POV Hermione Granger

Acordei com a autoestima lá em baixo essa manhã, com marca de lágrimas pelo rosto e com o menor bom humor possível.

Fred me trouxe para o dormitório ontem à noite e me fez prometer que não ficaria mal, que iria parar de chorar e que, qualquer coisa que eu precisasse eu teria a obrigação de chamá-lo. Eu só assenti com a cabeça e fiz tudo o que ele pediu para eu não fazer. Fiquei mal, chorei e não o chamei, até parece que eu iria atrapalhá-lo com os meus problemas.

Levantei relutante e fui até o banheiro. Lavei o rosto e olhei o meu reflexo no espelho. Desprezível, foi o que eu consegui definir. Tirei o pijama e entrei de baixo do chuveiro. As gotas de água quente percorriam pelo meu corpo e me davam uma sensação de relaxamento. Só a sensação mesmo, pois meu estado estava longe de ser relaxada. Saí do box e me sequei, coloquei uma roupa confortável e fui até o dormitório. Hoje não teríamos aula, porque além de ser sábado, o jogo de quadribol entre Grifinória e Sonserina aconteceria esta tarde.

Encontrei Gina já de pé, ajeitando o cabelo na frente do espelho. Ela parecia feliz.

- Bom dia Mione – prendeu uma mecha do cabelo para trás, me olhando pelo espelho.

- Oi – foi tudo o que eu consegui dizer, seguido de um sorriso forçado quando ela me olhou preocupada.

- Você tá bem? – ela saiu da frente de seu próprio reflexo e veio até mim. Sentei na ponta da cama e ela se ajoelhou na minha frente.

- To ótima – menti.

- Eu sei que você não está, Mione. Eu sinto.

- Sente?

- Sim baby, eu tenho o sexto sentido – ela apontou com um dedo para a própria testa, o que me fez rir.

- Relaxa, eu to bem – menti mais uma vez. Não queria destruir sua felicidade matinal (o que era difícil de acontecer, Gina acordar bem humorada) com minha tristeza incomum – E você, o que aconteceu para estar assim, toda alegrinha?

- Adivinha? – ela se levantou e saiu girando pelo quarto, como uma bailarina.

- O que? – perguntei sorrindo levemente.

- Começa com Ne e termina com Ville – ela disse e meu queixo caiu

– Ai meu Deus, eu não acredito – eu devia estar com uma cara de boba. Como eu torcia por eles – Me conta! Me conta! – pedi desesperadamente.

- Calem a boca – Lilá jogou um travesseiro na gente – Eu quero dormir.

- Que bom, é o mais útil que você faz para a sociedade – Gina falou jogando o travesseiro de volta na cara dela, enquanto eu abafava a minha risada.

- Ridículas – ela se virou na cama, de costas para gente.

- Bicho preguiça – disse e Gina pareceu confusa – Como eles, você dorme quatorze horas por dia e usa o que sobra pra cuidar da vida dos outros – dessa vez foi Gina que riu. Lilá só bufou irritada e voltou a dormir. O que é? Eu disse que não estava bem humorada hoje.

- Vem, vamos descer que eu te conto – Gina pegou no meu braço – Nunca sabemos quem está nos ouvindo né? – ela falou num tom mais alto, para que Lilá pudesse escutar. Descemos até o Salão Comunal e nos sentamos no sofá.

- Certo, agora me conta – pedi quando Gina se sentou ao meu lado.

- A gente estava aqui no Salão Comunal... – e foi contando de tudo, como ele estava, como ele se aproximou e falou coisas meigas pra ela. E eu, enquanto escutava aquilo, ficava feliz por Gina e por Neville, por finalmente terem se resolvido, e triste, pois aquilo me fazia lembrar de Draco, de como ele foi comigo ontem e de todas as lágrimas que eu derramei à noite. – E foi isso – ela finalizou.

- Ai Gina – a abracei buscando conforto – Eu estou tão feliz de vocês estarem juntos agora – sorri do melhor jeito que eu podia, mesmo que por dentro eu estivesse destruída – Vocês têm minha bênção.

- Mione, obrigada – ela se soltou do meu abraço e me olhou – por tudo – ela desviou o olhar para a escada, onde Neville vinha descendo.

