Cuidado Com O Que Você Deseja 2 escrita por Katie Anderson


Capítulo 4
Capítulo 4




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Capítulo 4

   Eu devia saber. Andar de barco não era uma boa ideia. Mas, tudo o que pensava naquele momento era: Graças a Deus, eu deixei meu celular na minha bolsa, que havia ficado no carro. Bem, eu não tinha certeza se ele era a prova d’água.

   Mas eu estava com raiva demais para discutir. Como Will podia ser tão insensato? Não acredito que ele tenha dito isso, mas acho que a água deve ter acalmado nossos nervos, porque enquanto nadávamos, ele olhou pra mim e disse:

   – Eu sinto muito. – Mas ele não sentia muito pelo o que ele disse. E sim porque sabia do meu medo e tudo isso deu errado.

   Mas eu ainda estava chateada. Ele até queria conversar um pouco, mas eu simplesmente disse:

   – Estou cansada. Me leve pra casa.

   – Ok. Entre no carro. – Ele disse. Bem, eu assim o fiz.

   Seguimos o caminho inteiro em silêncio. Will provavelmente estava ressentido comigo, e eu com ele. Nem um de nós falou uma única palavra durante a volta. É incrível como a coisa mais idiota do mundo pode arruinar completamente uma tarde que deveria ser perfeita.

   Finalmente chegamos a minha casa.

   – É, eu acho que é isso. ­­– Disse Will.

   – Eu também. A gente se vê. – Fechei a porta do carro.

   Simples assim. Muita sorte minha mãe não estar em casa, já que é a segunda vez na semana que eu chego em casa toda molhada. Mas Jeff, por outro lado...

   – Eu estou considerando seriamente sua obsessão por água. – Disse ele, do nada, me assustando, como sempre.

   – Eu já falei pra você parar com isso. Aparecer do nada. – Eu respondi.

   – É, hoje você está realmente estressadinha. O que aconteceu? Will fez ou disse alguma coisa?

   – Sim, ele disse algumas coisas que realmente me magoaram. Como ele pode ser tão insensível?

   – O que foi? Eu vou matá-lo. – Jeff raramente brinca sobre morte, e, por mais chateada que eu estivesse não ia deixá-lo fazer absolutamente nada com Will. Se alguém vai matá-lo, esse alguém sou eu.

   – Não, você não vai. Por que a culpa disso é sua. Você tinha que começar aquela discussão ridícula?

   – Eu não sabia que ele era tão sensível. Eu só estava provocando-o. – Disse ele, inocente.

   – É, e olha no que isso resultou? – Apontei para as minhas roupas molhadas. – Por favor, você pode me deixar em paz por alguns minutos? Eu preciso tomar um banho. Estou absolutamente morta.

   – Ok, você que manda. – Então apareceu a habitual fumaça laranja e Jeff desapareceu.

   Estava tão cansada que devo ter ido dormir uns dez minutos após essa conversa.

   E tive o meu pior pesadelo até então.

   Eu estava num palácio, pronta pra ser corada princesa. Ao me olhar no espelho, percebi que estava diferente. Ainda era eu, só que mais radiante. Meus cabelos loiros estavam repletos de cachos perfeitos, nenhum problema na minha pele, a maquiagem no meu rosto estava fabulosa. O vestido que eu estava usando mal me deixava respirar, mas era tão absurdamente lindo que eu nem me importava.

   Enquanto eu olhava aquela maravilhosa cena, o palácio sendo arrumado para a minha coroação, o caos começa. Do nada, o lustre de diamantes explode. Um cavaleiro tenta me tirar dali, mas já era tarde demais. Meu príncipe não estava ali para lutar por mim. Eu tentei empunhalar a espada, mas não consegui. Percebi que o caos era liderado por um guerreiro encapuzado, um pouco familiar, embora eu não saiba dizer o porquê.

   Pessoas correndo e gritando, absolutamente desesperadas. Eu não sabia o que fazer. Ninguém pra me ajudar. Não tinha como fugir.

   Quando eu comecei a correr, dois braços me pararam. E não eram os da figura encapuzada, mas de uma espécie de serva. Pude perceber que era uma garota por causa das unhas bem feitas, pintadas com esmalte cor-de-rosa. Bem, ou era uma garota, ou...

   Aquilo era absolutamente assustador. A garota e o guerreiro começaram a me arrastar para fora do meu castelo.

