Talking To The Moon escrita por Pincharm


Capítulo 31
Capítulo trinta




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Nós estamos em silêncio. Um CD recém comprado da Adele está tocando no carro, enquanto eu dirijo e Bella praticamente dorme no banco. Ela está tão calada...

Eu comprei aquele CD porque a vendedora da loja disse que aquela cantora era uma febre entre as garotas, e até mesmo entre os homens. Gosto da voz, mas não me agrada muito as músicas sobre amores perdidos... amores abandonados... lembra muito a minha própria vida, e isso definitivamente não é bom pra mim. Quero viver sem rancor a partir de agora, embora seja mais fácil falar do que fazer. Mas comprei, pensando em Isabella. Se garotas gostam, talvez a minha Bella também gostasse. E ela comentou um pouco sobre ele, disse que Thomas era fã incondicional dela e da Lady Gaga... Eu me pergunto como pude acreditar que aquele rapaz, visivelmente afeminado, era o novo namorado de Isabella.

Nossa conversa sobre músicas e novas cantoras do pop não durou muito. Agora, ela está com a cabeça encostada no vidro do carro, com os olhos fechados, e eu não sei se ela está dormindo ou não. Penso em puxar conversa, um assunto qualquer, ou o nosso filho, mas... não sei como fazer isso. Por um tempo apenas fico calado, me convencendo de que, se ela não está dormindo, apenas quer ficar calada e quieta, e eu devo respeitar isso. Mas então ela abre os olhos e coloca a mão na boca.

- O que foi? – Pergunto alarmado.

- Onde está minha bolsa? – Ela pergunta olhando para o banco traseiro do carro, e eu aponto para a direção onde ela está.

- Você está se sentindo mal?

- Quero aqueles saquinhos que te falei... Oh meu Deus, eu não consigo segurar.

E foi assim que o tapete do meu carro ganhou a cor de um intenso vômito.

- Me desculpe! – Ela diz aos prantos, chorando como se tivesse cometido um assassinato. Eu estaciono o carro no primeiro lugar que encontro e tento consolar ela.

- Não precisa se desculpar, eu entendo.

- Eu estava dormindo e ai... eu não sei porque tenho que enjoar tanto! Não poderia ser como essas mães que passam a gravidez inteira sem sintomas nenhum?

- Mas ai não teria graça, certo? – Falo rindo e ela sorri também.

- Oh meu Deus, só você mesmo. Fazendo piada diante disso? – Ela pergunta apontando para os pés sujos.

- Bom... Acho que você precisa de um banho. E eu preciso lavar esse tapete também.

- Eu lavo. Quando chegarmos eu...

- Isabella, eu cuidarei disso, ok? Já disse que você não precisa se preocupar com nada.

É incrível a minha oscilação com ela. Num minuto estou sorrindo, no seguinte falo sério. Ela não entende direito, eu percebo no seu olhar, e pra falar a verdade, nem eu entendo muito bem. Só sei que não quero demonstrar amor por ela, embora seja difícil com ela tão perto de mim assim.

Dirijo até um supermercado de estrada e a levo até o banheiro. Enquanto isso, lavam meu carro do lado de fora. Permaneço sentado na porta do banheiro, esperando por ela. Já estamos praticamente em Seattle, percebo, então o medo toma conta de mim mais uma vez. E se ela não gostar da reforma que fiz no apartamento que também é dela? E se ela enjoar o cheiro, as cores... e se ela enjoar de mim? Confesso que pesquisei no Google sobre enjoos na gravidez e no que um homem deve ajudar– eu sou pai pela primeira vez, não precisa me julgar! – mas tudo que encontrei foram alguns relatos sobre “ser calmo e paciente” e um caso sobre “como minha esposa enjoo de mim na sua gravidez”. Ele falava que a sua esposa não queria nem que ele chegasse perto dela nos primeiros meses de gestação. Ela passava muito mal por causa do cheiro dele, e foi muito difícil pra ambos sobreviver a isso. Mas sobreviveram e hoje ela não vomita mais por sua causa.

Deve ser horrível. Se isso acontecer comigo... eu nem sei o que faço. Até porque não tem muito o que ser feito, a não ser “ser calmo e paciente” como dizia as matérias que encontrei. É claro que eu disse a Isabella que estaria perto dela novamente por causa do bebe, mas a ideia de não poder ficar perto dela porque a amo, simplesmente porque ela não suportaria o meu cheiro e iria correr para o vaso sanitário em seguida, não me agrada muito.

