Mine escrita por Jones


Capítulo 8
I'll never leave you alone.




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Raised myself for the goodbye, ‘cause that's all I ever know and you took me by surprise, you said “I'll never leave you alone”

“O Número que você ligou está desligado ou fora da área de cobertura, deixe seu recado após o sinal.”

– Seu filho da puta, essa é a nona mensagem que eu estou deixando e espero que seja a última. Onde você está? – Abbie segurava o celular tão firme que estava a ponto de esmaga-lo. – As pessoas não podem simplesmente sair de casa sem dizer aonde vão e não aparecer para jantar. Já são...

“Para gravar a mensagem digite um, para regravá-la digite três.”

Tinham brigado no meio tarde por algo que James julgava um motivo idiota: o nome da criança. Abbie gostava de dizer que os hormônios da gravidez não a afetavam, que isso era só uma desculpa para as grávidas fazerem o que quiserem e sair ilesas, sem culpa. James não sabia se todas grávidas tinham enjoo matinal ou até quando elas teriam desejos, mas sabia que a teoria dos hormônios e oscilações de humor era verdadeira, pois estava vivendo em um inferno na terra. Sempre fora calmo e compreensivo, mas até Buda teria perdido a calma caso a esposa dele começasse a dizer que ele preferiria ter uma filha chamada Emily Crow, - que por um motivo obscuro sempre era motivo de discussões e James às vezes pensava que deveria ter beijado a menina só para Abbie ter um motivo real para falar mal dela. – do que uma filha chamada Aaliyah que significava sensibilidade ou qualquer porcaria.

Era culpa dele se ele não queria que a filha dele tivesse um nome que ele não sabia pronunciar? E eles nem sabiam se seria menina ou não, mas Abbie estava com esse pensamento fixo de que a mulher é conectada com o corpo e que se prestasse a atenção nele realmente saberia tudo o que estava acontecendo. A televisão era algo que para James não prestava para nada, mas Abbie adorava seriados trouxas e os americanos tinham um senso de humor esquisito na opinião dele. E Abbie estava levando a sério as mensagens dos seriados, o que era assustador. A verdade é que saíra antes de se envolver em uma discussão maior, não era todos os dias que conseguia respirar fundo e concordar com ela, Aaliyah não poderia e nem seria considerado para o nome da garotinha dele. Quem se chama Aaliyah? Isso parecia mais uma junção de vogais com umas consoantes no meio para melhor sonoridade.

Abbie parou de bater o pé quando o ouviu o ranger da porta do armário de vassouras. Ele tinha chegado. Olhou para o relógio de pulso e para o que estava pendurado na parede ao lado da lareira: duas e meia da manhã.

– Ah, você ainda está acordada? – James bufou ao vê-la de braços cruzados e com cara de poucos amigos. – Isso não pode ser bom nem para você e nem para o bebê.

– Onde você estava? – Abbie perguntou impaciente. – Quer saber, não precisa me dizer. Não me disse até agora enquanto eu estava aqui morrendo de preocupação, agora nem faz tanta diferença.

– O.K. – James disse despreocupado, em direção à cozinha.

– James, volta aqui. – Abbie disse firme. – Com quem você estava? É por que eu estou uma baleia não é? – Abbie de repente tinha a voz embargada. – Você está me traindo...

– Eu não estou te traindo com ninguém Abigail. – James tentou se controlar, não era nenhum monge, mas só estava tentando esfriar a cabeça.

– Acho que você não me diria se estivesse. – Abbie disse com as mãos na cintura inexistente. – Eu acho que você deveria dormir no sofá.

– Eu acho que você está achando coisas demais hoje. – James disse sem a intenção de ofendê-la, mas ela já estava experiente no papel de ser irritante.

– Ah é? E o que eu estou achando James? – Abbie se irritou ainda mais. Ele tinha dito que o nome que ela tinha escolhido para a filha era ridículo, saiu no meio da tarde, a deixou falando sozinha e só voltou de madrugada.

