Um dia para o plano ter início. Todos da Ordem já estavam mais do que preparados. Eles, como Hermione, estavam bastante ansiosos. Draco havia conseguido algumas informações sobre o paradeiro e características do filho de Lord Voldemort: ele estava em algum lugar da Inglaterra, tinha por volta de 20 anos, não tinha a mínima ideia sobre a existência do mundo mágico e morava em um bairro popular. Por isso, os membros da Ordem foram separados em vinte grupos de cinco pessoas cada um, para assim a localização do filho de Voldemort ficar mais rápida.

A peça mais importante nesse plano, era Hermione. Já que ela ia entrar na mansão em que Voldemort está para tirar mais informações importantes sobre seu filho.

Porém nem todos os membros da Ordem iam participar “realmente” do plano, alguns foram selecionados para permanecer na sede, protegendo-a. Gina foi uma dessas pessoas selecionadas, e estava completamente aborrecida por isso.

–Eles acham que eu não sou boa o suficiente! – exclamou a ruiva de braços cruzados. Hermione revirou os olhos para amiga pela décima vez naquele dia.

–Gina, pare com essa baboseira. – pediu Hermione enquanto revia todas as coisas que havia colocado na bolsa de contas, só para ter certeza de que não tinha esquecido nada. A ruiva suspirou pesadamente.

–É apenas a verdade. – ela disse tristemente. – Ah, Mione, já estava me esquecendo... Papai mandou te dizer que Malfoy vem aqui mais tarde, pra repassar o plano com você pessoalmente.

Hermione engoliu seco.

Draco havia lhe dado um pergaminho com todas as instruções sobre como o plano seria executado e, como era de se esperar, a castanha já havia gravado tudo. Não era necessário o próprio Draco repassar o plano com ela.

–Era só o que me faltava. – Gina sorriu de leve com o comentário da amiga.

–Quando vocês dois vão mesmo se acertar? - perguntou, cruzando os braços.

–Se depender de mim, nunca. – Hermione respondeu friamente. – Ele só quer saber de brincar com meus sentimentos, ‘to cheia disso.

–Ok, se você ta dizendo... Mas pelo menos admitiu que, de fato, possui sentimentos por ele...

Hermione arregalou os olhos. Nem ela tinha se dado conta do que disse.

Gina permaneceu mais um pouco no quarto, conversando sobre o plano e algumas coisinhas sem importância alguma. Assim que fora embora, Hermione deitou-se na cama e olhou o sol se pondo pela janela. O que a castanha mais gostava de fazer, era observar o sol chegando e indo embora. Porque, pode ter acontecido qualquer coisa com ela, mas o sol sempre vai aparecer do mesmo jeito. É como se ele não fosse afetado.

Quando o sol se pôs, Hermione foi tomar banho. Não demorou muito lá, apenas jogou uma água no corpo. Vestiu-se e voltou para o quarto. Quando abriu a porta, deu de cara com...

–Malfoy?! O que você está fazendo no meu quarto?! – perguntou claramente irritada. O loiro estava deitado em sua cama, lendo um livro. Como se estivesse em seu próprio quarto.

–Ué, só estava te esperando... – ele disse com sua voz arrastada e se sentando. – Espero que você já tenha gravado o plano.

–E já gravei. – Hermione disse duramente, se aproximou do loiro e cruzou os braços. – Saia da minha cama, Malfoy!

–Pelo visto você está estressadinha... – ele comentou sarcasticamente. Essa foi a gota d’agua. Hermione pegou um travesseiro e começou a dar travesseiradas nele. – EI, EI EI! Calminha aí! – ele disse se levantando da cama.

–Você é insuportável, Malfoy.

–Você também não é nenhuma flor que se cheire. – ele disse arrumando os cabelos.

Hermione revirou os olhos e sentou-se na cama.

–Vamos começar logo com isso, por favor. – Hermione pediu séria. Draco concordou e os dois começaram a repassar o plano.

Hermione se passaria pela comensal Kylie Gerard, que era uma das comensais mulheres mais “importantes” para Lord Voldemort, já que ela era responsável pela segurança do Lord das Trevas. Ou seja, Hermione ia passar muito, mais muito, tempo junto a ele. Ia frequentar seus aposentos e tudo mais. O que lhe deixava furiosa era que os comensais eram divididos em duplas... E a dupla de Hermione, ou melhor dizendo, de Kylie, era Draco insuportável Malfoy.

–... e você será a minha...

–Malfoy, não precisa repetir que eu serei sua dupla, está bem? – pediu cruzando os braços. Eles já haviam repassado o plano umas 200 vezes, e a castanha já estava de saco cheio.