- Bom, eu vou deixar os dois pombinhos a sós – me levantei e Neville sentou-se no meu lugar – Nos vemos depois... casal – soltei e eles riram.

Ainda era cedo para tomar café da manhã, então decidi dar uma volta. Andei pelos corredores, atravessei os jardins e acabei chegando ao campo de quadribol. Não sei se viria assistir o jogo de hoje, depois de tudo o que aconteceu.

- Mione – Fred apareceu, saindo do vestiário – Você tá bem? – pousou sua mão em meu ombro.

- Tô – menti mais uma vez.

- Tem certeza? – ele olhou em meus olhos. Eu não iria mais mentir pra ele. Senti um aperto no peito e meus olhos ficarem úmidos. Neguei com a cabeça, respondendo sua pergunta – Hey, tudo bem – ele se aproximou e me deu um abraço de urso, parecido com o da Senhora Weasley. Afagou meus cabelos e se afastou só o suficiente para me olhar – Vem assistir o jogo?

- Não sei.

- Ah, vem – ele falou arrastado – Por mim.

- Talvez– mordi meu lábio inferior, fingindo pensar e ele deu um sorriso.

- Ótimo – e num gesto inesperado, ele segurou um pouco acima dos meus joelhos e me colocou jogada em seu ombro, como se eu fosse um saco de batatas.

- Fred?! – dei soquinhos nas suas costas – Me solta! – comecei a rir.

- Você pretende mudar esse seu talvez por um sim bem bonito? – ele andava pelo campo, me segurando.

- Sim, eu troco. Um sim bem elegante, eu juro – sorri e ele me colocou no chão.

- Beleza – ele piscou pra mim e fez uma cara engraçada – Agora preciso voltar para o vestiário. Estamos vendo umas estratégias para usar contra as serpentes. Te vejo mais tarde – me deu mais um abraço e um beijo estalado na minha bochecha – Você vai ficar bem? – perguntou com a mão em meu queixo.

- Vou – dei um sorriso fraco – Bom treino.

- Obrigado – ele sorriu e eu me afastei. Acenei para ele quando já estávamos a uma certa distância e ele sorriu pra mim mais uma vez, retribuindo o aceno, entrando no vestiário logo depois.

POV Blaise Zabini

Desci até o Salão Comunal e encontrei Charlotte e Pansy pintando a cara de todos de verde e prata. Alguns garotos tinham bandeiras da sonserina enroladas em volta do corpo e as garotas, bem, tinham pompons verde e prata também.

- E aí garotas, trabalho duro hein? – passei por trás das duas, dei um beijo na bochecha da Charlotte e ela sorriu. Resolvi então, que hoje era um ótimo dia para irritar a Pansy. A abracei por trás – E aí gatinha – ela se virou para mim sorrindo. Aproveitei a brecha e coloquei os dedos na lata de tinta que ela tinha em suas mãos. A segurei e passei tinta em suas bochechas, fazendo três listrinhas horizontais, como um bigode de gatinho, e depois uma bolinha na ponta de seu nariz.

- Blaise?! Ai, garoto dos infernos – a soltei e saí correndo, rindo – Vem aqui, desgraça!

- Calma, eu só realcei a gatinha que tem dentro de você! – falei enquanto corríamos em círculos em volta de uma poltrona, Pansy tentando me pegar e eu fugindo. Charlotte ria abertamente.

- Vem aqui, que eu vou realçar um lado que você nem sabe que existe dentro de você ainda! – ela falou e eu me assustei.

- Hey, o que tá pegando aqui? – Draco apareceu – Pansy, por que você tá...? – ele apontou a tinta no rosto dela e eu me acabei de rir.

- Eu te mato, Blaise! – ela ia correr atrás de mim de novo, mas Draco a impediu.

- Calma, gatinha – Draco falou e eu ri mais ainda – Agora temos que nos concentrar! O jogo é daqui a pouco.

- Eu ainda não acredito que vocês me colocaram no time. Eu vou fazer tudo errado – Charlotte largou as tintas e veio até nós.

- Calma mon amour – a tranquilizei – Vai dar tudo certo.

- Agora ele é francês, gente – Astória surgiu no meio de todas aquelas pessoas na sala comunal.

