Circulo De Paixões. escrita por Lorys Black


Capítulo 16
Capítulo 15 - Nevoa


Notas iniciais do capítulo

CAPITULO EDITADO EM SETEMBRO 2023

Músicas do capitulo.

Oceans - Seafret
Twice - Little Dragon



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Senti a relva em minhas mãos. A sensação é gostosa. Tranquilizante. Fechei os olhos inalando profundamente todos os aromas daquele lugar.

Deitei sobre a grama verde e macia, deixando o sol aquecer meu rosto. O céu está completamente azul, nenhuma nuvem e a brisa gostosa e fresca, me faz ter a certeza que estou sonhando.

Respirei fundo, e fechei os olhos, no exato momento em que a presença dele dominou todos os meus sentidos. Não admitir que preciso e quero vê-lo, não significa que esse desejo não esteja em mim diariamente. E nem sempre consigo vencer essa batalha diária.

 

aperta o play

 

— Oi Leah. – seu tom de voz rouco e firme, trouxe a sensação que meu corpo já reconhece…. minhas pernas bambearam e minha respiração acelera ainda mais a cada passo dele em minha direção.

Não abri os olhos para encará-lo. Tento me preparar para conter a emoção que a imagem dele causa no meu peito.

— Tento me controlar, eu juro, mas falho às vezes, não sei por qual motivo, enfim, não sou invencível como podemos notar. – admiti derrotada.

— Sabemos o motivo. – ouvi-lo me deixa completamente extasiada. – É o mesmo que me traz de volta. Contudo, você tem sido forte há muito tempo… eu apenas espero seu chamado, observo. Hoje a fraqueza foi minha não sua. Estranho, mas você é a única que eu consigo ver assim nitidamente. – sua voz tinha um toque de cansaço. 

Me virei para encará-lo. E como sempre as lágrimas idiotas rolaram pelo meu rosto.
— Você está lindo Jacob. – o olhar, a postura, a barba em seu rosto, eram a confirmação da distância, Jake se transformou em um Homem. Longe de todos que o amam.

—Você sempre foi linda Leah. – meu coração disparou frenético, quero tanto abraçá-lo e pedir desesperadamente um beijo. Porém, e mesmo aqui sonhando, eu sei o quanto essa atitude irá se virar contra mim.

— Se eu estivesse acordada neste exato momento, todos esses anos, mágoas e a distância, seriam apenas… esquecidos! – Ele sorriu. Aquele sorriso que iluminava cada canto escuro na minha vida, que arrancava cada tristeza no meu peito, aquele sorriso que um dia julguei poder ser meu. – Mas sonhos, não se tornam realidade, e eu vou acordar com a imensa distância que segue nos distanciando!

— Você  me esqueceu Leah? – ele me encarou sério e caminhou em minha direção.

— Todos os dias quando abro os olhos preciso lutar para te esquecer. E todos os dias ao me deitar, encaro a derrota, pois no final da noite a maior verdade na minha vida, é desejar ter você de volta. Nunca tem fim. – quando ele estava a centímetros, fechei os olhos.

Senti o calor das suas mãos segurando meu rosto.

— Eu não quero esquecer, e mesmo se quisesse não conseguiria. Por esse motivo sempre volto. Quando não me chama, venho sem permissão, invadindo seus sonhos, e eu sei como essa atitude é errada, o que faz de mim um covarde egoísta, mas, aqui eu posso olhar nos seus olhos e dizer; Não quero te esquecer Leah Clearwater. – o hálito dele se misturando ao meu e invadindo cada pedacinho do meu corpo.
— Ah Jacob, como tudo isso poderia ser verdade, cada palavra que está me dizendo, sua presença... – abri meus olhos e coloquei minhas mãos sobre as dele, que ainda estão no meu rosto. – Contudo, quando eu acordar vou precisar continuar a te esquecendo! – respirei fundo antes de me afastar, inalando cada aroma dele, tudo aqui parece tão real!! – Preciso ir Jake, sabemos que não é saudável  ficar. – dei as costas a ele e caminhei para o nada que estava à minha frente.
— Você me ama Leah? – meus pés cravaram no chão.

Aqui neste lugar não há espaço para mentiras, fingimento e lutas contra os meus sentimentos…
— Todos os dias eu amo Jacob. E todos os dias dói te amar. – não virei para olhar  seu rosto novamente.
Senti a aproximação rápida dele. Seu nariz roçando nos meus cabelos.

— Me perdoe Leah. Eu não quero te causar sofrimento. Estou lutando para ser o homem que você merece, lutando para voltar. – seu tom de voz se tornou melancólico. 

— Preciso seguir em frente. Sua ausência, não pode seguir me magoando. – Jacob me virou fazendo com que ficasse a centímetros dele novamente.
— Eu sei. Porém, também tenho a certeza que nós dois, não seremos passado, para sempre. Queria dizer hoje que estou voltando, que em breve estarei de volta, mas não posso fazer isso ainda… – ele respirou fundo encostando sua testa na minha. – Mas amar também é deixar partir, e vou deixar você seguir. Mas saiba Leah… não estou desistindo de nós, não estou deixando meu amor por você de lado, pelo contrário, estou brigando como jamais fiz antes. Eu vou voltar, e abrir esta caixa onde você está me colocando. Eu prometo que seremos felizes. – senti as lágrimas molhando meu rosto novamente.

Seu olhar é tão intenso. Tão verdadeiro. Parece tão real.

— Não me deixe novamente. – pedi

Jacob eliminou a distância entre nós, e segurou meu rosto entre suas mãos novamente, roçando seu nariz no meu.

— Eu nunca deixei Leah. E jamais vou deixar. – seus lábios quase tocaram os meus… quase…

O despertador me trouxe de volta ao mundo real.

Abri os olhos, bufando irritada, por constatar o que já temia. Foi apenas mais um sonho.

— Porcariaaa. – abafei minha voz, colocando o travesseiro no rosto.
Sai do quarto querendo arrancar a cabeça de alguém.

Mirei a entrada do banheiro, rezando para chegar lá sem interrupções.
— Bom dia Leah. – o tom feliz na voz de Nessie, me irritou ainda mais. Me virei para encará-la antes de bater com força a porta do banheiro. – Estamos de mau humor, hã?!

Ignorei a brincadeira, afinal ela nada tem a ver com minha  infelicidade matinal.

Abri o chuveiro e permaneci um tempo embaixo da água morna, preciso relaxar.
— Leah, vou caçar, está bem?!Seth está dormindo e preciso me alimentar. – a voz de Nessie parecia tão distante quanto meus pensamentos que permanecem na figura de Jacob. Tudo no meu sonho parece tão real. Continuo ouvindo o som maravilhoso que a voz dele produz, a sensação que o toque de suas mãos segurando meu rosto, causou. Céus, como farei para arrancar esse amor do meu peito?! Quero me apegar a cada palavra dita por ele nesse sonho, para justificar minha esperança em tê-lo nos meus braços novamente… Porém, preciso voltar a minha luta diária que é; não querer, esquecer e tentar reconstruir.

Senti um calafrio percorrer minha espinha.
Fui arrancada dos meus devaneios com o barulho na porta de entrada sendo batida.

— Nessie? – desliguei o chuveiro. O silêncio é total.
Sai do Box apressada. O instinto de alerta me dominou acelerando  minha respiração.

— Nessie!!! – corri até meu quarto, em segundos estava vestida. Desci as escadas rapidamente, Nessie saiu, e senti um calafrio percorrer minha espinha. – É apenas algo da minha cabeça… – repeti algumas vezes, enquanto caminho em direção a mata, para me convencer que é apenas uma cisma sem sentido.

Brady apareceu, e ficou me observando. Nossa convivência já me permite que mesmo sem ouvir seus pensamentos, pois, ele está na sua forma Lupina, já consiga entender o que está pensando apenas pelo olhar.

— Está tudo bem! Só quero saber em que direção Nessie, foi? – sinto  o cheiro dela fresco, por toda parte.

Olhei na direção apontada por ele e senti um frio percorrer minha espinha. Um receio imenso me dominou. Reneesme estava próxima ao Rio, era do nosso lado no tratado, contudo pouco patrulhado por ser uma área em que o visitante obrigatoriamente iria passar por alguma das patrulhas.
— Há alguém da matilha por lá? – já caminhava na direção mostrada por ele. – Aliás, onde estão Quill e Embry, e os Lobos da matilha de Sam?
A resposta veio de Ian. Que vinha caminhando em nossa direção.
— Eles estão próximo a reserva Makah, mas devem estar voltando. Meia hora antes de amanhecer, tivemos visitas. Dois sanguessugas tentaram passar por nós, os Lobos o perseguiram e ficamos aqui para cobrir o perímetro. – senti meu estômago embrulhar. 

— Droga! – quase rugi.

— O que houve? – Ian me olhou sem entender.

— Brady corra, vá até os Cullens, traga-os imediatamente. – corri em direção ao rio. Sem tempo para amarrar as roupas nos tornozelos.

— Leah? – Ian perguntou já arrancando a camisa.

— Iscas! Olhe para o céu – apontei na direção do rio, os pássaros pareciam fugir desesperados de algo. – Eles lançaram uma distração.
Explodi e deixei a Loba dominar cada parte do meu corpo. Ouvi quando Ian fez o mesmo.

— Sam… – me concentrei conectando minha mente à dele.

As imagens começaram a flutuar em minha mente.

Embry, Quill, Jared, Paul, Sam e Collin caçavam o tal sanguessuga nas proximidades da reserva Makah. Eles haviam destroçado um deles na reserva, contudo, outros dois fugiram. Ou simplesmente desapareceram. Não era claro o que houve com os sanguessugas na mente dele.
Sam viu minhas suspeitas e logo percebeu que o rastro que estão perseguindo, é uma armadilha.

Como diabos eles conseguiram fazer isso?

— Estamos voltando. – eles começaram a correr de volta, entretanto  estão distantes demais.

Uivei o mais alto que pude enquanto corro em direção ao Rio, para despertar os meninos que estão em suas casas dormindo, inclusive, os três novos lobos que fazem parte da matilha de Sam. 

