Cuidado Com O Que Você Deseja 2 escrita por Katie Anderson


Capítulo 7
Capítulo 7




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Capítulo 7

Foi a coisa mais aterrorizante que eu já vi.

   Eu não conseguia me mover. Felizmente, Jeff sim. Ele saltou do carro e, quando dei por mim, já estávamos caídos no chão.

   O cara? Seus olhos continuavam alternando as cores, o que era completamente assustador. Sua pele tinha entrado em chamas, mas suas roupas não queimavam, o que era absurdamente estranho, principalmente porque o fogo que queimava seu corpo era verde.

   – O que você é, exatamente? – Perguntei.

   Péssima pergunta.

   – O que eu sou? Não é isso que você devia querer saber, garoto. A pergunta certa era: QUEM eu sou? – Respondeu.

   – Tá, amigo. Quem é você?

   – Quem eu sou? Jeff, você não ensina nada pra esse menino não? – Pergunto o... sei lá, o coisa.

   – Não é ele, Bill. Ele não é meu novo amo.

   – Ah, não é ele? Isso é bom. Significa que eu posso matá-lo. – E ele começou a avançar.

Hm, beleza. Eu e Jeff usando meu carro como uma espécie de escudo, lutando com o cara do foguinho verde, que tinha uma arma que atirava gasolina.

   Super normal, isso acontece todo dia.

   Eu já havia presenciado uma luta com Jeff antes, mas dessa vez foi diferente. Parecia que ele tinha esquecido que podia usar seus poderes paranormais, então ele pegou alguma coisa parecida com o que o cara estava apontando pra gente. Numa fração de segundo.

   Estranho.

   Mas legal.

   – Will, se afaste do carro! – Disse Jeff.

   Não era algo que eu queria fazer no momento, mas obedeci. Sem o que monstro notasse, saí andando devagar e me escondi atrás de uma das colunas.

   Aí eu parei pra pensar que dois seres mitológicos estava lutando até a morte num posto de gasolina. Isso era absurdamente... absurdo.

   Comecei a sentir um cheiro forte de gasolina e quando olhei pra trás vi Jeff e Bill completamente lambuzados. Eu, obviamente, fiz a coisa mais sensata que eu podia fazer numa hora como aquela.

   Eu fugi.

   Bem, pelo menos tentei. Mas parece que não fui rápido ou discreto o suficiente.

   – Parado! ­– Gritou Bill. – mais um passo e a coisa fica feia por aqui. – ao me virar, percebi que ele tinha um isqueiro na mão. Eu tenho a leve impressão que não vai ser muito bom se aquele isqueiro for aceso.

   Parei de correr.

   – Venha até aqui, Bob.

   – Will.

   – Tanto faz. Eu já disse, venha até aqui. ­– Olhei discretamente para Jeff. Ele não parecia satisfeito com essa situação.

   Eu precisava de um plano.

   Segui em frente, andando o mais devagar possível, pra ter algum tempo para pensar em alguma coisa.

   – Ora, ora, ora, você não parece tão valente agora, Jeff. O que é o grande Jeff sem seus truques? – Excelente, ele estava começando a se distrair. Isso começou a me dar uma ideia.

   Olhei pra Jeff em busca de ajuda. Parece que ele entendeu mais ou menos o que eu queria dizer, pois começou a colaborar dizendo:

   – Talvez eu não seja tão grande atualmente, mas pelo menos não estou num nível tão baixo como você.

   Os olhos de Bill se arregalaram. Era bem essa reação que eu esperava, mas Jeff não parou por aí.

   – Se bem que, para descer ao seu nível eu teria que ser muito, muito estúpido.

   – Como é? – O fogo de Bill começou a ganhar intensidade. Ainda não sabia muito bem se era porque ele estava começando a ficar realmente com raiva ou talvez fosse só a gasolina.

   Vamos Will, pensa. O que a Catherine faria nessa situação? Bem, será que ela já esteve numa situação assim?

   Cara, será que ALGUÉM já esteve numa situação assim.