– Você está com toda essa mania de dizer que está um balão, que nada cabe em você, mas não para de comer um segundo. – James reclamou sem muita certeza se deveria estar dizendo aquilo. – Não que eu veja um problema nisso, eu adoro vê-la comendo, acho que faz bem pro nosso bebê e que você está linda, mas eu não aguento mais ouvir você reclamar.

– Se você não me aguenta mais por que você não...

– E aí você me manda embora pelo menos cinco vezes por dia. – James disse jogando o resto da maçã com violência na lixeira. – Acho que o nome da criança era para ser uma decisão nossa, não sua dizendo que eu preferiria colocar o nome da criança de Emily, Christina ou qualquer namorada que eu tenha tido. E olha que eu nem namorei com a Emily!

– Ah, mas não foi por falta de vontade por que...

– Ah, foi sim. – James a interrompeu mais uma vez. – Porque eu te amava e... Todas as vezes eu tenho que repetir a mesma história, você tem algum problema de carência ou você simplesmente não acredita em mim?

– Eu acredito, mas você não colabora, fica aí...

– Eu saí porque precisava pensar. – James tentou abaixar o tom de voz, mas não tinha pirado nem por um momento depois da notícia de que seria pai, então não teve êxito na tarefa. – Eu te amo, mas você vem sendo um monstro e não está nem ligando para o que os outros estão passando.

– Eu estou grávida, porra. – Abigail se defendeu, no mesmo tom. – Não é fácil tá legal? Eu reclamo mesmo e você reclamaria se estivesse com dores nas pernas e nas costas, fome o tempo inteiro e não conseguisse ver seus pés há dois meses.

– Eu sei que você tem motivos para reclamar, mas não para fazer isso o tempo inteiro. – James disse com os olhos semicerrados. – Filhos são dádivas, bênçãos... Milagres.

– Bênção porque não te fez vomitar as tripas, comer e engordar dez quilos e ter alterações de humor tão repentinas e devastadoras quanto um tsunami. – Abbie disse com raiva.

– Então você não gostaria de estar grávida da nossa filha que você quer colocar um nome esquisito? – James inquiriu também irritado.

– Não, eu só gostaria que você estivesse grávido dela para parar de me encher a porra do saco e ver como é uma dádiva... Um milagre!– Abbie bufou.

– Nossa, e eu espero que as primeiras palavras da nossa filha não sejam ‘filho da puta’, ‘caralho’ e ‘puta que pariu’. – James viu que os olhos de Abbie agora indicavam perigo mortal, mas sustentou seu olhar.

– Vá se fuder. – Abbie disse simplesmente.

– Ah obrigada, esqueci-me de acrescentar essas palavras à lista. – James disse ironicamente.

– Eu te odeio. – Abbie disse tentando segurar as lágrimas.

– Não, você não me odeia, felizmente. – James não conseguia esconder a frustração por não conseguir mais gritar com ela, não quando ela ameaçava desabar em lágrimas.

– Verdade, é você quem me odeia! – Ela acusou chorando, mas mesmo assim gritando.

– Eu não te odeio, Abigail. – James disse impaciente.

– Então por que você está agindo feito um idiota? – Abbie perguntou secando as lágrimas com o dorso da mão.

– Porque você age como uma todos os dias e eu achei que também tinha o direito. – James não resistiu à resposta malcriada. – Descul...

– Não, quer saber... Você tem razão. – Abbie o interrompeu bruscamente. – Eu sei que eu não estou sendo a melhor companhia nos últimos tempos, então seria melhor se eu aparatasse na casa dos meus pais por um tempo, de repente fará bem se eu ficar sozinha. Talvez eu não aguente minha própria companhia e admita que você esteja certo.

James sabia que o que Abbie queria era uma longa cena de amor, com James ajoelhado aos seus pés implorando para que ela ficasse. E por mais que ele quisesse pedir para que ela ficasse e quisesse ser a pessoa compreensiva e calma que sempre fora, não conseguia simplesmente. Era estressante para ele também, ele podia não estar com uma melancia na barriga – palavras de Abbie –, mas não conseguia pensar em outra coisa além da criança, e no futuro da criança... Ele era músico, por mais que isso desse dinheiro agora, o que aconteceria se não desse no futuro? Crianças usam fraldas, e aí tem creches e pôneis, brinquedos, material escolar de Hogwarts, faculdade e festa de debutante, viagem a Disney, casamento... Gastos que ele não fazia ideia, mas estava assustado. E ele vivia em turnê. Costumava gostar disso, mas Abbie ressurgiu e agora estava grávida, e ele queria cuidar da filha sem nome... O mundo estava confuso, a vida era assustadora e ele se sentia no direito de ser orgulhoso.