Ouvi o barulho ensurdecedor de um corpo sendo arremessado contra as árvores. O baque fez algo se partir ao meio.
Já posso vê-la… Nessie está lutando com dois sanguessugas. O barulho que ouvi, foi o corpo de um deles bater contra as árvores. Ela está sozinha contra os dois. Um terceiro, se aproximou, golpeando Nessie pelas costas. Um golpe forte o bastante para fazê-la cair, isso deu uma vantagem aos sanguessugas, eles estão próximos de dominá-la. 

Alcancei o local e saltei nas costas geladas de um deles, arremessando-o metros à frente. O que acertou Renesmee, saltou em minha direção. fiz o mesmo. Quando colidimos, antes que ele tentasse me golpear, arranquei seu braço esquerdo e o arremessei para longe. Ele despencou batendo nas pedras. O grito de dor pelo braço arrancado, foi ensurdecedor. Antes que ele pudesse levantar, saltei ficando com seu corpo gelado sob minhas patas, abocanhei sua cabeça sem a menor chance dele reagir.

Ian passou por mim, como um raio, se chocando contra o vampiro, que eu havia arremessado, e agora, vinha em nossa direção. Nessie, continuava a golpear o Sanguessuga que a dominou. Um quarto sanguessuga surgiu de dentro da mata, batendo a própria cabeça na dela, com tanta força, que ela caiu inerte. 
— Vá tire-a daqui, temos que levá-la em segurança. – a voz do sanguessuga que acertou Nessie, ordenou ao que lutava com ela segundos antes, seus olhos vermelhos estavam fixos em mim e Ian, que acabara de arrancar a cabeça do sanguessuga que estava  lutando – Eu cuido disso.
Prontamente o vampiro acatou a ordem, ajeitando o corpo inconsciente de Nessie em seu ombro, e se lançou mata adentro.

Antes que pudesse fazer o mesmo aquele que parecia ser o líder dos Sanguessugas, golpeou minha pata traseira fazendo com que eu derrapasse no chão enlameado, e aproveitou para golpear as minhas costas enquanto derrapava, em um movimento incrivelmente veloz senti sua mão gélida envolvendo minha jugular, apertando-a com tamanha força e conseguindo me tirar o ar. Seus olhos estão injetados de ódio. 

— Vamos ver, que gosto uma vira latas tem. – vi suas presas reluzindo em meus olhos, contudo antes que ele conseguisse me morder abocanhei seu antebraço. Ele me soltou, mas, conseguiu acertar um chute certeiro na minha barriga fazendo meu corpo flutuar e bater com violência contra as árvores. Pude ouvir minhas costelas quebrando com o impacto da batida. Por alguns milésimos de segundos, me senti anestesiada, e insuportavelmente nauseada. 

Fiquei em pé. Sacudi a cabeça e me ergui. Um ódio percorreu meu corpo todo. Uivei e bati a pata na terra molhada.

— Você seria um espetáculo e tanto, se não fosse tão fedida! – o sanguessuga me encarou desafiador. – Vamos acabar logo com isso. 

Corremos na direção um do outro, e quando ele saltou, derrapei propositalmente no chão, quando o invasor tocou os pés no chão, corri e bati minhas patas em suas costas, e dessa vez quem voou batendo nos troncos de árvores, foi ele.

— Maldita!!! – a expressão debochada que estava presente uns segundos antes desapareceu. – o sanguessuga correu novamente na minha direção, contudo, antes de sair do lugar, os novos lobos Joseph e Evan, avançaram contra ele. 

Os Lobos não foram os únicos a chegar aqui. Já podia ouvir os passos leves, e o aroma enjoativo e conhecido dos Cullens, se aproximando.

Deixei os meninos cuidarem do Sanguessuga desafiador, e parti em direção ao defunto que levou Nessie. Dois vampiros surgiram na mata, investindo em minha direção, entretanto, Jasper e Emmett não permitiram que eles interrompessem minha corrida. Pude ouvir o barulho dos corpos se chocando enquanto me afastava. 

Edward passou por mim como um borrão, e está mais veloz após, ver nos meus pensamentos que a filha foi levada. 

Alcançamos a trilha em direção ao mar, caminho que o Sanguessuga escolheu para sair da reserva. Senti o aroma enjoativo dele ficar cada vez mais próximo, algo estava atrasando sua corrida. Edward, talvez? 

Entretanto, antes mesmo de ter visão do que está acontecendo adiante, ouvi uma voz conhecida, em um tom de comando.

— Solte-a, agora. Saia daqui com vida, e avise aos demais para pensar duas vezes antes de tentar tocá-la novamente. Coloque-a no chão, cuidadosamente. – Seth ordenou.

Porém Edward, está furioso,  já que pode ver o que  mais ninguém aqui pode, os pensamentos e planos na mente do sanguessuga. Ele investiu contra o sanguessuga, parecendo um fantasma. Antes que o corpo inerte de Nessie se chocasse contra o chão, Seth a segurou e a apertou carinhosamente em seus braços, depositando um beijo em sua testa, em seguida olhou em minha direção com alívio. Me senti da mesma forma, por vê-la em segurança nos braços do meu irmão.

Emmet, Carlisle, Jasper, e Bella alcançaram a trilha. Seth caminhou calmamente até Bella, e entregou Reneesme à mãe. Bella aninhou Nessie em seus braços protetoramente.

— Mais uma vez, obrigada Seth. Não seríamos nós, sem você! – Bella, tocou carinhosamente o rosto do meu irmão.

O sanguessuga invasor se debatia nos braços de Emmett, e Jasper.

— Leve-a Bella, Nessie deve despertar na segurança dos braços de quem a ama. – Seth pediu. – Ficamos aqui e cuidamos desse verme. – ambos olhavam com desprezo na direção do sequestrador que agora está dominado.

Senti a conhecida preocupação da irmã mais velha. Olhei na direção de Edward.

Por favor peça para ele ir junto, Seth esteve ferido, ainda se recupera e não pode se transformar ainda.”— a preocupação por vê-lo ali, é era maior que qualquer desavença. Edward assentiu.

— Seth vá com Bella, por favor. Afinal, como você mesmo mencionou sabiamente, Nessie precisará de todos que amam ao redor, sentir-se segura ao despertar é essencial. – Edward pediu educadamente.

Seth olhou para Reneesme, ainda desacordada nos braços da Mãe.
Ele tentou dizer algo, então Edward interviu sorrindo.

— Minha filha, está sonhando com você neste momento, o som da sua voz está fazendo-a despertar mais tranquila.

Seth sorriu apaixonado suspirando profundamente.
— Eu não gostaria de partir antes de ter a certeza, que essa criatura nunca mais a machucará! – Seth, olhou em minha direção.

“ Ele não fará mais nada a ela, meu irmão.” — olhava para ele enquanto Edward, repassava as palavras que neste momento eu não consigo pronunciar.
— Nessie é a  nossa prioridade Seth, sempre será! Esta situação está próxima do fim. Contudo, precisamos de algumas informações. Por isso, vá e deixe minha filha calma e em segurança. – Seth assentiu, e antes que ele pudesse sumir na mata, Edward impediu – Esperem, Seth, mais uma vez obrigado, por salvar a vida dela, sei que não faz por nós e sim por ela, entretanto Nessie é a razão pela qual vivemos, a alma que julguei não ter mais, e agora tenho graças a ela.
— Não há necessidades de agradecimentos, Reneesme, é parte de quem eu sou, salvá-la me faz completo, darei a minha vida se for preciso. – meu irmão caminhou em minha direção. – Obrigado por perceber o que estava havendo a tempo de ajudá-la, e por ensinar a ela sobre a importância de se defender com coragem. Não conseguiríamos alcançá-los, caso  Nessie não soubesse lutar como fez hoje, sem medo algum de se auto defender. Devo isso a você Leah. – Seth passou a mão na minha cabeça, e aninhou rapidamente meus pelos entre seus dedos, depositou um beijo, e partiu com Bella, que segurava Nessie, carinhosamente em seus braços.

Queria abraçá-lo neste momento. E dizer muito obrigada!! O faria mais tarde.
— Vocês são pilhas de aberrações, sabia? – o sanguessuga preso nos braços de Emmett e Jasper desafiava Edward. – Esses animais, deveriam ser nossa comida, e não nossos amigos. – ele apontava para nós os Lobos.
Me aproximei do Sanguessuga sequestrador, ficando a centímetros de seu rosto, ele não se moveu, me encarava desafiador, porém o receio estava ali, no fundo de seus olhos.

Emmet continuava controlando o invasor enquanto Jasper começava com algumas perguntas.

Edward observava tudo em silêncio. Provavelmente buscando na mente do sequestrador as respostas que ele não está dando, mesmo após Jasper, arrancar alguns dedos e depois os braços,  fazendo-o urrar dor.

“ Já sabemos algo? Quem o enviou, e por qual motivo?”— especulei com Edward.
— Ele não sabe. Apenas estava seguindo ordens, do primeiro vampiro a ser morto, o que você arrancou a cabeça. – Edward informou.

Maravilha. Deveria ter mantido a cabeça do invasor, até vocês chegarem”. – a irritação pela minha atitude precipitada me incomodou.
— Você não poderia saber Leah, e fez o correto. – Edward disse cauteloso.
Eu sei. Só poderia ter sido mais cautelosa… Enfim”.

— Nossa quanta amizade. – O invasor ironizou, enquanto ainda se debatia nos braços de Emmett.

Avancei em sua direção, já perdendo a paciência com ele. Esse foi o vampiro mais ousado que já esteve aqui, ou pelo menos foi o único com a oportunidade de falar.

— Leah eu quero agradecer o que fez hoje, e pedir para nos deixar a sós com ele. – Edward assumiu uma postura que eu jamais vi antes.
— Ele saberá como tentar machucar minha filha pode ser doloroso. 

Assenti. Minha paciência está por um triz, e qualquer informação sobre o mandante dessa tentativa de sequestro, é importante!

“Os meninos manterão distância. Só nos deixe a par de qualquer informação que obtiver aqui!”— pedi.

Ian  e Joseph, vão cobrir o perímetro mais próximo onde os Cullens estão com o sanguessuga. Eu e os demais cobrimos o restante da área.

Sam, e os demais lobos chegaram raivosos por terem mordido a isca dos sanguessugas. Todos preocupados com Nessie e Seth, após minha atualização sobre os fatos ocorridos por aqui.

Ela está bem?”— Quill perguntava preocupado com Nessie.

“Nessie ou Seth se machucaram?” — Brady perguntou ansioso.