Depois de terem repassado mais umas 20 vezes, Draco finalmente saiu do quarto da castanha.

Hermione deitou-se na cama e começou a pensar em tudo que havia acontecido nas ultimas semanas. E em tudo o que poderia acontecer a partir de amanhã. Ela poderia morrer ao decorrer desse plano, mas ela ia correr esse risco. Ela correria qualquer risco para ter um mundo bruxo com paz, e para vingar a morte de Harry. É, para vingar a morte dele. Para vingar a morte do irmão. Nesse tempo todo desde que Harry morreu, Hermione tinha certeza de que um dia ia conseguir vingar a morte dele. E esse dia finalmente ia chegar.

Pensando no plano, Hermione acabou pegando no sono.

NO DIA SEGUINTE...

–Hermione, tenha cuidado, por favor. – Molly pediu, com os olhos cheios de lágrimas. Hermione abraçou a Mãe Weasley fortemente.

–Vou ter cuidado sim, não se preocupe. – a castanha falou reconfortando a senhora.

Abraçou mais alguns membros da Ordem, conhecidos e não-conhecidos, e todos lhe disseram para ter o máximo de cuidado. Falar “não se preocupe” já havia se tornado automático para Hermione. Quando, finalmente, abraçou o ultimo membro da Ordem, um desespero tomou conta de si.

Pediu licença a todos, alegando que queria ficar mais um tempo em seu quarto antes de ir para a mansão, e, correndo, foi em direção ao quarto. Deitou-se na cama e começou a chorar. O peso da responsabilidade caiu sobre a castanha apenas hoje. Logo hoje, no dia em que a missão começaria. Se Voldemort descobrisse que ela era uma farsa ele com certeza ia matar a todos da Ordem e todos os outros bruxos inocentes não teriam a menor chance contra ele. Tudo por culpa de Hermione.

A castanha estava chorando tanto que nem percebeu quando Draco entrou em seu quarto. O loiro queria mais que tudo abraçá-la, mas não faria isso. Ele era muito orgulhoso pra tal ato. Limitou-se, apenas, a se aproximar dela.

–O que houve, Granger?

–Não posso fazer isso, Draco. Não posso. Não tenho coragem! – Hermione disse entre soluços e mais soluços. Draco arqueou uma sobrancelha.

–Hermione, mas é claro que você pode fazer isso. – ele disse. – Você é... forte.

–Mas e se eu falhar...

–Você não vai falhar. Tenho certeza. – Draco disse. Quando, finalmente, se acalmou Hermione sentou-se na cama e fitou a mão de Draco. Ela segurava uma taça com algum liquido dentro. – A poção polissuco. Para você se transformar na Kylie.

Falando isso, o loiro se aproximou mais de Hermione e entregou-lhe a taça. A castanha o olhou com medo e ele sorriu para ela. Não sabia dizer por que, mas o sorriso dele fez com que o interior de Hermione fosse tomado pela coragem novamente. Tomou a poção polissuco e, aos poucos, foi se transformando na comensal.

A mudança fora impressionante. Os cabelos castanhos de Hermione se transformaram em um loiro gélido que batia até a metade da cintura e completamente lisos. Sua pele ficou ainda mais pálida, seus lábios mais carnudos e rosados e suas sobrancelhas bem marcantes e delineadas.

Draco estava olhando a transformação e ficou perplexo com a mudança. Mas, impressionantemente, a única coisa que não mudou em Hermione, fora o olhar. O olhar que ele tanto amava e desejava que um dia o olhasse com amor e paixão.

–Malfoy, eu fiquei tão feia assim? – Hermione perguntou e Draco negou com a cabeça rapidamente. A castanha virou-se para o espelho que havia em seu quarto e arregalou os olhos. Draco tinha razão em ter ficado perplexo.

Hermione desceu as escadas, seguida por Draco logo atrás, em direção a cozinha e todos os olhares caíram sobre ela. Deixando-a muito, muito, corada.

–Mione... – Rony chamou. A castanha conhecia o amigo e sabia que ele estava tentando não chorar. Abraçou-o forte.

–Calma, Rony. Tudo vai dar certo, ‘ta bem? – ela disse sorrindo para o amigo, que assentiu fracamente. – Adeus.

Abraçou Gina fortemente também e acenou para os outros da Ordem. Saiu da sede juntamente com Draco e suspirou tristemente. Uma lágrima teimosa caiu e quando Hermione ia limpa-la, Draco foi mais rápido e limpou.

–A partir de agora, somos só eu e você. – ele disse intensamente, olhando-a nos olhos. – Tudo vai dar certo, Hermione.

Draco segurou a mão de Hermione delicadamente e os dois aparataram em direção à mansão.