_Isso é ridículo!_rosnou Pedro, enfurecido.

Todos o olharam.

_É a única explicação coerente._ disse Suzana pensando que Aslam devia ter uma "missão" para ela ainda, ele mesmo falara que ela era necessária, que sua hora ainda não havia chegado.

Ninguém à estava vendo, pelo muito contrário, apenas Caspian sabia onde localiza-la e todos seguiram o olhar dele visualizando o nada.

_Suzana, se importaria de encostar no Caspian? É muito frustante ouvir mais não ver você._reclamou Edmundo franzindo o cenho.

Caspian notou que Suzana suspirou brevemente e chegou perto dele.

Caspian entrelaçou a mão da garota e novamente Suzana estava visível para os demais.

Suzana tentou não encarar Pedro, ela sabia que se o fizesse começaria a desatar em lágrimas, ela queria tanto que ele fosse quem estivesse em seu lado entrelaçando suas mãos.

_Não fica assim Sú, vamos dar um jeito._disse Christian olhando pausadamente para Caspian, ele definitivamente não estava gostando do modo como tudo estava acontecendo.

_Obrigada, mas temo que não tem nada a ser feito nesta situação. _Suana engoliu em seco, sabendo que todos os olhares estavam posicionados em sua direção_ Querendo vocês ou não, eu estou morta.

A garota riu de nervoso e Caspian apertou a mão dela com mais força, tentando acalma-la.

Suzana olhou para Caspian agradecida, e no instante em que seus olhos se cruzaram eles não conseguiram mais se desvincilharssem.

Todos estavam muito cientes do que estava acontecendo ali.

Edmundo olhava receoso, Suzana, agora que estava morta e tinha como instrumento de visibilidade Caspian, ia acabar se aproximando muito do príncipe. O garoto temia que tal aproximação causasse grande confusão por causa de Pedro, e ao que tudo indicava de Christian.

Trumpkin era o único feliz pelo príncipe, apesar de tudo ele fora o único que presenciou a tristeza do jovem ao constatar que Suzana estava com o Grande Rei.

Lúcia estava magoada, de certa forma ela achava que essa aproximação talvez afastasse não só Pedro de Suzana mas também ela da jovem.

Christian estava enfurecido, mais estava tentando ao máximo esconder esta fúria. Ele imaginava que se um dia conseguisse sair do castelo e rever Suzana os dois poderiam começar uma história juntos, e apesar de saber que ela não o amava, ele estava muito convencido à conquistar a bela dama, mais haviam muitos obstáculos, três na verdade, o primeiro era Rei, o segundo era príncipe e o terceiro era a morte. Definitivamente ele teria muito trabalho pela frente.

No canto mais mal iluminado da sala estava Pedro, seus olhos eram duas grandes sáfiras de agonia, a água contida nestas era límpida e sua dor era profunda. O Rei estava sofrendo, e muito. Já havia perdido todas as esperanças quando recuaram do castelo deixando não só Suzana como muitos narnianos para trás, mais agora a esperança era algo inalcançavel, e Pedro percebera isso enquanto presenciava o olhar de Suzana e Caspian grudados um ao outro.

Com muita raiva e ciúmes o garoto pigarreou alto fazendo que o contato visual fosse quebrado de imediato.

Suzana agradeceu mentalmente por ser um fantasma caso contrário suas bochechas estariam à esta altura queimadas de tanta vergonha.

A garota não sabia o que dizer sobre Caspian, em menos de 24 horas ela havia se envolvido muito com o príncipe e isto não era de todo agradável, já que ela amava de verdade Pedro.

Suzana franziu a testa, aquelas palavras já não soavam tão verdadeiras quanto soavam antes.

_Talvez, quem sabe..._disse Suzana encarando o chão enquanto pensava.

_O que?_perguntou Lúcia rapidamente.

_E se eu conseguir tocar vocês também? Talvez dê certo, eu não sei.

Suzana mordeu o lábio, sabia que isso havia magoado Caspian, mais ela não poderia se permitir iludi-lo, porque, de uma maneira estranha, ela sabia que ele era um bom rapaz, e ela queria que ele fosse muito feliz, pelo simples fato de..., Suzana parou seus pensamentos abruptamente, ela sentiu-se estranha por quase pensar que amava Caspian e sabia que não era um amor de amigo quando pensou neste, ela sentiu a tonelada de sentimentos que à atingiu quando pensou no príncipe.

Suzana estava de boca aberta, tentando sem muito sucesso, entender está "atração" que estava sentindo pelo príncipe.

_É claro, talvez possamos tentar.

Lúcia mal acabara de falar e já estava indo em direção à Suzana, esta lhe deu a mão mais Lúcia ao tentar pegar passou pela mesma sem sequer toca-la.Lúcia olhou Suzana.

_Eu... não entendo._disse as sombrancelhas juntas _Você consegue sentir a mão dela?_perguntou olhando para Caspian.

_Sim, como se ela estivesse viva.

Todos se entreolharam.

_Deixe-me ver...

Christian praticamente empurrou Trumpkin para chegar até Suzana, ele não estava de bom humor com toda aquela situação.

O garoto tentou igualmente a Lúcia mais sentiu-se frustado quando obteve o mesmo resultado.

Em poucos segundos Trumpkin e Edmundo também tentaram mais nenhum dos dois conseguiu.

Suzana olhou para Pedro, pela primeira vez desde a descoberta de tal fenômeno.

_Acho que não vai dar certo._disse ele a voz firme e triste.

Suzana o olhou suspresa com o gelo na voz dele, mais mesmo assim forçou-se a olhar.

_Tente pelo menos!_súplicou Suzana.

Pedro suspirou mais caminhou-se para perto dela.

_E se não der certo?_perguntou o Rei, fazendo com que todos ficassem interrogativos, afinal ninguém esperava tal pergunta.

_Bom..._Suzana encarou Caspian e este lhe encorajou com os olhos_Eu terei o Caspian para me ajudar, se ele não se importar.

Pedro riu irônico, e com a mesma facilidade com que mudou de humor parou de rir.

_Prefiro não tentar.

Todos ofegaram espantados, Suzana foi a única que não o fez, ela apenas sentia-se mal com a dor que sentia.

_Por que?_perguntou em um sussurro.

Pedro a encarou seus olhos em súplica.

_Entenda, não posso pensar que sou inútil ao seu lado, é como deixar que todo o filme da noite passada e a culpa recaísse em meus ombros novamente, você poderia estar viva, mais graças à mim não está.

Suzana riu sem humor apenas por puro nervosismo.

_Não foi culpa sua!_falou a menina a voz pastosa.

_Por favor não me obrigue...

E com um último olhar de melancólia o Rei se afastou, e dessa vez não era apenas ele que se sentia inútil e sim Suzana, que apesar de querer correr para seus braços estando disposta a lhe desculpar e a se desculpar  não podia, porque nem para isso ela era mais útil...