“Seth está bem, Nessie saiu daqui desacordada, não sei como está neste momento.” — preciso vê-la.

Senti um incômodo nas costelas. 

Vá Leah, você parece não estar nada bem. Nós faremos as rondas.— Sam pediu, claramente sentia-se culpado.

Você fez exatamente o que eu teria feito na sua posição, Sam. Não se culpe por nada que faça para proteger a reserva. – tentei ajudar.

“Obrigado Leah. E quanto a você, eu também teria arrancado a cabeça daquele Sanguessuga sem nenhum remorso!” — assenti conformada.

“ Eu sei que faria. Vou ver como Nessie está!”— adentrei a mata em direção a minha casa, pois mais uma vez, explodi nas minhas roupas. Próximo a janela do meu quarto, e pouco antes de me transformar, a voz de Sam preencheu meus pensamentos. 

“Você mudou muito Leah, se alguém me dissesse há alguns anos atrás que seria você a me dizer todas essas coisas eu provavelmente não iria acreditar, não por ser algo impossível de ser dito por você, sempre soube a pessoa maravilhosa escondida por trás do deboche o mau humor, entretanto, não achava mais possível essas palavras direcionadas a mim, após tudo que houve entre nós! Obrigado, por dar a todos a oportunidade de saber quem você sempre foi. Você merece ser feliz Leah”.

Fiquei alguns instantes absorvendo o que ele acabara de me dizer.

Saltei para o meu quarto com as palavras de Sam flutuando ao meu redor. O sentimento que nutri por ele um dia, agora parece ter sido apenas uma fantasia. Será que algum dia, vou me sentir assim em relação a Jacob?! Não sei, espero que sim!
Tomei um banho rapidamente, ignorando as dores que já começam a se manifestar por todo meu corpo. Peguei as primeiras roupas que alcancei.
Havia algo errado com a minha perna e o meu braço, eu acho. 

Parei diante o espelho, levantei o braço esquerdo, para observar se tem alguma marca… Não encontrei nada anormal.

— Um incomodo idiota por ter sido arremessada por um defunto imbecil. Logo passa. – ignorei a pontada que acabei de sentir, e acabei de me arrumar, preciso me apressar, estou atrasada para o meu trabalho.
Desci as escadas lentamente, pois, agora que meu corpo está sem vestígio algum de adrenalina, algumas dores pelas pancadas que o sanguessuga acertou, certamente vão aparecer.
Antes de sair, liguei para o Sr. Toshiro, e disse que enfrentei problemas com o carro, e que já estou a caminho. Ele como sempre, me tranquilizou com sua voz pacífica e gentil.
Entrei no carro, e por um instante quis ficar por ali, sem me mexer, só descansar após as aventuras desta manhã. Uma dose de culpa, está me incomodando, outras outras doses de dores, também!

Fui arrancada dos meus devaneios pelo toque incessante do telefone que estava em cima da minha bolsa, no banco de passageiros. Olhei no visor e vi o nome de Kate. Decidi retornar assim que chegar na loja, pois agora preciso saber como Nessie está!

Dirigi calmamente, pois minha perna, atingida pelo sanguessuga, está bastante dolorida.
Chegando à mansão dos Cullens, me dei conta que hoje minha concentração deve ser dobrada, primeiro para controlar essas dores pelo corpo que estão cada segundo mais fortes. Segundo, tentar ignorar alguns olhares de fúria, pela minha atitude recente de deixar Bella sem braço.

Respirei fundo ao abrir a porta do carro, afinal, este é o último local que vou respirar ar puro durante alguns minutos!
No momento em que desci do carro, pisei em falso. Uma dor extremamente forte percorreu meu corpo todo.
— Droga! – resmunguei. Terei que passar o dia sentada para me recuperar das pancadas que levei essa manhã.

— Problemas na patinha cachorra? – Rosálie, estava com os braços cruzados na porta, seu olhar de satisfação, por me ver com qualquer tipo de incômodo, normalmente seria ignorado com sucesso, mas hoje me deixou levemente estressada. 

— Não é da sua conta, defunta. – ela trincou os dentes.

Caminhei até a porta.

— Onde pensa que vai? – ela bloqueou a entrada. – Você, não está cogitando colocar suas patas aqui, após a situação com Bella, está? – seu tom de voz é debochado, e ao mesmo tempo irritado.

— Nossa, jamais imaginei que uma senhora, quase centenária seria tão ressentida assim! – antes de dar o próximo passo ela me empurrou. Saltei alguns metros, me distanciando dela.

Senti uma dor nauseante. Estou caminhando de forma calculada para aliviar o crescente incômodo que estou sentindo, e essa sanguessuga infernal dificultando minha vida, a essa hora da manhã. Quando eu acho que o dia não pode piorar… 

— Jamais me toque novamente!!! – a adrenalina no meu corpo fez a dor diminuir e sem dar um passo em falso, fiquei a centímetros do rosto dela, me esforçando ao máximo para não arrancar todos os fios loiros daquela cabeça fria com uma única dentada.

Rose formou uma resposta em seus lábios, porém, não teve tempo de pronunciar.

— Rose!! Pare já com isso!!– Bella tinha um tom de repreensão na voz, o que fez Rose, trincar os dentes. – Deixe-a passar, Leah é bem vinda aqui. Hoje, mais uma vez, ela salvou a vida de Nessie. Nenhuma desavença será cultivada entre nós.

— Ah por favor, ela regou a desavença entre nós! – Rose quase cuspiu as palavras.

Pensei em responder, mas a dor após meu momento de agitação, voltou muito pior.

— Eu dei a semente a ela, e não me orgulho disso. Agora vamos esquecer essa história, que diante os acontecimentos de hoje não tem a menor importância!! – Bella olhou em minha direção. – Por favor Leah, entre. Reneesme está inquieta, sem notícias suas!

Assenti satisfeita.

— Por gentileza, retire esse corpo frio do meu caminho! Fui convidada a entrar, e a Pirralha me aguarda. – debochei, Rosalie trincou os dentes mais uma vez.

Esse som está funcionando para me distrair da dor insuportável que se alastrou como fogo pelo meu corpo.
Ela me lançou um olhar assassino, e ignorei com prazer.

Entrei e passei por Bella agradecendo com um gesto, o convite.
Entrando na mansão, não consigo deixar de me perguntar. Céus como Seth, aguenta ficar aqui dentro tanto tempo?! O odor é simplesmente insuportável, chegando a causar dor em minhas narinas. Mais uma. Maravilha, o dia só melhora.

Posso ouvir Seth e Nessie, no andar de cima. 

— Toc, toc. Espero não ter interrompido nada. – brinquei, afinal eles podem me ouvir a quilômetros de distância.

Eles estavam sentados na cama. Nessie chorava copiosamente, com a cabeça encostada no peito de Seth, que acariciava seus cabelos com uma mão, e a outra segurava as pequenas mãos dela.
— Vai se afogar em lágrimas Reneesme. – brinquei.

— Ai Leah. – ela correu em minha direção saltando em meus braços. – Mas uma vez eu quase estraguei tudo.

— Como assim estragou, Nessie? – perguntei confusa.

— Eu treino tanto, e olha o que aconteceu hoje? Fui carregada como uma boneca de pano, sem conseguir me defender! Que maravilhosa lutadora, hâ? – ela voltou a sentar-se na cama.

Respirei fundo para caminhar até ali e não transparecer a dor infernal que está me dominando. Fiz um esforço imenso para não mancar novamente. 

— Nessie, pare de falar um absurdo desses. – caminhei calculadamente até ela. – Você não foi levada antes, pois se defendeu muito bem. Eram mais sangues… – Seth coçou a garganta, me alertando sobre o termo usado aqui, percebi a dica imediatamente. –... vampiros e somente você ali.

— Eu sou fraca demais Leah, eles sempre vão me abater. – ela admitiu derrotada.

— Pare já com isso, Reneesme Carlie Cullen. Nem você acredita nessas palavras. – Seth sorriu com a maneira nada simpática que eu pronunciei o nome dela. – Escute, seu Tio Emmett parece um urso, forte como uma rocha, mete medo por seu tamanho. Mas é Jasper o mais perigoso entre os Cullens, mesmo não sendo veloz como seu Pai, ou forte como Emmett ele é ágil, e mortal. Em uma luta ele pode derrotar vários oponentes com o tamanho de Emmett, em um piscar de olhos. Força nada tem a ver com vitórias Nessie, e hoje você nos provou isso. – ela enxugou as lágrimas. – Vencer é sobre não desistir, é sobre ter foco e coragem. Agora, por favor, pare de chorar como uma bebezinha, e se orgulhe do que fez. Você não teve medo, e isso é o que importa. Vamos manter o foco, e jamais será levada novamente. – respirei fundo. – Não deveria ter te ignorado esta manhã, deveria ter pedido para você esperar. – baixei a cabeça levemente culpada.

— Você, está de brincadeira comigo, certo Leah Clearwater? Por favor, nada de chorar como uma bebezinha!!! – ela ironizou.
A gargalhada dela e Seth me fizeram sorrir junto, mesmo sentido uma dor absurda nas costas ou talvez no corpo todo, já não consigo diferenciar.

— Bom, vamos parar de nos culpar por acontecimentos fora do nosso controle, correto Pirralha? – ela abriu um sorriso largo.

— Certo… tia! – sorri com a provocação. 

Caminhei até Seth, conferindo se está tudo bem com ele.

Meu irmão revirou os olhos em resposta.

— Bem preciso ir. – estou sentindo uma falta de ar insuportável, preciso sair desta casa. – Se comportem. – tentei brincar, mas não sei ao certo como meu tom de voz está saindo, já que estou prendendo a respiração e, talvez por conta dessa atitude a dor está me enlouquecendo.

Nessie, tocou meu braço, mostrando a insegurança em permanecer ali com os pais, principalmente com a mãe. Desde a desavença na mata, Nessie esteve fora da casa dos Cullens.

Com dificuldades em disfarçar a dor, me sentei ao lado dela.

— Acalme-se, dará tudo certo. Confie nas coisas as quais você acredita, defenda-as sem receio. – uni as mãos de Seth, com as minhas e segurei com firmeza as dela. – Sempre, estarei aqui por vocês.
Nessie assentiu mais confiante.  Mentalmente, respirei fundo antes de me levantar, e calculei cada movimento para não transparecer.