   – Fiquei surpreso quando vi que você lembrou meu nome. Achava que você era idiota a ponto de não lembrar nem o seu. – Continuou alfinetando.

   – Jeff, não me provoque!

   – É assim que você tem passado a vida? Num posto de gasolina? Mas isso não é complicado demais pra você?

   O fogo só aumentava. A raiva de Bill crescia cada vez mais assim que Jeff abria a boca.

   Eu tive uma ideia. Absurda, as mínimas chances de dar certo, provavelmente não ajudaria muita coisa na nossa escapatória, mas poderia minimizar os danos caso houvesse uma batalha. E era o melhor que a gente tinha. Precisava ao menos tentar.

   Bem, eu não tinha como avisar a Jeff, então eu simplesmente continuava com a esperança de que ele entenderia assim que eu começasse a agir.

   – Bill, até minhas meias são mais espertas do que você. Sem querer ofender. As meias.

   – Jeff, será que dá pra você CALAR A BOCA? – o fogo de Bill estava começando a mudar do verde pro vermelho. Isso provavelmente significava que ele estava muito irritado.

   – Afinal, eu não te matei há uns oitenta anos? O que você está fazendo vivo? – Perguntou Jeff. – Pensei que você retornasse de maneira lenta, ao longo dos séculos.

   A expressão de Bill era sombria.

   – Sim, mas alguém resolveu dar um jeitinho nisso. – Ele sorriu. – Não apenas para mim. Espera até ver o que pode estar solto aí fora. Isso é, se você sobreviver aqui. O que é pouco provável.

   O rosto de Jeff perdeu a cor.

   Eu estava paralisado. Não havia pra onde correr. E eu não podia sair sem Jeff, apesar de parecer uma ótima proposta.

   Sério, mas se o cara mesmo diz que não é nada, que o pior ainda está por vir, quais são as chances que a gente tem de sobreviver? Nem tem mesmo como fugir desse daí. Ta, o que a gente poderia fazer? Sair correndo? Porque, querendo ou não o carro ainda está sem gasolina então estamos sem transporte.

   Jeff sempre sabia de uma maneira de escapar. Eu acho que ele sabia o que estava fazendo.

   Então ele começou a fazer uns sinais pra mim, não sei explicar, mas eu entendi. Enquanto ele distraia o tal do Bill, eu dava um jeito de fugir com o carro. Aí Jeff pulava no banco no meio do caminho e a gente fugia. Simples assim, certo?

   Errado.

   O cara não era tão fácil assim de se irritar. E ninguém ali queria que ele explodisse, então era uma situação um tanto delicada. E ele também não era tão burro assim.

   – Você não me assusta, Bill. Eu sei que está blefando. – Disse Jeff, enfim.

   – Eu sei que te assusto. Não, eu te apavoro. – Disse ele. Ah cara, fala sério. Ele pensa que isso é o quê; um filme? Não estava intimidando ninguém. – Tem certeza que não vai confiar em mim? Talvez esse tenha sido seu último grande erro.

   – Ou último grande acerto. Nunca se sabe. – Jeff deu um meio sorriso. E ele só costuma dar esses sorrisinhos quando está muito irritado.

   Era minha chance. Eles estavam se preparando para um fight dos grandes, e Bill nem sequer prestava atenção em mim. Podia simplesmente começar a dançar a macarena que ele nem ia notar.

   Comecei a me aproximar do carro. Jeff olhou positivamente, mas Bill ainda segurava aquele isqueiro. Eu precisava me livrar daquilo.

   Cheguei perto do carro. Eu sempre gostei do cheiro da gasolina, mas estava tão forte que eu estava começando a sentir dor de cabeça. Jeff tinha atraído Bill para alguns metros adiante, mas ainda assim eu não estava tranquilo.

   Eu devia entrar no carro, mas não consegui. Estava muito melado. Sério, Jeff vai mandar lavar E vai pagar também. Porque, se meus pais virem o carro nesse estado... adeus, mundo.