Lembro então que nunca toquei a sua barriga depois da gravidez. Eu nunca fiz um carinho no nosso filho, e nem conversei com ele, para que ele possa ir me reconhecendo como seu pai. Será que ela deixaria eu tocá-la?

Me tirando de meus devaneios, ela sai do banheiro com os  cabelos presos no alto da cabeça, a boca brilhando certamente por causa de algum batom ou qualquer uma dessas coisas que as mulheres passam nos lábios (o nosso banheiro costumava ser cheio dessas coisas, com embalagens coloridas e cheiros diversos. Ela não era super vaidosa, sempre soube que era linda naturalmente, embora ficasse envergonhada quando eu lhe dizia isso, mas adorava comprar maquiagens para usar em ocasiões especiais ou formais), havia colocado uma blusa quadriculada por cima da branca que ela já usava, e estava descalça.

- Eu não tive como limpar aquele tênis, ele está muito nojento e... – Ela me mostrou um saco em suas mãos, onde os tênis estavam. – É melhor por numa lavanderia ou jogar fora de uma vez. – Ela disse rindo.

Dou risada também, ao vê-la tão sem graça.

- Vamos comprar algo para você calçar então.

- Não. Eu tenho alguns pares de sapatos em minha mala. Você sabe... eu fiquei um ano morando com o gay mais gay do mundo, eu até aprendi algumas coisas sobre moda e combinações! Não poderia ficar sem sapatos, certo?

Eu sei que o plano era bom – na minha cabeça – e que tinha tudo para funcionar perfeitamente – eu acho. Mas agora... eu sei que vai ser bem difícil resistir a ela, quando ela me sorri desse jeito, quando conversa normalmente comigo, quando fala de seus sapatos... Preciso ser forte e resistir ao seu charme, mas estou quase me rendendo.

*

Chegamos em Forks um tempo depois, e graças a Deus, sem mais vômitos. O único problema da viagem foi que o silêncio, aquele que nos perseguia antes do vômito, voltou com força total. Preciso urgentemente redescobrir como falar com ela normalmente, sem tensão, nem nervosismo, sem medo.

Ao chegarmos na portaria do prédio, Bella sorri imediatamente.

- Que saudades! – Ela diz enquanto carrego suas malas. – Continua o mesmo...

- Yeah... Só o nosso apartamento que não.

- Estou ansiosa para vê-lo. – Ela diz carregando uma mochila nas costas.

- Bella, não faça esforço... – Eu começo a falar, mas ela se vira e vê o porteiro. Como é mesmo o nome dele? Abbudah? Que nome miserável pra ser gravado.

- Oh meu Deus, a senhora voltou. – Ele diz sorrindo, se aproximando de nós dois.

- Abbudah! – Ela diz enquanto o cumprimenta. – Yeah, eu voltei.

- Por onde andou? Pensei que... Bom, não é da minha conta, me perdoe pela indiscrição, senhora.

Eu já havia me esquecido como era chegar em casa e ver Bella levar altos papos com o porteiro, com os vizinhos, e com mais quem chegasse. Ela sempre fora assim, a Miss Simpatia. Se parar para pensar, eu sou como o ogro Shrek que teve a sorte de encontrar a princesa Fiona.

- Oh, não se preocupe. Eu só estava... – Ela hesita e eu completo sua frase.

- Bella estava trabalhando fora, mas agora ela voltou. – Eu digo e caminho ate o elevador, para colocar as malas e abrir a porta para Bella.

- Yeah... eu estava trabalhando...

- Quer ajuda com as malas, senhor Edward?

- Não se preocupe, eu já trouxe tudo. Vamos, Bella?

- Yeah. Abbudah, amanhã trago aquela velha pipoca para comermos enquanto falamos sobre as notícias do dia, ok?

- Estarei esperando pela senhora.

Eles sorriem e Bella vem em minha direção. Estou rezando mentalmente para que nenhuma pessoa mais a veja chegando. São todos fofoqueiros, e não querem saber se ela está bem, querem saber por que ela me deixou...

- Você não falou direito com o Abbudah por quê? – Ela pergunta.

- Como assim? Eu respondi a pergunta dele.

- Você foi áspero e mentiu.

- Talvez porque eu não queira que todos saibam que você me deixou.

Ela ficou em silêncio e respirou fundo.

Sinto que assim será a estadia dela por aqui. Repleta de altos e baixos, de brigas e carinhos, de amor e ódio.


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Notas finais do capítulo

Até segunda, meninas.
Beijos



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