O Nosso Elo - A Ajuda. escrita por Dan Rodrigues


Capítulo 11
A "humilde residência". - Susan


Notas iniciais do capítulo

Bem, como o décimo primeiro capítulo ficou grandéeerrimo, eu decidi fazer o seguinte. Dividi em duas partes para ficar mais fácil sua degustação!
Espero que gostem"
Comentem!



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               A "humilde residência".                             Susan

Antes de tudo, eu preciso dizer que não fazia a menor ideia do que estava acontecendo.

Eu não sabia quem era aquele velho que John enforcou, com ódio nos olhos, e depois o chamou de Aknail, e abraçou como se fosse um velho amigo que ele acabara de encontrar. E mesmo John tendo o chamado de amigo, eu ainda tenho medo dele. A cena da “perseguição” foi ridícula, eu sei!

Eu também não sabia quem eram Jay, Lívia, Niemes, e muito menos esse Dan, e sabia muito pouco sobre o que era essa tal Sociedade de Redenção dos Anjos Caídos. Talvez eu entendesse mais tarde, mas naquele momento, aqueles nomes, aqueles fatos, não faziam o menor sentido em minha cabeça.

E agora uma bola de fogo reluzia no céu, o que tornava aquele momento mais bizarro, e o velho Aknail dizendo com um sorriso no rosto, que era só um dos anjos, tentando voar, me fez temer o momento em que eu o conheceria. Mas, meu namorado era um anjo caído, e eu tinha que me acostumar com essas coisas impossíveis, que ainda aconteceriam muito em meu futuro. Se eu quisesse ficar com John, eu teria que aprender a enxergar aquilo como algo normal, o que é muito difícil para uma garota de dezessete anos que ainda nem terminou o colegial, e a coisa mais interessante que fazia em sua vida era sair para haves nos finais de semana.

Aknail começou sua caminhada com passos curtos. John virou-se para mim, e estendeu a mão com um sorriso acolhedor no rosto, tentando fazer com que eu os seguisse. Relutante, eu segurei sua mão, e os acompanhei.

Aknail caminhava na frente, sempre com passos curtos, quase controlados. Ele parecia conhecer aquele imenso lugar como a palma de sua mão. Sempre andava olhando para os lados, observando tudo aquilo que se movia e o que não se movia também. O sobretudo maltrapilho-vermelho-vinho caía por sobre seus ombros quase como um fardo que ele já estivesse farto de carregar. À primeira vista, ele me pareceu muito perigoso – suas expressões são de meter medo em qualquer um que não o conhece, talvez pelo fato de ele ter sido demônio por muito tempo.

Eu sempre pensei que todos os anjos fossem de aparência muito jovem, todos perfeitos, sem nem um mínimo traço de velhice. Mas ao conhecer este mundo, que deveras há me encantado – e há de me encantar muito mais –, acabei percebendo que nem tudo é como imaginamos ser. Não há come explicarmos o inexplicável, se não com a certeza de que Deus é o dono de tudo, e que uma folha não cai de uma árvore sem que ele perceba. Ao pensar nisso, eu fiquei mais conformada com minha súbita mudança de vida.·.

Joguei a cabeça para trás, e fitei o céu. A bola de fogo parecia dançar, deixando um rastro brincalhão, e soltando gritos de alegria. Fosse quem fosse, estava gostando muito de seu feito. E como não era humano, sua pelo podia produzir fogo à vontade, sem deixar uma mínima marca de queimadura.       

Fiquei impressionada com tantas paisagens diferentes em uma ilha tão pequena como aquela. Em alguns lugares, havia imensas árvores de tronco grosso com galhos que dançavam ao som e ao sopro do vento frio. Toda aquela ilha parecia muito sombria, mas estes lugares, principalmente. E em outros lugares, rochas imensas pareciam brotar do chão, e nestes não havia vegetação rasteira, nem um mínimo pedaço de grama.

Passamos por um pedaço de terra onde as rochas acabavam, e apareciam plantas enormes, de cores muito variadas, mas que pareciam vibrar à luz do sol. Percebi que John observava, curioso, e dimensão e as mínimas características do local. 

