Entregue A Você escrita por Barbara S Langrafi, Maryh


Capítulo 1
Passado!


Notas iniciais do capítulo

Era verão em Londres, não era aquele sol extremo como em outros países tropicais, era apenas fresco, não era tão frio e nem tão quente, era aproveitável...

2008...O ano mais triste da minha vida!



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2008



Não me recordo do dia nem da hora, mas lembro-me do ano... Foi o mais triste da minha vida, só de lembrar daquele pacato ano meus olhos se enchem de lágrimas...Os meus pais, o meu irmão e eu estávamos em um carro seguindo para a casa da minha tia Flear, a estrada estava vazia, pois não era feriado nem nada, eu estava me sentindo um tanto quanto mal naquele momento e o meu irmão estava dormindo no meu colo, abri a janela para tomar um vento no rosto...Meus pais estavam sorridentes como sempre, eu sempre sorria naquela época...Até que meu pai se abaixou para pegar o Cd favorito dele "Black Sabbath"...Eu só ouvi minha mãe gritando...



–CUIDADO QUERIDO!



Depois daquilo, acordei no hospital, com minha perna quebrada...Um médico, não me lembro como ele era ou seu nome, ele apenas entrou com um rosto sereno e me disse...



–Heavy Morns! Hum. Que nome diferente.



–Todos dizem isso.



–Você se recuperou muito bem, e não levou nem um dia para acontecer isso, acho que foi o cinto que te salvou!



Meu coração disparou no momento em que ele falou aquilo, como se eu tivesse perdido tudo...



–Doutor?



–Sim!



–Onde estão todos? Eu queria falar com o meu irmão, ele estava com dor de barriga e se deitou no meu colo, quero saber se ele já melhorou!?



Ele bufou, olhou para o protocolo e deu uma olhada séria para a porta, tinha alguém olhando da porta, no momento em que ele voltou o olhos para mim a porta se abriu entrando mais 3 médicos acompanhados da minha tia Flea!



–Olá Heavy! Eu sou o Doutor Frank! - O único nome que eu me recordo.



–Tia?



–Minha querida que bom que você está bem.



Ela desabou no meu ombro, senti aquela camisolinha hospitalar se encharcar.



–O que está acontecendo?



–Bem, nos temos uma noticia ruim para declarar aqui garotinha.



Senti um suspiro enorme e doloroso, passando pelo meu coração.



–O que?



–Você sofreu um acidente de carro...Um carro desgovernado saiu da sua mão e foi para cima de vocês...Viemos aqui pra dizer que tentamos fazer de tudo, mas você foi a única que sobreviveu a esse acidente, sentimos muito mesmo.



Minha reação foi até que bastante serena, deixei meu rosto frio como uma pedra...A única coisa que passava pela minha cabeça eram os sorrisos da minha mãe e as piadas sem graça do meu pai...Meu irmão era chegado a mim, seu sorriso e seu carinho, agora era só Heavy...Não havia mais Matthew, não tinha mais graça nessa piada...Depois daquele dia eu nunca mais sorri, era impossível fazer tal esforço.



–Vamos querida, você vai ficar na minha casa! Só que não serei eu quem vai cuidar de você.



Olhei pra ela e pensei "Pronto, sou uma órfã sem lar"...



–Seu tio David vai cuidar de você, ele é mais novo e tem mais fôlego que eu...Não vou conseguir criar uma garota de 14 anos aqui...Você vai para lá semana que vem.



–Lá? Aonde?



–Hawaii!



Que estranho, me mudar para um lugar onde não havia tanto cinza como Londres, para um lugar onde o calor é insuportável...Cheguei na casa da minha tia sentindo um vazio, como se eu quisesse que tivesse alguém pulando nas minhas costas ao entrar ou beijando minha testa, mas não tinha nada disso.



–Você pode subir, sua cama já está arrumada.



Uma cama, que ótimo...Um objeto de uso para a tristeza, você dorme e aí ela suga sua tristeza fazendo você esquecer de tudo, mas quando acordar ela devolve tudo aquilo que é real...



