– Beije-me Jacob, beije-me e depois volte. – Fechei os olhos fortemente, corri o mais depressa que pude não querendo ouvir o que estava acontecendo agora. As arvores passavam por mim em uma velocidade imensa, estava correndo o mais rápido que podia. Ao perceber que não conseguiria mais escutar nada, sentei-me no chão me escorando no tronco de uma arvore.

Minha Bella, como? Porque fazer isso comigo? Escutei alguns passos, sabendo quem era não me dei ao trabalho de olhar a pessoa.

– Dói não é? – Leah perguntou, ela sentou-se da mesma forma que eu em uma arvore de frente a minha.

– Muito, muito mais do que eu pudesse imaginar. – Admiti.

– Sei bem como é, apesar de você ser um sanguessuga não merecia que ela fizesse isso. – Sua voz não era irônica, ou continha raiva. Seus pensamentos provavam que ela não estava ali apenas para rir de mim.

– Só queria saber o porquê de ela ter feito isso. Juro que se ela quisesse ficar com ele, tivesse me contado, eu aceitaria.

– Talvez por isso ela tenha feito, cara você é muito altruísta. Não adianta você ser todo bonzinho, fazer tudo pensando apenas nela, porque sempre você vai sair magoado. – Ela não falava como para me dar lição de moral, realmente falava serio, como se estivesse dando um conselho á um amigo.

– Posso te fazer uma pergunta? – Ela assentiu. – Como foi quando o Sam teve o imprinting com a Emily? – Ela fez uma careta, pensou em como explicar, e mesmo sabendo que eu estava ouvindo ela queria falar, e o mais estranho eu queria ouvi-la falar.

– Foi muito difícil. Me senti traída, usada, abandonada. Eu amava o Sam, a Emily é minha prima, sabia como eu me sentia. Dediquei a Sam meus melhores momentos. Ate eu virar loba eu sentia uma raiva imensa, não queria ver nem falar com nenhum dos dois, ou com alguém que me dissesse para esquecer tudo isso e seguir minha vida. Ai quando virei loba, fiquei com mais raiva ainda,pensei que aquilo fosse um castigo. Agora alem de vê-los juntos, eu teria que escutar os pensamentos dele, escutar o quanto ele a amava, o quanto ele a achava linda. Com o tempo eu vi o quão forte é a força do imprinting, e nem se ele quisesse ele poderia lutar contra. Então estou fazendo a maior força possível para esquecê-lo totalmente. Sabe eu não sou tão chata quanto parece, os outros entenderiam se estivesse no meu lugar.

Ficamos alguns minutos em silencio, encarando um ao outro.

– O que acha que ela vai fazer?

– Sinceramente?- Assenti. - Acho que ela vai continuar com você, ela sabe que ama você, sabe que o que sente pelo Jacob é apenas atração. E mais importante, ela sabe que você vai perdoar. – Ela falava com certeza, e eu sabia que ela estava certa.

– Você me acha um idiota não é? – Ela assentiu e sorriu como se estivesse se desculpando, ri um pouco.

– Não me leve a mal, só que acho que você é tão obcecado por ela que se esquece de viver, moramos no planeta Terra, não no planeta Bella.

– Viver o quê? – Perguntei retoricamente, ela revirou os olhos.

– Você é muito pessimista. – Ela disse.

– Nunca pensei que você fosse assim. – Admiti a olhando fixamente.

– Assim como?

– Leve, fácil de conversar. Normalmente quando vejo você, sempre esta com uma carranca no rosto, ou com pensamentos raivosos. – Era a mais pura verdade, nunca sequer tinha a imaginado de outro modo, em minha mente sempre a Leah com raiva do mundo.

– Estou tentando pegar leve.

– Você querer pegar leve, não significa que você tem que conversar com um inimigo natural. – Não gostei de ter dito inimigo, não queria que ela me visse assim, eu não a via assim, pelo menos não agora.

– Não sei o que me deu para querer vir aqui e, conversar com você. Acho que me enxerguei no seu lugar, sei como é difícil se sentir traído.

– Não me senti traído, eu fui traído. – Ela riu alto, sua risada ecoou pela floresta, era agradável, gostosa de ouvir.

– Você a ama muito não é? – Ela perguntou de repente.

Eu amava Bella, não amava? Eu a amo. Então porque eu não consigo olhar nos olhos de Leah e dizer que amo Bella? Porque esta frase estava presa em minha garganta? E porque o coração de Leah estava tão acelerado? E em seus pensamentos a curiosidade que ela tinha em relação a sua pergunta?

– Eu... Acho que sim. – Falei, nesse momento me senti humano, minha garganta parecia não querer emitir som nenhum, eu sentia que meu coração morto e gelado poderia voltar a bater a qualquer minuto. Senti isso olhando nos olhos dela.

– Acha?- Ela bufou.

– Não sei mais. – Percebi unicamente agora que isso é verdade.

Olhei Leah mais uma vez, nunca havia reparado em como ela é bonita, a pele morena contrastava perfeitamente com seus cabelos pretos, que apesar de curtos eram lindos. Os olhos negros pareciam ter uma força extraordinária, o corpo forte cheio de curvas. Balancei a cabeço, como se para espantar os pensamentos que rondavam em minha mente.

– Nunca me imaginei conversando com você, ou qualquer outro vampiro. – Ela comentou mudando de assunto.

– Eu nunca pensei que conversaria civilizadamente com um lobisomem. – Concordei.

Novamente o silencio se instalou, só ai que me lembrei de uma coisa muito importante. Levantei-me no mesmo segundo.

– O que foi?- Ela perguntou levantando-se também.

– A batalha. – Falei e vi a compreensão passando por seu rosto.

– Tinha me esquecido completamente. – Sua voz saiu um pouco mais baixa, instintivamente dei um passo em sua direção, ela pareceu não se importar que a distancia que já era pequena entre nos, fosse diminuída pela metade.

– Temos que ir. – Falei sem querer sair de perto dela. Dei mais um pequeno passo em sua direção, pouco centímetros separavam nossos rostos.

– Eu não quero ir. - Ela sussurrou olhando para minha boca.

– Mas temos que ir. – Minha voz saiu tão fraca que nem sabia s realmente havia falado.

Em uma fração de segundo, a empurrei contra a arvore, colando nossos lábios. Uma sensação diferente correu por meu corpo, meu corpo frio entrando em contato com seu corpo quente e macio.

Seus lábios se mexiam com os meus, não precisava ser cuidadoso com ela, nossas línguas se entrelaçavam, enquanto minhas mãos apertavam sua cintura a mantendo ali, enquanto sua mão estavam puxando meus cabelos, como se para acabar com a distancia quase inexistentes que nos separava.

Nos separamos a mal gosto. Nossos olhares conectados, colei nossos lábios mais uma vez, foi um beijo mais calmo, sem pressa.

– Isso é estranho. – Ela falou mordendo o lábio, meu olhar ficou preso ali por alguns segundos.

– E diferente, mas o que podemos fazer? – Perguntei, aumentando o aperto em sua cintura.

– Podemos aproveitar. – Ela sugeriu.

– Minha família vai dizer que enlouqueci.

– A matilha vai falar a mesma coisa, mas quem se importa?

Selei nossos lábios mais uma vez.

Era um destino diferente, nem por isso deixava de ser amor.