— Agora preciso realmente ir. – se eu pudesse gritar… o faria neste momento.

— Leah, estou notando você segurar a respiração, e pisar em falso, espere um pouco, Carlisle deve chegar em alguns minutos e examina você!! – seu tom de preocupação quase me fez esquecer a péssima atriz que sou.

— Não se preocupe, só preciso descansar um pouco. Vou avisar na loja que não consigo ir hoje. – menti.

— Mentirosa. – ela me encarou.

— Aqui, não consigo respirar, e as partes doloridas parecem ser ainda mais, pois fico segurando a respiração o tempo todo, inclusive… Seth a ama muito, pois, para pessoas como nós, respirar aqui dentro por muito tempo não é tarefa fácil!

Seth olhou em minha direção me repreendendo.

Aparentemente hoje, estou deixando as coisas fluírem até demais.

— Me desculpe, não queria ofender sua família!! – estou vendo alguns pontos brilhantes ao redor do meu irmão, possivelmente porque estou há muito tempo prendendo a respiração.

— Você não os ofendeu, Seth escuta muito isso por aqui, sobre seu cheiro, que inclusive eu acho maravilhoso!! – Nessie respondeu sorrindo.

Não sei ao certo o restante da frase, estou me concentrando em manter a minha sanidade sentindo essa dor, e o cheiro insuportável que faz aqui dentro.

— Preciso ir. – dei as costas e parti com urgência, preciso sentar e descansar meu corpo. 

Desci as escadas o mais rápido que pude, sem saber ao certo como, pois tenho um único objetivo…. a porta de saída! 

Prendi a respiração e alcancei o andar de baixo, talvez alguém esteja falando comigo… talvez.

Quase no acesso à saída, notei que não estou ágil o bastante, Bella parou antes que eu pudesse chegar a área externa desse pesadelo.

Bufei irritada. Não consigo respirar aqui dentro sem me sentir nauseada, e preciso respirar para tentar não sentir tanta dor.

— Não fique irritada, só quero te agradecer mais uma vez. – talvez, quisesse dizer a ela que não estou irritada por esse motivo, mas dane-se, não consigo ordenar tudo ao mesmo tempo neste momento. – Obrigada Leah, por mais uma vez salvar a vida da minha filha, sou eternamente grata. – o tom maternal teria me comovido caso fosse pronunciado por Esme, mas Bella nunca me comove.

As luzes brilhantes agora estão ao redor da Swan. – apertei os olhos. 
— Não preciso responder que faço isso por ela, certo? Se preciso for, farei mil vezes! Agora preciso realmente ir! – cortei os agradecimentos.
— Eu sei que fará, porém, agradeço da mesma forma. Reneesme a ama e respeita Leah, sei o quanto ela é importante para você também. – assenti.

Abri a porta para sair e dei de cara com Edward, Emmett, Alice, Carlisle e Jasper, maldita respiração presa, que não me deixou sentir a aproximação deles. Suspirei derrotada, está parecendo impossível sair deste lugar, e a dor e irritação já estão quase me dominando. Mas, preciso sair e chegar em casa.

— Acabaram com o sanguessuga, ou tentaram fazê-lo um defunto melhor? – soltei as palavras sem saber ao certo o que estou dizendo.
— Leah, você está bem? – Carlisle perguntou. Olhei para ele, e uma  sincera preocupação estava estampada em seus olhos.
— Sim estou. – respondi com dificuldade. – Preciso ir, pois estou atrasada. – passei pela porta desesperada para chegar ao meu carro.

— Ela está com dores no corpo, Carlisle. Não consegue identificar exatamente onde. – Edward avisou ao médico, sanguessuga intrometido. – Não estou me intrometendo, é para o seu bem! – revirei os olhos.

O Doutor Caninos se aproximou.

— Me deixe examiná-la. – Carlisle pediu.

— Não é necessário, estou cansada do combate apenas isso. – meu tom subiu duas oitavas. – Preciso descansar. – Ignorei a dor avassaladora que domina meu corpo. 

Entrei no carro e sentei com dificuldades.

— Tome. Aqui tem um kit com ampolas de morfina e seringas,  use se necessário e caso não melhore, me procure. – Carlisle, me entregou uma bolsinha com remédios e algumas agulhas.

Peguei o kit, assenti e o coloquei no banco do passageiro.

Dei partida e me senti aliviada por sair dali. Dirigi o mais rápido que pude e alguns segundos depois já estava na estrada. Acelerei.
Uma falta de ar enorme começou a tomar conta de mim. Respirei fundo, expirando devagar. Algo está muito errado.

Vou tentar ir o mais rápido possível para chegar à reserva, pois a dificuldade em respirar está aumentando a cada segundo. 

Na estrada me sinto um pouco mais aliviada. Os carros passavam por mim como borrões. Minha visão escureceu, e a dificuldade em respirar já está causando uma imensa dormência em várias partes do meu corpo. Diminui a velocidade.
— Droga, droga. – tateei minha mão pelo banco do passageiro. Peguei o kit que o Dr. Caninos me deu, e com uma das mãos inseri o líquido na agulha, em seguida injetei no meu braço. Repeti o movimento. Preciso cessar a dor, para chegar com segurança à reserva. Não tenho noção em qual parte da estrada estou.

As luzes brilhantes, em minha visão, tomaram conta de tudo.

Uma voz no fundo da minha mente, pediu.

“ – Leah, encoste o carro.”

Sem saber ao certo como estava fazendo, tirei o carro da estrada. Ele deu uns solavancos e finalmente parou próximo a uma árvore. Abri a porta do carro, tentando identificar onde estou, porém falhei. Olhei para o lado e tentei fixar minha visão no banco do passageiro, tendo um vislumbre da minha bolsa. Puxei antes de cair para fora do carro.

Estava bem pior do que poderia supor.

Com dificuldades fiquei apoiada com minhas mãos e joelhos na grama. Me concentrei tentando me transformar, mas descobri que essa não é uma opção. Uma dor terrível ameaçou me partir, quando o calor da transformação começou a subir por minhas pernas. Me concentrei, impedindo que o fogo dominasse meu corpo. Deitei na grama.
O remédio começa a amortecer meu corpo. Ainda no chão, tateei a mão pela grama tentando localizar minha bolsa, preciso encontrar meu celular.

Alguns minutos, segundos ou horas depois consegui achar o aparelho. Respirei fundo e me ergui. Tudo ao meu redor é brilhante neste momento. Me lancei na mata. Tentei ganhar velocidade, mas bati entre árvores e caí. Olhei para o celular que milagrosamente ainda está em minhas mãos. Tentei discar algum número, procurar algo, mas simplesmente não sei o que está acontecendo. Não tenho o controle dos meus movimentos, da minha mente. Levantei novamente, apertei algo. 

Quero pedir ajuda, mas está tão confortável aqui. 

Levantei.

— Céus. – arfei, sentindo uma dor nauseante novamente, parecendo uma faca nas minhas costelas. Levantei minha blusa, e existe uma mancha escura, que vai da altura do estômago até quase o umbigo.

— Jacob! Ajude-me. – desabei sem forças.

— Oi Leah! – ouvi uma voz distante. – Está tudo bem? – tentei segurar o aparelho na minha orelha, porém, já não sei ao certo se o estou segurando em minhas mãos.

— Jacob, não me deixe aqui… – sinto o sol bater no meu rosto, é uma sensação gostosa. Minhas mãos estão tocando a relva novamente, como nesta manhã. 

— Leah, o que está acontecendo, onde você está? – havia algo na voz dela e mesmo não sabendo quem é, sinto o desespero, talvez, uma histeria, esse tom me lembrou alguma coisa, não sei ao certo o que. – Leah, por favor, foco na minha voz, por favor, Leah!!!!– o sol é algo delicioso e raramente visto por aqui.

aperta o play

O dia está totalmente ensolarado. 

A sensação quente da grama em minhas costas é tão agradável.

— Hei, você parece estar em apuros. – a voz rouca e divertida de Jacob, fez meus olhos se abrirem rapidamente.
— Estou em apuros há muito tempo. Desde que você partiu. – soltei as palavras sem controle. – E olha que maravilha, não quero mais ficar sempre em apuros. – as palavras fluíam com facilidade.

 Jacob sentou ao meu lado, e levantou minha blusa.

  Temos uma arte e tanto aqui, senhorita Clearwater.  Jake analisava minhas costelas. O toque quente de seus dedos na minha cintura me fez suspirar.

Sinto tanto a sua falta Jacob. Mesmo não querendo sentir nada. Saudades ou amor, inclusive não quero mais amar você. – confessei. 

Ele sorriu encantador. Senti o toque quente de suas mãos nas minhas costelas, e a dor desapareceu.
— Eu sinto sua falta Leah, sinto todos os dias, mas não posso tê-la assim, por isso… volte para o seu lugar. – ele disse tranquilamente.
— Estou no meu lugar, onde devo estar Jacob, ao seu lado. – senti um calafrio percorrer meu corpo.
— Aqui não é o nosso lugar, meu amor. – o sorriso que ilumina minha vida está aqui diante os meus olhos, ao alcance das minhas mãos. Porém, meus braços estão pesados, como se estivessem  travados e não consigo tocá-lo.
— Eu gosto daqui Jacob, é tão confortável. – estou me sentindo leve.

— Eu sei que é, mas o confortável, nem sempre é bom, e aqui definitivamente não é seu lugar. ele apertou minhas costelas. 

— Não quero ir sem você, eu te amo Jake. – segurei seu braço.

— Eu te amo Leah. – meu coração disparou frenético. – Você jamais estará sem mim, estou sempre ao seu lado, agora volte. – Jacob ficou em pé, e estendeu a mão em minha direção, revirei os olhos e ele sorriu. — Vamos levante-se. – ele ordenou divertido.

— Não consigo. – meus braços continuam travados.

— Sim você consegue, estou aqui para te ajudar, agora vamos, aqui não é seu lugar! – ele estendeu a mão, e a dificuldade em levantar meus braços desapareceram, segurei sua mão e Jacob me colocou de pé, me abraçando carinhosamente, senti suas mãos tocando meu rosto.

— Não quero sair do seu abraço. mentir que não o amo, é uma luta que hoje, desisto de ganhar. 

