Come Back escrita por sankdeepinside


Capítulo 10
Homens como você tem uma alma tão fácil de roubar


Notas iniciais do capítulo

Oi. Acho que não demorei dessa vez. Esse capitulo, até agora, foi o mais dificil de escrever. Não só por que eu fui obrigada a usar uma outra POV, como por causa de todo o conteúdo desse capitulo, não é da conta de ninguém, mas eu chorei muito escrevendo. Foi dificil colocar toda a minha análise dos fatos. Precisei mergulhar fundo no Jimmy, por isso tive fazer uma POV dele, espero que não tenha empobrecido o texto, não sou muito boa com POVs masculinas.
Espero que gostem
Boa leitura
Beijos



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Eu olhava em silêncio para Sam enquanto ele respirava ofegante, tentando se recuperar das pancadas no estômago. Minha mente voava, eu sabia que Jimmy tinha alguns problemas, mas confesso que vê-lo me tratar daquela forma acabou desfazendo uma porção de ilusões que eu tinha a respeito dele na minha cabeça. Definitivamente ele não era perfeito, mas desde o inicio eu sabia no que eu estava me metendo, afinal, depois da morte dele a única coisa que se discutia era o fato de alguns acreditarem que ele havia se suicidado com os medicamentos, os fãs mais apaixonados, como eu, preferiam descartar totalmente essa opção.

Eu estava um pouco chocada, não tanto pelo estado em que ele se encontrava, afinal eu já quis levar uma vida inconsequente uma vez, a Allie, ou Joy, tanto faz, está ai pra mostrar isso. Já experimentei muita coisa e eu sabia que Jimmy havia experimentado as mesmas coisas que eu, ainda mais considerando que ele é um cara famoso e o volume de festas que ele frequentava era bem maior. Me peguei me perguntando o motivo dele ter usado aquelas coisas e acabei concluindo que eu o conhecia muito superficialmente, que mesmo sendo namorada dele ele me mantinha em uma zona segura de sua mente, uma zona sóbria e bem maquiada.

- Hey Wade?

Olhei para o lado e os vi, estava muito concentrada nos meus pensamentos e não havia notado a chegada de Matt e Johnny.

- Hey

- Viemos assim que o Timmy ligou, eu sinto muito por isso Allie – olhei nos olhos de Matt, atrás do ‘sinto muito’ dele parecia que havia uma porção de outras coisas ocultas. Eu não sabia de nada, nada sobre ele.

- Tudo bem Matt

Johnny entrou na cozinha, ainda pude ouvir Timmy reclamando em um tom baixo

- Seward desse jeito não dá, cara a gente é amigo e tal, mas sorte que não tinha nenhum cliente. Imagina só se alguém chega aqui e encontra esse gigante drogado aprontando todas?

- Desculpe Timmy, a gente tava num churrasco na casa dos Berry, não sabia que ia rolar essas coisas. O Jimmy está um pouco estranho ultimamente, me desculpe, não vamos deixar acontecer outra vez. Onde ele está?

- Está roncando ali perto do freezer.

Em seguida Johnny saiu arrastando um Jimmy sonolento e que parecia não reconhecer nada em volta.

- Jow, leva ele no carro dele pra casa, vou logo em seguida, só preciso conversar um pouco com a Wade, pode ser?

Johnny confirmou com a cabeça e saiu. Matt permanecera parado diante de mim. Era realmente muito interessante o fato dele nessas horas parecer o pai de todos os outros, era como se a presença dele fosse uma fortaleza e nada que estivesse perto dele pudesse nos atingir.

- Vem Allie, vou te levar pra casa.

Eu assenti com a cabeça e o segui, entrei no carro e coloquei o cinto, ele deu a partida no carro e saiu sem pressa, todas as ruas já estavam muito vazias.

- Como se sente?

- Excluída

Ele deu um riso leve

- Excluída? Como assim?

- Parece que me deixaram só lambendo a raspa da cobertura de um bolo enquanto todo mundo está mais interessado no recheio

- Ele machucou você?

- Não teve tempo pra isso

- Você entende que não é da natureza dele andar nesse estado não é? – eu confirmei com a cabeça, ele permanecia olhando para a rua.

- O fato de ele estar drogado me assustou no começo, mas só até eu notar que tem muita coisa por trás disso.

- Você é bem inteligente Allie, acho que é por isso que Jimmy gostou de você, ele sempre foi o mais espertinho do grupo – ele sorriu – E é por isso que eu vou ser obrigado a deixar você ao menos provar do bolo, já o recheio, eu não garanto – ele deu uma piscadela para mim e eu retribui com um sorriso tímido.