   – Vê? É isso que vai acontecer se não nos entregar a coroa. Então, o que você vai escolher? A realeza ou o seu reino? – Disse o guerreiro. Ele tinha uma voz incrivelmente familiar, mas eu não consegui lembrar de quem era.

   Com isso, acordei num salto.

Estava tudo escuro. Olhei o relógio: duas e meia da manhã.

   Eu respirava com dificuldade. Tentava me tranquilizar repetindo mentalmente que havia sido apenas um sonho. Mas eu não me convenci disso. Aquilo, com certeza, era mais do que um sonho. Eu ainda não sabia o que significava, mas eu tinha a sensação de que ia descobrir logo.

   – Catherine? Você está bem? – perguntou Jeff. – Ouvi você dizer algumas coisas enquanto dormia.

   Ótimo. Agora eu falo dormindo.

   – Está tudo bem, Jeff. Não se preocupe, foi apenas um pesadelo.

   – Tem certeza? – Perguntou ele, desconfiado.

   – Sim. – Eu não podia contar pra ele. Apesar de eu achar que esse sonho louco tem algo a ver com o que aconteceu na casa dos Hudson naquele dia, sobre eu encontrar Becky presa o armário. Aposto que, se eu contasse pra Jeff, é bem provável que ele tente me proteger da verdade. E eu realmente não quero isso.

   – Eu ainda acho que você está escondendo alguma coisa. Volte a dormir. Amanhã de manhã conversaremos. – Uau. Fazia um bom tempo que eu não via Jeff tão sério. Mas, a última coisa que eu me recordo é de Jeff estalando os dedos pouco antes de eu cair adormecida.

Sábado. O melhor dia da semana para quem tem um emprego que te dá folga nos fins de semana. Finalmente.

   Por mim, eu passaria o dia na cama, com o travesseiro em cima da cabeça. Mas, como sempre, existe alguém para atrapalhar meus planos. E, para minha completa surpresa, hoje esse alguém não foi Jeff.

   – Caath, querida! – Exclamou Katie, abrindo a porta do meu quarto e me acordando. – Quanto tempo!

   – Katie? O que você faz aqui? – Perguntei. Absolutamente confusa.

   – Ah, a gente não saía há um tempão. Eu só quis passar por aqui pra conversarmos um pouco.

   Ok, estranho. É, mas fazer o que? Bem, eu não tinha nada melhor pra fazer mesmo.

   – Tá, mas você se importa se eu tomar café primeiro? Eu acabei de acordar e...

   – Tomar café? Você quer dizer almoçar, né? – Ela riu.

   Ela devia estar brincando. Por quanto tempo eu dormi?

   – Nossa, ainda bem que você acordou, Catherine. – Disse minha mãe ao entrar no quarto. – Katie, que surpresa! Você vai ficar e almoçar com a gente, eu presumo?

   Não. Não podia ser hora do almoço. Eu só dormi por alguns minutos.

   – Catherine, o que você está esperando? Vá trocar de roupa! – Mandou minha mãe. Mas eu não estava ouvindo. Meu olhar estava fixo em Katie, eu ainda não sabia o que ela estava fazendo ali. De qualquer jeito, achei melhor ouvir minha mãe e ir almoçar. Odeio pensar de estômago vazio.

­– Então, o que exatamente trouxe você aqui, Katie? – Perguntei depois de almoçarmos.

   – Ah, eu disse. Eu não falo com você há um tempão, achei que seria uma boa ideia fazermos algo juntas. – Respondeu ela.

   – E o que você quer fazer? – Perguntei.

   – Ah, sei lá. Podíamos dar uma volta pelo Central Park e depois comer alguma coisa.

   – Você acabou de almoçar e já está pensando em comer? – Brinquei.

   Fizemos o que ela disse. Primeiro fomos até o Central Park, andamos enquanto conversávamos.

   – E então? Como vai Nick? – Perguntei.

   – Ah, bem. Normal. – Acho que ela não entendeu a pergunta. – E Will? Ouvi dizer que vocês estavam juntos, algo assim.

   – É, estamos. – Respondi.

   – Desculpa, acho que você queria aproveitar pra passar o sábado com seu...

   – Não, não se preocupe. – Respondi. – Pra falar a verdade, Will e eu tivemos uma pequena discussão ontem. – Contei a ela. Menos a parte do barco e da UKA.

   – Ah, bem, isso é uma pena. Você está bem? – Perguntou.

   – Estou, obrigada. – Era bom ter Katie de volta.