Senti o frio percorrer cada partícula do meu corpo. 

— Se apegue ao meu calor Leah, deixe ele te inundar. Abra os olhos e não permita que o frio te domine, estou aqui, estou ao seu lado. – Jacob me apertou em seus braços.

Senti uma lufada gelada de ar querendo me dominar, meus olhos abriram com urgência.

— Socorro. – sussurrei.

— Calma, estou aqui. Fique comigo, está bem? – a voz conhecida, parece tão distante, contudo, o toque de suas mãos em meu corpo é quente e confortável.

Segui ouvindo a voz, parecendo um sussurro à distância, contudo continha uma urgência. 

— Estamos no quilômetro vinte e oito, mas dentro da mata, não sei exatamente em qual lugar. – ele fez uma pausa. – Eu a encontrei há cerca de cinco minutos, escute o abdômen dela está escuro e muito feio.

Senti o frio querer me dominar. Então mais uma vez, ouvi a voz de Jacob;

“Se apegue ao meu calor Leah, deixe ele te inundar. Abra os olhos.”

Jacob! — uma onda de calor me aqueceu por completo, infelizmente trazendo a dor avassaladora de volta.

Abri os olhos. Não conseguia uma visão clara de absolutamente nada. Porém havia alguém…

— Leah, olhe para mim. Não feche os olhos. A ajuda está chegando. – conseguia ouvir com mais clareza.

Um anjo. Algo me diz que eu já vi esses olhos azuis em algum lugar.

Tento, entretanto… manter os olhos abertos é cansativo.
— Por favor, não adormeça, por favor, olhe para mim. – abri os olhos e o céu nublado me trouxe de volta a realidade.

E a minha não é nada agradável.

— Minhas costelas, há algo errado nelas. – tentei gritar, mas falhei miseravelmente.

— Sim, você fez um belo serviço aqui moça. Escute Leah, temos que parar de nos encontrar assim, como impressionar uma garota se primeiro ela me salva e depois sequer se lembra de mim. – a voz dele fez uma imagem preencher a minha mente... 

O homem com a prancha em alto mar.

— Me ajude Mike. – sentia o sol em meu rosto novamente o calor em minhas costas, era tão tranquilo esta sensação, tão fácil, indolor.

— Já vamos sair daqui, não me deixe, está bem? Estou aqui! – sua voz é um sussurro novamente.

Fechei meus olhos.

E o vi novamente. Jacob. Ele sorriu encantador. 

— Até breve Leah. Não esqueça minhas palavras… Não existe nada, que irá me impedir de voltar para você, um dia. – senti as lágrimas escapando sem permissão.

— Você promete? – Jacob estava cada segundo mais distante. Porém mesmo com sua imagem desaparecendo, seu sorriso era tão claro e verdadeiro, como se ele estivesse ao meu lado.

— Eu prometo! – sua voz continha uma certeza, que me faz querer não sair mais daqui. Contudo, preciso!

— Abra os olhos Leah, fique comigo, por favor! – ele pedia emocionado. 

— Leah! – a voz melodiosa do homem não conseguiu chamar minha atenção.
— Ai meu Deus, Leah!!! O que aconteceu Carlisle? – a voz masculina conhecida parecia aflita. 

Apertei a mão do anjo, algo me dizia que minha situação é pior do que supunha.

— Mike, precisamos tirá-la daqui agora!! Vou levá-la até minha casa! – a voz melodiosa parece uma canção irritante agora.

— Ela precisa de um hospital!!! Olhe para ela!! – o homem que me pediu para não deixá-lo parecia furioso.

— Ela não chegará a tempo, e na mansão tenho toda a estrutura para tratá-la melhor. Não podemos perder um minuto sequer! – a voz melodiosa me fez ter a certeza de estar em um pesadelo.

Senti o aperto quente em minhas mãos. Abri os olhos.

Outra voz, firme e decidida.

— Não vamos colocar a vida dela em risco Mike. Eu prometo, agora vamos cada segundo é precioso. – Seth?

— Escute, por favor, não apronte nada na minha ausência, se você tentar morrer, a farei pagar o jantar no próximo encontro. – a voz do anjo, seu tom leve e divertido fez algo aquecer dentro de mim.  

Meu corpo flutuou. Senti um calor agradável e familiar.

Ouvia o barulho melodioso do coração em meus ouvidos. Tudo ficou leve, e uma sensação gostosa me invadiu.

Por pouco tempo, muito menos do que eu gostaria…

Despertei dentro de um pesadelo, sentindo um frio absurdo. Sem sons conhecidos ou agradáveis, um vazio torturante.

— Edward, coloque-a na mesa, suas costelas estão fraturadas causando um ciclo de perfurações no pulmão e rins. – mas o que diabos Carlisle fazia no meu sonho?

— Achei que eles se curavam rapidamente… – outra voz, mas esse tem um tom aveludado e desliza ameaçadora em meus ouvidos, anunciando algo ruim.

— Sim, esse é o problema, eles estão calcificando de forma errada, e consecutivas vezes perfurando os órgãos, temos que agir rápido e evitar danos permanentes. – essa urgência na voz, tenho certeza, é Carlisle.

— Não devíamos ter permitido que ela saísse daqui sem atendimento, não vou me perdoar se algo acontecer a ela. – a voz aveludada parece angustiada.

— Leah escute, resista, não ouse me deixar sem irmã, não se atreva!! – reconheço essa voz.
— Seth! – foi a única coisa que consegui dizer antes de flutuar novamente, e um frio congelante percorrer meu corpo. 

Estou tentando lutar, mas um a um meus ossos estão sendo quebrados, e uma angústia terrível domina cada mínima parte do meu corpo. 

Ouço vozes angustiadas e quero ajudar, mas estou muito cansada.

— Abra os olhos Leah, vamos!!! Não faça isso comigo. Por favor! – abri os olhos, e Nessie me olhava angustiada.
Sorri e senti a escuridão dominar tudo à minha volta. 

................

De tempos em tempos mudamos, lutamos e seguimos em frente. Mas como determinar a ordem, para cada um desses passos? Eu mudei, ou segui em frente? Não sei. Neste momento tenho uma certeza… Estou lutando!

Abri os olhos preguiçosamente, o som da chuva no lado de fora anuncia mais um dia longo pela frente. 

Sinto meu corpo moído, acredito ser pelos pesadelos que tive durante a noite.
Tentei me espreguiçar, porém tenho fios nos meus braços! 

— Céus!!! – levantei a cabeça assustada, olhando os fios pelo meu corpo. 

Fechei meus olhos com força. Preciso ter certeza, que estou  vivendo isso.
Abri lentamente, minha visão embaçada voltando ao normal, respirei fundo, não tenho a menor ideia de onde estou, só acabei de constatar que não estava sonhando, tudo realmente aconteceu. 

Senti um cheiro enjoativo, sutil, mas está no ar.

Tentei levantar da cama, porém, senti meu corpo todo ir contra essa atitude. Ajeitei o travesseiro com calma em minhas costas.

Inspirei profundamente, aguçando meus sentidos para tudo ao meu redor. O som da chuva, as batidas aceleradas no coração de Nessie,  as fortes no coração de Seth. E um terceiro coração com um martelar tranquilo. Inspirei profundamente, reconhecendo todos os aromas ao meu redor, e um específico, me sobressaltou, pois é, completamente improvável estar por aqui, então corro o risco de ainda estar sonhando.

Me ajeitei levantando a cabeça, e tendo visão do que estava a minha frente. O espanto quase me fez soltar um grito assustado. Parecidos com os causados pelos sustos que meu pai me pregava quando se escondia atrás das portas e se divertia com a minha surpresa, quase sempre derrubava algo. Após a minha transformação nunca mais isso aconteceu…. até hoje!

Esfreguei os olhos, para ter certeza que ele está ali, dormindo tranquilo, em um sofá amplo, que está em frente aos pés da cama onde estou a poucos metros de distância, e milhões de perguntas, para tentar descobrir como Mike Newton veio parar aqui!

— Céus, o que houve? – sussurrei sentindo um leve desespero me dominar. Tentei levantar para verificar se ele está bem, mas os fios me impedem de ir até o sofá.

Será que o machuquei? Como viemos parar aqui? Como, diabos Mike Newton, se envolveu em tudo isso?!
Antes que pudesse arrancar todos aqueles fios para ir até aquele sofá e verificar se ele está a salvo, fui surpreendida com a imensidão azul de seus olhos me encarando.
Um sorriso lindo se espalhou por seu rosto angelical.

— Leah! Graças a Deus, você acordou!!! Como está se sentindo? –  ele esfregava o rosto, parecendo exausto.
— Um pouco zonza, e cansada, mas no geral, bem, eu acho?!! – respondi confusa. – Mike, o que faz aqui? – minha preocupação em saber o motivo por ele estar ali já domina meu corpo todo.

— Ele salvou sua vida, - Seth caminhou em minha direção com um sorriso largo nos lábios, seguido por Nessie. – Mike a encontrou Leah, ele nos disse exatamente onde achá-la.
Uma lembrança invadiu minha mente, era uma imagem escura iluminada apenas pelos olhos azuis dele.
— Eu estava fazendo escaladas por ali. Quando escutei você chamar por alguém. Ignorei a princípio, mas escutei novamente, em seguida a vi com as mãos sobre suas costelas, quando me aproximei escutei a voz de uma moça gritar por você no celular e disse onde estávamos. – ele olhava diretamente em meus olhos.
— Não me lembro muito bem o que aconteceu. Tenho a lembrança de querer ligar para alguém, contudo, não sei se consegui! – confessei.
Tentei forçar minha mente e trazer novas recordações, entretanto, me sinto em câmera lenta.
— Você ligou para o meu celular Leah. – Reneesme segurou minha mão. – E graças a Mike te achamos rapidamente.
Olhei para Mike e ele parecia alheio aos agradecimentos.
Não consigo desviar meus olhos dos dele. O sorriso brincando em seus lábios é algo tranquilizante.

— Obrigada! – sorri sem tentar conter esse gesto. 

— Estamos quites agora, com a diferença que não sumi antes de te ver acordada. – ele brincou.

Um sorriso se espalhou naturalmente por meus lábios.

— Certamente eu te superei no quesito, estado de saúde. Então essa é minha desculpa! – ele gargalhou.