- Hey Draco, eu já vou indo para o vestiário aprontar tudo. Espero vocês lá – disse e todos concordaram com a cabeça.

Saí do Salão Comunal e fui andando pelos corredores. Pisquei para algumas lufanas e elas acenaram para mim, sorrindo.

- Boa sorte hoje, Blaise – uma delas veio até mim – Vou torcer pela Sonserina, sabe por quê?

- Não – a olhei malicioso – Por quê?

- Só por que você joga nesse time – ela se aproximou ainda mais e me deu um selinho demorado. Fazer o que né? Esse é o preço por ser Blaise Zabini. A garota sorriu e foi embora. Continuei andando até chegar à entrada do castelo.

- Ah, me desculpe – a Lovegood esbarrou em mim sem querer.

- Sem problemas, loira – sorri e ela saiu andando, me deixando falando sozinho.

- Hey, pra onde você vai? – perguntei vendo que ela não ia para o campo de quadribol.

- Para algum lugar, e... Por que eu te falaria?

- Ah, talvez porque eu sou um cara muito legal, amigável e... – me aproximei dela.

- Modesto? – ela levantou uma sobrancelha só e eu sorri.

- É, isso aí também.

- Bom, foi muito legal falar com um cara nem um pouco convencido como você, mas agora eu preciso ir. Tchau.

- Espera – a segurei pelo pulso, a fazendo dar dois passos para trás – Vem ver o jogo! Afinal, é um clássico.

- Vocês vão perder de novo? – ela perguntou inocente, o que me fez rir.

- Você só vai saber se assistir, não é?

- É, não sei...

- Deixa de bobeira e vem logo – passei meu braço em volta de seus ombros e a puxei para fora do castelo.

Essa garota Lovegood é engraçada, ela parece estar sempre no mundo da lua. Acho que ela realmente não quer ir ao jogo, mas parece surpresa de mais pra me frear. Deve estar com a cabeça nas nuvens agora, como sempre.

- É melhor você acordar – eu disse sorrindo – ou vai tropeçar e cair.

- Acho meio impossível já que você está praticamente me carregando. – ela respondeu baixinho e eu ri.

Já estávamos nos jardins e eu segurei no seu cotovelo pra passar sobre a raiz de uma arvore, depois voltei e puxá-la com o braço em seus ombros.

Chegamos ao campo de quadribol, ela foi para a arquibancada e eu para o vestiário. Antes de entrar ainda a vi colocando aquele chapéu de cabeça de leão. Apontou a varinha para ele e o leão soltou um rugido muito alto, assustando todos na volta dela.

- Vai Grifinória! – ela gritou em seguida, o que me fez rir.

Isso é que é uma garota totalmente imprevisível.

POV Fred Weasley

Já estava ficando agoniado de estar no vestiário há tanto tempo. Angelina repetia “vocês precisam ir pra cima deles, pessoal” e “nada de moleza” pela sétima vez.

- Hey, acorda – Ron me sacudiu – Já vamos entrar, preste atenção!

- E você por acaso está prestando atenção também? – o olhei e ele revirou os olhos.

Meus pensamentos foram voando e agora eu me lembrava de ontem à noite, a garota com quem eu esbarrei no corredor. Ela era tão linda e...

- Pensando em quem, maninho? – Jorge perguntou logo atrás de mim.

- Em ninguém – respondi nervoso - Por que eu estaria pensando em alguém?

- Você não é de voar, principalmente quando é a Angelina que está falando lá na frente.

- Angelina? – eu gargalhei – Não, não é nela que eu to pensando.

- Então você admite que tá pensando em alguém – ele acusou e eu senti minhas bochechas ferverem – Quem é?

- Ninguém, cara. Para de viajar!

- Você é que tá viajando, se pensa que me engana e...

- Será que os dois podiam parar de papo aí atrás? – Angelina gritou e todos se viraram para nos olhar – Fred, foco!

- Eu to focado!

- Não é o que parece! – ela rebateu.

 - Eu não vou discutir contigo, Angelina. Agora tenha foco você e fale pela décima vez como deve ser nossa formação no campo, por favor – cruzei os braços como se esperasse ela fazer o que eu disse.