 - Foi aqui que eu colhi as frutas. – Pronunciou. Acho que era uma maneira de gravar a imagem, colocando-a em conjunto com as palavras.
Aknail o fitou incrédulo, e o repreendeu:       

- Se tivesses dado uma dessas para a garota humana, talvez ela já não mais estivesse entre nós. – Sentenciou, referindo-se a mim. Fiquei espantada como aquelas frutas de cores vivas, e poupa farta, podiam ser venenosa – Estou impressionado como seus sentidos para o perigo estão fracos, diferentes! O chá esfria, a comida cozinha, e as pessoas mudam! – Ele disse, usando um clichê humano, e continuando sua caminhada.       

John não gostou muito do que ele disse, provavelmente por que aquilo era verdade. Mas ele não disse nada, nem uma resposta fraca. Apenas continuou calado, e caminhando, mas suas expressões de visível desgosto deixavam isso claro. Ele parecia pensativo.

Senti minha testa arder com o vento frio, e levei a mão à cabeça instintivamente. Toquei com as pontas dos dedos, um corte pequeno, pouco profundo. Por sorte, a minha única marca do acidente de carro. Mas, como qualquer corte, estava doendo muito, e nesse momento eu desejei chegar logo a qualquer lugar, que fosse.     

- Chegamos – disse Aknail. – Minha humilde residência! – Ele brincou.
Eu olhei para frente. Nada. Nem um portal, uma portinha, uma porteira... Nada, nada que se parecesse com uma casa. Apenas um rochedo de três metros de altura, mais ou menos, coberto de lodo e rodeado de grossas camadas de raízes. Eu pensei que fosse brincadeira, mas dadas as circunstâncias, eu já não podia mais discordar de completamente nada.      

- Aqui? – Perguntou John. – Parece um bom lugar. Esconderijo perfeito! – Ele parabenizou, empolgado, e foi quando eu entendi. 
Não poderia ser menos previsível, e não era. Aknail aproximou-se do rochedo, fazendo um sinal de asas com as mãos, e estendendo os braços para tocar a pedra com as palmas das mãos. Ele fechou os olhos, e começou a sussurrar coisas, em uma língua estranha, diferente, que eu não conhecia. Um vento frio balançou suas vestes, o que me fez pensar que aconteceria algo espetacular, esplendoroso. Mas eu esperei, esperei. Aknail afastou-se, e ficamos em silêncio, fitando as raízes que cobriam e se entrelaçavam em cima da pedra enorme.

 Foi então que uma das raízes começou a mover-se sozinha, lentamente, soltando-se do rochedo. E as outras a seguiram, uma por uma. Eu soltei um gritinho histérico, franzi os lábios, e deis dois passos para trás. Mas, ao afastarem-se, elas pareciam levar partes do rochedo, deixando visível o que havia do outro lado. Então, quando o processo estava terminado, só o que sobrara era algo como um arco, que marcava a entrada para um pátio extenso, em frente à uma linda mansão com características rústicas, antigas, mas que não deixava de ser bonita. Fiquei impressionada, extasiada. Aknail construíra tudo aquilo com as próprias mãos, transformando aquele lugar numa linda morada, e fazendo para si um esconderijo que o protegia dos demônios que por ventura poderiam encontrar a ilha.

Joguei a cabeça para trás, e meus olhos percorreram todo o arco. No alto, percebi uma frase, com letras douradas, mas que estava escrita em runas, e como não sou nem uma perita em runas, me contentei apenas em observar o brilho dourado que elas produziam.

Abri a boca para soltar uma exclamação automática, mas a frase foi interrompida ainda formando-se na garganta.

Ouvi o som dos galhos das árvores balançando atrás de mim, e um vento frio me envolveu das costas ao busto, fazendo com que eu me encolhesse para me proteger do frio repentino. Então, escutei, mais com o ouvido direito que com o esquerdo, o som de pés descalços batendo nos galhos das árvores, depois no chão. Tudo isso aconteceu muito rápido, e eu instintivamente me virei para procurar com os olhos o perigo, mas a única coisa que eu encontrei foi uma testa.

Minha testa se chocou contra a dela bem na hora em que eu me virei. Eu me afastei, mirei o chão, ainda assustada, passando a mão na testa descontroladamente. Quando eu a fitei, seus olhos negros desdenhosamente risonhos me analisavam de cima a baixo, e um sorriso sagaz formou-se em seus lábios.

