Eu ia responder, com algum comentário inteligente. Mais ele me interrompeu, antes que eu começasse a falar.

E ele me perguntou sério.

- Ei, e por que você mentiu para mim?

Me pegou de surpresa, por essa eu não esperava... E agora? Eu digo toda a verdade, ou eu minto de novo? Eu digo toda verdade e nosso relacionamento acaba, ou eu minto mais uma vez e ele descobre, e nosso relacionamento acaba?

Meus olhos começaram a arder, eu senti as lágrimas vindo. Não, eu não queria chorar... Na escola não, na frente do Beck não.

Eu sabia que ele esperava uma resposta, e enquanto pensava em algo para responder, senti uma lágrima escapando do meu olho esquerdo, e descendo lentamente pelo meu rosto. Percebi a expressão dele mudar, Beck estava chocado...

Senti que outra lágrima cairia,então apenas sai correndo. Correndo como nunca corri antes, como se a minha vida dependesse disso.

A certo ponto, eu já estava saindo de HA. Parei de correr,estava cansada. Continuei apenas andando rápido. Não sabia onde iria, não sabia onde ficaria o resto da aula, pois eu não estava a fim de voltar a escola e assistir aulas, e se eu fosse para casa minha mãe iria me encher de sermão,e me mandar de volta a escola. Eu odiava isso.

Minhas pernas foram me guiando, enquanto eu tentava de um jeito absurdo limpar as lágrimas que já haviam manchado meu rosto de preto, por causa do delineador forte.Cheguei em um lugar onde eu conhecia bem, era a entrada do cemitério. Então, eu estava bem longe mesmo da escola, da minha casa, da casa do Beck... Estava longe mesmo de tudo que eu conhecia.O cemitério era o lugar mais distante que estava grudado de co na minha cabeça.Então entrei dentro dele.

Eram umas 10 horas da manha, a luz reinava em todo lugar em que eu olhava, só queria achar aquela árvore, onde eu e o Beck passamos uma tarde de verão, olhando para o pequeno lago que dava um fim no cemitério.Passei pelos túmulos, pintados de brancos... Até chegar ao fim do cemitério, onde havia pelo menos 20 metros de apenas grama e folhas caídas de árvores, e nada mais.

Aquele lugar era perfeito, pois qualquer  pessoa não iria chegar lá fácil, era distante demais do resto do cemitério.

 

Sentei perto de uma árvore, por cima das folhas douradas. Dei uma olhada no tronco da árvore conhecida, não era qualquer árvore. Era onde eu escrevi as inicias do meu nome e do Beck juntos, em um coração. Eu achava isso estúpido, me lembro como se fosse ontem.

FLASHBACK ON#

Estávamos abraçados e deitados no chão,sobre as folhas caídas. Olhávamos o lago clareado pelo sol, havia pouco vento, mais era o suficiente para balançar as folhas da árvore ao nosso lado,fazendo aquele som maravilhoso de se ouvir, e várias dessas flores caírem no lago e em cima de nossas cabeças;Tudo estava tão calmo, eu abraçada nele,ele com o braço ao redor de mim... Era tão lindo, e nem parecia que estávamos em um cemitério.

- Ei, Jade... – Ele sussurrou, enquanto brincava com as pontas do meu cabelo.

- Oi? – Apenas respondi, também sussurrando.

- Sabe essa árvore do nosso lado... Que tal marcar nossas iniciais nela? – Ele me perguntou, sorrindo. – Vai ser legal, assim todos que passarem por aqui vão saber que estávamos aqui, e que estávamos juntos.

- Como assim? – Ainda não havia entendido.

- Você pega um pedaço de pedra, e com ele risca um coração na árvore. Dentro desse coração, você escreve a inicial do nosso primeiro nome, juntos. – Ele falou calmo... Olhando para o lago.

- Ah, isso é estúpido! – Falei sussurrando. Fiz ele rir... Escondi meu riso.

- Vai lá,escreve por favor... – Ele me pedia, em seu tom de voz brincalhão.

- E por que tem que ser eu? – Eu perguntei.

- Por que assim fica mais romântico. –Ele me respondeu. Com um sorriso bobo na cara.

- Ah, Beck... Você é uma seiva. – Eu falei, enquanto me levantava e procurava uma pedra.Ele riu.

Assim que achei uma pedra cinza, um pouco  menor do que a minha mão. Ela tinha uma ponta pontiaguda, o que facilitou na hora de riscar a árvore.

Eu desenhei primeiro um coração grande, quase do tamanho do tronco da árvore.Escrevi : B + J, dentro do coração. Ainda vi que sobrava espaço. Então tive uma idéia. A junção dos nossos nomes era : Bade. (B/eck + J/ade). Entao escrevi Bade embaixo das inicias dos nomes.

- Bade? – Ele me perguntou,olhando para a árvore, enquanto eu me sentava novamente ao lado dele.

- É, a junção dos nossos nomes. – Eu falei, olhando para o lago.

- Fico feliz por saber disso... – Ele me olhou.

- Ah, o que? – Eu me senti ofendida. – Beck é claro que eu saberia o nome que daria a junção dos nossos nomes.Por que você tá falando isso?-

- Você passou um tempo pensando nisso, não é? – Ele falou, enquanto me puxava para perto dele.

- Não, eu apenas tive essa idéia agora. – Eu menti.Logo depois me arrependi.

- Ok. – Ele falou, enquanto eu colocava minha cabeça no ombro dele.

 O assunto havia morrido, então começamos a falar sobre bobagens, até que não tínhamos mais nada para falar, e então ficamos em silencio

Alguns minutos de silencio depois...

- Beck... – Eu comecei, chamando a atenção dele.

- Oi?  - Ele me perguntou, sorridente.

- E-eu, passei uma tarde inteira de sábado fazendo a junção dos nossos nomes, pensando em uma perfeita... Gastei uma folha inteira, frente e verso, até achar a perfeita... Bade.

Não olhei para ele, mais senti ele sorrir, e logo depois ele deu um beijo na minha cabeça;

FLASHBACK OFF#

Então era isso,a tarde mais perfeita de toda a minha vida. Encostei minha cabeça no tronco da árvore, um pouco embaixo do nossos nomes. E comecei a chorar em silencio.