Ela abriu a boca umas três vezes, mas nada saiu. Harry que estava sentado no banco em minha frente se virou para mim.

- Boa cara – falou baixinho, batendo sua mão na minha logo depois – Eu já não aguento mais ela também.

- Nem me fale – revirei os olhos e ele riu.

- Certo – Angelina voltou a falar – vamos fazer o seguinte...

- Hey, Johnson – Zabini apareceu na porta – Vai começar!

- Obrigada, Zabini, já vamos.

E o moreno se foi, e de relance eu vi a garota que esbarrei ontem passar pela porta. Me levantei tão rápido, por impulso, e todos me olharam sem entender. Dessa vez nem eu me entendia.

- Mas o que...? – Angelina me olhou confusa.

- Vamos lá, time – foi o que veio na minha cabeça – Vamos acabar com eles – e depois disso, todos se levantaram animados.

- Você ainda não me convenceu – disse Jorge passando por mim enquanto todos saiam do vestiário. Eu apenas ri.

Passamos por um corredor largo, todos com vassouras nas mãos. A porta em nossa frente se abriu e todos ficaram em formação.

- E... Agora! – Angelina gritou e todos saíram voando. Os gritos das arquibancadas ficaram mais altos e calorosos.

Percorri o campo até meu lugar e procurei a garota nova. Ela parecia nervosa e tremia um pouco.

- Vê se fecha a boca – Angelina passou por mim e empurrou meu queixo para cima, fazendo meus lábios se fecharem – Zonzóbulos podem entrar aí dentro.

- Ah, cala a boca – bufei e ela se afastou de mim, parecendo irritada.

Voltando a garota, pela sua posição parecia ser artilheira. Draco desceu com a vassoura até ela e pareceu tranquiliza-la. Não sei o que deu em mim, mas a minha vontade de ir pra cima dele aumentou quando ele tocou seu braço e deu um beijo na sua bochecha.

- Prontos? – Madame Hooch tinha a goles na mão e o apito na boca.

POV Charlotte Lewis

Eu estava apavorada. Mal conseguia me equilibrar na vassoura de tanto que eu tremia.

- Hey – Draco apareceu ao meu lado – Relaxa, assim que você sentir o vento no seu rosto, vai se lembrar de como era três anos atrás.  Agora, vamos meter uma goleada nesses grifos – deu um beijo na minha bochecha e eu sorri.

Talvez ele estivesse certo. Tudo o que eu preciso fazer agora e relaxar e marcar muitos gols.

- Prontos? – Madame Hooch estava no meio do campo, com a goles na mão. O apito fora dado e a goles lançada para cima.

- E a goles foi de pronto rebatida por Angelina Johnson, capitã do time da Grifinória. E que ótima artilheira é essa menina, e bonita, também – um garoto estava narrando lá da arquibancada principal, ao lado da professora Mcgonagall.

- Jordan! – ela o reprendeu.

- Desculpa, professora – ele pediu e voltou a narrar – E ela está realmente jogando com força total, um passe lindo para Alicia Spinnet, de volta a Johnson e... não, Sonserina tomou posse da goles. O capitão Marcos Flint a rouba e sai voando a toda velocidade. Flint está voando como uma águia lá no alto.

E de repente eu resolvi me mexer. Voei para perto do Flint e ele me passou a goles.

- Nossa, agora a novata, Charlotte Lewis sai em disparada para as balizas. De onde surgiu essa garota? – me controlei para não rir disso.

- Lino Jordan, não vou permitir isso de novo – ralhou Mcgonagall com o moreno.

- Desculpe, Minerva – ele pigarreou - Charlotte desvia de Cátia Bell, Angelina e Gina Weasley. Que isso? Ninguém segura essa garota! Ela se aproxima das balizas. Vai para a esquerda, não... direita. Ron fica confuso. E ela marca no arco do meio. Dez pontos para a Sonserina! – Jordan anunciou, triste.

- É isso aí – Blaise apareceu ao meu lado – Vai com tudo, Char.

- Pode deixar – sorri.

- Ron passa a goles para Gina Weasley. Que lindos, dois irmãos trabalhando juntos! – ele riu – A Weasley desvia de um balaço rebatido por Crabbe, faz uma finta muito bem executada e arremessa a goles, e é... Ponto da Grifinória – comemorou com animação – Tome isso suas serpentes!

