–Eu já sabia.

–E POR QUE DIABOS VOCÊ NÃO ME DISSE, AFRODITE?

–NÃO DISSE? EU JOGUEI NA CARA DE VOCÊS DOIS QUE VOCÊS SE AMAVAM TIPO UMAS MIL VEZES!

–Ah, a culpa não é minha se ele é irritante e se eu o odiava. - Resmungou Atena.

–Você só mantia essa barreira de ódio entre você e ele porque seu lado inconsciente sabia que se algo não separasse você dele, você se jogaria nos braços dele.

–Eu.. EU NÃO ME JOGARIA!

Um minuto de silêncio se passou.

–Tá louca pra se jogar né?

–Estou.. - Atena cedeu, suspirando, mentir sobre o amor para a deusa do amor? Impossível.

–Viu, eu estive certa o tempo todo, e vou ganhar 50 dracmas do Hermes, rá!

–Vocês apostaram?

–Sim, Hermes disse que vocês nunca ficariam juntos, eu retruquei e ele pediu uma aposta.

–Crianças...

–Diz a Donzela Apaixonada..

–Pare! Eu.. ai como você é idiota, não posso nem tentar te enganar?

–Se nós estivéssemos lutando, talvez você conseguisse, mas é inútil reprimir seus sentimentos, Atena.

–Sem. Graça. Você.

–Mas então, você ia me dizer como você se sente.. - Disse Afrodite calmamente, sentando e cruzando as pernas, estava usando um vestido vermelho decotado, bem provocativo, Atena nunca a entenderia seu gosto para roupas mas a achava muito bonita, era incrível como havia dias que ela não usava maquiagem, e ainda assim era um sonho.. Por que então Poseidon não se apaixonara por ela? O que Atena tem de tão especial?

–Eu gosto muito dele.

–Você o ama, só não sabe definir o amor ainda.

–Eu não..

–Não precisa mais negar, Atena, eu não vou contar para ninguém, eu não sou como Apolo.

–Não vai contar pra ninguém? Nem pro Ares?

–Não se preocupe, Ares e eu estamos em crise.

–Hefesto?

–Não contarei.

–Ninguém?

–Ninguém.

Alguns minutos se passaram até que Atena conseguisse se expressar.

–Ok, então eu o amo. Mas é tão estranho, depois de tudo que ele fez.. e ele nem me atrai! Tudo bem que ele é engraçado às vezes.. e tem aqueles músculos.. o corpo.. aqueles lábios.. os olhos, é como se o mar inteiro fluisse dentro de mim cada vez que ele me encara.. seu jeito lerdo de pensar.. o seu orgulho.. o seu ego.. - Atena riu, Afrodite a olhava sorrindo, como se já soubesse de tudo aquilo mas quisesse ouvir da sua boca - e eu gosto muito do jeito que ele fala comigo, que ele me olha, que ele me toca.. o seu beijo.. e por mais estranho que isso soe, as suas decisões, ele é.. maturo, para isso só, quase sempre é sensato.

–Awn, que fofa.

–O quê? - Atena mordeu o lábio para segurar o riso. - Eu pareço uma adolescente, não?

–Parece sim, e são as adolescentes que amam mais.

–Eu tenho.. tenho.. medo.

–Medo?! - Afrodite se assustou, a deusa da sabedoria, aquela que tinha sempre tudo planejado, com medo?

–Sim! Eu não sei NADA sobre o amor, ao menos não esse tipo de amor, eu sei que ele não é exatamente como nos livros, como as outras coisas.

–Livros, livros, livros, sempre isso. - Afrodite riu.

–Livros são bons, eles nos ensinam as coisas!

–Ah, céus, você nunca vai aprender sobre o amor nos livros, e o que é uma vida sem amor?

–É.. normal, sensata, constante.

–Monótona, você quis dizer.

–Não! Eu ia muito bem sem o amor, MUITO bem.

–Você vai ir muito MELHOR enquanto tiver amor, você sabe disso, pense nos momentos que você passa com os seus filhos, você os ama, certo?

Atena assentiu.

–Você deveria falar tudo isso para ele, eu aposto que ele vai ficar todo bobo.

–Ele já é bobo.

As duas riram e, talvez pela primeira vez em toda sua eternidade, Atena levantou e abraçou Afrodite, se perguntando porque ela odiara aquela mulher há tanto tempo, se ela era um doce de pessoa.