O carro parou em frente a casa do Sullivan, mas eu não sai, esperei que ele falasse.

- Alison, acho que como você está se tornado parte da nossa família maluca chegou a hora de você saber a respeito de algumas coisas – ele respirou fundo – O Jimmy é meu melhor amigo Allie, eu cresci com ele e o que eu puder fazer pra vê-lo bem eu vou fazer. Ele é mais do que um irmão pra mim, não imagino o que seria de mim sem ele. É complicado pra mim admitir isso, mas eu percebo que o Jimmy está sentindo muita dor Allie, e pior do que isso é que parece que ajudá-lo agora parece algo inalcançável pra mim. Por isso ele usa drogas, ás vezes ele bebe muito, ás vezes não bebe, ás vezes toma os remédios da forma correta, ás vezes ele se cansa e cisma que não vai mais tomar nada, que não vai mais ao médico e parece se dar por vencido. Mas isso tudo por que ele está tentando incansavelmente frear essa dor que ele sente, e que só aumenta e aumenta. Não é culpa sua, não é culpa dele, não é culpa de ninguém, eu tenho certeza que amanhã ele vai vir correndo pedir desculpas, ele gosta muito de você – ele fez uma pausa e olhou para fora da janela, respirou fundo e olhou para mim, os olhos muito verdes e muito profundos pareciam pesar de cansaço – Se isso for demais pra você, a hora de sair sem se machucar é agora Alison. Eu confesso que se for vamos sentir sua falta, mas a gente vai entender, ele vai entender. Tudo vai ficar mais difícil daqui pra frente, é uma fase difícil pra ele. Principalmente por que não faço ideia de como ajudá-lo e até eu descobrir as coisas vão andar ruins.

Ele tinha uma expressão muito branda, mas eu sentia a preocupação na voz rouca dele. Eu havia vindo de tão longe para tentar ajudá-lo, eu não podia desistir na primeira dificuldade.

- Eu não vou sair Matt, eu amo o Jimmy, quero ajudar no que for preciso. Não quero vê-lo sofrer.

Ele sorriu

- Tem certeza?

- Tenho

- Obrigada Allie – a voz dele mudou rapidamente de tom, um pouco mais aliviada e brincalhona – até que enfim o Jimmy arranjou uma garota decente! – ele pegou minha mão e deu um beijo nela – bem vinda a família Little Freak

- Oh não, por favor!

Ele sorriu, depois disso eu saltei do carro e acenei para ele do lado de fora enquanto dava a partida. Vi o carro sumir ao dobrar a esquina, depois disso caminhei até a varanda e me sentei diante da porta, enterrei a cabeça entre os joelhos e chorei, ainda não havia chorado nenhuma vez naquela noite.

Meu peito estava inflamado de dor, de confusão, me sentia totalmente incapacitada de ajudar Jimmy, se o próprio Matt não sabia como fazê-lo, o que eu poderia saber? Num rápido lapso, lembrei do que acontecera após a morte dele, tantas pessoas julgando Matt e o restante dos amigos de Jimmy, dizendo que eles viram Jimmy sofrendo e não fizeram nada para ajudá-lo. Aquilo era uma grande mentira, todos estavam preocupados, mas ninguém sabia como lidar com aquilo. A dor que Jimmy estava sentindo ninguém podia tomar, ninguém podia dividir, não era apenas uma dor física mais, agora era uma dor na alma . Eu soluçava alto, me sentia tão inútil no meio daquilo tudo. O que eu podia fazer? Eu não fazia a menor ideia.

Naquele exato instante a porta se abriu e eu caí de costas para dentro da casa

- Allie? O que aconteceu?

Joy, ou a outra Allie, ainda não me acostumara com isso. Ela olhava pra mim assustada, eu levantei num sobressalto e entrei na casa. Era a primeira noite sem Max ali, eram apenas eu e ela dividindo a mesma casa.

- Alguns problemas

- Você estava soluçando alto, lá de cima eu pude ouvir. Algo relacionado ao Jimmy?

- Sim – eu hesitei um pouco, não tinha certeza se deveria contar tudo a ela, mas eu sabia que ela se preocupava com ele – Será que posso falar sobre isso outra hora?

- Tudo bem

- Vou dormir, minha cabeça está doendo. Boa Noite, Joy

Ela acenou com a cabeça e eu subi as escadas, entrei no quarto e me joguei na cama. Meu corpo inteiro vibrava, minha cabeça pulsava e eu me sentia totalmente perdida.