– Talvez seja melhor. – James evitou olhar nos olhos dela, para que ela não percebesse que ele estava mentido e para que ele não visse a enxurrada de lágrimas que estariam rolando.

Com a mão na testa e os olhos fechados, só percebera que Abbie tinha saído quando ouviu a porta batendo.

Abbie tentou correr em direção ao vento, sem rumo, mas como não conseguia enxergar os pés e estava com medo de cair, se concentrou e andar depressa. Não esperava que James a mandasse embora, mas também não esperaria menos. Mesmo que fosse difícil reconhecer, tinha se tornado um porre. E, por Merlin, as pessoas a sua volta também tinham sentimentos. Tá certo que ela estava grávida e que ás vezes era difícil se controlar, mas James também era o pai da criança e ela sabia que ele estava mais preocupado do que deveria. Ela o conhecia e o amava demais para saber que ele também estava enlouquecendo com a situação não planejada arranjada por eles. Escolheram o oitavo mês para se tornarem insuportáveis um para o outro. Os erros que prometeram nunca cometer estavam sendo cometidos, na cara deles sem que eles pudessem fazer algo para impedir. Chorando, Abbie se preparou para o adeus. Era uma discussão idiota, por motivos mais idiotas e com declarações absurdas, mas dizer adeus para Abbie era mais fácil do que tentar resolver o que estava errado, dizer adeus era tudo o que ela sabia fazer.

– Eu nunca vou te deixar sozinha. – Ela ouviu a voz dele no fim da rua e se virou surpresa. – Por mais irritante que você seja.

Abbie suspirou ajeitando os óculos embaçados pelas lágrimas, estática, esperou James alcança-la com a expressão tensa no rosto.

– Você sabe que é meio irritante não existir uma palavra que não te lembra uma música? – James disse e Abbie sorriu apreensiva. – Ou o fato de você falar sem parar, tipo sempre, até durante os filmes? E eu nem vou começar a falar sobre inconveniência, você sempre tem a pior coisa a dizer...

– Nossa, obrigada, estou realmente lisonjeada. – Ela disse sarcasticamente, esperando que ele tivesse um objetivo ao falar aquilo.

– Mas você consegue ser otimista e encontrar o lado do bom das coisas até quando é impossível encontrar um lado bom. – James sorriu. – Como aquela vez que ficamos presos no elevador com a Sra. Montgomery gritando de medo da ‘caixa de aço’. A gente não podia aparatar na frente dela, e na verdade, não podíamos fazer nada, porque ela estava agarra na gente como se a gente fosse parte dela. Mas você disse que pelo menos estávamos juntos... E esse sempre vai ser o lado bom de tudo. Sempre estaremos juntos.

Abbie sorriu e James acariciou a barriga dela antes de beijá-la a testa.

– Por mais que você me mande embora, por mais que você tente ir embora... Eu não irei e você nunca irá. – James concluiu enrolando o indicador em um dos cachos dela.

– Porque pertencemos um ao outro. – Abbie disse como se de repente a palavra ‘adeus’ não existisse mais.

– Aham. – James concordou sorrindo. – Desde o dia que você não me deixou em paz na fila do chapéu seletor, eu já sabia que você nunca mais me deixaria em paz.

– Como se você gostasse de viver em paz. – Abbie brincou emocionada. – Não ache que essas lágrimas são por você, são os hormônios da gravidez.

– Pensei que hormônios da gravidez fossem besteira. – James brincou, fazendo Abbie rir. – Esse é o meu som favorito.

Abbie sorriu virando-se para ele e o beijando.