- Jordan! – Mcgonagall já estava vermelha.

- O que? Não posso torcer por minha casa?

- Seja imparcial! – ela ralhou mais uma vez.

- Tudo bem, tudo bem! – ele concordou – Marcos Flint pega a goles e sai em direção aos arcos. Ele vai arremessar e... Weasley defende! Esse é meu garoto – ele comemorou – Ron passa a goles para Alicia, ela deixa escapar, Zabini a pega, volta para as balizas e vai arremessar. E... não! Ele dá um alarme falso e joga a goles tara trás, onde Charlotte a segura e arremessa! Muito boa jogada do time da Sonserina. Mais um gol para eles.

- Beleza – Draco piscou para mim – Cadê esse pomo idiota? – eu ri com isso.

O jogo foi se passando e muitos gols foram marcados. Eu mesma já havia marcado mais oito para nosso time.

- O placar está 160 a 150 para a Sonserina. Vamos lá, Grifinória! Dez pontos para o empate!

- O que eu disse sobre ser imparcial, Jordan? – Minerva já estava farta.

- Sei, sei – ele disse e todos nas arquibancadas riram – Marcos Flint tem a goles, ele gira no ar de cabeça para baixo e passa para Charlotte.

- Vai que é tua, Lewis – Flint falou quando me passou a goles.

- Será mais um gol da Sonserina? – Lino voltou a narrar – Vamos torcer para que não... E eu já sei Minerva, me desculpe por não ter sido imparcial! – mais risadas de todos nas arquibancadas – Ela desvia de Johnson e de Gina Weasley. E é isso aí, Jorge Weasley rebate o balaço na direção de Charlotte.

O quê? Ai meu deus. Já via o balaço vindo em minha direção. Eu iria me quebrar toda desta vez. Já estava esperando pelo pior quando um ruivo se colocou na minha frente, e rebateu o balaço para longe.

- Mas o que...? – Lino parecia confuso ao narrar isso – Fred defendeu a Sonserina do balaço do próprio irmão?

- Oi – ele disse. Era o garoto que havia caído por cima de mim ontem.

- Oi – respondi tímida – Obrigada.

- Não seja por isso – ele sorriu.

- Fred! O que você tá fazendo aí? Batendo um papinho fora de hora é? – uma garota morena, a que eu reconheci por ser Angelina Johnson, do time da Grifinória gritou com ele – Foco!

- Nos vemos por aí, Charlotte – ele usou o bastão de batedor para empurrar a goles de baixo do meu braço e a lançou para Angelina.

- Pois é o que vamos ver Fred – voei perto dele e avancei até Angelina. Ela ia arremessar no nossos arcos, mas eu me coloquei na sua frente e peguei a goles. Ela pareceu perplexa, acho que nunca ninguém fez isso na sua frente.

- WOW! – Lino gritou animado – Isso que é artilheira, hein. E essa também é muito bonita!

- Eu desisto – Minerva cansou e deixou Lino narrar as suas baboseiras.

- E ela avança rapidamente para as balizas, passa para Zabini e ele marca! Mais dez pontos para a Sonserina.

- Boa, Lewis – Fred apareceu atrás de mim.

- Eu sei que foi – respondi convencida e ele riu.

POV Draco Malfoy

E esse pomo idiota? Por onde anda? Potter também não para de olhar para todos os lados, o procurando. Pensei ter visto alguma coisa dourada voando perto das balizas, mas era só um reflexo de um raio de sol. Eu já estava quase desistindo de encontrar quando algo me chamou atenção lá no chão. Era o pomo!

- O placar está 170 a 150 para a Sonserina – anunciou o Jordan – Marcos Flint acaba de marcar mais um gol. 180 pontos para a Sonserina! – E espere... o que está acontecendo? Malfoy mergulhou até o chão e parece perseguir o pomo! Seria isso alarme falso? Potter o segue! Os dois estão lado a lado, e o pomo voa velozmente na frente deles.

- Nunca vai me pegar, Potter – repeti a frase do segundo ano e ele riu. Ri também e continuamos a seguir o pomo.