Jimmy

Abri os olhos, meu corpo inteiro pulsava. Não queria levantar agora, me virei de lado e vi que não estava sozinho na cama.

- Mas que... Johnny? Que caralhos ta fazendo na minha cama?

O baixinho acordou com meus gritos, mas ele não pediu desculpa, na verdade ele parecia zangado. Eu sabia que essa seria a reação dele depois do que eu havia feito ontem

- Eu estava vigiando você, seu babaca! Pelo menos se lembra do que fez?

Cai contra o travesseiro e levei as mãos aos olhos tentando bloquear a luz

- Mais ou menos, pode me ajudar a lembrar?

- Só digo uma coisa pra você Sullivan: Alison Wade

- Oh Fuck! Ela deve estar querendo me matar – Fui levantando aos poucos, estava só de cueca, provavelmente eles haviam feito um trabalho duro quando eu estava chapado. Johnny se virou na cama novamente e eu fui caminhando para fora do quarto, mas então ele apareceu na porta, bloqueando a passagem. Droga. O olhar dele mostrava total reprovação, parecia muito cansado também. Ele era o único problema de quando eu fazia besteira, ele era minha consciência, e o olhar dele de reprovação era tão sólido, doía muito fundo.

- Eu não preciso nem dizer o quanto você vai apanhar hoje não é?

- Me desculpe Matt

- Me desculpe nada, eu realmente estou querendo te socar – dizendo isso ele deu um soco no meu peito, bem forte por sinal, eu dei outro de volta e ele veio pra cima de mim, tentei segurar os braços dele, mas ele ainda acertou uns no meu rosto.

- Para Shadows! Chega caralho!

Ele deu mais um murro no meu peito e parou.

- O que tinha na sua cabeça hein grandão? Fazia tempo que as festas dos Barry não causavam isso em você

- Estava doendo

- Mesmo assim, você devia saber que o preço dessas suas brincadeiras acaba muito alto. Hum, usou o que?

- Um pouco de um monte de coisa, cocaína, lança, ecstasy

- Sabe que pode te fazer mal não é? Você podia ter morrido Jimmy, isso tudo junto é pesado, não quero que você morra de overdose cara. É fim de carreira!

Eu revirei os olhos e sentei na cama novamente

- Não importa, só queria que parasse de doer

- Essa foi o recorde de todas as coisas estúpidas que você nesse ano Sullivan

- Ás vezes você parece meu pai

- Seu pai não pode fazer isso – ele meu um soco cruzado no peito com muita força e eu sorri

- Não, ele não pode.

Eu baixei a cabeça, aquela coisa idiota no meu peito começava a encher o saco, já estava começando a ficar sem saída, a cada dia parecia doer mais. Quem diria que os problemas cardíacos que eu tratava tão fácil quando era adolescente ganhariam essa proporção? Ao invés de um comprimido, agora eu tinha que tomar bem uns cinco e isso me tirava do sério. Eles não entendiam, nenhum deles entendia. Eu sentia o esforço que Matt fazia pra tentar me ajudar, mas parecia tão inútil, nessas horas eu ficava sem esperança.

- Ei grandão, é bom ir tomar um banho, a gente come alguma coisa e depois eu sugiro que vá falar com a Wade.

Allie. Eu tinha uma vaga noção das idiotices que eu tinha feito, não sei o que deu em mim, ás vezes eu conseguia ser estupidamente filho da puta. Ela devia estar querendo me matar.

 Me levantei novamente e fui tomar um banho, todas as minhas articulações doíam, meus músculos pareciam fracos e minha cabeça parava de doer aos poucos, eu havia engordado um pouco, meu corpo estava diferente.

Mas o que estava pensando? EU estava diferente, por mais que eu tentasse negar era fácil de ver. 30 anos, eles pareciam cada vez mais próximos e profecia idiota que eu fizera de mim mesmo parecia cada vez mais real, eu estava tentando fugir, estava tentando desesperadamente fugir, mas a cada dia que aquela dor aumentava eu perdia um pouco de esperança.

Terminei o banho e me vesti, coloquei uma bermuda e uma camisa cortada nos braços, agora ela era uma regata. Calcei um par de chinelas e saí, Matt e Johnny já atacavam minha geladeira.

- Jimmy a letra da música nova ta quase no fim, Zacky acrescentou algumas coisas, quer ver? – ele estendeu o papel pra mim e eu o peguei

- Hum, não sei não Matt, ainda não ta muito legal

- Quer ficar com ela pra ver se sai alguma coisa?