£----£



Aquela semana foi dolorosa, cada dia mais que o outro. Eu não conseguia chorar, sentia uma imensa dor de garganta como se tivesse engolido uma bola de beisebol. Uma noite, acho que já estava no final da semana, eu estava tomando banho...esbarrei em algo quando movi meu braço para me espreguiçar, aquilo caiu dentro da banheira. Não conseguia ver, pois tinha muito sabão e estava cobrindo tudo, decidi procurar com a minha mão mesmo, parecia que algo havia engolido aquele objeto. Até que...



–Ai! Droga.



Era uma lâmina, maldita lamina, cortou meu dedo, coloquei ela no alto para ver o seu tamanho, era pequena, mas ainda assim mortal para qualquer um que quisesse acabar com a vida usando-a... Interessante, mas uma coisa inútil de se tentar, apesar que eu poderia acabar com a minha vida ali naquele exato momento, mas me fez pensar que se eu ainda estivesse viva algo de bom iria acontecer na minha vida...Ou não.



£-------£





Quando chegou na segunda-feira, minhas malas estavam prontas e meu animo lá em baixo. Minha tia Flear estava chorando tanto mais parecia que eu iria morrer naquele voo, ela me abraçou e...





–Sabe me arrependo disso, acho que não teria tanto trabalho com você, mas aqui não é um bom lugar para você viver, vá para o Hawaii e socialize, ficar com uma velha não te levará a nada, só vai te deixar velha. - Ela soltou uma risada fraca.



– Adeus.



Entrei no táxi e segui para o aeroporto sem ela, passei pelos portões e esbarrei em um garoto que estava com a namorada, ou mãe, ou sei lá...Só vi que ele estava se despedindo dela.



–Desculpe. - Disse o garoto assustado.



Olhei para ele e afirmei com a cabeça, depois voltei a fitar o chão e segui assim até os portões de embarque, percebi que aquele garoto estava-me a seguir, talvez... estivesse indo para o mesmo lugar. Acabei parando para ver o que dava e ele entrou na minha frente.



–Oi? É desculpe o incomodo...Você pode-me dizer onde fica o portão para o Hawaii? - Falou ofegante.



–É esse mesmo. - Apontei para o portão para onde eu estava indo.



–A nossa que legal! Você também está indo pra lá?



–Sim.



–Oh, que mal educado eu...Muito prazer eu sou Sebastian! - Estendeu a mão para que eu a apertasse.



–Olá! - Desviei e continuei seguindo o meu caminho.



Tentei apertar o passo, mas aquele garoto continuou seguindo-me...



–Não vai me dizer o seu nome?



–Não!



–Por quê?



–Porque eu quero que você me deixe em paz!- Gritei.



–Me desculpe!



Entrei no avião, dei meu bilhete e guardei minha bagagem de mão no armário...Até que vi aquele garoto entrar no avião, me olhou e acenou.



–Droga! – exclamei



"Por favor, fique bem longe de mim"



Meu pensamento gritava para avisar a qualquer pessoa que estivesse ouvindo.



A aeromoça apontou para mim e ele veio com um sorriso estampado na cara, ele guardou a bagagem dele e se sentou do meu lado.



– O que você está fazendo? - Olhei assustada para a cara dele.



– Me sentando. - Respondeu com aquela alegria insuportável.



– Ah não me diga?



– Bem esse é o meu lugar, esta escrito aqui na folha. - Ele praticamente esfregou a passagem no meu rosto.



– Ótimo. - Cruzei os braços e olhei para a janela.



– Então vai me dizer o seu nome?



– Não!



– Por quê? Vamos ficar sentados aqui por mais ou menos 10 horas! - Ele colocou os braços para cima depois abaixou batendo nas coxas.



–Por favor coloquem o cintos o avião já vai descolar! - Falou uma aeromoça com um microfone na mão para avisar todos os passageiros.



As três aeromoças começaram a explicar aquelas coisas chatas, precauções a tomar se acontecer algo com o avião, eu não estava ligando para aquilo, mas Sebastian parecia bem nervoso com tudo. Ele estava ficando vermelho.



Quando elas terminaram uma delas veio falar com ele...