— Justo. Como disse, temos que parar de nos esbarrar assim, e organizar melhor nossos encontros. – Mike se mantinha parado aos pés da cama, um olhar leve, e divertido.

— Justo. – senti minhas bochechas corando.

— Vou te lembrar dessa frase futuramente. – seu olhar se tornou malicioso por um instante, e isso me causou um frio na barriga sem explicação. – Bem preciso ir. Você precisa descansar. – ele não desvia os olhos dos meus, nem por um segundo. – E o dever me chama.
— Claro que sim. – a realidade me atingiu com força – A loja! Céus, Sr. Toshiro!!!
— Não se preocupe, eles sabem que houve um acidente, Ângela esteve aqui com o Pai, enquanto você dormia. Ambos estavam preocupados com a sua saúde. Agora estou atualizando sobre seu estado a todo momento! E estou ajudando o Sr. Webber com algumas coisas quando ele precisa, para não sobrecarregá-lo, fique tranquila! – senti minha garganta secar, e meu estômago se remexer inquieto novamente. Não faço a menor ideia do que dizer.

— Mike, eu… Eu… – ele não me deixou finalizar.

— Se me agradecer novamente, vai ter que pagar o jantar! – ele se aproximou e segurou minha mão. – Quero que se recupere tranquilamente, sem preocupações! 

Assenti, sorrindo completamente sem reação.

— Volto mais tarde para te ver. E trago notícias de todos, até lá, descanse, por favor. – Mike soltou minha mão. E caminhou até o sofá onde havia uma mochila. Só neste momento voltei a perceber a presença de Seth e Reneesme que olhavam admirados, não sei ao certo o que!

Mike pareceu alheio aos olhares, e se notou, ignorou. Ele se despediu de Seth com um aperto de mãos.

— Eu o acompanho até a porta, Mike. – Nessie disse, ele assentiu e ambos caminharam em direção a saída do quarto, porém, antes de desaparecer pela porta, Mike se virou em minha direção.

— Até mais tarde Leah, qualquer coisa me ligue, chego rapidamente onde você estiver! Fique bem, não tenho mais ninguém para chamar caso arrume problemas em alto mar! – um sorriso largo se espalhou pelos lábios dele, fazendo o mesmo acontecer comigo, é tão natural sorrir assim ao lado dele. Fechei os olhos e o martelar tranquilo no coração dele me tranquilizou por alguns instantes.

Abri os olhos e Seth me encarava boquiaberto.

— O que acabou de acontecer aqui? – ele perguntou divertido.

— Nada. Só estou agradecida. Nada mais. – senti minhas bochechas corando novamente. Droga!

— Não é o que parece. – Seth cruzou os braços com uma expressão indecifrável, ele parece me analisar.

— Pare de bobagens, ele salvou minha vida, só isso! – desconversei.

No entanto, minhas palavras tomaram um caminho errado e um brilho furioso dominou os olhos do meu irmão.

— Só isso? Só isso… SÓ ISSO? – a expressão dele que antes eu não conseguia decifrar, agora não preciso de esforço algum para entender, é insatisfação, e algumas doses de raiva também.

— Hey, não foi isso que eu quis dizer… – tentei argumentar. Contudo falhei. Então as palavras que provavelmente ele vem contendo, ganharam força!

— Como você ousa fazer isso? Sair daqui naquele estado. – Seth cruzou os braços, me encarando.

— Seth, eu não compartilho a mesma amizade que você nutre com os Cullens. – sem deixar em som escapar por meus lábios em respeito a Nessie disse “sanguessugas.”

— Quanta maturidade, parabéns!!! Não estamos aqui falando de amizade, estamos falando de inteligência. Você sequer sabe o que aconteceu. – senti minha garganta secar.

— Vamos falar em inteligência realmente? Você que se deixou abater, sem sequer tentar se proteger. Estou aqui agora, e estou bem. Isso é o que importa. – tentei tranquilizá-lo.

Ele sorriu incrédulo.

— É sério, que fará isso, Leah? Usar a minha imprudência, para justificar a sua? Inacreditável! Eu não agi de forma correta na sua visão, mas ainda sim, foi por amor. Por saber que tudo iria se resolver em algum momento, ter a certeza na força da relação que venho construindo há anos. E não estou dizendo que agi da melhor forma, jamais diria isso, mas tentei. Agora o que houve com você, foi completamente diferente, poderia ter morrido por puro orgulho. – tentei interromper, ele não permitiu. – Vou te contar o que a sua falta de maturidade e seu orgulho quase causaram. Você fraturou algumas costelas que calcificaram de forma errada, como é comum acontecer com Lobos. Você não parou, continuou correndo e lutando, então as costelas quebravam consecutivas vezes, só que desta vez perfurando seu pulmão, e rins. E o ciclo de perfuração e regeneração se repetiu, até seus órgãos entrarem em falência, e não posso me esquecer de mencionar, sobre seu pé e braço esquerdo, também sofreram lesões, e estavam calcificados de forma errada. – ele parou e respirou fundo. – Você sabia que havia algo errado antes de cruzar a porta. E mesmo assim, foi orgulhosa o bastante para achar que poderia se virar, pois não quer um vampiro te ajudando.

— Acalme-se Seth, Leah está bem agora, o pior ficou para trás. – Nessie circulou as mãos na cintura dele.

— Desculpe, não fazia a menor ideia da gravidade do meus ferimentos. – fui sincera, mas Seth, continua com uma expressão zangada estampando seu rosto. – Pense pelo lado positivo, se algo acontecesse, meu quarto é bem maior e você poderia ficar com ele. – brinquei.

Vi a irritação crescer nos olhos dele. Novamente minhas palavras seguindo um caminho errado.

— Nunca mais ouse brincar com isso, Leah Clearwater. Escute e preste atenção no que direi agora. Carlisle quebrou vários ossos do seu corpo e você sequer gritou, pois estava totalmente inconsciente, não sabia sequer onde estava. Então quando houver acidentes parecidos com o daquela manhã, engula a porcaria do orgulho e faça Carlisle, quebrar seus ossos enquanto você pode xingá-lo por isso. Seu acidente poderia ser algo simples de resolver, se não fosse sua teimosia e esse orgulho irritante de admitir que tem dores, que pode se ferir!!

— Seth!! Acalme-se! – Nessie pediu enérgica.

Seth não desviou o olhar do meu. Eu não consigo emitir um único som, além de estar absorvendo a gravidade do que aconteceu, entendo a fúria dele por ter deixado a situação chegar ao limite como permiti.

— Você teve a sorte de Mike te encontrar rápido, pois estava fora das terras Quileutes em território dos Cullens, jamais iniciaria as buscas por lá, e talvez não chegássemos a tempo. – os olhos dele encheram de lágrimas. – Se algo acontecer a você, como acha que será a minha vida e a da nossa Mãe? Seja a Alfa, não uma garota fazendo birra por besteiras. Carlisle nos oferece tratamento e uma recuperação segura. Pare de correr riscos por infantilidades, você é uma adulta, e uma líder agora. Tenha maturidade! – ele saiu do quarto furioso, me deixando totalmente sem reação ali.

— Seth me desculpe... – ele sequer olhou para trás.

Suspirei derrotada. Reneesme se aproximou.

— Ele está bravo, emocionado, furioso. Seth, Carlisle e meu pai, a encontraram em um estado nada agradável de presenciar. – os olhos chocolates de Nessie encheram de lágrimas. – Você, não estava nada bem.

— Foi sério mesmo. – sabia que sim, uma névoa enorme em meus pensamentos bloqueiam qualquer lembrança do que houve. – Eu queria ir ao hospital, sei lá o que pensei ser possível fazer sem a intervenção do Dr. Caninos.

— Leah, entendo sua aversão pelos meus parentes, porém se um dia isso acontecer novamente e espero sinceramente que não, Carlisle é a melhor opção para nós híbridos, então, por favor, recorra a ele. – apenas assenti, não agüentava mais ouvir sermão, e saber o quão errada eu estou.

Encostei minha cabeça no travesseiro e fechei os olhos. Uma lembrança dominou minha mente…. Jacob!

Se apegue ao meu calor Leah, deixe ele te inundar.”

É como se ele realmente estivesse ali naquele momento. me dizendo aquelas palavras, mesmo tendo a certeza que fora de um sonho, ele jamais diria essas palavras!

Mesmo assim, esses sonhos me dão um conforto, apaziguando a saudades que sinto dele diariamente.

— Você o chamou algumas vezes… – a voz de Nessie, parece um sussurro neste momento. Ela se aproximou e sentou ao meu lado.

Não preciso ser um gênio para saber de quem ela está falando.

— Imagino que sim. – respondi permanecendo com os olhos fechados, estou cansada de lutas por hoje.

— Deve ser cansativo fingir diariamente, que não o ama. – a voz dela tinha um tom acalentador. Abri os olhos e suspirei derrotada.

— Você não faz ideia do quanto. – admiti.

— Não. Mas sei o quanto eu te amo, e sempre estarei aqui pra você. Quando estiver muito pesado, sabe onde me encontrar. – Nessie, tem um sorriso acolhedor. Assenti.

Antes de responder qualquer coisa, meus sentidos me alertaram algo que será tão doloroso quanto ter as costelas quebradas… posso ouvir o coração ansioso de dona Sue, dentro de seu carro na auto estrada, se aproximando da casa dos Cullens. Junto com ela, Carlisle também se aproxima.

— Se achou a bronca de Seth, severa… minha mãe o fará parecer uma criança resmungona, assim que cruzar aquela porta. – tampei o rosto com um travesseiro.

Escutei a risada de Reneesme. Ela puxou o travesseiro e o ajeitou nas minhas costas.

— Bem, ela é sua Mãe… e como eu já tenho a minha para conter, boa sorte com essa batalha. – cerrei os olhos, fingindo estar ofendida.

— Quanta ingratidão, eu ajudei a conter a sua. – respondi com ar de deboche.

— Não posso arrancar o braço da sua mãe, Leah. Seu irmão não concordaria com esse tipo de auxílio, mesmo te amando muito não quero brigar com ele. – Nessie, tinha o mesmo ar de deboche que estampava meu rosto poucos segundos antes.

— Céus!!! – minha reação pela alfinetada, causou uma gargalhada nela.

— Nossa. Peguei pesado. – assenti concordando.

