Admita! escrita por Schmerzen


Capítulo 1
Admita!




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Remus se controlava para não cair de cara na mesa e começar a babar e roncar ali mesmo. Estava com muito sono – James havia feito com que os quatro passassem a noite toda acordados, armando alguma coisa da qual ele não se lembrava direito – e o discurso chato dos monitores-chefes só piorava a situação.

Assim que acabou, ele quase agradeceu a Merlin em voz alta, saindo apressado. Mas teve que parar quando ouviu uma voz fina o chamando.

– Lupin! – ele se virou, suspirando. Era a monitora da Lufa-Lufa – Espere um pouquinho, por favor? Quero falar com você.

– Certo – Remus encostou na porta, esperando que ela terminasse de mostrar alguma coisa para o monitor-chefe.

– Obrigada por esperar – ela sorriu animada, chegando perto dele. Lufos estavam sempre animados. – Você é amigo de Black, Potter e Pettigrew, não é?

– Sou – ele se perguntou onde ela queria chegar e se iria demorar muito.

– Bom... Pode me fazer um favor? – ela ficou meio verde.

– Posso, mas você está bem?

– Claro! Estou ótima. Hmm... Entregue isso a Black, por mim, está bem? – a garota lhe deu um pequeno envelope. – Obrigada.

E saiu correndo. Remus quase jogou um feitiço nela. Mas acabou decidindo que era melhor apenas dar uma olhada no envelope.

Era quadrado, pequeno e, ironicamente, preto. Exalava um perfume feminino muito forte e tinha o nome de Sirius em tinta prata no canto superior esquerdo. Provavelmente era mais um pedido desesperado de atenção das iludidas que eram loucas por seu amigo pegador. Remus quase jogou um feitiço no envelope.

Andou até o salão comunal, onde os três estariam fazendo planos para o próximo estrago, ainda imaginando se seria muito errado da sua parte dar um fim na carta. Sirius não iria sair com ela de qualquer forma!

Depois ele suspirou dramaticamente – arrancando um pouco da poeira de um dos quadros – e se perguntou a quem estava tentando enganar. Era claro que ele sairia com ela! A garota era bonita e Sirius... bem, Sirius era Sirius.

Falou a senha para a mulher gorda e entrou, arrastando os pés.

– Olhem! Ele sobreviveu – Peter falou, rindo.

– Pobre Remus. Chega derrotado das reuniões – Sirius avaliou, voltando a atenção para um mapa em seguida.

– Obrigado pelo apoio – ele murmurou, largando-se no sofá, ao lado de James.

– Estamos aqui para isso, meu caro. O que tem aí na mão?

– Ah... Uma carta, eu acho.

– Você recebeu uma carta? – James perguntou, sorrindo.

– Não – Lupin corrigiu. – É para Sirius.

– Você fez uma carta para mim? – o moreno perguntou, tentando arrancar o envelope da mão do amigo.

– Claro que não, idiota. É da monitora estúpida da Lufa-Lufa – Remus fechou a cara. Passara a odiar a garota. – Acho que estou com cara de coruja... Ela me pediu para entregar.

– Ah – Sirius deu de ombros. – Depois eu vou ler, avaliar e colocar no meu baú para cartas das lufas – ele riu. – Estou começando a precisar de um ajudante para isso.

– Você tem um baú para cada casa de Hogwarts? – Peter levantou a sobrancelha.

– Claro que não! Só para Grifinória, Corvinal e Lufa-Lufa. Sonserina vai direto para o lixo.

– Assim que se faz – James aprovou, com os olhos ainda no mapa.

– Você vai deixar as sonserinas para quando já tiver beijado todas as garotas das outras casas? – Remus perguntou azedo, segurando-se para não jogar um feitiço em Sirius.

A parte ruim de ter uma varinha e saber usá-la, na opinião de Remus, era que, quando ficava com muita raiva, ele tinha impulsos fortíssimos de azarar qualquer um.

– Até parece que eu desceria a esse nível – Sirius pareceu ofendido, olhando atravessado para Lupin. – Vai me dar minha carta, ou não?

Eles olharam para Remus, que estava com a mão fechada em volta do envelope, quase o amassando.

– Claro – ele sorriu falsamente. – Faça bom proveito – e jogou com força no moreno, saindo a passos pesados para o dormitório.

– O que deu nele? – James franziu o cenho.

– A lua cheia está próxima? – Peter deduziu, também confuso.

Sirius levantou furioso, o papel preto agora esquecido no chão. James e Peter se entreolharam, assustados.

– Hey, Sirius! O que você vai fazer, cara?

– Não vou bater nele, James, que droga!

– Ahn... Certo.

Os dois assistiram sem saber o que fazer enquanto Sirius subia as escadas quase correndo, as mãos tão apertadas de raiva que o nó dos dedos estava branco.

– Ele não machucaria Remus, não é?

– Acho que não – James suspirou. – De qualquer forma, Peter, é melhor deixar que eles se resolvam logo, ou vão ficar soltando faíscas até tudo voltar ao normal.

– Certo – Peter acenou positivamente.

No quarto que os quatro dividiam com mais um garoto, Remus já havia se jogado na cama e apertava o travesseiro com força sobre o rosto. Amaldiçoava a garota lufa por ela querer sair com Sirius, amaldiçoava Sirius por ele sair com qualquer coisa que usasse um sutiã e amaldiçoava a si mesmo por não ter coragem de falar ao amigo que gostava tanto dele que até mesmo usaria um sutiã para sair com ele. E sim, isso era só uma força de expressão.

Talvez ele estivesse tentando se sufocar com o travesseiro, mas o fato é que só tirou de cima do rosto quando ouviu o cortinado de sua cama sendo aberto. Viu Sirius parado ali, com os braços cruzados e uma expressão furiosa.

– Você sabia que a porcaria do envelope que jogou em mim acertou meu rosto? – ele perguntou, com a voz baixa e os olhos semicerrados.

Remus levantou, cruzando os braços também e tentou reunir toda a ironia que tinha em algum lugar de si mesmo.

– Ah, então ainda bem que não machucou seu rostinho, ou não iria poder sair com uma das suas vagabundas hoje à noite.

O moreno deu um passo para frente, diminuindo perigosamente a distância entre eles e agarrando fortemente o braço de Lupin.

– Você está me machucando, Sirius.

– Escuta aqui, Remus! – ele falou, encarando os olhos do menor. – Eu sei que você gosta de mim e já falei que também gosto de você. Então escolhe: ou admite logo que gosta de mim e saia você comigo, ou finja que somos apenas amigos e pare de ficar mal humorado e me maltratar toda vez que uma garota dá em cima de mim.

Lupin arregalou os olhos. Nunca tinha visto Sirius ser tão direto.

– O que vai ser?

– Eu...

– Você o que?

Remus continuou sem reação. Queria dizer que é claro que ele iria finalmente admitir, mas não encontrava a própria voz.

– Já comentei que você me dá muito trabalho, Remus?

Sirius sorriu e puxou o menor pela gravata, colando os lábios deles.


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