Assenti com a cabeça e coloquei o papel no bolso. Depois a gente se jogou no sofá e começamos a comer, Johnny ainda olhava esquisito pra mim, ainda está preocupado esse babaca.

- O que é Jow?

- Nada cara, ainda ta doendo? Você sabe, a bomba?

- Relaxa, não está doendo agora.

- Hum, você podia ir lá em casa amanhã, quero tentar algumas coisas novas com o baixo

Confirmei com a cabeça, quando acabei de comer chutei os dois para fora de casa e saí, eu precisava me desculpar com a Allie. Entrei no carro e fui muito rápido pra casa dela. Quando cheguei lá fiquei alguns minutos observando a casa, tomando coragem. Respirei fundo e desci do carro, quem abriu a porta foi a irmã gêmea dela. Era incrível a semelhança, mas eu já conseguia perceber a diferença entre elas, o olhar da Allie era diferente, parecia que havia mais dor dentro dele, talvez fosse por isso que eu me sentia tão confortável na companhia dela.

- Oi Joy

A garota ficou alguns segundos empacada, acho que ela ainda não se acostumara comigo e considerando que da primeira vez que vi ela já fui agarrando, as coisas ficavam um pouco piores, mas era engraçado. Eu fazia um esforço muito grande pra não gargalhar.

- Oi Jimmy, está tudo bem?

Arqueei automaticamente uma das sobrancelhas, Allie havia falado alguma coisa pra ela?

- Está sim, onde está a Allie?

- Lá em cima, no quarto que era seu. Ta escrevendo desde que acordou

Ela pareceu um pouco decepcionada por eu não ter dado muita corda pra conversa, mas minha prioridade agora era outra.

- Obrigada, vou lá falar com ela.

Subi as escadas muito rápido, ser grande era bom as vezes, fui direto ao meu antigo quarto e a vi.

O quanto estaria vazio se não fosse por uma cama velha em um canto, ela havia ficado pra trás já que eu crescera demais e nem cabia mais nela. Allie estava sentada no chão, de costas para a porta, o cabelo preso com uma caneta em um coque meio bagunçado, ela era toda bagunçada, pra ser sincero, usava uma regata branca um pouco grande e um short jeans curto, estava rodeada de papéis e escrevia e um deles, parecia muito concentrada.

- Hey

Eu estava um pouco envergonhado, esperava que ela estivesse chateada comigo ou algo do tipo, mas ela se virou pra mim e sorriu, aquilo fez desmoronar a enorme parede de medo que eu estava sentindo. Leana nunca perdoava, era tão estranho ser tratado com doçura que eu nem sabia como agir

- Hey Jim, como está?

Eu ainda estava na porta, com os braços cruzados, observei enquanto ela juntava os papéis.

- Estou melhor, o que está fazendo?

Ela pareceu um pouco envergonhada com a minha pergunta, ela sorriu um pouco sem graça e desviou o olhar

- Estava escrevendo algumas memórias

- Posso ver?

- NÃO! – ela abraçou a pilha de papéis e eu sorri

- Por que não? O que tem aí? – Caminhei para perto dela e tentei pegar alguma coisa, mas ela fez uma barreira evitando que eu visse o que havia ali

- Agora não, depois você vê.

- Tudo bem – eu me sentei na cama e apoiei os cotovelos nos joelhos, ela se levantou e guardou os papéis, depois se voltou pra mim. Os olhos dela eram muito negros, a pele muito clara, parecia de porcelana, eu estava me sentindo um grande idiota – Allie eu vim pedir desculpas

Ela se sentou ao meu lado na cama e sorriu de leve

- Eu já te desculpei

- É sério eu, eu fui um babaca, nunca devia ter ido até seu trabalho, nem devia ter dito aquelas coisas

- Realmente, você foi um grande filho da puta, até me chamou de Leana

- Não pode estar falando sério

- Como você pode me confundir com ela? – ao dizer isso ela brincou fazendo sinal com as mãos para mostrar a diferença entre os seios dela e os da Lea, que eram bem maiores que os dela, eu gargalhei. Allie era muito idiota, por isso eu estava tão encantado por ela.

 Peguei a mão dela, era tão menor do que a minha.

- Eu não estava muito bem

- O que você usou?

- Algumas porcarias

- Por que?

- Estava sentindo muita dor

- Aqui? – ela colocou uma das mãos no meu peito, eu apenas confirmei com a cabeça – E deu certo?