– Você está bem garoto?



– Ah, sim! Não se preocupe eu estou bem! - Estava completamente nervoso.



– Você quer um remédio?



– Não! Eu não estou passando mal.



– É a primeira vez que entra em um avião?



– Sim!



– Quer um calmante?



– Não! Muito obrigada por se preocupar.



– De nada...Qualquer coisa é só chamar.



– Sim! Obrigado.



Eu continuei olhando para a janela, esperando o avião decolar, quando ele começou a correr senti deixando um pedaço de mim para ficar trás, senti que estava saindo de férias e meus pais estavam ficando lá para cuidar do meu irmão, quando ele começou a voar, senti um peso na consciência e lembrei que não estava saindo de ferias e que tudo aquilo era permanente...



– Ei menina?- Olhei para ele séria. – Não vai me dizer o seu nome?



Acabei cedendo, estendi a mão para cumprimentá-lo, mas ele não soltava do encosto de braço do banco.



– Meu nome é Heavy.



Ele soltou, bateu na minha mão, um comprimento um tanto estranho e voltou a segurar no encosto...



– Heavy? Um nome diferente.



– Todo mundo diz isso...



– A é? Esse Heavy é de Heavy Metal?



– Sim.



– Que legal, seus pais tem um bom gosto.



– Sim.



Virei para olhar a janela, coloquei meus pés sobre o banco e abracei minhas pernas.



– Eu disse algo de errado?



– Não! Só estou pensando...



– Ah, sim. Por que você esta indo para o Hawaii?



– Estou indo para morar. - Falei entre meus joelhos.



– Ora eu também.



– É? – Saí dos joelhos e olhei para ele.



– Vou morar com a minha tia...Meus pais se separaram e nenhum queria ficar comigo, acho que eu fui o maior motivo para que essa separação ocorresse. - Sebastian olhou para o encosto da frente.



– Você não pode dizer isso! - Alertei.



– É a pura verdade! Nenhum dos dois quer ficar comigo...Me sinto como uma roupa velha.



– Eu sei exatamente como é.



– Seus pais se separaram?



– Não.



– E então?



– Morreram em um acidente de carro, meus pais e meu irmão menor.



– Ah! Eu sinto muito.



– Obrigada! Agora estou indo morar com o meu tio, porque a minha tia não tinha condições de cuidar de mim.



– Entendo.



E lá estávamos nós, duas pessoas sentadas uma do lado da outra, abandonadas pelos seus parentes, tristes e desoladas como se fossemos um nada indo para outro nada viver...O voo demorou tanto, era tedioso ficar sentada ali. Via várias pessoas passando pra lá e pra cá.



– Ei Seb, nos podemos levantar?



– Sim...Eu acho.



– Quer caminhar?



– N-não, eu prefiro ficar aqui, é mais seguro.



– Ok.



Me levantei e comecei a andar, cheguei perto de uma aeromoça.



– Onde fica o banheiro por favor?



– Ali nos fundos, à esquerda.- Ela apontou para um lugar com pouca luz e várias portas.



– Obrigada.



Segui para o banheiro, todas a portas estavam fechadas, não tinha a mínima ideia de como saber se tinha alguém usando, então coloquei o ouvido para ver se tinha alguém dentro, pousei meu ouvido na primeira porta e comecei a ouvir pessoas gemendo.



– Será que ele esta com dor de barriga? Mas são duas?



Realmente não sabia o que pensar, afinal tinha 14 anos, não me passava coisas desse tipo em minha mente, apenas uma pura inocência, mas o homem gritava tanto que mais parecia estar sendo morto.



"Aaaaaahhhhhh....Aaaaaaaaaaaaaaahhhhhhh...Aaaaaaaaahhhhhhhh!" – Assustador.



Saí de lá correndo para o meu acento.



– Nossa! - Agarrei no descanso de braço.



– O que? - Sebastian apertou o sinto.



– Tinha um homem gritando dentro do banheiro.



– Sério?



– É, acho que ele estava com uma tremenda dor de barriga. - Besteira de criança.



– Nossa!