   Eles ainda discutiam, mas o isqueiro estava visivelmente no bolso de trás da calça de Bill. Ele estava tão distraído, podia ser minha chance.

   Will, não. Você precisa se concentrar em sair dali de carro; deixe o isqueiro. Eu estava com um mal pressentimento, mas ainda achava que era o certo a fazer. Então, comecei a se aproximar.

   Bill estava de costas, mas provavelmente tinha uma audição aguçada. E minha dor de cabeça estava se intensificando, eu não estava muito afim de ser discreto. Estava a menos de um metro, com meu braço já esticado, quando ele se virou.

   – Garoto, pensei ter mandado você ficar quite e parado.

   – Bem, minhas pernas começaram a ficar doentes. – NÃO RESPONDA, dizia o olhar de Jeff. Mas não consegui evitar.

   – Eu disse que posso fazer isso acontecer. – Ele pegou o isqueiro. – Volte para o seu lugar.

   Eu fiz menção que ia realmente fazer isso e ele voltou a se virar. Foi nessa hora que eu pulei.

   Eu sei, foi uma atitude estúpida. Mas o que eu devia ter feito? Gritado hey, Bill!, pegado na mão dele e começado a dançar saltitantemente feliz como um duende encantado? Não mesmo.

   Caímos, e começamos a rolar. Minhas roupas também ficaram meladas de gasolina, e eu fiquei com muito medo de morrer incendiado pelo fogo verde do cara. Por sorte, aquilo não me queimava. Mas o isqueiro que ele tinha na mão e ameaçava acender, sim.

   Eu não sabia muito bem o que fazer, então segui meus instintos. Quando tinha uma oportunidade tentava esmurrá-lo, coisas desse tipo. Jeff começou a se aproximar, querendo participar da luta também. Mas aí aconteceu uma coisa muito sinistra. A GENTE ESTAVA FLUTUANDO! Jeff tinha criado uma espécie de campo de força pra nos separar.

   – Bill, eu não gosto dessa sua postura arrogante, e eu já mandei você ficar longe desse garoto. – Jeff estava calmo, mas furioso.

   Então ele tirou do bolso uma espécie de bola, prateada. Ela se abriu e criou serras muito pontiagudas e cortantes. O olhar de Bill vacilou ao ver aquilo.

   – Adeus Bill. Por um longo tempo. – Disse Jeff.

   – Ah, não, de novo não! – Gritou. – Mas isso não vai ser tão fácil pra vocês. – Então ele ligou o isqueiro e jogou-o aceso no meu carro, e assim que a coisa redonda cortante encostou em Bill surgiu um monte de pó alaranjado muito esquisito.

   Quando começamos a nos acalmar Jeff olhou pra mim e gritou:

   – ABAIXE-SE! – Então nos abaixamos atrás de uns pneus e ouvimos um BUM estrondoso.

   Não. Não.

   – MEU CARROOOO! NÃÃÃÃO! – Gritei, exasperado.

– Acalme-se Will, é só um carro. E ele nem era tão bonito assim.

   – JEFF, SEU IDIOTA INSENSÍVEL, CALA ESSA MERDA DA TUA BOCA, ERA MEU CARRO! – Gritei.

   Meu carro tinha explodido. E esse nem era maior problema, nós tínhamos apenas dez dias pra resgatar Catherine e o único transporte que a gente tinha havia feito BUM.

   – Será que tem como isso piorar? – Perguntei, olhando pra Jeff.

   Ouvimos um trovão e começou a chover.

   – Vida, isso era uma pergunta retórica, não precisava responder! – Gritei, olhando pro céus.

   – Vem Will, reclamar não vai adiantar de nada. – Ele me olhava como se eu fosse louco. – Vamos ter que andar até acharmos um carro maneiro pra, hm, pegarmos emprestado.

   Saímos do posto andando, mas eu tinha a impressão que estava sendo seguido. Quando eu me virei não vi ninguém. Sei lá, talvez fosse só impressão.



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