Eu não sabia o que fazer. Não sabia o que estava acontecendo. Só tinha dois objetivos: salvar Lady Ártemis e derrotar meu pai, Atlas. Havia ruídos de espadas e escudos de todos os lados. E enfim eu pude compreender: E, pela mão do pai, um irá se expirar. Eu iria ser morta. Iria ser morta por meu pai.

De repente, uma dor invadiu meu corpo.

O machucado que Ládon havia me feito doía sem hesitar. Estava envenenada. Eu estava morrendo.

Caí no chão. Ártemis conseguira um tempo para nós. Ela veio correndo em minha direção, assim como meus amigos.

– As estrelas - eu dizia. - Não consigo vê-las...

Eles falaram algo, que eu não conseguia identificar. Um barulho me fez virar-me. Um pequeno avião apareceu, e um homem saiu dele. Apenas tive tempo de ver Annabeth o abraçando, até que me envolveram num cobertor e colocaram-me no avião.

O avião parou quando já havia anoitecido. Haviamos descido. Não aguentei novamente, e desabei. Ártemis e Thalia se ajoelharam em minha volta. Elas me olhavam com preocupação, e Thalia chamou Percy e Annabeth, que estavam conversando com o homem que devia ser o pai da garota. As duas começaram a enfaixar meus ferimentos, mas sabia que não havia o que fazer.

Percy disse algo a Ártemis, ela respondeu e colocou sua mão em minha cabeça. Ela iria tentar me curar, mas eu não queria isso. Já tinha vivido muito. Precisava descansar. Eu segurei sua mão. Olhei em seus olhos, e ela entendeu o que quis dizer.

– Eu... vos servi bem? - lembro-me de ter perguntado.

– Com grande honra - disse Ártemis. - A melhor de minhas assistentes.

Relaxei.

– Descanço. Finalmente.

Ártemis murmurou algo. Acho que ela queria tentar me curar. Mas eu sacudi a cabeça e me dirigi a Thalia. Apertei sua mão.

– Lamento que tenhamos discutido tanto.

– Foi minha culpa - afirmou Thalia. Percebi que estivera fazendo força para não chorar. Ela falou algo a mais que não pude compreender.

– Vós ainda tendes a espada, Percy? - perguntei para ele. Ele me mostrou a lamina. Segurei-a, feliz.

– Sinto-me honrada por carregar essa espada, Percy.

Um tremor percorreu meu corpo. Percy disse algo, mas estava mais interessada em outra coisa.

– As estrelas - sussurrei. - Posso ver as estrelas novamente, minha senhora.

Ártemis deixou uma lágrima cair.

– Sim, minha corajosa caçadora. Elas estão lindas esta noite.

– As estrelas...

Não me lembro de mais nada desde então. Apenas uma breve lembrança de Lady Ártemis passando a mão sobre meu corpo, assoprou suas mãos, e eu viajei. Viajei por milhares de quilômetros. E eu subi mais ainda, até chegar num ponto onde várias coisinhas brilhantes dançavam a minha volta. Não sei como, mas ouvi a voz de Ártemis em minha mente:

– Que o mundo a glorifique, minha brava caçadora. Viva para sempre nas estrelas.

E eu finalmente soube, que ali era o meu lugar. Nas estrelas.