Fiquei com medo de voltar lá então tentei dormir para ver se chegava mais rápido.



£----------------£



–Por favor coloquem os cintos, o avião irá pousar...Sejam bem vindos ao Hawaii.



Acordei deitada no colo de Sebastian, levei um susto que o acordou.



– Haaaaaa! - Gritei.



– O QUEE?? - Ele perguntou assustado e gritando.



– Que susto menino!



– Quê que eu fiz?



– Nada!



– Crianças, por favor, coloquem os cintos.



– Sim!



– Sim!



O pouso foi um tanto quanto pesado, senti que iria ficar livre em alguns minutos. Quando o avião parou eu me levantei e peguei minha mala, sai junto com Sebastian, quando estávamos para passar pelo portão de desembarque, me virei pra ele.



– Bem...Adeus. - Estendi a mão.



– Adeus...Espero que nos encontremos novamente. - Ele a apertou.



Olhei para baixo e saí andando, fui recebida com um colar de rosas.



– Aloha! - Disse uma mulher com uma roupa havaiana.



Enquanto descia a escada rolante olhei para aquela multidão e vi uma plaquinha escrito meu nome.



HEAVY METAL?



Cheguei perto daquele homem, ele ainda me procurava, olhando para as pessoas que desciam a escada. Puxei a blusa dele fazendo com que ele olhasse para baixo, eu era tão baixinha assim? Ou ele era alto?



– Olá! Eu sou seu tio David. - Ele agachou e abriu os braços para que eu o abraçasse, uma tentativa falha.



– É só Heavy. - Ignorei seus braços abertos e apontei para a placa.



– Eu só queria fazer uma piada. - Ele levantou e dobrou o papel.



– Ah, sim.



Ele voltou a se abaixar e me deu um abraço bem apertado.



– Estou perdendo o ar... - Disse quase sem voz.



– Desculpe! Que lindo colar de rosas...Me lembro de quando me mudei pra cá e ganhei um, pena que ele durou apenas uns dois dias.



– Ah, sim. - Olhei para o colar. - Você quer ele?



– Não! Ele é seu...Você não pode dar a mais ninguém, é considerado um colar magico e você tem que guarda-lo mesmo se ele morrer, é um presente precioso abençoado pelos deuses do Hawaii para protege-la!



– Que mentira! - Abri um sorriso, que estranho!



– Não, é a pura verdade. Você tem que acreditar para funcionar, um colar desse traz sorte para quem acredita.



– Ah é? - Segurei o colar.



– Sim!



– Então tá! - Soltei ele e olhei para a porta.



– Vamos?



– Sim!



– Você trouxe biquíni?



– Não tenho!



– Como assim não tem biquíni? - Ele levantou a voz. - Não vai querer surfar?



– O que é isso?



– Já vi que tenho muito a te ensinar!- O cara grande colocou a mão na cabeça – Ok! Vamos indo para que você deixe suas coisas em casa, depois iremos sair para te comprar um biquíni, hoje você vai aprender a surfar!



– Ok!



– Ah! Você pode me chamar de Tio se quiser! - Ele pegou minhas malas e saímos.



– Ok.



Entramos dentro do carro, coloquei o cinto e respirei fundo, ele ligou o carro e seguiu viagem até sua casa, fiquei olhando para baixo pois aquilo era muito estranho para mim.



– Você é estranha! Muitas pessoas que passam perto da praia ficam deslumbrados com o brilho que o sol faz quando bate na água e nas ondas também, mas você... você nem liga.



– Praia?- Levantei a cabeça e quando me virei vi aquele imensidão azul. – Uau!



– Agora sim! -Ele riu - Achei que teria que leva-la ao médico.



Seguimos até a casa dele...Era um começo de um longo ano. Longas amizades e talvez uma paixãozinha do Hawaii. Tudo aquilo era novo, o calor, o lugar, eu realmente não sabia como iria ser.

 

 

 



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Notas finais do capítulo

WEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE PRIMEIRO CAP DA HISTORIA ^^ HAPPY...PENSEI QUE NÃO IRIA CONSEGUIR ESCREVER OUTRA ARIGATOOOOOOO o/



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