– Depois, é claro, de ‘Ah James, você é demais!’ – ele imitou a voz de Abbie e apanhou da mesma no braço. – Todas as vezes que eu olho para você é como se fosse a primeira vez, nunca se esqueça que você é a melhor coisa que eu já pude chamar de minha.

– Eu te amo. – Abbie sorriu e o beijou. – Me desculpe.

– Me desculpe. – James repetiu sorrindo.

– AH que casal comédia romântica dos anos 90, hein. – Abbie estragou o clima, como sempre e James apenas sorriu. – Beijando no meio da rua, nesse chuvisco sem fim quase às três da manhã.

– Você adora estragar o romantismo das coisas não é? – James disse e Abbie riu. – Vamos pra casa. Que tal Stacey?

– Para nome da nossa filha ou para a próxima protagonista de Meninas Malvadas? – Abbie riu. – Que tal Alison?

– Por Merlin! Nunca conheci uma Alison legal. – James disse andando de mãos dadas com Abbie até em casa. – Que tal Ella?

– Não quero que minha filha se chame ela. – Abbie disse revirando os olhos. – Que tal Julie?

– Não... É o nome da louca que lidera o fã clube da banda. – James disse de olhos arregalados. – Ela é louca.

– Que tal... Ginevra? – Abbie perguntou sorrindo e James riu.

– Minha mãe não sairia lá de casa e você se tornaria oficialmente para sempre a nora favorita. – James brincou. – E a sua mãe choraria rios.

– E se misturássemos os nomes... – Abbie disse rindo. – Portia Ginevra Potter.

– Se misturássemos os nomes do meio ficaria mais... Bonito. – James sorriu. – Anna Molly Potter.

– Anna. – Abigail repetiu. – Anna é um nome bonito. De verdade. Você às vezes pensa direito amor.

– Ah, obrigado pela parte que me toca. – James riu. – Agora vamos ver se a filha sem nome gosta do outro nome.

James agachou no asfalto e colocou o ouvido perto da barriga da Abbie.

– Bebê tá me ouvindo? – James disse e Abbie sorriu. – O que você acha de se chamar Anna?

– Amor, levanta daí, tá chuviscando. – Abbie disse preocupada, mas sem deixar de sorrir.

– Shh, acho que ela vai responder... Um chute pra sim e dois pra não. – James disse e colocou as mãos na barriga de Abbie. Durante os segundos posteriores esperou uma resposta. – Ah, dizem por aí que quem cala consente, acho que ela quer se chama Anna, não é Anna?

James se levantou e beijou Abbie, que se protegia com o casaco dele.

– James, acho que Anna gostou do nome dela. – Abbie disse parando instantaneamente de andar. – Era um chute pra sim não é?

James riu, se agachou e beijou a barriga da esposa antes de se levantar e rumar pra casa.

– Anna banana. – James cantarolou acariciando a barriga da esposa que o olhava torto. – O que foi? Você sabia que eu colocaria um apelido nela mais cedo ou mais tarde.

Quando chegaram a casa, tomaram banho e logo foram se deitar, de olhos fechados, Abbie ouviu James sussurrar para Anna:

– Anna banana, eu sei que você escutou papai e mamãe brigando feito loucos hoje, sorte minha que você não entende nada. – James riu baixinho acariciando a barriga de Abbie. – Mas saiba que a gente se ama tanto, tanto, tanto que a gente vai te sufocar de tanto amor. Sério, tente se salvar, porque é tanto amor que você não vai conseguir respirar. A gente te ama desde quando você era um fetozinho, ok, a gente não sabia que você existia naquela época, a gente te ama desde quando a gente descobriu que você existia. Melhorou? Na verdade a gente começou a te amar meia hora depois porque ficamos vinte minutos de olhos arregalados e 10 minutos boquiabertos. Mas a gente te ama. E vamos sempre te amar. Mesmo se você entrar em Sonserina, juro. Seu tio que não é bem seu tio, mas é amigo do papai, era de lá... Sempre iremos te amar, não importa o que aconteça.

Abbie pegou no sono escutando James conversar com Anna e repetindo para si mesma: ‘Sempre iremos te amar, sempre iremos nos amar.’


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