Olhei para a janela, observando os pingos deslizando pelo vidro.

— Como ela está? – pensar nas preocupações, e aflições dela por me ver nessa cama, me deixa inquieta.

— Ela é sua Mãe, a viu  machucada e inconsciente, depois cheia de fios pelo corpo. Em algum momento ela deixará a chateação de lado por estar tudo bem agora, então seja paciente, deixe-a desabafar. – Nessie saltou da cama assim que minha mãe tocou a campainha. – Bem, siga os conselhos de quem não praticou essas palavras, e não teve muita sorte, no caso eu. – Nessie ajeitou meu cabelo. – Escute, ela ficará bem quando ver seus olhos abertos. – suspirei derrotada. – E claro, boa sorte até a felicidade dela ficar evidente. – Nessie se apressou em deixar o quarto.
— Muito obrigada Reneesme. – ajeitei meus cabelos e sentei na cama, tamborilando os dedos pelo lençol. A cada passo em direção ao quarto, o coração dela acelerava mais. Antes de surgir na porta ela respirou fundo, e parou ali na entrada do quarto. Lágrimas rolaram por seu rosto. Automaticamente me emocionei. Tudo foi muito inesperado e imprudente. Vê-la nesse estado, me deixa magoada mortalmente, como se a tivesse traído.

— Me perdoe mãe. Não quis nada disso, não quero te ver preocupada, e nem sofrendo. Me perdoe, por favor!! – implorei a ela. É a única coisa que posso fazer neste momento.

Sem dizer uma única palavra, minha mãe caminhou em minha direção, e  me deu um abraço caloroso. Ficamos assim alguns minutos.  A  respiração dela, que antes era irregular, foi lentamente ficando mais calma, até permanecer completamente tranquila. 

— Estou feliz minha filha, por te ver bem, com os olhos abertos. – ela colocou meus cabelos atrás da orelha. – Estou grata, estou aliviada, mas, te peço… jamais faça isso novamente. Não conseguiria me recuperar sem a sua presença em minha vida.

Assenti. Nos abraçamos novamente.

— Me perdoe mãe. – me aninhei nos braços dela, enquanto ela acaricia meus cabelos.

— Estamos bem, agora? – Nessie colocou metade do rosto na porta de entrada do quarto.

— Vou escolher um bom castigo mais tarde. – minha mãe brincou.

— Excelente ideia, é o mínimo para esta mocinha! – Nessie concordou.

— Que maravilha! – dei de ombros.

Minha mãe foi até a porta e pegou uma pequena malinha, que só agora percebi estar ali.
— Trouxe suas roupas, assim você não poderá reclamar do cheiro de Vampiros. – ela tirou algumas mudas de roupa da bolsa. O desespero tomou conta de mim, fiquei perplexa.

— De jeito nenhum, eu voltarei com você para reserva, mãe! Não existe a menor necessidade de me manter aqui, se já estou me recuperando. – coloquei as cobertas de lado e sentei com os pés para fora da cama. – Vou agradecer ao Dr. Caninos. – o olhar de repreensão dela, foi severo quando soltei o apelido do médico. – Desculpe por isso é um costume, enfim, sou grata, contudo tenho certeza que vou me recuperar melhor em casa. Ficar aqui me fará ser apenas uma paciente zangada, Dona Sue.

Ela me encarou decidida. 

— Eu fui uma mãe zangada, durante dois dias Leah Clearwater! Você supera, assim como eu superei. – fiquei boquiaberta com a resposta dela. vai caso possa fazer isso.

— Mãe, eu… – ela não me deixou finalizar. 

Olhei na direção de Nessie, completamente sem palavras, assim como ela.

— Vamos conversar com o Dr. Carlisle, se ele te liberar hoje, vamos embora com prazer, se não for possível, você permanecerá e será grata por isso. – minha mãe foi taxativa, me calei. Um desespero mudo dominando tudo.

Carlisle surgiu na entrada do quarto.

— Boa tarde meninas. – ele disse gentil. 

— Estávamos falando sobre você neste exato momento Doutor. – minha mãe respondeu simpática.

— Não pude deixar de ouvir, estava vindo ver como está nossa paciente. – ele olhou em minha direção. – Posso te examinar Leah?

Assenti com o olhar atento da minha mãe em nossa direção.

O toque gelado de suas mãos em meu corpo, causou uma vontade insana de arremessá-lo no outro lado do quarto. Prendi a respiração.

“Acalme-se Leah, ele salvou a sua vida, salvou a sua vida salvou a sua vida. – meus pensamentos controlaram meus instintos.

— A cicatrização está perfeita, vou passar algumas orientações para seguir em casa. Não se transformar nos próximos dias, e fazer repouso nos próximos três. – ele escrevia algo em um bloco de papel, a postura tranqüila como sempre.

— Dias? Não posso. Como vou ficar tanto tempo sem fazer rondas, como? Não posso e nem devo. – informei.
— Leah, escute! Lobos cicatrizam rapidamente, porém, quando o osso quebra fica frágil, e pode não aguentar a transformação. Você teve ossos muito delicados quebrados. Descansar é preciso. – ele ponderou.

— Leah! – minha mãe se aproximou. – Você escolhe, ou acata as orientações, ou fica aqui até poder se transformar. Qual opção é melhor? – não havia o menor sinal de dúvidas na voz dela.

— Está bem. – o argumento foi infalível. – Eu descansarei.

Minha mãe pegou os papéis na mão do Dr. Caninos.

— Ótimo. Precisam de ajuda com alguma coisa? – Carlisle perguntou.

— Não é necessário Dr, muito obrigada. Leah só vai se vestir, e vamos para casa. – minha mãe, se aproximou do Dr. – Mais uma vez, obrigada por cuidar dela.

— Não precisa me agradecer Sue, Leah é querida nesta casa, e jamais deixaria algo acontecer a ela. Muito bem, vou deixá-las a sós para se organizarem. – Carlisle ia deixando o quarto.

— Carlisle, antes de ir. – fiquei em pé e me aproximei. – Obrigada, você salvou a minha vida. – soltei a respiração.

Ele sorriu. E se eu não estivesse sentindo o aroma enjoativo vindo dele, o acharia bonito. 

— Não há nada o que agradecer, Leah. Sempre que precisar estarei aqui. – Carlisle com sua costumeira voz aveludada e gentil, saiu do quarto.

Coloquei minha roupa calmamente, não sinto dor, porém, algumas partes do meu corpo estão doloridas, é um incômodo chato. Já o cansaço veio em dobro. Sinto como se tivesse passado dias e dias lutando.

— Estou pronta. – avisei minha mãe, ansiosa para sair daqui, e descansar com tranquilidade em casa. 

— Vamos!! – Minha mãe pegou a mala animada, peguei educadamente.

— Eu posso levar a mala dona Sue, fique tranquila. – ela sorriu assentindo.

— Ahhh já estava esquecendo. – minha mãe tirou a blusa que deixou no sofá, e debaixo dela havia um molde de gesso, aparentemente com o formato do meu braço, e me entregou.

— De forma alguma. Não! – me irritei, e minha mãe revirou os olhos.

— Leah… – ela respirou fundo. – Temos que adotar algumas medidas, já que seu estado de saúde, causado por um grave acidente, virou conversa em inúmeros locais na cidade. Como vamos explicar essa cura milagrosa? – foi minha vez de revirar os olhos. – Escute, não precisa colocar agora, mas quando for a qualquer lugar vai colocar. – minha mãe esticou o gesso em minha direção, e esperou que eu o segurasse. Bufei irritada e segurei a porcaria do gesso. – E lembrando, que as bandagens que estão na sua cintura, são obrigatórias por alguns dias.

— Você tem certeza que não está brava comigo? – perguntei irônica.

— Não disse que não estava brava, disse apenas que estava feliz em vê-la bem, e estou, agora se eu disser que estou satisfeita com toda a situação, a resposta será, não!!! – ela foi enfática. – Agora vamos!

Assenti sem soltar mais uma única palavra. O silêncio é algo que devo prezar após tudo que houve.

Prendi a respiração, pois o aroma de alguns vampiros reunidos me deixa nauseada.

Caminhei em direção a saída, antes de chegar nas escadas me deparei com Seth. Estava com a respiração presa e não senti sua aproximação.

— Eu levo. – ele pegou a mala na minha mão.

Tentei dizer algo mas ele desceu, sem me dar chance de falar.

Descemos as escadas, e me senti aliviada, por ver apenas Esme, Carlisle, Alice e Nessie na saída da mansão.

— Boa recuperação Leah. – Esme desejou.

— Se quiser nos visitar, será bem vinda Leah. – Alice quase saltitou. 

— Valeu Alice, agradeço o convite. – mesmo que jamais entrasse aqui para uma visita, ela é tão gentil que não diria isso jamais.

— Obrigada a todos. Sério. Sei que temos nossas divergências, contudo nenhum de vocês mediu esforços para me ajudar. – as palavras que eu pronunciaria, neste momento jamais imaginei saindo da minha boca, mas elas devem ser ditas. – Carlisle, agradeça a Edward, por mim. Ele foi ágil em me encontrar e  também salvou minha vida. – Carlisle apenas assentiu.
Saímos com tranquilidade e sem problemas já que a Loira psicopata não estava ali.

Seth nos levou com o jipe até a reserva, Nessie veio junto. Durante todo o caminho minha mãe pareceu inquieta com algo.

— E o Charlie, como está? – sondei.

— Bem ele queria vir junto te buscar, esteve comigo esses dois dias, porém, houve um problema na delegacia e ele precisou ir. – ela olhou minha expressão de preocupação com suas palavras e tratou de me tranqüilizar. – Não se preocupe filha, foi um assalto a uma loja, nada sobrenatural. Existem vilões totalmente humanos ainda, Leah.

Suspirei aliviada, porém ainda sinto a inquietação dela.

—Mãe, o que está havendo? – antes que ela pudesse responder chegamos a minha casa e a porta estava cheia.
Todos os meninos da minha Matilha e da matilha de Sam estavam ali. Um sorriso largo se espalhou por meus lábios. Quando desci recebi palavras alegres e receptivas, me sinto forte ali entre meus irmãos.

— Até na hora de nos assustar, a Leah é do contra. – Paul, dizia enquanto me olhava divertido. – Joga o carro do lado errado no tratado, é socorrida por um humano onde lobo algum a ouviria. É tratada na casa de um vampiro, onde não conseguimos ir. Que talento.

