conseguido as duas coisas que eu sempre quis ter: razão e emoção. A razão me botou aqui onde estou hoje, e a emoção me trouxe você, a mulher mais linda, doce e maravilhosa que eu já conheci na vida. Deus está sendo muito bom comigo porque ele colocou você no meu caminho, e tudo o que eu quero agora, é juntar as minhas duas conquistas. Quero trabalhar na cidade que você adora, e quero que você vá comigo. Quer morar comigo minha Bella?
- Oh meu Deus Edward! Meu amor, é claro que aceito! Eu te amo! Eu te amo tanto...
Eu não tinha casa própria ainda, eu tinha um emprego não muito bom e muito amor para dar, e isso bastava. Ela aceitou na hora, e mesmo meus pais achando que eu era louco, aceitaram a ideia também. Juntos compramos este apartamento em Seattle. Conseguimos empregos melhores e começamos a viver como um casal de verdade.
Os vizinhos simplesmente a adoravam. Sempre sorridente, brincalhona, dava bom dia para todo mundo. Eu costumava ser simpático naquela época também, mas hoje sei que talvez eu tenha sido influenciado por ela, apenas isso. Nós até ganhamos cestas de boas vindas, logo quando nos mudamos, com tortas, frutas e doces. Em uma delas tinha um vinho delicioso, doado pelo vizinho do 403, mas infelizmente – ou felizmente – ele não durou muito. O vinho é claro. O senhor do 403 hoje em dia é um dos líderes do grupo xiita que acredita que sou o “maluco da lua”. Será que se ele souber que eu e Bella ficamos bêbados com o vinho caríssimo que ele nos presenteou e acabamos quebrando a garrafa, ele me odiará ainda mais?
Gosto de me lembrar daquele dia, porque foi muito divertido. Estávamos bebendo na sala e então o clima esquentou. Bêbados e apaixonados, cantávamos ‘I’ll be there for you”, do Bon Jovi, fazendo caras e bocas, gritando e rindo muito. Mas paramos de cantar e começamos a nos beijar freneticamente e logo passamos a nos despir. Na sala, ao som de Bon Jovi, começamos a fazer amor. Eu estava com a garrafa em umas das mãos e acabei soltando-a no chão. O barulho foi enorme, mas a música conseguiu abafá-lo. Ao invés de nos preocuparmos, rimos ainda mais e continuamos o que estávamos fazendo. Nossos corpos sujos de vinho tornou aquilo tudo ainda mais excitante, e embora eu tenha certeza que o senhor do 403 não vá gostar disso, talvez ele fique sabendo na próxima vez em que me chamar de maluco.
Essa lembrança me fez rir. Como eu queria estar daquele jeito com ela naquele momento...
Meus olhos vão sem o meu consentimento em direção ao relógio, que marca 23h45. Será que ela está dormindo? Sozinha ou acompanhada? Eu não quero saber! Não quero, certo?
Meus dedos buscam pelo seu nome, na agenda de meu celular, como se eu não tivesse aquele número decorado na memória. Uma foto nossa aparece no visor. Ela foi batida sem jeito do celular de meu irmão Jasper, e mostrava um beijo nosso numa tarde em família, em Forks, escondidos para namorarmos em paz, porém sem sucesso.

Fico minutos, ou talvez horas, olhando aquela nossa foto. Saudade de nossos beijos, de nossas carícias... Saudade da voz dela... Jogo então o celular na cama e volto a olhar para a lua. Eu não vou cometer o erro de ligar para ela. Mas, seria mesmo um erro? Será um erro ouvir a voz da minha Bella? Mas será que ela ainda é minha?

Tento não pensar, tento não me envolver com a vontade de apertar o botão verde, mas acabo cogitando a hipótese. Ligo ou não ligo?


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Notas finais do capítulo

Olá leitoras lindas.
Mais um cap. pra vocês, espero que gostem!
Pra quem não se aguenta de ansiedade, eu já escrevi um certo reencontro... Será que vai ficar tudo bem logo? Hm... Esperem e verão! hehehe
Hoje fiz um "trailer" para a fic, meio de brincadeira mesmo. Quem quiser ver, aqui está a url: http://www.youtube.com/watch?v=4Iy2jo6wueA
Beijooooos e até sexta, nesse mesmo horário, com fé em Deus!