“A garota da testa dura” tinha a minha altura, mais ou menos, e seus olhos negros como carvão, moviam-se tão rápido que era quase impossível distinguir para onde eles miravam. Percebi que o sorriso desdenhoso e sagaz não se desfazia nem um segundo de seus lábios que pareciam feitos para aquilo e mais nada. Seus cabelos também eram absurdamente negros, pareciam ter sido cortados recentemente na altura do busto, as mechas repicadas esvoaçando como fuligem ao vento frio que (parecia, eu não sei ao certo), seu próprio corpo produzia.

- Você deve ser a Susan! – Ela disse estendendo a mão para um aperto. Sua voz era quase um sussurro, doce e leve, mas assustadoramente sagaz. Era como ela fosse uma predadora, e eu sua presa.

Eu me limitei a apertar sua mão e fazer um gesto com a cabeça, algo como um: Sim, eu sou Susan, e você me assustou!

- E você – ela disse se aproximando de John –, deve ser John Fell! Olá, sou Lívia.

Ele sorriu para ela e apertou sua mão, fortemente.

E no segundo em que eu me virei para observar John e Lívia, minha breve distração deixou meus sentidos fracos mais fracos ainda. Então eu senti o calor por todo o meu corpo, da cabeça aos pés, e quando fitei o céu, vi a bola de fogo chamada Dan caindo como um meteoro sobre minha cabeça. O susto foi tão grade, que eu fiquei sem movimentos. Apenas minha boca se abrindo indicava que eu estivesse viva.

Senti um forte baque, o ar se esvaindo de meus pulmões, e percebi que alguém me empurrara para o chão, me afastando do perigo. Escutei um estrondo, senti o chão vibrar, e percebi que o perigo acabara, enfim.

Uma mulher estava em cima de mim, e eu pensei que fosse Lívia, mas os cabelos eram castanhos, ligeiramente ruivos, uma mistura quase incompreensível, mas bonita. Ela levantou-se repentinamente, enquanto eu tentava me recompor. Observei a ferocidade em seus olhos, que miravam Dan com o corpo ainda pegando fogo. Percebi, com outro dos meus gritinhos histéricos, que ele estava nu.

- Eu saio por algumas horas, e você quase mata uma garota! – Ela gritou, para Dan –, Deus sabe o que aconteceria se eu não tivesse chegado a tempo!

- Eu só estava tentando voar! – Dan respondeu, com a vergonha estampada no rosto. Não vergonha por estar pelado, mas por ter quase me matado.

- Não, eu não percebi isso, nossa, que bom que você me disse! – Ela ironizou. Sua voz estava estridente e descontrolada. – Você não tem asas, então não tente voar! Se quiser entrar para o Quarteto Fantástico, vá para Hollywood, garoto “em chamas”! – Ela gritou.

- Acalme-se, Jay! – Aknail interveio. – Não há nada demais em tentar relembrar os velhos tempos! Você sabe o quanto é ruim a falta de asas para um anjo.

Jay pareceu acalmar-se. Ela se afastou de Dan, e deu um sorrisinho sem jeito para Aknail. Isso me deu impressão de que ela devia muito a ele, ou o admirasse demais para desobedecê-lo.

Dan apenas me lançou um sorrisinho sem graça e acenou. Segundos depois ele incendiou novamente e saiu voando, com as nádegas brancas ao fogo. Olhei para trás. Lívia olhava para Dan, agora com um brilho estranho naqueles olhos negros, sorrindo e meneando a cabeça.

- Bem, vamos entrar! – Jay convidou. – Vamos fazer um pequeno café da manhã de boas vindas!

- Tudo bem! – John respondeu. – Só não quero ter que comer frutas venenosas! – Brincou.

Lembrando que este não é o final do capítulo, pessoas, não se assustem. A próxima parte está à sua espera!


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Notas finais do capítulo

Comentários não ranca pedaço, não me deixam triste, ao contrário, me ajuda a escrever melhor pq eu sei que vcs gostam, então, se você lê, mais não comenta, por favor, dê ao menos um "oi"... E vc q já comenta, please, peço que continue comentando. Bjss, adiõs!



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