Apenas sorri, nada de tentar discutir, pois a névoa em minha mente apagou qualquer memória sobre aquela tarde. Porém não apaga as péssimas escolhas que antecederam a escuridão. Depois tentarei me focar e lembrar o que houve naquela tarde…. depois!

Minha casa ficou cheia durante algumas horas. Depois Sam decidiu levar os meninos para a mata. Pois os Cullens ficaram de ronda para os meninos estarem todos aqui. Arranjos de Seth Clearwater. Não vou discutir, alguma vantagem temos que encontrar no bom relacionamento com os Cullens.

Sam se despediu, e antes de sair, o chamei.

— Sam, preciso, agradecer, e... – ele me interrompeu.

— Descanse Leah, você precisa, e não quero que nada aconteça a você novamente, ninguém nesta reserva ficaria bem sem sua presença, somos uma família! Não se preocupe, os meninos da sua matilha já concordaram em ficar na minha até a sua recuperação. Só peço que fique tranquila para voltar o quanto antes.

— Obrigada Sam! – foram as únicas palavras que consegui empurrar para fora, sem deixar ele perceber as lágrimas tentando escapar dos meus olhos marejados.

Seth levou Sam, até a porta e voltou com a minha mala nas mãos. 

— Vou deixar na lavanderia, acredito que vá querer lavar antes de colocar no seu quarto. – ele levou a mala e voltou em segundos. – Vou levar Nessie para casa, volto mais tarde.

— Se comporte Leah. – Nessie disse debochada, enquanto me dava um beijo na testa. Assenti. Os olhos fixados em Seth, que desviava os olhos a todo momento. Ele abriu a porta para Nessie, e antes de fechar, segurei a porta e a mão dele que estava ali.

— Me desculpe Seth. Jamais imaginei que meu estado era tão grave, ou poderia se agravar, como aconteceu. E sei exatamente o quão delicada foi a situação, e eu poderia ter evitado tudo. Jamais faria algo para magoar você e a nossa mãe. – fui sincera. Devo isso a ele. – Eu te amo, meu irmão, e estarei aqui ansiosa, aguardando seu abraço quando a imagem do que houve dissipar na sua mente.

Seth me olhou emocionado, e me abraçou.

— Eu tive tanto medo de te perder. Nunca a vi tão vulnerável, nunca mais quero vê-la naquele estado. Me prometa que jamais fará isso novamente. – ele pediu emocionado enquanto me segurava em seu abraço.

— Eu prometo. – deixei as lágrimas rolarem. – 

Ficamos assim durante uns minutos. O abraço de Seth, é tão acolhedor. Eu o amo tanto.

— Vou deixar Nessie em casa, e volto para te atualizar de tudo. – Seth partiu com Nessie. 

Me senti tranquila após nossa conversa.

Subi para meu quarto, e senti uma paz imensa em estar ali. Tomei um banho longo e relaxante. Me troquei e desci para ficar com dona Sue, que secava algumas louças que estavam na pia.

— Ajuda? – sentei no balcão da cozinha. 

— Não precisa, filha. – ela secava uma enorme tigela que algumas horas antes estava repleta de Muffins. Ela me encarava com uma expressão maliciosa no rosto.

Tentei fingir que não estava vendo, peguei uma maçã, e na primeira mordida sob o mesmo olhar de Dona Sue, desisti de ignorá-la.

— Qual a pergunta mãe, estou percebendo esse olhar, essa inquietude desde que entramos no carro para voltar para casa. Fale. – cruzei os braços.

— O que houve entre você e Mike Newton, Leah? – uma pergunta simples e direta, porém a resposta travou na minha língua. – Alguma coisa aconteceu! – ela fez uma afirmação. 

— Não aconteceu nada, dona Sue! – ela arqueou uma das sobrancelhas, demonstrando saber que algo aconteceu, suspirei derrotada. – Okay, eu salvei a vida dele há uns dias atrás. Sem saber quem ele era, descobri depois. 

— Hum. – ela continuou enxugando a tigela.

Minha mãe sabe o quanto me irrita quando ela faz isso. Quer dizer algo, porém, se cala. Me fazendo ficar inquieta e curiosa a ponto de perguntar o que diabos ela está querendo dizer!! E o pior eu sempre caio nessa.

— Hum, o que Mãe? – a irritação na minha voz já está evidente. – Ele é grato por eu ter salvo sua vida, apenas isso. E agora sou grata a ele por ter salvo a minha. Nada demais.

— Estranho. – ela continua guardando louças, e me deixando mais curiosa. Droga de tática, sempre me faz fuçar até saber o que ela sabe.

— Estranho, por qual motivo? Eu o salvei, agora foi a vez dele me salvar e como fiz quando houve o incidente que o envolveu, fui ter a certeza que ele estava bem. Mike, também só quis se certificar disso, nada mais. Não tem nada estranho em não querer ver pessoas machucadas Dona Sue, pare de criar teorias!

— Hum. Então, segundo você, estou criando teorias? – ela ajeitou a roupa e cruzou os braços.

— Acredito que sim. – não sei ao certo se é isso que acredito, mas ela está me deixando desconcertada com essa conversa.

— Hummm!!! – foi o único som que saiu de sua garganta.

— Hum, o que Mãe? Odeio quando faz esse tipo de som irritante ao invés de falar. – a encarei séria.

— Não estou criando teorias. Você é quem não sabe o que está acontecendo. Percebo que nem Mike, Seth ou Nessie te contaram!!! – ela me encarava vitoriosa.

Senti um calor queimar minhas bochechas.

— Não sei exatamente o que, Dona Sue Clearwater? – agora ela definitivamente tirou meu sossego. – Fale de uma vez, estou começando a me irritar.

Minha mãe gargalhou. Fiquei encarando incrédula.

— Pare de se irritar com tudo, Leah! Bem, vou te informar o que está havendo…  O Sr. Webber, ia contratar alguém para te cobrir durante sua licença. Mike, se ofereceu para trabalhar na loja, até seu retorno. Sem receber nada. O Sr. Webber, não queria aceitar, mas Mike insistiu, disse que fará isso, para que não haja nenhum desconto no seu salário, e até a sua volta ficará em seu lugar como se você estivesse lá. Disse para nós, que fazer isso vai te garantir uma recuperação tranquila. – todas essas palavras saíram em meio a um sorriso largo nos lábios, de Dona Sue.
Minha boca escancarou por alguns segundos. Ela me deixou falar, sabendo de tudo isso.

— Ah, ele nos pediu para não te contar, por não desejar causar em você, um incômodo ou sentimento de dívida com ele, pois sua intenção não é essa. – ela finalizou satisfeita.

Um sorriso sorrateiro escapou dos meus lábios. Senti um friozinho na barriga.

— Mike é uma boa pessoa, só isso! – corei sem saber ao certo como me sinto em relação a isso. 

Dei alguns passos em direção a sala.

— Ou você não enxerga certas coisas, ou simplesmente finge não enxergar, Leah. – meus pés cravaram no chão. – Um sábio certa vez disse: A pior cegueira é a proposital, onde a pessoa escolhe não enxergar. Você está fazendo isso em relação a este rapaz. Mike, está claramente interessado em você, passou dois dias dormindo naquele sofá, atento a cada movimento do médico. Não é uma preocupação apenas por gratidão, ele olha em sua direção com um misto de emoções no olhar, e são várias menos gratidão. E por favor, sou sua mãe, não ouse tentar me enganar eu a conheço bem o bastante para ter uma certeza. – ela se aproximou e me encarou. – Mike, despertou algo adormecido aí dentro, ele está mexendo com você!

— Mãe, eu não quero isso agora. Quero seguir em frente sem esse tipo de complicação. – fui taxativa.

Senti suas mãos delicadas em meus braços.

— Tem certeza? É realmente isso que seu coração diz, quando você olha Mike? Leah me escute, seguir em frente requer que sejamos honestas com o nosso coração. É caminhar adiante abandonando o passado, mesmo sabendo que jamais esqueceremos! Você não está seguindo Leah, caminha em direção ao mesmo lugar. – meus olhos se encheram de lágrimas intrusas. – Somos a soma das escolhas que fazemos. No final da sua caminhada, não é a chegada que vai ser importante para você, e sim o caminho até ali. Quando olhar para trás, quem esteve ao seu lado, será tão importante quanto o trajeto. Jacob, está traçando o próprio caminho agora, ele teve coragem de mudar. Se tem medo, está enfrentando o novo. Em algum momento os caminhos de vocês irão se cruzar novamente, tenho certeza. Contudo, neste momento, você deve deixar o que poderá ser, para trás, e caminhar sozinha pela sua história. Só você pode escrevê-la, Leah! Ninguém mais! – ela depositou um beijo na minha testa e subiu as escadas tranquilamente.

Fiquei aqui parada observando-a desaparecer no andar superior, e absorvendo todas aquelas palavras.

Ela tem razão, como sempre. Fico me convencendo que segui em frente, quando jamais consegui fazer isso. Jacob penetrou em mim,  e nada que eu faça consegue mudar isso.

Fechei os olhos. E a imagem de Mike, esta manhã me deixou tranquila. Não sei o que estou sentindo exatamente, mas preciso admitir… existe algo!
A conversa com a minha mãe, me obriga a admitir isso. 

Caminhei até a cozinha, e peguei a jarra de água. Enchi o copo e dei uma grande golada. Céus, estou sentindo algo. Achei que isso não seria possível, após Jacob.

Estava tão perdida em pensamentos que só ouvi o carro entrando no caminho que dá acesso a minha casa, quando ele estava quase parando na porta.

Um sorriso largo preencheu meus lábios, ouvindo os passos apressados e o coração tranquilo de Mike Newton, se aproximando!

Olhei para o molde de gesso e a tipoia no sofá, e coloquei no braço. 

Minha campainha tocou, e controlei minha respiração, que está tão ofegante quanto a dele.

Ao abrir a porta sorri com a imagem dele, seus olhos emocionados ao me ver em pé, são tão sinceros. 

Sem fazer a menor ideia até abrir essa porta, ter esse olhar direcionado a mim e a leveza de Mike, é tudo que eu precisava hoje!


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Notas finais do capítulo

CAPITULO EDITADO EM SETEMBRO 2023