A chuva caia do lado de fora da casa, os dois corpos estavam perto da lareira, não deixando que o frio que fazia do lado de fora entrasse pelas paredes da sala. Suas vozes estavam alteradas, as lágrimas de raiva da morena escorriam por seu rosto perfeito.

- Você nunca ligou para mim! Foi só eu virar as costas por cinco minutos e você já estava com aquela vagabunda! – Megan gritou a plenos pulmões.

- O que você esta querendo dizer? Que a culpa é minha por tudo o que aconteceu? Você ficou com aquele garoto, filho da mãe! E a culpa é minha?! – o ruivo respondeu no mesmo tom. – Você não é nada para mim! Nunca foi! O que te faz pensar que vale alguma coisa?! Qualquer garota vale mais do que você, alem do que tudo o que você fez não foi de nada! Você nem deveria estar aqui, Megan, seu lugar é em um bordel ou em uma esquina. Esse sim é o seu lugar!

Ele virou as costas, depois de desferir milhões de palavrões para a morena. O ruivo saiu pela porta da frente da casa, deixando uma garota machucada emocionalmente, de joelhos ao chão.

As lágrimas que caiam de seus olhos agora transmitiam a dor imensa que ela sentia, foram as lágrimas mais difíceis que ela teve que derrubar. As mais sofridas.

A garota passou a mão pelo cabelo, tirando a grande franja de seus olhos e trazendo junto de seus dedos longos fios pretos. A morena desesperada puxou mais alguns fios para saber se aquilo era mesmo real, e tudo o que conseguiu foi mais um chumaço de seu lustroso cabelo em suas mãos.

Ela não sabia qual era a pior parte, ver seus fios caindo, ou se sentir tão vazia por dentro. Estava frio, muito frio. Mesmo ela estando perto do fogo aconchegante da lareira, ela se sentia gelada. Sentia-se fraca e não conseguia levantar do chão.

A porta então se abriu, e a rajada de vento que entrou apagou a lareira com um único sopro. A garota ficou paralisada no lugar, enquanto via o ruivo entrar de novo pela porta. Suas roupas encharcadas e uma arma carregada em mãos. Ele só se aproximou, com a escuridão da sala escondendo seu rosto e meteu uma bala bem no meio da testa da morena.

O susto e o barulho fizeram com que ela acordasse. Megan se sentou com tudo na cama, sufocando um grito de pavor ao se lembrar que dividia o quarto com Leah.

A morena afastou os cobertores e calçou as botas, já vestida com um short marrom e uma regata preta. Ela pegou sua arma antes de deixar o quarto e a carregou enquanto andava pelos corredores da mansão, indo até o quarto de Sophia.

Elliot estava de guarda na porta, sentado em uma poltrona do lado de fora no quarto. Eles tinham se certificado de que não havia jeitos de se abrir as janelas ou as portas da sacada, antes de deixar a ruiva ali dentro.

Por isso acharam melhor ficar de guarda do lado de fora, para dar a ela mais privacidade. O garoto se distraia com um vídeo game portátil concentrado no jogo que passava na tela e só levantando os olhos quando Megan estava próxima a ele.

- Troca de turno. – a morena disse autoritária.

O garoto levantou uma sobrancelha, olhando-a de cima a baixo.

- Hoje não é seu dia de ficar de guarda. – Elliot disse.

- Só saia daqui. – ela ordenou com a voz mais séria e firme que pode arranjar no estado em que estava.

Elliot deu de ombros e saiu, andando até o quarto que estava liberado para ele, sumindo pelos corredores. Megan esperou que o barulho da porta se fechando chegasse até si, para então abrir a porta do quarto de Sophia e se certificar de que a garota dormia.

Tudo checado e certo, a morena se sentou na poltrona e abraçou os joelhos. Ela escondeu seu rosto e deixou que o medo caísse em formas de delicadas lágrimas por seu rosto. Não tinha como imaginar o quanto ela queria ele ao seu lado naquele momento.

Mais do que nunca, ela teve vontade de quebrar as regras e ligar para o celular dele. Havia um satélite restrito para chamadas que fossem importantes e se tratassem de emergências. As mensagens eram particulares e não eram gravadas pela organização, ela poderia ligar para ele e matar o medo que a estava consumindo.

Esquecendo todas as conseqüências de seus atos, e tomada pela angustia e a ânsia por sentir de novo sua voz, a garota pegou o celular e sem pensar duas vezes discou o numero.

A ligação tocou e chamou algumas vezes, antes de ser transferida para a caixa postal de Ryan. A morena respirou fundo, ele deveria estar muito ocupado para não atender. Talvez sua missão já tivesse começado e ele estivesse em algum lugar que seria perigoso um toque de celular tocando.

Mas afinal, onde ele poderia estar às 3 da manhã? Ele e Sean deviam estar aprontando alguma cosia e a morena era a ultima pessoa que gostaria de perturbá-los.

- Ei, Ryan. Não precisa retornar essa ligação, ok? – Megan foi logo dizendo, ao chegar na hora de deixar uma mensagem na caixa postal do namorado. – Só estava com saudades e tive um estúpido pesadelo em que você atirava em mim, mas foi besteira e eu estou aqui cuidando de uma garota mimada que não sabe controlar os próprios impulsos. E eu não sei por que estou te dizendo isso já que estou falando sozinha com sua caixa postal... Sinto muito por te ligar, continue fazendo o que estava fazendo.

Nisso ela desligou, deixando seu celular de lado, e ficando de olho em qualquer coisa que fosse estranha ou que prejudicasse seu trabalho ali. Já que agora ela não conseguiria mais dormir e que qualquer coisa seria melhor do que voltar para a cama.

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Sophia levantou tarde, cambaleando até a cozinha e preparando seu café da manhã. Ela se sentou na banqueta da cozinha e levou uma colher de cereal a sua boca. Mastigando tranquilamente, antes de notar algo errado pela casa.

Era sua primeira manhã com os novos guarda-costas, e estava tudo quieto demais. A ruiva deixou seu café de lado, e rodou no banco, saindo da cozinha para dar uma investigada.

Como se a sorte estivesse mais uma vez ao seu lado, a garota andou pelos corredores. Achando Amber em seu quarto, falando ao telefone com a voz doce e melosa. Ela tinha um namorado e o amava, sentindo saudades agora que estavam longe.

A ruiva continuou, vendo Elliot deitado em uma cama com seu celular em mãos, de longe ela pode ver uma pagina de MSN aberta, provavelmente ele falava com alguém importante.

No quarto de Megan, uma cena parecida com a de Amber se repetiu, ela não estava ao telefone, mas o olhava atenta esperando ansiosamente que chegasse uma mensagem, derramando lágrimas sobre o travesseiro branco.

Sophia só sentiu falta de uma garota, Leah. Ela continuou andando, achando a loira na sacada, olhando para os jardins. Seus olhar estava vago, e ela não pareceu perceber sua presença ali.

A garota voltou assim, mais tranquila para seu cereal, e antes de voltar à banqueta onde estava se serviu de uma xícara de café feita recentemente. Parecia que tudo estava se encaixando perfeitamente em sua mente, todos tinham fraquezas. E ela sabia agora mais do que nunca como encará-las, e como destruir um por aqueles adolescentes que causavam tantos estragos em sua agenda.