- Pois é o que vamos ver! – ele disse e acelerou a vassoura. Acelerei também e ficamos juntos novamente. Estiquei a mão, estava quase o pegando quando um balaço vindo de não sei onde, acertou meu pulso. Recolhi o braço e soltei um gemido de dor. O Potter pareceu preocupado.

- Você está bem? – ele perguntou, dividindo o olhar entre o pomo e eu.

- O que você acha?

- Hey, cuidado – ele voou para longe e eu entendi o porquê. Outro balaço vinha em nossa direção. Ele bateu na minha vassoura e eu perdi o equilíbrio. Caí no chão, rolando um pouco e sentindo mais dor ainda. Meu pulso doía muito e minhas costas também.

- Malfoy perde o equilíbrio e acaba caindo. Hey, acho que ele está machucado. Harry ainda está atrás do pomo. Lewis marca mais um ponto para a Sonserina enquanto isso. Isso aí, meu garoto. Harry Potter pega o pomo de ouro! Grifinória venceu!

- Droga – murmurei fechando os olhos. O sol praticamente me cegava. As arquibancadas explodiram em aplausos e assovios.

- Draco, você tá bem? – Charlotte apareceu, com Blaise e Pansy logo atrás.

- Meu pulso. Acho que quebrei – fiz uma careta de dor.

- Calma – Pansy levantou minha cabeça e a colocou em seu colo. Blaise ficou em pé na minha frente, fazendo sombra na minha cara.

- Valeu cara – agradeci.

- Que isso, Draco Malfoy agradecendo? – ele fez piada.

- Ah, cala a boca – ri e senti minhas costas doerem também.

- Calma, Madame Pomfrey já está vindo – Charlotte fez carinho no meu rosto.

- Eu fiz a gente perder – falei – Eu podia ter pegado o pomo!

- Deixa de besteira, garoto – Pansy contrariou – Isso é só um jogo idiota. Vocês vencem o próximo.

- Deixem-me vê-lo – Madame Pomfrey apareceu com uma maca flutuando ao seu lado – O que aconteceu?

- Ele acha que quebrou o pulso e também tá com dor nas costas – Charlotte falou.

- Certo, vamos para a Ala Hospitalar agora mesmo. Mobilicorpus – ela apontou a varinha para mim e eu flutuei até a maca.

- Ele vai ficar bem? – Blaise perguntou.

- Mas é claro que vai – Madame Pomfrey respondeu - Assim que ele puder receber visitas eu chamo vocês.

- Certo – Pansy concordou.

Chegamos até a enfermaria e Madame Pomfrey me colocou em uma cama confortável.

- Trouxe algumas poções para dor – ela colocou vários tubinhos com poções de cores diferentes em uma mesinha ao lado da cama – Deixe-me ver seu braço.

Estendi com cautela o braço, ela o pegou com cuidado e murmurou:

- Braquium Remendo – e eu senti um pequeno desconforto, e depois, um grande alívio. Ainda sentia dor, mas era bem menos agora.

- Já posso ir? – perguntei.

- Mas é claro que não! Vai passar mais um tempo aqui. Talvez, se tiver sorte, eu deixe você passar a noite no seu dormitório. Talvez.

- Ótimo – disse emburrado.

- Agora, tome suas poções – ela ajeitou meu travesseiro e deixou três frascos na minha frente.

Que maravilha, era tudo o que eu queria. Problemas com a Mione, ter perdido o jogo de quadribol, quebrado o pulso e ter que tomar poções horríveis no final do dia. Que sorte a minha, não?

Só falta o Blaise aparecer aqui dizendo que minha vassoura quebrou.

Alguém bateu na porta e Madame Pomfrey foi ver quem era.

- Ah, sim. Entre – ela fez um gesto para a pessoa entrar – Já emendei os ossos dele, e agora ele precisa tomar algumas poções. Precisa de descanso, também.

- Blaise? – arregalei os olhos.

- É... Draco? – Blaise escondia algo à suas costas. Ele a trouxe para frente e eu vi do que se tratava. O moreno veio até mim com um pedaço de vassoura em cada mão.

- Grrrrrr, eu mereço – afundei a cabeça no travesseiro e desejei que um Avada Kedavra me atingisse.