- Não – eu sorri de leve – Nada dá certo. Já nem é mais só uma dor física Allie, parece que me destrói aos poucos

Então ela sentou no meu colo, o perfume dela era algo tão confortante, algo como rosas, sei lá, era bom. Era um pouco complicado olhar nos olhos dela, era como se eu tivesse um espelho refletindo tudo que me machucava, mas ao mesmo tempo era impossível deixar de olhar.

- Eu queria que você não se sentisse assim, queria poder pegar um pouco da sua dor pra mim.

Me aproximei devagar do rosto dela e beijei seus lábios da maneira mais sutil possível, a abracei com força e respirei seu perfume mais uma vez.

- Eu jamais permitiria que você sentisse isso.

Ela pôs as duas mãos no meu rosto, como uma criança pequena que brinca com a face do pai e olhou fundo nos meus olhos.

- Não seja estúpido, você não precisa aguentar isso sozinho.

- Ah chega Wade, desde que eu acordei que me enchem o saco por causa disso, não to sozinho, eu tenho uma idiota que vende salada de atum pra me ajudar – eu a abracei e a deitei na cama, deitando ao seu lado logo em seguida. A cama era de solteiro e meus pés ficavam do lado de fora, mas estava confortável.

- Falando em atum, o Sam ta muito chateado com você

- Foda-se o Sam, não é a primeira vez que ele apanha de mim – Puxei o papel do bolso e o abri – Olha só o que eu tenho aqui

Ela logo puxou da minha mão e começou a ler, a expressão dela foi engraçada, mudou algumas vezes de sorridente para ‘WTF’ e depois sorriu outra vez

- O que é isso? É a letra daquela música?

- Exatamente. O que achou?

- Muito boa, a não ser pelo refrão

- Também achei que não estava muito bom, por isso peguei, pra tentar colocar alguma coisa melhor. Quer me ajudar?

- Claro!

Puxei rápido a caneta que prendia o cabelo dela e encolhi os joelhos para apoiar o papel, permanecemos deitados.

- E então? O que sugere?

- Me deixe ver outra vez

Entreguei o papel para ela novamente e ela sorriu

- Acho que sua noite passada daria um ótimo refrão

- Você quer que eu fale de drogas? Não tem nada a ver com a letra!

- Não estou falando disso, seu idiota. O que o Matt disse pra você hoje?

Engrossei um pouco a voz

- “O que tinha nessa sua cabeça hein grandão?”

Ela soltou uma gargalhada, eu era muito bom imitando Matt.

- Só isso?

- Ah sei lá Allie, não lembro, normalmente ele diz as mesmas coisas.

- Tenta ajeitar essa sua cabeça, acho que vai encontrar algo legal

Parei por um instante olhando para os rabiscos na parede, um deles eu lembrava de ter feito com uns 13 anos. Foi então que algo me veio na mente.

Puxei o papel da mão dela e o apoiei no joelho, minha caligrafia saiu horrível, mas era quase legível, ela esticou o pescoço pra ver o que eu escrevia, mas eu gargalhei e escondi.

- Não vai me deixar ver? Isso não é justo!

- Calma você vai ver – escrevi as ultimas palavras em voz alta – Ha ha há. Acho que está legal

- Me dá, me dá

- Calma, vou cantar no ritmo pra você. Está pronta?

- Canta logo porra

You should have known the price of evil

And it hurts to know that you belong here, yeah

No one to call, everybody to fear

Your tragic fate is looking so clear, yeah.

Ooooo it's your fuckin' nightmare ha ha ha ha!!

Você deveria saber o preço do mal

E dói saber que você pertence aqui, yeah

Ninguém para chamar, todos para temer

Seu trágico destino está tão claro, yeah.

Ooooo é seu maldito pesadelo ha ha ha ha!!

- Agora sim está decente

- Gostou?

- Gostei, principalmente a parte da gargalhada

Então como bom chato que eu sou comecei a gargalhar em voz alta no ouvido dela, ela retribuiu gargalhando ainda mais alto. Ali com ela parecia que tudo era tão fácil, pena que eu sabia que seria apenas uma questão de tempo pra tudo isso começar a machucá-la muito fundo.


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Notas finais do capítulo

Não costumo pedir reviews, mas essa capitulo foi muito complicado pra mim, então NESSE capitulo eu queria, se não for pedir demais, slá, que vocês dessem a opinião de vocês. Se quiserem discordar sobre a minha ideia do que estava se passando com ele naquela época, fiquem a vontade, eu particularmente não acredito que tenha sido um suicidio.
Espero que tenham gostado.
Bjs