Abri os olhos. Como poderia ?

- Enzo, - ela começou a falar. - por favor, se aproxime...

De repente um ar gélido foi me envolvendo. Começei a ficar apavorada e nem ao menos conseguia me mecher.

- Toque-a. - Lilitih fitava algo ao meu lado.

Não consegui nem mecher a boca para protestar. Estava começando a achar que meu cérebro havia também congelado. Mas, se restava alguma dúvida, agora eu tinha certeza.

Senti quando algo frio, duro como gelo tocou meu braço.

- Pare !!! - consegui finalmente dizer.

Lilitih olhou para o que quer que seja que estivesse do meu lado e assentiu para que ele se afastasse. E senti que o fez. Porque o ar gélido foi diminuindo até quase sumir.

- Não posso mais ficar aqui. Por favor, termine logo com tudo isso.

- Como eu dizia... Eu e Enzo nos mudamos para este apartamento com o dinheiro que havia no bar do meu pai, e que eu peguei, e apesar dele estar morto me senti como se estivesse o roubando.

Enzo insistia todos os dias a mim que terminasse logo com tudo. Mas eu sentia que não podia deixar tudo isto passar em branco. Como disse, eu era e acho que ainda sou, apaixonada por um bom romance dramático e violento, e não foi um romance do tipo que eu e Enzo vivemos ? Assim, quando vi sobre seu trabalho num jornal resolvi que você me ajudaria. Começei a estudá-la, e até li algumas de suas histórias, para conhecer melhor seu trabalho.

E finalmente tomei coragem, e falei com você aquele dia, no trem. Mas, além de escrever minha história, gostaria que você me fizesse um último favor. Seu dinheiro esta em uma bolsa em cima do sofá, na sala. E agora falo com toda sinceridade... Este será meu último pedido e então você poderá ir embora.

- O que você quer que eu faça ? - como eu podia querer fazer alguma coisa para ela ainda ? De algum jeito estranho e aterrorizante eu não conseguia odiá-la.

Ela se levantou e saiu do quarto. Aquilo me incomodou um pouco afinal, ela talvez tivesse me deixado sózinha com um fantasma dentro de um quarto. Eu olhava para os lados, a procura de algum sinal de que aquele demônio estivesse por perto, mas não via e nem sentia nada.