_O que está te encomodando?

_Christian perguntou enquanto observava Suzana treinar seu arco e flecha.

_Nada.

Ela não escondeu a mentira na voz, claro que estava brava.

_Ainda está brava comigo?

Nesta hora Suzana acertou sua mira, a árvore foi atingida bem no seu centro.

Suzana olhou para Christian mais este estava correndo até a árvore.

Suzana o observou retirar rapidamente a flecha da árvore.

_Mais uma crise de loucura?_perguntou as mãos repousadas na cintura.Ele a olhou as sombrancelhas erguidas.

_Você atirou numa árvore.

Suzana o olhou confusa.

_Sim..., na verdade isso está bem claro._ ela apontou para o ponto em que a flecha atingiu a árvore.

Ele olhou severamente.

_Você não deve fazer isso, as árvores têm vida também, se voltaram contra você quanto menos esperar.

Suzana mordeu o lábio para não rir.

Christian a olhou desaprovador.

_Fique rindo mesmo, Aslam não admite este tipo de comportamento.

Suzana estava começando a ficar confusa e irritada.

_Do que você está falando?

_Suzana, árvores são criaturas abençoadas por Aslam, assim como toda a natureza que está à nossa volta, pensei que soubesse disso.

Suzana engoliu em seco.

Ela aproximou-se da árvore e acariciou o ponto em que a flecha à acertara.

_Desculpe...

Ela sentia-se meio patética em pedir desculpas para uma árvore, mais mesmo assim sentia que era o certo a se fazer.

Ela olhou para Christian, ele estava contendo uma risada.

_Se você contar isso para alguém eu te mato.

Ela tentou soar ameaçadora mais não conseguiu.

Christian tinha o poder de faze-la sentir-se bem humorada, o senso de humor dele era muito forte.

Ela tinha que admitir: ele era muito engraçado.

Christian jogou a flecha para ela e riu enquanto encaminhava-se para o outro lado do acampamento improvisado.

_Estou ciente disso.

Disse ele não conseguindo conter a risada.

Suzana esperou que ele se afastasse e limitou-se a gargalhar.

Apesar de estar sentindo muita saudade de Lúcia, Edmundo e Pedro, ela estava gostando do tempo que estava passando com Christian, fazia com que as coisas ruins não aparentassem ser tão ruins quanto eram.

Era como se ele tivesse uma aura que afastava todo o mal estar e o medo, de fato, ela estava feliz por estar na companhia dele, mesmo ansiando a companhia dos Reis e da Rainha.

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Christian e Suzana já faziam dois dias que tentavam voltar para Car Paravel, porém não conseguiam identificar o caminho exato à seguir.

_Será que os encontraremos lá?_perguntou Christian no segundo dia de viagem.

_Se encontrarmos Car Paravel acho improvável que ainda estejam lá.

Suzana olhou para Christian, este sustentou seu olhar.

_O que foi?_perguntou ela encomodada com o par de olhos sobre si.

_Você está preocupada, de novo._ disse ele sorrindo.

Suzana revirou os olhos.

_Está preocupada com as majestades?

Suzana acenou cansada de tentar fingir que estava bem longe deles.

_Estou preocupada ao que possa acontecer à eles.

_Fique sossegada, eles sabem se virar.Suzana sorriu e olhou o nada.

_Pedro cuidará deles, sei que cuidará.Suzana não percebeu que seu olhos adqueriram um novo brilho ao falar do Rei, porém Christian percebeu e sentiu-se terrível pelo simples fato de ela confiar no Rei.

Eles continuaram caminhando e enfim caiu a noite.

O acampamento voltou a se erguer e em poucos minutos eles já descansavam sobre o pano improvisado como cama.

_Sabe, sou a pessoa mais abençoada que pode existir!_ disse Christian de repente.

Suzana virou-se para onde ele estava para encara-lo.

_Por quê acha isso?_ disse sarcástica.

_Tenho você como parceira de aventuras, o que poderia ser melhor?!

_Muita coisa. _ disse Suzana com o olhar distante.

Christian a encarava com o coração acelerado.

_Você está com aquele olhar...

Suzana pareceu despertar e o olhou, seus olhos se encontraram e ela pôde ver que ele arfou neste momento.

Suzana não era burra, sabia muito bem que Christian à estava querendo cortejar.

Suzana sentiu-se mal por não sentir o mesmo por ele.

Ela estava, na verdade, viajando em suas memórias.

Lembranças da noite em que sua mão prendeu-se na de Pedro e ela sentiu algo profundo e sem explicação, algo que apesar de bom fez com que ela senti-se seu estômago contrair.

_Está sentindo isso?_perguntou Christian a olhando intensamente.

Suzana engoliu em seco, não podia dar esperanças para ele, na verdade queria muito que eles fossem amigos, não queria ver tudo desmorronar de repente.

_Fome? _ perguntou surpreendendo não só à ele como também a si mesma _Sim estou com fome!

Ela levantou-se e correu para a cesta, ela começou a morder uma maça apressadamente e pelo canto dos olhos viu Christian suspirar e voltar a deitar, desta vez virando-se para  o lado oposto ao que ela dormiria.Infelizmente ela teria que deixar claro seus sentimentos em relação à ele.

Suzana terminou de comer a maça já sentindo-se enjoada por ter forçado seu estômago a ingeri-la. 

Depois deitou-se e fechou os olhos, porém sabia que do outro lado Christian estava bem acordado, bem até demais...