Kat é louca. Completamente. Não ganha de Melanie, eu acho, mas é louca. Ela fez a gente voltar pra casa, pegar nossos tênis de corrida e correr por algumas horas. Quase a matei.

   Falando em Melanie, acho que eu devia apresentar as duas. Bem, eu acho que ela já conhece Katie, pois ela está namorando Nick, mas acho que seria divertido se fizéssemos algo juntas.

   Depois seguimos para uma lanchonete que ficava meio longe da minha casa, além de ser meio obscura, que dava um pouco de medo.

   Não que eu estivesse com medo. Só estou dizendo que o lugar era meio assustador, só isso.

   – Katie, tem certeza de que quer comer aqui? – Perguntei.

   Ela me olhou, com um olhar estranho.

   – Claro, por que não?

   Assenti e entrei com ela na lanchonete.

   Outro grande erro.

   Finalmente encontramos uma mesa (o que foi absolutamente fácil, pois tinha pouca gente). Mas o lugar estava incrivelmente barulhento.

   Quando o garçom chegou, percebi que estava faminta. Pedi um sanduíche grande com bacon enquanto Kat pediu apenas um copo de água.

   – Mentira que você não está com fome depois de toda aquela correria, né? – Perguntei.

   – É, eu estou meio sem fome. – Disse ela, naturalmente. – Então, sei que você provavelmente não quer falar disso, sobre o que foi a discussão com Will?

   – Você está certa. Eu absolutamente não quero falar disso. – Disse, seca.

   Ela me olhou. Como se dissesse Catherine, não vê que se não me contar eu vou dar um jeito de descobrir, mesmo sem sua ajuda? O que era meio assustador, vindo de Katie.

   – Vamos lá, Cath. Somos amigas desde sempre. O que aconteceu? – Perguntou ela. Droga, odeio quando ela usa esse argumento.

   Deduzi que se não contasse ela ia arrumar um jeito de descobrir. E provavelmente ficaria me perguntando isso a tarde inteira. Achei melhor contar. Pelo menos aversão resumida e sem detalhes da história.

   – Olha, Will é muito legal, sabe...

   – E muito gato! – Interrompeu Katie.

   – Katie!

   – Ok, vou ficar calada e escutar.

   – Continuando, ele é muito legal, um excelente amigo. Mas é do tipo que não gosta nem um pouco de ter sua opinião contrariada. Esses dias ele estava conversando com... – QUASE disse Jeff. – um amigo meu, uma conversa idiota, e cada um tinha seu ponto de vista.

   Ela estava prestando atenção. Atenção demais.

   – Então eles começaram a discutir e agora meio que se odeiam. Meu amigo tenta não demonstrar isso quando está comigo, mas Will não se importa. Então começamos a falar sobre algumas coisas e tivemos uma breve discussão. Nada demais, sério.

   Ela ficou quieta por alguns segundos.

   – Bem, é isso.

   – Ah, eu pensava que era algo mais sério. Vocês ainda estão namorando? – Perguntou.

   – Claro! Não vou terminar com ele por causa de uma discussão idiota. – Exclamei, ofendida.

   – Ah, tudo bem então. Bem, qual eram esses assuntos que você disse que vocês dois conversavam? – Perguntou ela.

   – Katie, eu já disse que não quero falar sobre isso.

   – Tudo bem então.

   Alguns minutos em silêncio. Nós duas né, porque a lanchonete não cooperava nem um pouco.

   – Olha, eu preciso ir ao banheiro. Fique por aqui, ok? – Disse ela.

   Tinha algo estranho ali. Absolutamente estranho. Katie odeia banheiros públicos. Quando vi que estava sozinha peguei meu celular e mandei um torpedo pra Melanie.

   Ele dizia: Mel, preciso que me faça um favor. Vá falar com Will e peça pra ele entrar em contato comigo imediatamente, ok?

   Eu não queria falar com Will. Não sabia como ele estava hoje, e provavelmente eu acabaria me distraindo caso ele estivesse de bom humor. Mas os meus pensamentos foram interrompidos novamente, mas dessa vez eu não sei quem foi. Alguém chegou pelas minhas costas, colocou a mão na minha boca e uma venda nos meus olhos, além de eu sentir alguém me segurando de uma maneira que eu não pudesse fugir. A última lembrança que eu tenho é de alguém me colocando num porta-malas de um carro, depois disso eu apaguei completamente.




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